capitulo 5
Fanny.
Sentei-me na cama irritada, meu sangue estava fervendo de raiva, nem sei como tive coragem de bater nele.
Talvez esse seja o motivo de estar tremula, sabia que era errado me deixar levar pelos sentimentos, mas o Yuri definitivamente está passando dos limites, ele trouxe consigo o dom de me tirar do sério. Trazer aquela garota para cá, algo totalmente inadmissível e o pior de tudo é que acabei aceitando. Mas o que eu poderia fazer? Ele está louco para se divorciar, e eu não quero, não posso me dar por vencida, apesar de tudo, amo aquele homem!
Passei a mão no meu cabelo, tentando colocar meus pensamentos no lugar, não é hora de ceder, tudo bem se ele quer trazê-la, vou permitir, afinal é seu trabalho, contudo, de maneira nenhuma vou aceitar uma traição debaixo do meu teto. Eu ainda sou sua mulher e é bom ele aprender a me respeitar. Coloquei uma roupa confortável, e resolvi meditar na bíblia antes de dormir, procurar em Deus a solução para esse problema.
Curiosamente foi nesse capítulo que encontrei uma resposta.
Coríntios 2/ 6
Portanto, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto estamos no corpo, estamos longe do Senhor.
7 Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.
8 Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor.
9 Por isso, temos o propósito de lhe agradar, quer estejamos no corpo, quer o deixemos.
É isso! Vou manter a fé, ignorar o que meus olhos veem, mesmo sendo quase impossível, tenho que confiar no senhor. E acreditar que tudo coopera para o bem.
Términei a meditação, dobrei meus joelhos e adorei o senhor. No final das contas, tenho mais a agradecer do que reclamar.
O dia amanheceu, como era meu dia de folga não precisaria me preocupar com o trabalho, levantei cedo e fui escovar os dentes para preparar o café da manhã, caminhei até a cozinha observando o céu pela janela, que estava incrivelmente lindo hoje.
Comecei a preparar o café, enquanto cantarolava um hino, não poderia deixar nada me abalar. Coloquei as panquecas no fogo.
__ Parece que o tapa que me deu ontem te deixou de bom humor? - ofeguei arrependida e me virei o olhando.
__ Bom dia, sinto muito por aquilo. Não vai voltar a acontecer. - Caminhei até ele e beijei seu rosto tocando carinhosamente sua barba por fazer. - Ele arregalou os olhos surpreso, tentei me afastar e segurou meu braço.
___O que está tramando? - Arqueia a sobrancelha desconfiado.
__ Nada, só estou fazendo meu papel de esposa. - Puxei meu braço com um sorriso e lançou um olhar intrigado.
__ Não tente me enganar Estefannya, ou poderá se arrepender. - revirei os olhos.
___ Se não quer acreditar, azar o seu. Aliás, não vai se trocar para buscar a garota? - Questionei.
__ é exatamente isso que vou fazer. - Aponta para mim com um sorriso desafiador e se retirou.
Não demorou muito, retornou totalmente vestido, seu aroma invadiu o lugar me deixando tonta, se sentou na mesa e começou a comer em silêncio, fiz o mesmo.
Parecíamos dois estranhos dividindo a mesma casa, nem quando nós éramos amigos chegamos a tamanha distância, queria tanto que ele se lembrasse de mim, só espero que se recorde das coisas boas também, ou irá me odiar ainda mais.
__ Estou satisfeito, espero que tenha preparado o quarto dela. - Se levantou de forma rápida se retirando.
_ Ela vai dormir no quarto do Gui, e ele comigo no nosso quarto. Parou na porta de costas, mas não disse nada seguindo até o carro. - Cruzei os braços me encostando na varanda o observando se retirar.
Voltei para o quarto, e arrumei as coisas, em seguida fui tomar um banho, escolhi uma bermuda jeans e uma blusinha branca com um cinto. Fiz um rabo de cavalo, peguei meus óculos escuros e dei um sorriso para meu reflexo.
