Visita Inesperada
Quando voltou para casa agradeceu por Mirela já ter levando as garotas. Subiu para o quarto e embora sua cabeça tivesse voando por todos os lugares, precisava trabalhar em alguma coisa para seus pensamentos não voarem até a garota da sua mente. Manteve-se acordado por toda a madrugada e isso se repetiu por mais alguns dias enquanto buscava ajudar o pai.
Ele buscava mais clientes não é? Então daria a ele. Estava concentrado no seu trabalho quando escutou a porta do quarto abrir.
— Sr. Santiago - A mulher passou pela porta mostrando um sorriso grande. Já passava das três da madrugada e simplesmente, ela apareceu com uma ilustre camisola que poderia considerar bonita, mas ainda assim, não era algo que lhe traia. Ela parou em frente à mesa entregando ao homem uma xícara de café. — Você está a algumas noites acordado, tem certeza que é saudável ficar assim?
— Estou trabalhando - voltou ao seu trabalho lendo algumas coisas.
— Você sabe que isso é errado, não é ficar acordado o tempo todo. Mas se for ficar, posso ficar junto, se precisar de alguma coisa, é só me chamar.
Se as intenções da mulher além de levar uma xícara de café, era seduzi-lo, falhou miseravelmente, nem com a camisola transparente e com o decote gigantesco deixaram o Santiago com vontade de ter algo com Becca, uma garota que conhecia desde criança e que estava ali apenas por causa de um pedido único.
— Não preciso de nada, então saia - Ordenou sem a olhar e como não viu movimento nenhum, ergueu o olhar para Becca que apenas revirou os olhos — Não vou repetir. - A mulher engoliu a seco e saiu do quarto. Levi bufou irritado.
Como estava puto, nenhuma mulher deitava na sua cama há muito tempo, e só por isso, as empregadas daquela maldita mansão já estavam achando que podiam se candidatar por acaso? Jogou a xícara na porta quebrando a louça toda, aquela mulher achava que era quem?
Olhou para o relógio, ia marca quatro horas da madrugada, estava acostumado a dormir sempre tarde, depois de f0der “sua” mulher por horas, em busca ao menos de libertação, e isso sempre lhe dava boas sensações.
A última garota o deixava relaxado, mas em poucos minutos voltava a sua carranca e se enchia de ódio. Ela não era o suficiente, mas tanto faz, se pudesse esquecer seus problemas e que era um filho esquecido por sua mãe.
Victoria era uma mão amorosa, mas desde que Marlon descobriu sobre sua infidelidade, ela simplesmente pegou o filho mais novo e saiu da casa alegando nunca mais voltar. Nem lembrou que tinha outro filho para fazer feliz. A nova esposa de Marlon não era uma mulher ruim, casou-se poucas semanas depois e engravidou meses mais tarde.
Morar naquela mansão era um sonho, no enquanto, ela preferiu a cidade, o barulho de Seant e não ali no condomínio fechado e longe de tudo e de todos. E agora, Marlon quem deixou tudo para trás levando seus outros filhos e deixou Levi ali, com sua escuridão.
Todo mundo ia embora da sua vida, já devia está acostumado com isso. Mas porque não estava?
Quando deu por si, já estava de manhã, olhou pela janela o sol entrando no quarto, andou até lá parando diante do sol. Fechou os olhos para sentir o calor, não era exatamente o tipo de calor que ele queria, mas estava bom no momento. Foi para o banho, quanto mais pensava no calor que seu corpo tinha que ter, mais pensava na garota que tinha fugido de sua casa, e seria ela a mulher que ele arrastaria para sua cama. E quer saber, ele mesmo ia atrás daquele corpo, seus nervos chegaram ao limite.
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— Bom dia meu amorzinho – ela abriu a porta do quarto assustando seu irmão que quase saltou na cama de alegria.
— Mel – se agitou e Mel correu para baixar seu rosto. — Estava com saudade de seus abraços.
