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A PRIMEIRA DECEPÇÃO

A campainha tocou, a empregada que estava na cozinha concentrada nos preparativos do jantar, largou tudo, depois de enxugar as mãos no pano de prato, largando-o sobre a bancada, seguiu apressada para atender.

Logo que abriu a porta e viu a pessoa parada do lado de fora a cumprimentou.

— Oi Eli, boa tarde, como você vai, menina? — disse a senhora olhando para a adolescente parada na porta.

— Oi senhora Elza, eu estou bem! — disse com um sorriso.

— Denis está em casa? — perguntou.

Olhando para a linda moça que a olhava com seus olhos castanhos claros brilhantes respondeu.

— Sim, Eli, ele está no quarto dele, eu vou chamá-lo para você. — falou a senhora de meia idade olhando através das lentes de seus óculos de aro dourado de grau forte, pois suas vistas desde jovem não era mais tão boas como quando crianças, a senhora vestida com um vestido preto com detalhes em branco, a veste que era seu uniforme de empregada, tinha um avental que o acompanhava, a senhora deu um passo para o lado dando passagem para a visitante entrar para esperar o jovem dono da casa na sala de estar, no entanto a jovem entrou com tudo já dizendo:

— Não, senhora Elza, não precisa, eu irei até lá, obrigada. — disse, Elisandra passando pela grande e pesada porta de madeira maciça seguindo direto para as escadas, ela subiu correndo sem ao menos dar tempo da senhora Elza lhe falar o que queria. Elisandra seguiu sem olhar para trás deixando a senhora, tensa com o que poderia acontecer no andar de cima. Mesmo vendo que a moça já estava no alto, a senhora falou:

— Não, menina, fica aqui, eu vou… — falou preocupada. Contudo, Elisandra que já estava no topo da escada, pois tinha subido com tanta rapidez, não deu ouvidos ao que a senhora falou, terminou de subir as escadas correndo e logo chegou no corredor, caminhou feliz seguindo para o quarto do namorado.

Quando chegou próximo a porta que estava entreaberta, Elisandra, ouviu gemidos vindo de dentro, ficou apreensiva achando que o nomorado pudesse estar assistindo o que não devia, — pensou revirou os olhos por ele assistir aquilo, a uma hora daquelas, ela colocou a mão na porta abrindo-a devagarinho um pouco mais, olhou dentro do cômodo, ficando em choque com a cena diante de seus olhos, cena essa a qual nunca imaginou presenciar um dia, paralisada, Elisandra congelou com os olhos lacrimejados, ela não estava acreditando que aquilo estava realmente acontecendo, levou a mão a boca suprimindo sua respiração, logo surgiu uma grande vontade de chorar e gritar. Mesmo sem força, pois suas pernas ficaram completamente bambas, e sem conseguir respirar direito, reuniu o último fio de força que existia, virou-se e se esquivou pela parede do corredor até que conseguiu chegar a escada a qual desceu chorando, Elisandra não parou sequer um instante de reviver aquela cena em sua cabeça, a todo momento ela via e revia o namorado Denis, em cima da amiga do colégio, Margaret, a sem vergonha que dava mole para todos os garotos, não só do colégio, mas também do bairro, ver os dois ali transando aquilo acabou com a doce e decente, Elisandra. Aquilo foi como uma facada em seu coração, o que era demais para uma jovem que namorava pela primeira vez.

Ainda com a mão na boca e com as lágrimas que não paravam de escorrer por sua face, Elisandra desceu as escadas sem nem olhar para nem um outro lugar, atravessou a sala e saiu porta fora voltando para sua casa, aos prantos, Elisandra entrou em casa e foi direto para seu quarto, assim que entrou seguiu direto para seu guarda roupa, pegou uma mochila na prateleira de cima, e começou a colocar algumas peças de roupas dentro, sem raciocinar, pois só conseguia pensar em sair daquela cidade antes que o cafajeste do Denis vinhesse atrás dela, o que ela não queria que acontecesse, pois não queria nunca mais vê-lo na sua frente e muito menos falar e permitir que se explicasse com mentiras deslavadas, dizendo que o desejo falou mais alto, ou como não pudesse controlar.

Pois o que ela acabou de presenciar com seus próprios olhos, não tinha explicação.

Depois que colocou tudo que precisaria na mochila pegou a mochila para colocar nas costas, porém antes mesmo de fazer, a porta de seu quarto, foi aberta e sua tia entrou no quarto flagrando-a, Elisandra paralisou, pois temia que a tia que a criou desde que seus pais haviam falecidos, não entenderia sua urgência de sumir da face da terra naquele momento tão sofrido para ela.

De pé parada na porta,, a tia vendo aquela cena, perguntou:

— O que significa isso? Eli, para onde você pensa que vai com essa mochila? — perguntou intercalando seu olhar da sobrinha para a mochila e voltando o olhar para os olhos avermelhados e inchados da menininha linda que com todo carinho tinha colocado muitas vezes para dormir contando historinhas.

— Tia desculpa, eu te amo muito e sou muito grata pela senhora me criar e cuidar de mim desde que meus pais faleceram, mas eu preciso sair da cidade imediatamente. — falou passando as alças da mochila nos braços e posicionando nas costas.

A tia a olhou ainda mais surpresa.

— O que?! Eli, o que está acontecendo? Por que você precisa sair da cidade? — perguntou caminhando e pagando na mão da sobrinha ao se aproximar.

— Tia, não tenho tempo, eu preciso sair daqui agora! — disse com firmeza.