Caminhei até o fundo da casa, e fui em direção ao pequeno estábulo, o cavalo parecia feliz em me ver, assim que cheguei, relinchou comemorando.
___ Olá ventania? Sentiu minha falta? - Acariciei seus pelos macios. __ Parece que o descuidado do seu dono nem se quer se preocupou em alimentá-lo, não é mesmo? Deixa, eu irei fazer isso. - Fiz sinal com a mão e corri para dentro para pegar o saco de ração, que por vista é realmente pesado. Acabei desistindo de levar e sentei-me em cima aborrecida, infelizmente eu precisava de um homem. Resolvi então pegar alguns capíns na beira do lago.
Coloquei duas luvas para não machucar minhas mãos e comecei a escolher os melhores e mais fáceis de arrancar, colocando tudo em uma sacola, caminhei até ele novamente.
__ Bom, foi o que eu consegui por agora, acho que é o suficiente. - Digo colocando na vasilha perto da porta. Ele se afastou para que eu pudesse colocar, verifiquei se tinha água, pelo menos isso, me retiro o deixando comer.
Escutei o barulho do carro e percebi que ambos já tinham chegado. Fui rapidamente para a parte da frente e os avistei de longe, Yuri a ajudou descer, em seguida deu a volta tirando suas malas, a garota olhou ao redor curiosa, e ele a mirou com um sorriso doce e admirado, conhecia muito bem esse sorriso. Respiro fundo, tomando uma postura ereta, tiro as luvas me direcionando até eles. Ergui os óculos por cima do cabelo.
__ Finalmente chegaram, seja bem-vinda. - Sorri estendendo a mão, ambos me olharam curiosos.
__ Obrigada. - Devolveu o comprimento sem graça. __ Sua casa é maravilhosa. - Falou empolgada.
___Não achei que casas de campo era seu tipo? - Indaga divertido.
__ é sim, meu avô tinha uma fazenda, eu amava ficar lá, tem muitas coisas que não sabe sobre mim Yuri. - Os dois se flertam diante dos meus olhos.
___ Me acompanhe, vou mostrar seu quarto. - comentei seria e ela concorda.
__ Por dentro é mais bonita ainda. Aquela noite eu quase não reparei.
__ Pois é, esse vai ser seu quarto. - Abri a porta e dá um sorriso olhando.
__ Está ótimo, espero não estar incomodando. - Franzi a testa.
__ Sem problemas, fica à vontade. - Me afastei já saindo, e sua voz surgiu.
__ Você é muito sortuda Fanny, um marido como o Yuri é o sonho de qualquer mulher. É uma pena que ele não se lembre de você. - Dou meia volta e a encaro assimilando suas intenções.
__ Isso é questão de tempo, o que eu e Yuri temos é algo muito forte, não vai ser uma amnésia que vai destruir isso. - Respondo firme.
__ Se fosse você, não se sentiria tão confiante, o que fiquei sabendo é que o Yuri te odeia. Deveria parar de perder tempo e dar o divórcio logo. - Sua expressão é totalmente fria e debochada.
___ Escuta só garota! - Aumento a voz.
__ Algum problema aqui. - Parou subitamente ao nosso lado me encarando sério.
__ Não, vou dar uma volta. - avisei com afabilidade me retirando, deixando os dois sozinhos, se eu ficasse mais um pouco, acabaria perdendo a compostura.
Caminhei indo para onde se encontrava o cavalo, lembrei da vez que o Yuri e eu aprendemos a montar, ainda éramos adolescentes. Fomos na fazenda de um colega nosso, e ele nos ensinou a andar de cavalo. Não Sabia que até hoje Yuri nutria um amor por esses animais, quando me contou que tinha um cavalo fiquei bem surpresa.
Entrei dentro do estabulo passando a mão nele, será que ainda sei montar? Com certeza sei, não é tão difícil assim, começo a preparar o cavalo, coloquei a manta, a sela, e fecho o látego, espero estar colocando corretamente. Por fim, coloco as rédeas.
