CAPÍTULO 6
LUIZ OTÁVIO
— Tranquilo. Vou adorar conhecer melhor a sua mãe — respondo ao Elias depois de ele se explicar, dizendo que precisará sair com o seu pai por alguns minutos.
Típico. Ele adora fazer isso. Mas, de boa, eu sou um homem de 27 anos; não me importo nem um pouco em ficar na companhia de uma senhora que deve ter uns 50 e da sua filha de 19 anos. Especialmente da sua filha. Isso não me incomoda nem um pouco.
Enquanto a senhora Rose não vem me receber na sala, fico em pé, em frente à estante, observando as fotos da família Santiago. Não são fotos com poses especiais, e sim de momentos especiais, como, por exemplo, uma do senhor Moisés usando um chapéu, sentado em uma cadeira de frente para uma lagoa, carregando uma garotinha de aproximadamente 2 anos em seu colo, e com um garoto, o Elias, em pé ao seu lado, segurando uma vara de pesca.
— Luiz, você é tão bonito. — A senhora Rose chega por trás de mim e eu me viro para ela, que está enxugando a mão no avental. — Não se incomode em me ver atarefada. Esse povo deixa tudo para eu resolver.
A senhora é uma mulher bem conservada e atraente aos meus olhos de uma forma inocente. Tem um brilho no rosto dela, o brilho de alguém que é feliz. O mesmo brilho que eu sempre vi em minha avó. Ela possui as feições do filho e o seu cabelo está preso em um coque muito bem penteado.
— Muito prazer em, finalmente, conhecê-la. A senhora que é linda. Me deixou constrangido com o elogio, mas muito obrigado — falo com sinceridade. — Eu posso ajudá-la com os seus afazeres, senhora. Posso fazer o que quiser.
— Não me humilhe desse jeito, menino. É a sua primeira vez em minha casa. Acha que eu o deixaria trabalhar?
Fico sem jeito com as palavras firmes que saíram da boca dela.
— Não. Longe de mim deixá-la desconfortável.
— Então se sente e aguarde o copo de suco que vou preparar para você.
— Sim, senhora. — Sento-me como um robô seguindo ordens.
— Logo Rebecca vai descer para me ajudar, então não se preocupe.
— Sim, senhora.
Agora entendo o Elias. Sua mãe parece ser controladora. Amavelmente controladora. Eu não consigo encontrar forças nem escapatória para a contrariar.
Fico alguns minutos sentado. Logo minha bexiga aperta e eu preciso urinar. Caminho até o corredor, por onde a senhora Rose foi, e sigo até o final. Ouço o som da sua voz cantarolando uma canção.
— Senhora Rose?
— AHHH! QUE SUSTO! O SANGUE DE JESUS TEM PODER! — Ela derruba a panela que estava lavando, e isso faz um barulho ardido na pia.
— Perdão, senhora. Eu preciso ir ao banheiro. Não quis assustá-la.
Ela se recupera antes de me responder.
— Use o banheiro de cima, pois o de baixo está uma bagunça. Elias tomou banho lá e eu ainda não o arrumei. Aquele menino me dá muito trabalho.
— Não me incomodo com banheiro molhado, senhora Rose.
— Quer me matar de vergonha, menino? Acha que sou do tipo que deixa as coisas de qualquer jeito?
— N-não. I-imagina.
— Então, por favor, use o outro banheiro. E se encontrar a Rebecca lá por cima, peça para ela vir imediatamente — pede com o tom um pouco mais brando desta vez. — Ah... Aquela menina.
— Sim, senhora — respondo prontamente.
Prevejo muitas ordens recebidas da senhora Rose.
Caminho de volta para o corredor. Entre a sala e a cozinha tem uma escada, a qual subo. No andar de cima tem quatro portas; duas no lado direito, uma no lado esquerdo e outra de frente. Todas fechadas.
Que grande porra. Qual delas é a do banheiro?
Se eu fosse o engenheiro desta casa, iria planejar o banheiro na segunda porta do lado direito. Espero estar certo. Não quero ser flagrado bisbilhotando nada. Também não quero me esbarrar com a senhorita Rebecca em um lugar tão íntimo para ela, quero conhecê-la lá embaixo. Por isso abro a porta lentamente. A pouca luz não me permite enxergar nada de imediato para eu me certificar se aqui é o banheiro ou não. Portanto, preciso ficar alguns segundos observando a visão do ambiente pelo reflexo no espelho. Quando me dou conta de onde estou e do que está acontecendo, fico paralisado.