— E eu de ver seu sorriso meu amor, que saudade de você – parou o abraço e encarou o rosto do irmão. — Maurício, trouxe um café diferente pra você só porque está de volta, meu anjinho, eu sentir sua falta demais.
— Eu sei, a médica falou que você não saiu daqui enquanto eu não tinha acordado – Mel confirmou com a cabeça. — Eu sei que precisava trabalhar então me desculpa por isso. - Mel apenas assentiu, não precisava pedir desculpas de nada, e estava tudo certo com seu novo trabalho. Adorava aquele lugar e agradecia todos os dias por ele. — eu vejo você como minha mãe, Mel.
— É mesmo? E você me fala isso assim do nada? – Mel se emocionou quase que de repente, e abraçou o irmão.
— Eu poderia sentir mais falta da mamãe se você não estivesse comigo. Então obrigada por está comigo sempre. - Abraçou mais forte. Queria passar o dia inteiro ali, mas não podia.
— Eu queria muito ficar aqui, mas eu preciso ir, tudo bem? - Se afastou da criança que assentiu. — Mas eu venho assim que puder, não quero me separar de você.
— Vai demorar? - Questionou e Mel sorriu com aquilo.
— Um pouco, mas eu prometo voltar o mais rápido possível. Ok?
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— Tem certeza que vai conseguir ficar acordada, o dia inteiro? Eu posso tomar de conta de tudo, Becca. - A garota riu.
— Eu consigo ficar acordada - resmungou de lado, e por um momento, sentiu as costas queimarem.
— Sr. Santiago - Escutou quando a outra empregada chamou e aos poucos, se virou para encontrar o homem — Quer alguma coisa? Tomar café aqui hoje? - Ele assentiu já se sentando em uma das cadeiras. — Com leite, senhor?
— Hm – murmurou entediado abrindo o jornal, olhou antes para as empregadas e avistou Becca esta sorria e lhe olhava com certo afeto. Ele resmungou e levantou, não estava a fim de comer comida.
Andou até a garagem e viu Felipe se pôr de pé tão rápido que quase caiu. Levi não deu atenção, tirou uma chave do bolso sem dar bom dia, ou cumprimentá-lo de alguma forma. Entrou no carro e saiu rápido, ia atrás de uma coisa que o pertencia, uma coisa que ele queria. Um alguém que ele desejava e não passaria daquela noite para ele a tê-la de alguma forma.
Dirigiu pelas estradas fazendo um ziguezague perigoso, mas não se importou. Parou na frente da cafeteria, olhou ao redor e estacionou. Saiu do carro e olharam a sua volta, algumas pessoas olharam para seu rosto, até algumas meninas que estavam fardadas para a escola sorriram para sua aparência boa, mas ficaram medrosas ao ver sua carranca zangada, e andaram rápido. Ele nem se importou e foi pra porta da cafeteria, ia ter o que queria e já.
Entrou olhando em volta, realmente era um lugar repugnante para se buscar uma mulher, mas aquela maldita não era qualquer mulher. Tirou o casaco e pendurou no cabide perto da porta e se encaminhou para uma mesa, estudou mais um pouco colocando seus defeitos em toda a mente e sentou procurando pela garota de cabelos ruivos, e olhos que o deixava fora de si. E a achou.
Atendia um cliente com seu sorriso bonito e o olhar atentamente, dando uma atenção carinhosa, queria apenas atenção também, queria tudo dela para si.
— Sr… Já quer anotar o pedido? - Levi ergueu os olhos para uma mulher que parou ao seu lado. — Ou quer esperar mais um pouco, tem um-.
— Chame outra. - A menina se assustou — Eu quero que chame outra para me atender. Você me entendeu ou vou precisar repetir mais algumas vezes?
— Como desejar - Saiu de fininho.