Descanso as mãos na cintura satisfeita. Puxei ele com cuidado para fora, agora tudo que eu preciso fazer, é subir em cima, faço carinho nele para amansar, coloco um pé nos estribos, me agarro na sela firme e passo a outra perna.
Acabei de segurar as rédeas e o cavalo disparou.
__Não, ventania! - Gritei me agarrando enquanto continuava a correr.
___ Ventania não! Yuri Socorro! - bradei tentando me agarrar o mais forte possível. Sinto algo escorregando na minha traseira e vejo que a fivela está soltando.
__ Meu Deus! me ajuda. - Fecho os olhos.
__ Ventania! - O escuto bradar como se fosse uma ordem, mas é em vão, abri os olhos e lancei um olhar desesperada.
__Yuri me ajuda, eu não quero morrer. Imploro. - O vejo correr na minha direção, meus olhos se arregalam o ver sacar uma arma, será que ele vai matar o bichinho?
__Yuri, não ouse. - Não terminei de falar e atirou perto do cavalo o fazendo relinchar assustado e consequentemente me fazendo cair de costas no chão, sinto uma dor aguda na coluna.
__ Você está bem? O vejo se agachar tocando meu rosto com um olhar preocupado.
__ Tirando o fato de você quase me matar, estou bem. - Murmuro apertando os olhos sentindo a dor.
__O que queria que eu fizesse? Aliás, você é maluca!? Como vai montar em um cavalo sem saber o que está fazendo. - Me olhou de forma dura.
__ Eu achei que sabia. - Me defendo emburrada voltando a olhá-lo. __ aprendemos a montar juntos, pensei que me recordava. Mas parece que nada é como antes. - O encarei triste e desviou o olhar.
__ Vem, vou te ajudar a se levantar. - Disse pegando meu braço passando por cima do seu ombro. Passou sua mão na minha cintura, e soltei um gemido quando tocou nas minhas costas.
__ Desculpa. Mordi o lábio assentindo. - Me guia com cuidado até a casa.
__ Meu Deus, você está bem? - Mia me olha preocupada ou pelo menos fingindo estar.
__ Ela vai ficar, vou te levar ao seu quarto, está bem? - Balanço a cabeça concordando. - Abriu a porta e entramos, me conduzio até a cama e me sentei cuidadosamente sobe seu olhar. Se afastou me analisando cruzando os braços. Em seguida se sentou ao meu lado na cama.
___ Tire a blusa. - Pediu autoritário e arregalo os olhos.
__Como assim tão de repente? Não acho que seja um bom momento, temos visitas. - Abaixei o rosto sentindo minhas bochechas queimarem rindo baixinho.
__ No que está pensando? Apenas quero ver se foi algo grave. - Se explica passado a mão no cabelo sem paciência. - Apertei os olhos me sentindo ainda mais envergonhada, que tipo de mulher ele vai achar que sou?
__Só se fechar os olhos. - O olhei de forma rigorosa e levantou uma sobrancelha como se dissesse, sério que está me pedindo isso?
__Que seja. - Colocou a mão nos olhos e faço que vou desabotoar a blusa e vejo uma pequena abertura entre seus dedos, paro imediatamente.
__Yuri você está espiando não tem graça. - Falei irritada e o canto dos seus lábios curvou em um sorriso.
__Quem está espiando? Anda Estefannya, não temos todo o tempo do mundo. - Fica sério e perco a paciência.
__vou te mostrar por onde está espionando. - Me inclino colocando minha mão sobre a dele, porém ele tira a mão dos seus olhos, me encarando com uma expressão indecifrável.
Ficamos no olhando alguns segundos, que pareceram uma eternidade. Engoli a saliva com certa dificuldade.
__Não sou eu quem estava pensando besteira agora pouco. É o primeiro a quebrar o silêncio repuxando os lábios em um sorriso, abro a boca puxando minha mão.
__Não sei do que está falando. - Disfarço sentindo meu coração acelerar e meu rosto esquentar.
__Não sabe, não é? Me olha de solai-o. __apenas levante a blusa se acha que é mais confortável. - Muda o assunto e dou graças a Deus.
