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Giovana narrando
Eu olho para dona Safira.
— A senhora mesmo me disse que eles eram reservados, você mesmo fala para todos os professores preservar a segurança das alunas – eu olho para ela.
— Arruma suas coisas, ele é o dono e eu não posso passar por uma ordem dele.
— A maioria das alunas são minhas, eu atendo dia e noite aqui dentro – eu olho para ela.
— Eu entendo Giovana, irei fazer uma carta de recomendação para você.
— Uma carta de recomendação? Tente falar para ele tudo, se eu sair muitas alunas vão sair junto.
— Me perdoa – ela fala – olha, eu tentarei alguma coisa, fica ligada no celular eu te retorno.
— Você vai embora? – Beatriz pergunta
— Não posso acreditar nisso.
Eu saio da escola sem rumo, começo a caminhar pelas ruas sem saber nem para onde eu ia, dançar era a minha vida e dar aula também se tornou,as crianças, adolescentes todas elas eram a minha vida, o que eu iria fazer sem elas? Sem o meu trabalho?
Eu não poderia ficar aguardando um retorno de Safira.
— Taisa? – eu pergunto
— Oi meu amor – ela fala – você está chorando?
— Você está com Kevin? – eu pergunto
— Sim, estou – ela fala
— Onde vocês estão?
— Estamos em um restaurante japonês. Por quê?
— Eu estou indo para ai, me passa o endereço.
Eu esqueço que estou de carro e pego o primeiro táxi e vou em direção ao restaurante.
— Giovana você está com uniforme de dança.
— Por favor, Kevin me ajuda – eu falo ignorando a Taisa.
— O que aconteceu? – Taisa pergunta
— Seu primo, Salvatore entrou lá no studio – eu me tremia
— Calma – Taisa fala me fazendo sentar – toma água, respira e conta direito, você está nervosa de mais.
— O que aconteceu? – Kevin pergunta.
— Ele me demitiu da escola.
— Porque? – Taisa pergunta
— Ele chegou lá, queria tirar Laura de dentro, eu não sabia quem ele era, ele nunca foi lá , ele ficou bravo porque eu disse que iria pesquisar no caderno o nome dele, então ele pediu a diretora e pediu para me demitir – eu falo
— Do nada?
— Do nada e a diretora não quer nem falar com ele, eu preciso que você me leve até ele.
— Você é louca? – Kevin pergunta – eu não vou fazer isso, você não sabe com quem está se metendo.
— É o meu trabalho, eu já fui abandonada no México e eu vou ir até lá falar com ele e fazer ele me devolver meu emprego.
— Giovana, Salvatore não é amigo de ninguém e ele jamais vai te devolver o seu emprego. – Kevin fala – esquece isso.
— Eu só preciso que me faça chegar até ele, só isso.
— Por favor Kevin – Taisa fala – Giovana deu a vida dela para isso.
— Meu Deus – Kevin fala – eu espero não me arrepender disso.
(...)
Eu tinha passado a noite em claro e chorando muito, como posso perder algo que eu demorei tanto para conquistar em alguns segundos?
Eu conheço toda a história de Mariluce Cortez, tudo, eu estudei tanto para conseguir o meu cargo dentro da escola, nunca nem escutei o nome Salvatore Cortez, eu só quis proteger aquela menininha tão linda que é a Laura de alguém que pudesse está querendo levar ela, existe tanta maldade no mundo.
— Olá – Kevin fala
— Seu primo ainda não está – a secretaria fala
— Eu sei, eu vim só trazer Giovana que vai falar com ele.
— Ela tem hora marcada?
— Não, mas assim que ele chegar, pode dizer que fui eu que trouxe ela aqui. – a secretária me encara
— Só esperar, mas não sei a hora que ele vem.
— Sem problemas – eu respondo
— Você tem certeza? Eu queria ficar com você mas tenho uma viagem agora – ele fala
— Obrigada Kevin – eu falo
— Qualquer coisa me liga – ele fala e eu assinto.
Eu me sento na cadeira da sala de espera do seu escritório, estava tão nervosa e agoniada que não conseguia nem pensar direito, mas tinha pensado a noite inteira no que eu iria falar para ele.
Até que uma luz se acende no elevador , o elevador se abre e aquele homem, com o cabelo descabelado, o terno aberto e a camisa amassada mas sem perder a pose , sai do elevador.
— Senhor, essa moça está aqui para falar com você – a secretaria fala enquanto ele estava passando reto por mim – foi seu primo Kevin que a trouxe.
— Você? – ele pergunta me olhando sem acreditar que eu estava na sua frente – ótimo, mais problemas – ele resmunga.
— Bom dia – eu falo me levantando e colocando na sua frente – Seu primo Kevin é namorado da minha amiga com qual eu divido o apartamento e eu pedi para ele me trazer até aqui.
— E posso saber porque? – ele pergunta me olhando.
— Porque você me demitiu do meu emprego, no qual eu demorei muito para conquistar ele e me demitiu sem motivo nenhum – ele me olha – na verdade, por puro ego por não saber quem você era, sendo que a única coisa que eu preciso saber é quem foi sua vó e a referencia que ela é dentro da escola – ele me olha.