Uma moça nua com os peitos empinados para cima, com os olhos fechados, arcando o corpo para frente e para trás em um ritmo acelerado.
— Que delícia, Beky. Você é muito gostosa — diz a voz do homem por trás do corpo delicado e tomado pelo prazer.
— Aahh! — ela solta um gemido tão gostoso ao seu ouvido.
Involuntariamente, o meu membro reage por dentro da calça.
— Isso! Vai, safada! É assim que eu gosto.
Dou-me conta de que os estou olhando por tempo demais e encontro forças para fechar a porta cuidadosamente para não ser descoberto.
Mas que caralho! Estou parecendo um maníaco tarado. Encosto-me na parede, tentando controlar a respiração. Eu nunca, absolutamente nunca, tinha visto uma mulher nua pessoalmente, e hoje vi a porra da irmã do meu amigo.
Caminho para a porta seguinte e a abro. É o banheiro desta vez.
Merda! Isso não está acontecendo.
Entro no cômodo e abro o zíper da minha calça, mas é impossível eu urinar agora, com o meu pau duro e louco de tesão pela cena quente e gostosa que acabei de presenciar. Mas não, eu não vou me tocar. Isso seria horrível. Eu não sou um tarado. Preciso me concentrar e vencer esta vontade de me masturbar. Não quero bater uma pensando na irmã mais nova do meu amigo.
Que caralho! Será que aquela escultura se relacionando em frente ao espelho era mesmo a irmã do Elias? Infelizmente, eu sei que é, pois me lembro muito bem da voz do sujeito a chamando pelo nome dela durante o ato.
Vou até a torneira e a ligo, deixando sair a água de dentro do cano. Enfio a cabeça embaixo dela e lavo o rosto. Pensando em outras coisas, tento me esquecer do que está acontecendo neste exato momento no quarto ao lado. Afinal, relação sexual é uma coisa normal. Absolutamente normal. Tenho que vencer esta vontade insuportável de me masturbar.
Cabelos de sovaco, vovó banguela, piolho de cachorro... Já me acalmei. Agora posso urinar tranquilamente. É só eu não pensar no que vi. Urino e volto para a sala o mais rápido possível, evitando olhar para os lados. É como se alguém soubesse que eu vi algo que não deveria.
Sento-me outra vez no sofá e fico com a cabeça entre as mãos. Chego à conclusão de que não foi nada demais. E a culpa não foi minha. Pego o meu celular do bolso e passeio pelo meu perfil profissional, analisando os concorrentes. Até verifico o andamento das minhas vendas automáticas online durante os minutos que se passaram.
Ouço passos vindo do corredor, ajeito a minha postura, guardo o celular dentro do bolso novamente e fico com os olhos grudados na direção em que a dona Rose virá. Contudo, quem surge é uma figura totalmente diferente. Assim, de imediato, não me passa pela cabeça adivinhar quem é. A moça usa o cabelo preso para trás, uma presilha um pouco grande na franja, uma camiseta branca e uma saia longa vermelha. Não pude reparar tanto em seu rosto para descobrir os detalhes das suas feições, pois desviei o olhar e comecei a encarar as minhas mãos unidas em cima dos joelhos.
Ouço-a arranhar a garganta e deixar algo na mesa de centro.
— Olá, Luiz. É um prazer, finalmente, conhecê-lo. — A dona da voz aveludada está em minha frente, estendendo-me a sua mão.
Levanto a cabeça para a encarar e fico alguns segundos sem entender quem ela pode ser, porque em nada se parece com a Rebecca que vi pelo reflexo do espelho.
— Olá. — Levanto-me educadamente para a cumprimentar e seguro a sua mão, evitando compará-la com a minha visão. Não posso deixar de notar o quanto sua mão é delicada.
Noto que estamos de mãos dadas há mais tempo que o necessário, então puxo o meu braço.
— Sou a Rebecca — ela explica, sorrindo com timidez, como se percebesse a minha confusão.
