A PARTIDA
Enquanto isso na rodoviária da cidade, Elisandra se despedia da tia e embarcava no ônibus rumo a um futuro que a amedrontava, mais que como sempre tinha crescido sabendo que precisava ser corajosa, e naquele momento ela estava disposta a ser o dobro, Elisandra seguia lembrando-se das palavras da tia que sempre lhe dizia que elas duas teriam que viver com as perdas, e procurar viver um dia de cada vez, sendo fortes como quem tinha partido gostariam que elas fossem. Elisandra entrou e se acomodou no seu assento, e pela janela deu o último adeus a tia que a olhava com lágrimas escorrendo por sua face, enquanto acenava de volta para sua menina já crescida, a senhora sofria por não saber quando iria poder abraçar sua pequena de novo.
Não demorou para o ônibus partir, fazendo Eli que olhava o tempo todo pela janela vendo cada vez mais a imagem da tia ficar pequena pela distância do ônibus, até que não pode mais ver sua amada tia.
Elisandra encostou a cabeça no encosto da poltrona, fechou os olhos e permitiu que as lágrimas saíssem abundantemente enquanto em flashback recordava do passado quando conheceu Denis e toda turma do novo colégio que iniciava sua jornada naquela cidade praticamente desconhecida, pois só tinha ido ali poucas vezes com seus pais para visitar a tia.
Passado.
“Assim que ela chegou ao colégio, logo descobriu que Denis era o garoto mais cobiçado por todas as garotas. Com sua tristeza já que fazia pouco tempo que havia perdido seus pais, Elisandra não deu importância aos buchichos, o que fez Denis reparar nela desde então, pois o desinteresse dela, ao contrário das demais garotas, despertou a curiosidade dele, que passou observá-la com mais atenção, até que depois de um mês dela já estar estudando naquele lugar, um certo dia tomando coragem, Denis se aproximou, e com voz mansa, se apresentou, também deixou claro o quanto sentia pelas perdas dela. O que a fez olhá-lo com administração já que nenhum dos alunos tinha sido solidária com ela sem ser Denis. Depois daquele primeiro contato, Denis nunca mais foi o mesmo do que sempre tinha sido.
Ele simplesmente mudou seu comportamento com todos no colégio e passou a estar no mesmo lugar que a doce e linda menina tímida a qual todos os garotos queriam se aproximar, mas como ela não dava confiança não faziam. Os dias foram passando e um dia uma das alunas de sua sala, falou para Elisandra que Denis estava gostando dela, essa mesma garota lhe disse que tinha ouvido ele falar para um amigo que estava disposto a se declarar, ao ouvir aquilo da amiga Elisandra ficou pasma, mas preferiu não levar a sério.
Dias depois, ela soube que todos os garotos do colégio estavam enraivecidos com Denis, já que também a acham interessante, mas nenhum gostava dela de verdade como Denis gostava, pois desde o primeiro dia que ele a viu entrar pelos portões do colégio, não conseguiu tirar os olhos dela. No entanto, ele não tomava nenhuma atitude de se aproximar dela nem para dizer um simples, oi, até que conseguiu, e se tornaram amigos inseparáveis.
O tempo passou e nada do Denis se declarar a ela como a garota tinha dito, todos cresceram. Denis seguiu gostando de Elisandra que já sabia que ele gostava dela, ela também gostava dele e por isso começou retribuir com a mesma intensidade os olhares de Denis que cada vez ao crescer se tornava mais e mais bonito, Denis despertava a cobiça de todas as garotas, ainda mais por ele ser rico, então quando as outra garotas descobriram que ele era apaixonado de verdade pela linda mas sem graça Eli Hocks, como todas a chamavam, Elisandra se tornou rival e alvo fácil para as garotas que passaram a odiá-la se afastando dela como se ela estivesse com uma doença contagiosa.
Algumas semanas se passaram e em uma manhã, Denis saiu de casa para ir ao colégio decidido se declarar e pedir, Elisandra em namoro, pois não aguentava mais de vontade, de sentir o sabor de sua boca e saber como era beijá-la.