Levi voltou para o cardápio, jamais comeria alguma coisa daquele lugar ridículo. Mas precisava beber algo até aquela criatura aparecer.
— Bom dia, Sr. - Levi sorriu de canto, aquela voz doce e gentil não podia ser da amarga Mel, no entanto, o cheiro dela era inconfundível. Preparou-se para começar suas exigências quando seus olhos foram capturados por outro aconchegante, firme, lindo, brilhante e tímido, mas que logo mudou quando ela reconheceu — Você? Aqui?
— Sim, sou eu aqui. - Mel olhou ao redor um momento antes de colocar a mão no coração, pois esse batia tão forte que quase não teve como se sustentar de pé. Deu um passo para trás querendo manter a calma, não iria surtar, precisava do emprego. Não precisava ter medo também. Ele podia ter aquela cara de mau, mas era apenas um homem maluco. — O que foi? Não vai querer me atender?
— Eu acho que não tem nada do seu agrado nesse lugar. - Avisou ao outro que deu de ombros fechando o cardápio. Ela estava certa — O que está fazendo aqui?
— Eu vim buscar uma coisa que quero muito e estou disposto a pagar muito por isso. - Mel vacilou por um momento e fechou sua caderneta ponta para manda-lo embora quando seu chefe apareceu.
— Temos um problema aqui? - O dono da cafeteria apareceu trazendo um sorriso contagiante, Levi levantou o cumprimentando rapidamente — Nunca o vi na vizinhança, seja bem-vindo.
— Sou novo, sim, é verdade. Mas parece que não sou bem-vindo, já que sua garçonete não parece ter gostado da minha presença. - Debochou voltando a encarar a mulher que ficou pálida olhando de um para o outro.
— Ah, mas ela é uma das minhas melhores. Deve ser um mal entendido.
— Sim, é sim, estava apenas brincando - Mel sorriu para o chefe — Vou atendê-lo muito bem, não se preocupe. - Mel esperou que o chefe fosse embora para então voltar a Levi que já tinha sentado e lhe encarava com um sorriso no rosto. Um sorriso lindo para ser sincera. Ela estava nervosa, podia perceber isso vendo as mãos dela tremendo. Ela expirou, perturbada pela essência que ele transmitia. Tão forte como o de um dominador, viril como um soldado valente. Um pedaço de mau caminho. — O que o Sr. Deseja?
— Não parece óbvio? - Eles voltaram a se encarar — Eu quero você.
Ela desviou o olhar um momento. Levi parecia sincero, tão cheio de si, sua voz era como um tom de comando e a sua mente lhe traia enquanto queria obedecer, mas seu coração a mandava ser quem realmente era, uma mulher que não aceitaria aquele tipo de trabalho nunca. Hora essa.
— O que o Sr. Acabou de dizer?
— Que eu quero você - Não achou que ele fosse repetir, mas se enganou — É muito difícil você entender? Tem alguma coisa nessa frase que não consegue compreender?
Suspirou voltando a desviar o olhar, mordeu os lábios querendo soltar um palavrão… Expirou, não ia surtar, não ia, não ia, não ia.
— É um pouco difícil sim de compreender quando já falei que não quero que me siga que me toque que fique por perto. E que não quero ser sua submissa, sua mulher, sua qualquer coisa que queira pagar. - Ele perdeu o sorriso — Acha que pode chegar aqui no meu local de trabalho dizendo que me quer e eu tenho que aceitar? Que tipo de homem é você? E acha que eu sou o quê? Uma cachorra de senhora? Um brinquedo para um animal como você? Uma puta?
— Lá vem você e sua boca suja novamente… E sendo sincero, eu adoraria cuidar dela para você - Mel, o encarou séria, e como aquele cara mesmo falando tantos absurdos, conseguia ser lindo? — Eu acho que podemos entrar em um acordo. Então eu quero te convidar para conversar, mas não pode ser aqui.
