Capítulo 9
“O que você quer?” perguntou uma enfermeira gentil.
-Vim visitar Ángel Ostos.
-Aaah, ele está no jardim com a mãe, ele acabou de ir lá.
-OK, obrigado.
E então fui para aquele jardim enorme sem saber o que fazer ou o que dizer. Como vou chegar até a garota? E a mãe da menina? A enfermeira disse que ele está com a mãe.
Assim que comecei a olhar aquele jardim não sabia como iria encontrá-la entre todas aquelas crianças. Deviam ter algumas, algumas brincavam no balanço, outras brincavam com carros, bonecas... mas não foi tão difícil encontrá-la como eu imaginava, já que só havia uma menina naquele jardim inteiro.
Sentada em um banco perto de uma árvore estava uma menina, ela sorria para uma boneca em sua mão, parecia estar conversando com a boneca. Seu cabelo castanho claro estava preso em duas tranças, ela usava um vestido tão lindo, e seus olhos... Aqueles olhos pareciam ter muita vida.
Fui caminhando em direção a ela aos poucos, não assustaria a menininha, e nem sei se é mesmo o Angel.
"Olá", eu disse, sentando ao lado dele.
Ela olhou para mim por um momento, pareceu me analisar e depois sorriu.
-Ei.
-Qual é o seu nome, senhorita?
"Anjo", ele sorriu.
Naquele momento minha ficha caiu, o coração da minha filha estava ali, dentro daquele corpinho.
-E o seu? -Ela parecia curiosa.
“O meu é Antônio, mas você pode me chamar de Tio Antônio.” Ele parecia desconfiado, mas assentiu.
-E essa boneca linda?
“E Lelê”, disse ele com sua voz angelical.
"Prazer em conhecê-la", disse ele, sorrindo e pegando a mão da boneca como se quisesse dizer olá.
Senti a presença de alguém, como se estivéssemos nos observando, e foi então que me virei e reencontrei aquele anjo sem asas.
-Você?
Eu lembro dela, como não lembrar dela, aqueles olhos cor de mel ficaram dias em meus pensamentos, aquela pele bronzeada... Ela é tão linda, e naquele dia no hospital ela parecia tão frágil.
"Você", ele confirmou com um sorriso de lado, mas depois se virou para olhar para a garotinha.
“Sua água, solzinho”, disse ele, entregando um copo d’água para a menininha que aceitou com alegria.
Não consigo parar de olhar para ela, sua beleza era inebriante.
"Prazer em conhecê-la, Ana", disse ele, estendendo a mão para mim.
Seu nome era tão delicado, assim como sua aparência.
-Prazer...
"Antony", ele respondeu para mim, dando-me um sorriso perfeito.
-Prazer, como você sabe? -Peguei a mão dele.
-Eu ouvi seu amigo dizer naquele dia.
-Aaah, isso está explicado.
Olhei para Angel e ela estava olhando para nós.
“Você está cansado de brincar, querido?” Ana perguntou.
Ela apenas balançou a cabeça, levantou-se e pediu à menina que a abraçasse.
-Está quase na hora de você dormir um pouco, certo? Você acordou cedo por causa da medicação.
O carinho que eles têm um pelo outro era nítido.
-Sua irmã? -Confesso que fiquei muito curioso.
-Não.-ele riu do que eu disse.
-Minha filha.-nesse momento minha surpresa aumentou.
Como eu imaginaria isso? Eles não se pareciam e Ana parecia muito jovem.
E naquele pequeno momento eu percebi que estaria completamente ferrado, não saberia como me afastar tão facilmente.
Antonio, Antonio, onde você esteve?
“Nem tudo é como esperamos, a vida tem seus movimentos”
Anna:
Sabe quando você pensa que encontrou o homem dos seus sonhos?
Essa sou eu agora, nem o conheço, mas aquela voz grossa e rouca, aquele sorriso branco... não parecia real, parecia desenhado à mão.
Naquele momento ele parecia paralisado, tudo porque eu disse Angel e minha filha.
-Está tudo bem com o senhor?
"Aaah, sim, desculpe", disse ele sorrindo.
-Você veio visitar algum familiar?, eu disse, sentando ao lado dele no banco com Ángel no colo.
Ele parecia pensar, como se não entendesse, mas uma luz pareceu acender em sua mente.
-Aaah, sim, visitando alguém né... No hospital...
"É isso", disse ele, rindo.
