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5

Giovana narrando

Eu tinha saído quase sem ar de dentro daquele escritório, era a primeira vez na minha vida que eu enfrentava alguém dessa forma, eu saí de lá completamente sem ar.

— Você falou tudo isso a ele? – Dona Safira fala.

— Sim – eu respondo e ela me entrega um café – acho que estou sem ar até agora.

— E ele quer que você de aula para filha na casa dele?

— Amanhã – eu falo – eu começo, isso é loucura?

— Um pouco – ela fala se sentando na frente – eu disse que tentaria algo e te retornaria.

— Eu não poderia ficar sem fazer nada – eu respondo. – é a minha vida, o meu trabalho.

— Eu posso te dar uma dica? – ela pergunta

— Claro.

— Quando você entrar na casa dele, você não tem ouvidos e nem boca, o que escutar fica lá dentro – ela fala

— É claro que sim.

— Pense bem se você realmente deve ir até lá.

Eu fico com as palavras de Safira na minha cabeça mas continuo dando aula o resto do dia, até porque eu madruguei para ir até o escritório dele para conseguir voltar dar as minhas aulas.

— Isso, gira uma vez, duas, três e acaba com as pernas levantadas – eu falo para as alunas – muito bem.

— Professora – Laura entra correndo pela sala.

— Meu amor – eu falo abraçando

— Você voltou – ela fala

— Jamais te abandonaria – eu dou um beijo nela e toco em seu nariz – larga suas coisas lá e vamos dançar.

— Desculpa o atraso ela não queria vir na aula achando que você não estaria – a mãe dela fala e eu me aproximo dela – eu sinto muito pelo ocorrido com meu marido, ele estava um pouco estressado ontem, mas pelo jeito foi resolvido.

— Senhorita Cortez – eu sorrio – fique tranquila, eu entendo perfeitamente que ele estava estressando, vamos agradecer que tudo se resolveu e eu estou de volta.

— Laura gosta muito de você.

— Eu também gosto muito dela.

— Ela não ver a hora de vir as aulas e eu fico feliz, laura é tão sozinha em casa.

— Bom, estarei com ela nos finais de semanas também agora – eu falo

— Como?

— A senhora ainda não sabe?

— Não – ela fala

— Seu marido me contratou para dar aula a ela no sábado e domingo.

— Ele fez isso? – ela pergunta sem acreditar

— Fez, desculpa, olha eu não queria te contar antes dele, meu Deus – eu já fico confusa e nervosa.

— Tudo bem, eu vou esperar ele me contar – ela fala

— Eu vou voltar dar aula.

— Fique a vontade, vou esperar lá embaixo – ela fala sorrindo.

A única coisa que eu sabia sobre Laura era que ela vivia falando que seu pai era ausente e que sua mãe tinha uma doença que poderia levar ela a morte, Laura tinha cinco anos mas era super inteligente.

— Gira e pula – eu falo

— Assim – Beatriz mostra

— Depois de pular, a gente encosta os pés e faz um retângulo com os joelhos – eu falo brincando e logo elas fazem o que eu mando.

Trabalhar com as meninas era como uma terapia e foi essas meninas, esse trabalho que me salvou depois de Ricardo ter me abandonado aqui no México.

— O que está fazendo? – Taisa pergunta enquanto estou na sacada queimando algo em uma lixeira de ferro.

— Queimando as coisas de Ricardo – eu falo

— Até que enfim – ela responde – sinceramente não te aguentava mais sofrendo por ele.

— Eu me apaixonei por ele, eu nunca tinha me apaixonado por ninguém – eu a encaro – sabe quando você ver o seu coração pulsar, seus olhos brilharem e ai você se apaixona? Foi assim com ele.

— Eu sei que você sofre de mais por ele ter te abandonado, mas você precisa seguir a sua vida.

— Eu vou seguir – eu olho para ela – na verdade eu estou seguindo da minha forma – eu sorrio para ela – e acho que queimar as lembranças que eu tenho dele é o primeiro passo.

Ela me abraça e beija a minha testa, eu fico ali jogando tudo naquele lixo pegando fogo, até mesmo os colares, anéis que ele me deu, até mesmo a carta. Quando eu cheguei em casa e vi aquela carta com aquelas palavras, foi a mesma coisa que me esfaquear por dentro, eu jamais imaginei que passaria por algo parecido.

(...)Eu acordo cedo, arrumo todas as coisas que tinha que levar para casa de Salvatore, coloco no meu carro e coloco o endereço da casa dele, eu tinha tratado tudo com a Marise pelo telefone que era a babá de Laura que acompanhava ela. Seria sábado e domingo pelas manhãs sempre.

Assim que eu chego, Marise sai pela porta e vem me encontrar, eu desço do carro observando aquela casa enorme, além de ter milhões de segurança na portaria ela tinha pelos arredores da casa também, a casa era imensa e o jardim também.

— Bom dia – Marise fala – Seja bem vinda prof Giovana.

— Obrigada, bom dia – eu falo – Laura já está me esperando?

— Já sim – ela fala – vamos entrar.

Assim que entro pela porta da casa acompanhando por ela, eu fico impressionada com o tamanho daquela sala, com aquela decoração de puro luxo e todos os detalhes da casa.

Eu vou acompanhando ela, até que escutamos uma discussão e desce Salvatore correndo pelas escadas e sua esposa atrás e dão de cara com a gente.

— Salvatore estou falando com você – ela gritava e a babá paralisa e eu também – eu estou cansada de você não me escutar, estou cansada, você precisa me escutar, eu sou sua esposa.

Os dois param e nos encaram, fica o clima mais tenso do mundo.

— Bom dia – eu respondo – eu vim dar aula para Laura.

— Onde Laura está? – ele pergunta para babá.

— Esperando ela na área de ginastica.

— E porque você ainda está aqui com ela? – ele a questiona

— Bom dia – Jamily fala -Seja bem vinda Giovana, Marise acompanha ela até onde será a aula.

— Claro – Marise fala

Salvatore me encara com a pior cara do mundo, eu desvio meu olhar passando por eles e solto a respiração que eu nem sabia que estava prendendo.

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