Ele respira fundo e parece bufar, ele olha para secretária.
— E porque você acha que eu devo me importar com o que você está me dizendo? – ele pergunta – eu não tenho nada haver se você batalhou ou não, por favor Patricia me traga um café e você por favor vai embora.
Capitulo 8
Salvatore narrando
Eu me viro para ir em direção ao escritório e quando eu entro, eu sinto a voz dela e me viro vendo ela invadir o meu escritório.
— Você não precisa se importar comigo até porque você nem me conhece – eu largo a minha maleta em cima da mesa e a encaro – mas deu para perceber que você não se importa com ninguém ao seu redor, até porque em um ano dando aula para sua filha, foi a primeira vez que você foi buscar ela e pasme, ela nunca mencionou você para mim.
Eu dou uns passos em direção a ela.
— Saia do meu escritório agora – eu falo apontando para porta – eu vou chamar os seguranças.
— Você não se importa nem com a memória da sua vó, a escola que ela criou é a segunda melhor com tão poucos recursos que ela tem, eu não sei se você sabe, mas a um ano e meio eu sou a professora mais procurada lá dentro, atendo de manhã, de tarde e de noite, a escola estava a anos sem ganhar prêmios em competições, e as minhas alunas nunca perderam. Eu realmente sei tudo sobre a verdadeira dona da escola.
— O dono sou eu – eu olho para ela – e você deveria o mínimo ter me respeitado.
— Você apenas herdou a escola , você não sabe nem o valor que ela tem, porque se tivesse iria se preocupar em acompanhar sua filha – ela repete – a verdadeira dona dela é Mariluce Cortez a melhor dançarina que o mundo já viu e se inspirou, mesmo tendo um marido machista após a morte dele, ela criou os seus filhos sozinha e conquistou o mundo com a sua dança e delicadeza – eu a encaro e meu pai para na porta – você pode me mandar embora da escola, mas você jamais será digno de dizer que é dono dela.
— Você acha que é quem para vir até a minha empresa me ofender dessa forma? – eu a encaro – estou ficando sem paciência com você e você não vai gostar quando eu perder a paciência.
— Eu sou a pessoa que está aqui por mim e principalmente pelas minhas alunas, pela sua filha que a um ano entrou na aula de dança toda tímida e cheia de medos, acompanhada da mãe dela , chorando porque a mãe estava doente, e aos poucos foi se libertando na dança – ela me olha – mas é claro você não sabe disso, porque pelo jeito você não se importa com ninguém além de você.
— Eu não vou admitir que você me ofenda, vai embora agora mesmo e nunca mais apareça na minha frente – eu respondo
— E qual vai ser o motivo da minah demissão? O que vai dizer a todos os pais? Eu dou a minha vida por aquela escola, pelas minhas alunas, eu ensaio de manhã, tarde e noite com elas, elas confiam em mim – ela me olha com os olhos brilhando – ao me mandar embora, você não vai só destruir a minha vida, a vida das minhas alunas, a vida da sua filha que vai perder a professora que ela tanto confia e sim o sonho da sua avó também – ela limpa uma lagrima que desce sobre o seu rosto – eu jamais iria procurar você para pedir meu emprego de volta, mas o senhor jamais vai saber o que é dar a vida por algo que você tanto ama, que tanto sonha como eu dei e ver tudo desandar por causa de um – ela me olha e eu a encaro vendo se ela teria culhão de falar mais alguma coisa – um garoto mimado no corpo de um homem que sempre ganhou tudo nas mãos como você. – ela se vira e dar de cara com meu pai.
Meu pai se aproxima dela e ela fica paralisada encarando ele.
— Como a senhorita se chama? – ele pergunta para ela.
— Giovana – ela fala
— Armando Cortez filho de Mariluce – ele fala – obrigada por falar tão bem da minha mae.
— Por favor – eu falo – vai fazer o que? Vai coroar ela? Dar um premio.
— Professora Giovana, Safira me disse sobre você na noite passada, ela me procurou e eu vim até aqui por causa disso – meu pai fala.
— Era só o que me faltava – eu falo colocando a mão sobre a cabeça.
— Salvatore – meu pai fala e Giovana me encara.
Eu reviro os olhos e me aproximo dela que agora estava me encarando.
— Você pode voltar para escola mas não ache que é porque eu quero que você volte, pelo ao contrário por mim você jamais pisaria os pés lá – ela me encara com um sorriso fraco no rosto e bem debochado – mas você volta com uma condição.
— Qual? – ela pergunta
— Vai dar aula particular para Laura duas vezes na semana – eu respondo
— Só se for sábado e domingo – ela responde
— Não importa o dia, quero apenas que você ocupe a cabeça daquela criança – eu falo e ela me encara.
— Daquela criança ou sua filha? – ela pergunta
— Daquela criança – eu afirmo e ela me encara. – agora some – eu falo apontando para porta. – antes que eu mude de idéia