- Sim, tenho, tenho uma tia que está internada neste hospital.
-E o que ela tem?
-Aahnn, sim... Fizeram um transplante de rim nele.
“Aah sim, eu sei o quão difícil são essas cirurgias.” Eu disse pensando em Ángel que já estava cochilando no meu colo.
-Assim é.
“Você conhece Ángel?” ele disse sorrindo.
-Claro que já conheci esse anjo e sua boneca, agora somos amigos, certo Anjo?
“Eeeh, sou amiga do tio mamãe.” Ela parecia estar contando algo novo.
-Isso é ótimo, princesa.
-Acho que deveríamos entrar, certo? É hora de tirar uma soneca, o remédio te deixa com sono. Ele apenas assentiu.
-Me desculpe, foi um prazer conversar com você, mas tenho que levá-la para dentro.- Levantei-me.
"Eu entendo", disse ele, olhando para mim e se levantando, o que me deixou envergonhado.
-Você vai me assistir, cara? -Ela já parecia uma santa, típico dela.
-Claro, visitarei minha tia todos os dias, e se sua mãe permitir... irei ver você também.
-Você pode mamãe?
"Claro, por que não?" ele disse sorrindo.
-Pode vê-lo.
“Isso é bom, pequena.” Ele acariciou suas bochechas.
-Foi um prazer conhecer você.- eu disse sorrindo e me afastando.
Quando eu estava longe eu podia ouvir.
-Você?
Eu me virei para olhar para ele. Como pode ser tão lindo? Aqueles olhos, aquele olhar que parecia revelar minha alma.
"Você", eu respondi.
"Foi um prazer conhecê-lo", disse ele acompanhado de um sorriso.
-Até logo.
E então me virei, entrei no hospital e me perguntei o que aconteceu.
Ele estava me amaldiçoando, como eu poderia cair em seus encantos?
“Ana, você nem o conhece.”- minha mente me repreendeu.
E anjo? Ela nunca se sentiu tão confortável com estranhos... E agora ela tinha que se dar tão bem?
“Mamãe?” ele me chamou enquanto tocava meu rosto.
-Sim Sol?
“Aah poita,” ele disse olhando para frente.
Só então percebi que estava diante da porta do quarto.
-Aah sim, sol claro.
Não demorou muito para ela estar dormindo profundamente, já estava marcado: horas ela adormeceu. Então me deixaram fazer a única coisa que eu gostava, e se eu estivesse na minha vida rotineira... só conseguiria fazer algumas vezes. LEIA... Alguns me criticam, mas ler vai além do nome.
Viaje num livro e esqueça o mundo real, esqueça os seus problemas e permita-se viver uma história, uma nova história, não a sua, mas que pode envolver cada novo sentimento.
Ler cura a alma.
Aqui estou eu, lendo o mesmo livro pela segunda vez. Mas o que posso fazer se simplesmente me apaixonei por “A menina que roubava livros”?
Pode ser um livro triste, mas é a história de alguém que foi sonhador, que lutou, e admiro gente assim.
TOC TOC
Alguém está estranho no momento, Brenda é a única da família que visita, embora seja a única pessoa próxima... exceto a dona Ro que vem às vezes, mas eu nem culpo ela, nem a idade dela. Isso não ajuda mais.
“Pode entrar”, digo, fechando o livro e falando baixinho para não acordar Ángel.
-Como são essas lindas garotas? Stevan disse, entrando e me dando um largo sorriso.
"Stevannn", eu disse, levantando-me e abraçando-o.
Durante esse tempo ele foi um grande amigo.
“Vejo que o pequenino está dormindo”, disse ele, colocando uma sacola na cama.
-Sim, depois de jogar ele cansou.
“Vamos conversar no corredor?” perguntei, temendo que a garotinha acordasse.
-Claro.-Ele abriu a porta e me deu espaço para passar na frente dele.
-Obrigado por vir nos visitar, é sempre bom saber que você se importa.
"Você sabe que eu me importo com você mais do que qualquer coisa", disse ele, aproximando-se, fazendo-me ir embora voluntariamente.
-Estou... grato por isso.
-Estive pensando, Anna.
-Em que?
Ele se aproximou, colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e me deu um sorriso brilhante.
-Não consigo te ver como amigo, toda vez que saio daqui preciso te ver novamente.
Minha garganta ficou seca, o que você quis dizer com isso?