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Capítulo 8

-Fiquei preocupado, sua mãe ligou várias vezes para cá, ela não conseguia falar com você pelo celular.

-Tudo bem, eu estava no escritório, vou tomar banho e dormir, pode se preocupar, vou ligar para minha mãe.

-Você não quer comer nada?

"Não, Nana, não estou com fome, boa noite", digo beijando seu cabelo.

-Boa noite filho.

Subo para o meu quarto e tomo um banho demorado que me deixa mais leve. Depois de conversar com minha mãe e dizer mil vezes que estava bem, fui para a cama.

Conhecer a pessoa que recebeu o transplante pode me fazer ver que existe uma família feliz, que minha filha realmente salvou uma vida. Eu só preciso ver essa felicidade e então não voltarei a aparecer na vida de vocês.

"Eu só quero apagar as lembranças ruins"

Anna:

- Hora do banho, senhorita.

“Só mais um pouquinho, mamãe.” Ele fez aquele beicinho que ninguém consegue resistir.

"Só mais alguns minutos, raio de sol", eu digo acariciando sua bochecha.

Sento-me na cadeira e observo-a brincar com sua boneca.

“Pai, pequenina”, diz ele, colocando uma colherinha de brinquedo na boca da boneca.

Eu sorrio com isso, é bom ver meu filho brincando feliz de novo.

mês, esta é a hora em que meu anjo saiu daquela sala de cirurgia.

Jamais esquecerei de ver o médico vir até mim após a cirurgia.

Flashback ativado

Meu corpo está cansado, não durmo bem há meses, vivo nessa angústia há meses. Olho para aquela porta esperando que o médico chegue a qualquer momento.

Rezar, rezar, é rezar, e a única coisa que faço depois que a porta se fecha.

Por alguns segundos me permito me imaginar, sorrindo e correndo, espalhando-se com seu delicioso sorvete de creme, seu preferido. Tão saudável, tão bem, e num piscar de olhos... Tão magro, tão emaciado.

E lá estou eu permitindo que minhas lágrimas cubram meu rosto mais uma vez.

O tempo passa, uma hora, duas, três... E depois da quarta hora perco a noção do tempo.

-Amigo.-ouço a voz da Brenda vindo em minha direção.

“Acabei de ver sua mensagem e vim correndo para cá”, disse ele, me abraçando, e aquele abraço foi muito reconfortante.

Só depois de Angel ficar duas horas na sala de cirurgia é que percebi que não havia avisado Breh, e foi o que avisei, já que ela era a única pessoa em quem confiava além da Sra. Rô.

É triste não ter família, saber que se estou sozinho no mundo só tenho um punhado de gente para cuidar, mas quem cuida de mim? E o que me pergunto depois que Allison faleceu, porque ela sempre foi minha “superirmã”, foi assim que eu a chamei.

"Estou feliz que você veio, Breh", digo enquanto deixo seu abraço.

-Que bom Belle, ela finalmente conseguiu o doador.-Ela parecia muito feliz.

-Não sei o que pensar, não sei se essa cirurgia vai dar certo, não sei se o corpo dele vai se adaptar ao novo coração, e você não vê o pior Breh?

“O quê?” ela parecia confusa.

-Angel precisava de um coração de criança, não entende? Tem uma pobre criança morta neste momento, é uma família chorando.

Ela pareceu sentir o impacto das palavras que eu disse, só então a felicidade se desfez e as lágrimas caíram pelo seu rosto.

"Oooh Belle", disse ele, me abraçando novamente.

-Parentes do Paciente Angel Ostos.-Separei-me da Brenda rapidamente.

-Aqui sou eu o responsável por ela.-Naquele momento ele já estava de pé.

-Ele está em observação, irá em breve para seu quarto.

-Como foi a cirurgia?, disse Breh.

-Tudo correu perfeitamente bem, agora só nos resta ver se o seu corpo não rejeita o seu novo coração, mas tudo mostra que não teremos esse problema.

Flashback desativado

-Vamos senhorita, está na hora do seu banho.-Eu a peguei levando-a ao banheiro.

“Veremos Bella e Fela mais tarde?” Ele perguntou.

-Vamos, mas primeiro você vai tomar um banho para irmos ao jardim tomar sol.

Assim que dei banho nela coloquei um vestido azul marinho e fiz tranças com laços brancos no cabelo.

“Ok, agora é só esperar a enfermeira Ana vir te dar o remédio pela manhã, e então podemos ir para o jardim.” Beijei suas bochechas rechonchudas e rosadas.

“Eu não quero mais nenhum curandeiro, não me sinto mal.” Ele fez beicinho.

-Eu conheço meu anjinho, mas sairemos daqui em breve e você não precisará tomar remédio, ok?

Esse mês tem sido assim, todos os dias com medicação intravenosa, exames semanais, tudo para que nada de ruim aconteça. Ángel reagiu bem ao transplante, se tudo correr bem dentro de um mês ele poderá sair, mas com visitas de rotina ao médico e medicação diária. A menina ainda está magra e emaciada, mas agora mais inchada do que antes devido aos fortes medicamentos.

Durante esse tempo após a cirurgia, Angel tem recebido visitas diárias de Brenda, e visitas regulares de Stevan, mas por algum motivo Angel não gosta muito dele, ela sempre o recebe com educação e agradece pelos presentes que ele traz, mas nada mais. Além disso, ela não gosta disso. Puxei conversa com ele, o que é muito estranho para a garota mais falante que conheço. Ela tende a ficar quieta quando eles se conhecem, mas depois de um pouco de intimidade ela relaxa, mas com Stevan isso parece nunca acontecer, ele sempre parece um estranho aos olhos dela.