— Eli, filha, eu não posso permitir uma coisa dessa, por que você não me conta o que aconteceu, quem sabe não podemos resolver juntas. — disse a tia segurando o rosto de Elisandra com as duas mãos. Vendo que Elisandra não queria contar-lhe a tia pacientemente, pediu.

— Tá bom, me dá só um resumo para eu poder entender, Elisandra, você só tem 17 anos, eu ainda sou responsável por você, sendo assim, não posso te deixar ir assim sei lá pra onde. — falou nervosa.

— Tá, tia, mas por favor não me impeça, eu te peço por favor, é só o que te peço.

Ao ver a tia assentir com a cabeça, Elisandra, lembrando da cena que tinha visto, começa a chorar de novo. A tia a abraçou, falando:

— Oh, minha querida, o que aconteceu?

Quem lhe magoou assim?

— Tia, eu fui na casa do Denis, e o vi transando com a Margareth, sabe, aquela garota do colégio que veio aqui em casa fazer o trabalho de turma comigo, lembra?

Depois que a tia consentiu positivamente afirmando ao se lembrar, Elisandra continuou falando:

— Então, tia, eu não quero vê-los nunca mais, me ajude, por favor, eu preciso sumir dessa cidade, não quero viver aqui nunca mais, imagina ter que olhar para cara daqueles dois que com certeza zombaram de mim dia após dia. — Elisandra falou em prantos fazendo o coração da tia que a abraçou, com carinho, doer profundamente em vê-la naquele estado.

Depois de pensar por alguns minutos enquanto abraçava a sobrinha a senhora com os olhos lacrimejados tomou uma decisão, afastando-se do abraço olhando para a sobrinha, com os seus polegares a senhora enxugou as lágrimas que fluíam persistentemente dos lindos olhos castanhos da bela e querida menina que por anos ninou em seus braços enquanto dormiam juntas na mesma cama tentando fazer a dor da perda dos pais abrandar, falou:

— Tudo bem, eu vou te levar até a rodoviária e você vai para casa de uma amiga minha, e vai ficar lá até eu resolver o que vamos fazer, combinado? Fique lá por uns dias, até eu poder ver o que faço, tá bom assim minha querida? Aí, você vai ter tempo de esfriar a cabeça e ver se é isso mesmo que você quer. — falou a tia alisando o rosto avermelhado de Elisandra que não conseguia para de chorar.

— Tá bom, tia, obrigada, eu te amo! — falou abraçando mais uma vez a tia.

Minutos depois as duas entraram no carro da tia que estava estacionado em frente ao portão e partiram naquela mesma tarde.

Já passava das seis quando Denis foi levar a tal da Margareth na porta, depois que se despediram com apenas um aceno de cabeça, pois ele não queria ter mais contato com a moça que tinha se oferecido de um jeito que o deixou completamente sem chance de resisti-la, mas logo que tudo terminou o que ele mais queria era que tudo aquilo não tivesse acontecido, naquele momento quando a esperava se arrumar para ir embora, ele só queria esquecer pois o arrependimento era mais forte a cada segundo. Denis se virou assim que Margareth saiu pela porta, e sem esperar, deu de cara com a senhora Elza, que o olhando séria, perguntou:

— Desde que horas essa menina está aqui Denis?

Ela estava surpresa pois estava achando que ele estava com a doce Eli, como chamava a namorada do patrãozinho. Vendo-a olhando-o com o semblante sério, Denis engoliu a saliva e depois de recuperar a postura de rapaz brincalhão, falou:

— Por que você quer saber Elzinha, o que isso importa? "Hum" vai cuidar dos seus afazeres, que já está bom demais para uma senhorinha linda como você — disse beijando-a na bochecha antes de seguir para a escada, no entanto quando já estava no meio da escada, virou-se olhando para a senhora Elza que já estava a caminho da cozinha.

— Dona Elza, mais cedo eu tive a impressão de ter ouvido a campainha, quem era? — perguntou.

— Sim, realmente a campainha tocou sim! — disse a mulher olhando-o com tristeza pois como não viu Elisandra descer previu que ela tinha o visto com a moça que acabara de sair.

— Foi Elisandra que esteve aqui! — falou, dona Elza com aperto no peito.

— O que?! A Eli, esteve aqui? — perguntou com a voz exaltada em espanto.

— Por que a senhora não me chamou e me falou nada?

— Não deu tempo, ela entrou e subiu correndo, eu achei que vocês iriam fazer algum trabalho, do colégio, então não quis incomodá-los. — disse a mulher parada no meio da sala vendo-o e pressentindo que o patrãozinho tinha entrado em uma grande enrascada.

— Ai meu Deus! — disse Denis apavorado e com o coração acelerado em aflição.

Denis desceu correndo pegou suas chaves em cima da mesa e saiu correndo porta afora, já do lado de fora, entrou em seu carro que estava estacionado na frente da casa e saiu cantando pneu, logo estacionou na frente da casa da namorada já que era bem próximo da sua, só um quarteirão separavam uma casa da outra.

Ao chegar saiu do carro batendo a porta fortemente, pois seu desespero o estava deixando sem noção de nada, seguiu correndo para a porta da casa a sua frente, tocou a campainha e nada de ninguém atender, tocou novamente e de novo, e nada, mas como não estava disposto a desistir, não ia sair dali sem falar com sua linda Eli, sentou-se em um dos degraus da pequena escadinha de madeira que tinha em frente a porta e ali ficou ansioso roendo as unhas de nervoso e totalmente apreensivo.

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