— E quer que seja onde? Em algum motel para arrancar minha roupa e me fazer sua? - Debochou, mas olhando bem para Levi, notou quando os olhos negros mudaram, eles brilharam em sua direção. — Você está brincando com a minha cara, não é?
— Eu nunca te levaria para um motel. - Desviou o olhar — Você não merece ser levada para um motel. E eu não gosto de lugares onde todo mundo deita e soa. - Mel continuava a achar um grande absurdo. — Na verdade, qualquer lugar será melhor que este de quinta.
— De quinta? – a garçonete cruzou os braços e olhou pra ele com mais seriedade. — Esse lugar de quinta é o meu trabalho e se o senhor, rico com dinheiro o suficiente pra tomar café no lugar de primeira, o que porra faz aqui?
— É assim que você trata todos os clientes? - Ela tampou a boca, tinha falado palavrão, e ele não pareceu gostar. — Você tem uma boca muito suja.
— Olha… eu não… - Precisava se comportar, estava ali porque precisava do dinheiro, porque tinha que salvar seu irmão e iria manter isso em sua mente. — Não. Não estou. Não precisa se estressar ou contar ao meu chefe. Eu vou esquecer que acabei de discutir com sua pessoa e anotar seu pedido muito bem. Preciso do emprego para meu irmão.
— Eu não me importo com isso. - Foi sincero.
— E com o que você se importa? – ela abaixou a cabeça olhando pra caderneta na mão. Não iria mais perder seu tempo com ele, iria anotar o pedido e sumir. — Me perdoe senhor pelo modo grosseiro que o tratei, por favor, me diga o que deseja. – Estava trabalhando, tinha que colocar isso na sua cabeça. Embora cada frase que saia de sua boca era carregada de deboche e Levi riu por conta disso. Aquele homem fazia sua cabeça latejar, mas não botaria tudo a perder.
— Esse lugar é importante pra você? - Mel apertou a caneta na mão anotando alguma coisa com todo o ódio que cabia dentro de si.
— Senhor, o lugar é importante sim, eu preciso do emprego, do dinheiro. O que deseja? - Tornou a perguntar.
— Se eu disser que posso pagar mais do que ganhar em um mês, apenas em um dia? - Tentou outra vez. Mel engoliu a seco.
Maurício precisava com urgência.
Ela queria sim.
— Bom, então será apenas um café, certo? – rasgou uma folhinha e deu pra ele indo embora.
Levi pegou a folhinha e leu o que estava escrito: “filho da put4” ele riu e depois ficou sério, a mãe dele não era exatamente uma puta, apenas dormiu com outro homem que não era seu marido. Levantou, não conseguiria nada dela ali. Saiu do café depois de deixar uma gorjeta com o chefe, foi pro seu carro.
Olhou novamente para a cafeteria e buscou o celular discando o número de Mirela o mais rápido possível. Tinha algo em mente e faria acontecer. Foram três toques agonizantes antes de Mirela atender.
— Sr Santiago, o que deseja? - A voz era de uma pessoa nitidamente irritada e só por um momento, ele acreditou que deixá-la mais zangada, só demoraria mais ainda para que tudo se resolvesse na sua vida. Deixaria para brigar outro dia.
— As garotas ainda estão com você? – perguntou afrouxando a gravata no pescoço. Ao menos alguma coisa tinha que dar certo depois de semanas.
— Bom, estão na minha agenda, mas estou descartando.
— Pode manda-las para minha casa. - Pediu calmo, calmo até demais.
— As duas? – Perguntou, Levi fechou os olhos aquilo seria uma besteira, mas ele queria comer alguém antes que ficasse louco.
— As duas – desligou o celular e deixou do outro lado do banco. Olhou novamente para a cafeteria, ah, mas aquela mulher não iria sair ganhando, não ia mesmo. Levi Santiago, um homem cheio de marra e poder, e não colocaria sua reputação no lixo por causa de uma garota que não conseguia ter.