“Pronto, pequenina”, diz Ana à enfermeira após aplicar a injeção no braço de Ángel.

Antes ela chorava como qualquer menina de dois anos, mas depois veio o hábito, e com o hábito os olhos tristes e as marcas de pedra no corpinho.

-Agora podemos ir brincar no jardim, mas lembre-se, não exige esforço, ok?

-Tudo bem mãe.

Levei-os para o jardim do hospital onde havia outras crianças brincando, cada sorriso no rosto deles era um novo raio de luz, nos mostrando que existe cura.

Coloquei-a em um balanço e comecei a empurrar incansavelmente.

“Mas forte, mãe, mas forte”, gritou alegremente.

Cada vez que o balanço subia mais alto era uma risada nova que enchia meu coração de alegria.

-Filha, fique aqui um pouquinho, ok? Vou pegar um copo d'água.

-Esta bom.

Enquanto ela brincava com uma amiga perto do balanço, fui pegar um copo grande cheio de água.

Assim que bebi minha água, peguei um pouco para Angel e voltei para o jardim. Assim que olhei perto do balanço, Angel não viu, não estava lá, e comecei a procurar.

Eu já estava ficando desesperado quando a vi, sentada em um banco de jardim com sua boneca nas mãos, e na frente dela um homem, quanto mais me aproximava, mais aquele homem me parecia familiar, e então consegui ver seu rosto, ele me parecia muito familiar...

O homem que encontrei há algumas semanas no hospital era ele... Antonio, seu nome, ainda me lembro do que seu amigo disse, por alguns dias seu rosto e seu nome nunca mais saíram da minha mente. E lá me perdi em sua beleza.

Assim que cheguei até ele, ele se virou para olhar para mim, antes de abrir um sorriso.

“Você?” Ele perguntou sorrindo para Ana, maravilhado com toda a beleza que emanava dele.

“Se for preciso, não adianta adiar, porque a vida se reunirá numa só alma, num só coração”

Antônio:

Uma semana foi nessa hora que resolvi procurar a pessoa que recebeu o coração de Alissa, ou melhor, a criança que o recebeu.

E aqui estou eu, com um Mathias radiante em meu escritório dizendo que tem novidades.

-Calma Mathias, primeiro respire, depois fale.

"Eu... Não... eu consigo respirar." ele disse respirando fundo.

“Há momentos em que não sei quantos anos você tem, sim”, disse ele, balançando a cabeça em negação.

"Uau", disse ele, fingindo dor no coração.

“Agora você me machucou, o garoto aqui também não vai te contar mais nada”, disse ele, virando-se e indo em direção à porta.

-Nada disso, começou e termina.-Corri em sua direção, pedindo que se sentasse e me contasse tudo.

-Tudo bem, o detetive pegou algumas coisas no hospital... Você sabe como é, né?

Bom, com isso ele descobriu a informação para qual hospital foi o coração, e sabendo disso não foi difícil encontrar naquele hospital uma criança que precisava de um transplante.

-Então você encontrou?

-Sim, é uma garota chamada Ángel.

Sorri involuntariamente, que irônico, né? A menina em breve se chamará Angel.

-O que mais você descobriu sobre ela?

-Ela ainda está internada no hospital.

-Mas o transplante não funcionou?

-Parece que sim, mas ele tem que ficar um pouco para ver se o corpo dele não rejeita o órgão.

-Me passa o endereço do hospital por favor, é o nome e sobrenome da menina, vou lá hoje.

-Só tome cuidado, lembre-se que ela e sua família não têm ideia de quem você é.- Ela me entregou o papel com todas as informações.

-Obrigado.

Passei o resto da manhã sem nem conseguir pensar com clareza, mal esperei a hora do almoço para finalmente poder sair da empresa, e assim que chegou a hora fui para casa o mais rápido possível.

-Olá garoto Antonio.-disse Nana.

-Boa tarde.-Beijei sua testa.

-Posso servir o almoço para você?

-Claro, só vou subir em uma prateleira e já volto.

Ela concordou e eu subi para o meu quarto para tomar banho e colocar meus pensamentos no lugar deles, principalmente a ideia de que encontraria a menina, Ángel, como Mathías disse que a menina se chamava.

Tomei um banho e tentei vestir algo mais confortável, algo diferente de um terno. Assim que terminei fui para a cozinha almoçar, mas como todas as refeições que fiz... Nada é igual sem ter minha filhinha comendo e conversando sobre o dia dela, ou mesmo contando a história da Branca de Neve para ela . por mais tempo, o que já havia se tornado um hábito.

-Nana, não vou voltar para a empresa, preciso consertar algumas coisas, não sei que horas volto para casa, então não se preocupe, ok?

"Está tudo bem, apenas tome cuidado", disse ele com uma voz triste.

Eu sabia que ela estava muito triste, assim como eu, ela passava mais tempo com a Alissa do que eu, ela já a via como uma neta e sei que foi difícil se perder ali.

O caminho para o hospital foi tortuoso, eu queria ver a criança, mas e se isso me fizesse sofrer mais?

Eu não sabia mais o que pensar ou parar de pensar, e com esses pensamentos a próxima coisa que soube foi que já estava na porta do hospital.

-Então vamos Antonio, agora ou nunca.

Assim que passei pela recepção, toda a coragem que me restava parecia ter desaparecido, eu estava pronto para sair quando uma voz me puxou para longe daquela bolha de sabão que estava prestes a estourar.

-Posso te ajudar senhor?

-Eeeh, eeeeh, sim?

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