Sinto seus dedos frios apertarem minha coluna, fechei os olhos sentindo uma dor aguda.
__ Está um pouco roxo, acho melhor ir ao médico só por garantia, já pode abaixar.
___Não precisa, é só eu tomar um remédio. Deve ter na gaveta de quando o Guilherme se machucou. Odeio hospitais, já não basta o tempo horrível que passei naquele lugar. Não queria voltar tão cedo.
___ Por que é tão teimosa? - Retruca aborrecido.
___Por que está tão preocupado comigo? Achei que não se importasse. - Sorri tocando sua mão, olha para minha mão e volta para meu rosto.
___ Não me importo, só não quero ser acusado de maus tratos ou agressão. - Se levantou com a expressão rude de sempre.
__ Fica tranquilo, não vou te acusar de nada.
__ Bom mesmo. - Colocou as mãos no bolso mostrando que está incomodado, se retirou batendo a porta. - Sorri tampando o rosto.
___O que foi isso? Será que o Yuri antigo está voltando? Sorri e me deitei na cama olhando para o telhado esperançosa.
Deitada no quarto, escuto risadas na sala, era muito bom para ser verdade , Yuri e Jezabel estão vendo filmes juntos, ela me chamou, mas não aceitei, conhecia esse tipinho , perto dele parecia uma santa, mas era a própria serpente do jardim do éden, me levantei devagar caminhando descalça até a porta, fiquei espiando os dois carrancuda, ele parecia feliz, notei que ela o tocava de forma carinhosa e o mesmo não se importava, a gota d'água para mim foi quando ela colocou pipoca na sua boca, como se fosse um casal de namoradinhos. Fechei a porta rapidamente.
Liguei para Mel me trazer alguns remédios, e também vir me ajudar a me trocar para ir à igreja. Me recusava pedir ajuda dele.
__ Não acredito naquilo, como você suporta? Se fosse eu já a tinha mandado pastar. - Melissa se senta na cama inconformada.
__Vontade não falta, mas eu tenho que me manter firme, hoje notei que Yuri pode voltar a se apaixonar por mim, por um segundo vi em seu olhar, o mesmo Yuri de antes, e vou me apegar nisso para reconquistá-lo.
__ Ou podemos dar uma pancada na sua cabeça e fazer o parafuso voltar no lugar. - insinuou animada como se fosse uma grande ideia, soltei uma risada.
__ Vamos tentar meu método primeiro, está bem?
__ é, fazer o que, o meu pareceu tão mais divertido. - Deu de ombros. __ Vamos ver o que temos aqui. Vai no meu guarda-roupa, pegou alguns vestidos e coloca em cima da cama. Ela escolheu um azul claro delicado, e uma blusa de algodão branca para colocar por cima, aprovo a escolha. Em seguida, Melissa me ajuda a me arrumar para irmos na igreja. Peguei minha bolsa e seguimos para sala, assim que chegamos, os dois param de conversar e nos olham curiosos, Yuri me lançou um olhar de cima para baixo.
__ Achei que estava machucada. - afirma sério.
__ Já estou melhor, para Deus não importa o sacrifício que fazemos.
__ Deus? indo arrumada assim, tudo isso é para Deus mesmo, ou vai encontrar algum amante? - Insinua e abro a boca incrédula. Antes de falar Melissa entra na minha frente.
__ Se sente tanto ciúmes assim Yuri, por que não acompanha sua mulher? Afinal, Fanny não precisa correr atrás de homem algum, qualquer homem inteligente o suficiente, sabe que uma mulher bonita é fácil de encontrar. Lançou um olhar para garota __ agora uma mulher que além de linda é uma mãe protetora, determinada, e que vale a pena, além de suportar um marido que não a valoriza, é bem raro. Cuidado para não acabar perdendo quem te ama, por ficar acreditando em mentiras de quem nunca quis o seu bem. __ Vamos amiga. -Pegou minha mão e antes de sair, o espiei olhando para trás e notei que estava pensativo, tomara que as palavras da Melissa tenham surgido algum efeito.