Logo que ele chegou no colégio, mandou que seu melhor amigo fosse chamá-la e mandá-la o encontrar nos fundo do colégio. Mas ao receber o recado, Elisandra decidiu não ir ao encontro, pois temia ficar mal falada, já que tudo que acontecia naquele colégio e naquela cidade, era motivo de fofocas. Denis se aborreceu e ficou uns dias sem falar com ela.
No entanto, naquela mesma semana, mesmo procurando a fazer o certo, Elisandra não deixou de ser a bola da vez. Pois como ela já imaginava estava com o alvo nas suas costas e mesmo tendo Denis ao seu lado não foi o suficiente para deter quem quisesse prejudicá-la. E foi exatamente o que aconteceu, pois logo que ele se declarou e a pediu em namoro e ela concordou, pois reconheceu que ele incansavelmente a perseguiu por anos, Denis e Elisandra passaram ficar mais e mais grudados todos os dias fora e dentro do colégio, e com isso o casal de adolescentes apaixonados ficaram na mira tanto das garotas que morriam de inveja dela, como dos garotos que queriam derrotar ele.
De Volta Ao Presente.
Enquanto o ônibus avançava cada vez mais rápido pela estrada sobre a luz da noite, Elisandra não conseguia parar de pensar o que Denis foi capaz de fazer com ela, ou melhor com o namoro deles que para seu desgosto chegou ao fim daquele jeito. Mal sabia ela que tudo não passou da armação da perversa Margareth que teve pleno sucesso em suas artimanhas conseguindo o que mais desejou pois tinha matado não só um coelho, mas sim dois que só mais para frente todos iriam saber a urgência que ela tinha em separar aquela casalzinho tão meloso.
Já passava das dez horas da noite quando a tia da Elisandra chegou, em casa, ao sair do carro deu de cara com Denis sentado no degrau da porta da sua casa, Denis estava na mesma posição de quando sentou-se no início da noite quando chegou ali.
Já sabendo do acontecido, a senhora não deu confiança, passou por ele fingindo não vê-lo, seguiu direto já com a chave para abrir a porta.
Mas antes que ela abrisse, Denis que já tinha levantado-se quando a viu, aproximou-se falando:
— Senhora Lena, eu estou aqui há muito tempo porque eu quero falar com a Eli, eu sei que a senhora não gosta de mim e nem aprova o nosso namoro — falou mostrando-se apavorado.
— Mas eu preciso falar com ela, a senhora pode falar pra ela que eu estou aqui. — falava enquanto seguia a mulher que não parou nem sequer para cumprimentá-lo.
Ao ouvi-lo pedir aquilo, o sangue da senhora Lena, ferveu de raiva, ela virou-se ficando de frente pra ele e com fúria nos olhos olhando-o fixo e seus olhos, proferiu com a voz elevada:
— Não, eu não posso, e mesmo se pudesse não faria, porque graças a você e aquela garota que fez um showzinho particular para minha sobrinha essa tarde, ela resolveu ir embora dessa cidade dizendo nunca mais voltar.
— O que! A Eli foi embora?! Não, não, ela não pode fazer isso. — falou Denis se agachando e chorando.
— Ah, meu rapaz, ela pode sim! Já que você não deu o mínimo respeito que ela merecia. — disse a senhora furiosa.
— Você não teve um pingo de consideração com ela, e isso é porque você disse a ela que eu estava errado sobre você, não foi? Agora eu vou ser obrigada a viver longe da minha única sobrinha, e nem sei o que vai ser dela longe e sem ninguém da família por perto, você foi totalmente irresponsável, agora sai daqui eu jamais quero lhe ver na minha frente! E faça o favor de não aparecer na minha porta nunca mais.
Depois que falou aquilo tudo a senhora Lena abriu a porta e entrou batendo a porta na cara dele que ficou ali paralisado sem reação alguma, e sem saber o que fazer.
Depois de muito tempo Danis desceu os degraus em passos tão lentos que parecia que ia cair ali mesmo, entrou em seu carro e depois de ficar lá dentro chorando e relembrando todos os momento amável que passou ao lado de sua amada, ligou o carro e seguiu pela estrada em direção a sua casa, o tempo todo mostrava-se desanimado, ao chegar e entrar, correu para o quarto se trancou e não quis comer e nem conversar com ninguém.