— Rebecca. — Olho-a dos pés à cabeça e cogito a possibilidade de ter alucinado minutos atrás.
Quando os meus olhos chegam ao seu rosto, o ar falta em meus pulmões. A garota tem a pele branca e as suas bochechas estão coradas. Não posso deixar de pensar que é porque estava transando há alguns minutos. Seus olhos claros caramelados me fitam com curiosidade, e isso me perturba intensamente.
— Sente-se, por favor. Tome o suco que a minha mãe preparou para você. — Oferece-me o copo que está na mesa de centro.
— Obrigado.
Sento-me, implorando mentalmente para que o Elias chegue o mais rápido possível, ou, pelo menos, que essa garota volte para onde estava e me deixe sozinho com a minha paz. No entanto, para o meu desespero, ela se senta ao meu lado. Exatamente ao meu lado. Perigosamente, ao meu lado. A menina vira o seu corpo minúsculo em minha direção, deixando-me constrangido com esse perfume doce que acorda todos os meus sentidos.
— Então... Você tem 25 anos?
— Não quer ajudar a sua mãe com os afazeres? Não precisa se preocupar comigo, eu estou bem — aviso, olhando-a de lado rapidamente.
— Estou aqui cumprindo ordens da dona Rose. Quer me deixar mal com ela? — questiona com um tom de voz ainda mais aveludado, sem me deixar espaço para recusas.
— Não, senhorita. Jamais — afirmo e solto o ar.
— Você é tão engraçado. — Ri, tocando em meu braço. — Senhorita? Gostei. Mas você pode me chamar de Beky, que é como os mais próximos me chamam.
É como o seu namorado te chamou minutos atrás, né? — penso.
Com as mãos juntas em cima dos joelhos, abaixo a cabeça e, em seguida, levanto-a outra vez, procurando uma maneira de esticar o corpo. Estou tenso.
— Obrigado. Me lembrarei disso. — Olho para a estante em nossa frente.
— E, então?
Mas que diabos! Essa garota vai ficar puxando assunto?
— Como? — indago, tentando entender sobre o que essa garotinha fala.
— Você tem 25 anos?
— 27. Estou prestes a fazer 28.
— Você trabalha com o quê?
— Marketing digital. Sou mentor, produtor e afiliado. Possuo uma microempresa na qual sou o CEO, e, bom... todo o resto da equipe.
— Uau. Sempre quis aprender isso, mas acho que não é para mim. Depende. Se alguém competente me ensinasse, talvez eu aprenderia.
Penso na possibilidade de oferecer o meu curso para ela, pois sei que qualquer um pode exercer essa profissão, desde que se empenhe, e ela sendo irmã do Elias, eu deveria ajudá-la. Mas, apesar disso, decido que não vou abrir essa brecha para a minha perdição. Eu, definitivamente, estou sendo torturado aqui. Tudo que penso quando ela fala comigo é na imagem que vi no espelho, e isso faz eu me sentir um doente.
Como posso olhar para ela, quando sei sobre o par de peitos empinados que está por baixo da camiseta branca? Eu sei que todas as mulheres possuem um par de peitos, mas os dela parecem dois faróis mirando em minha cara, forçando-me a lhes dar atenção.
— Estude e aprenderá. Seu irmão pode ajudá-la.
— Você se sente um homem realizado?
— Sim.
— Que bom. Fico feliz por você. Mede quanto de altura?
Céus! Estou sendo entrevistado para uma possível transa? Ela é o quê? Repórter sexual? Tudo que ela fala, excita-me.
Viro a cabeça em sua direção e a olho intensamente. Rebecca está me encarando com um sorriso inocente que engana qualquer um, mas eu sei a safada que ela é. E, que porra! Meu membro gosta disso. Involuntariamente, recordo-me do sonho erótico que tive uma hora antes, lá em minha cama.
Levanto-me e respiro fundo, tentando esconder o meu desconforto. Eu deveria ter me masturbado hoje quando tive a chance. Agora parece que vou explodir a qualquer momento.
Ouço a porta se abrir. É o Elias com o pai dele entrando com sacolas. Suspiro, aliviado. Eu não queria ficar sozinho com essa diaba tentando parecer uma boa moça.