CAPÍTULO 4
LUIZ OTÁVIO
Cheguei em casa no final do dia. Depois de eu ter visto a casa e fechado negócio, Elias me convenceu a acompanhá-lo ao clube que ele frequenta e nos divertimos jogando tênis. Foi agradável estar junto do meu amigo outra vez.
— Luiz Otávio? — Melissa me chama, aproximando-se do sofá em que estou esparramado.
— Oi, Melissa. — Ajeito a minha postura, preparando-me para qualquer assédio.
— Quando pretende promover a minha imagem? — A morena se senta no sofá em minha frente, cruza as pernas, dobra os braços e me encara com firmeza.
— Estou esperando as fotos.
— Verdade. Me esqueci completamente. Primo, pode me emprestar um dinheiro para eu pagar um novo ensaio fotográfico? Acredito que renovar o meu álbum seria de grande ajuda. Você poderia me ajudar com isso?
— Você quer dinheiro emprestado? Sério?
— Sim. Depois que você me deixar famosa, eu te pago o triplo.
Observo a expressão séria que Melissa está dirigindo a mim, e devo admitir que me sinto mais confortável em negociar com ela dessa forma.
— Tudo bem, prima. Pode fazer a sua sessão de fotos. Peça para o fotógrafo tratar do valor comigo. Quando você for famosa, me devolve o dinheiro.
Ela sorri e se levanta, orgulhosa.
Levo minha mão ao bolso e pego o meu celular, que acabou de vibrar.
“Mano, cole aqui em casa pra jantar às oito horas. Meus pais resolveram fazer um churrasco e minha mãe pediu pra eu te convidar.”
Ah, Elias... Você me ama, né?
Escrevo a resposta com um sorriso no rosto:
“Manda a localização. Eu dou um jeito.”
Respondo a algumas mensagens de alunos e agendo duas reuniões via vídeo para amanhã.
A casa está silenciosa. Provavelmente, todos foram para a igreja. Obviamente, com exceção da Melissa. Por que essa garota vive aqui? Não vejo a hora de estar em minha casa sozinho e com total privacidade. Eu adoraria poder tirar a camisa e ficar de boa. Mas o que minha prima faria se visse o meu peitoral definido? Será que voltaria a tentar comprar os meus serviços com seus truques sexuais?
Tomo outro banho e mantenho o meu cérebro ocupado para não me sentir excitado. Definitivamente, não quero me masturbar. Isso é um fracasso total. Não posso me tocar sempre, não posso fazer disso um vício.
Consegui. Tomei banho e não me excitei. Deito-me na cama, ainda pelado, com a toalha cobrindo a bunda, e adormeço. Ainda não estou totalmente acostumado com o fuso-horário e o meu sono está um pouco bagunçado.
(...)
Estou sentado em uma cadeira de ferro, calçando um par de sapatos sociais pretos e vestindo uma calça e camisa de mangas compridas, também sociais e pretas. A camisa está com os três botões de cima abertos, revelando parte do meu peitoral.
À minha frente tem um pequeno palco e um ferro de pole dance. Estou na expectativa, esperando pelo show particular.
Quem será que irá se apresentar para mim?
Logo a luz clareia, ao longe, a silhueta de um corpo feminino pequeno, porém cheio de curvas. Conforme a mulher se aproxima de mim, os detalhes do seu corpo vão se revelando: pés pequenos e delicados, pernas grossas, bunda arrebitada, a florzinha marcada sob uma calcinha vermelha, que acorda o meu pau, e a barriga sarada. Quando os meus olhos sobem mais, percebo que ela está sem sutiã, exibindo os seios durinhos e empinados em minha direção. Que bicos rosados e pequeninos são esses?
A mulher já está no ferro. Ela desce até o chão, empinando a bunda para mim, e o meu membro fica louco de vontade de, pelo menos, roçar ali. Ela levanta a bunda em um movimento lento que me atormenta e eu me remexo na cadeira. Depois gira duas vezes, vira-se de frente para mim, apoiando-se no ferro, e, outra vez, desce até o chão, só que mais lentamente agora.
Olhar esses peitos está me matando. Eu queria tocar neles, mas não posso. A única coisa que eu sei é que estou proibido de tocar nela. Meus olhos se abaixam para a região da sua calcinha, e o sinal da florzinha marcada me leva à beira do desespero.
— Tire a calcinha, baby. Eu quero só olhar.
A mulher leva as mãos até a calcinha e, lentamente, afasta o tecido, revelando o pedaço de carne cor-de-rosa encharcado. Deve estar perfeita para ser penetrada.
— Eu sou apertadinha e rosadinha. Você iria adorar foder uma ninfetinha de 19 anos.
Acordo assustado, sentindo o meu pau duro incomodado entre o meu peso e o colchão.
— Porra, Elias! Isso é culpa sua — praguejo ao me lembrar do assunto desnecessário em que ele insistiu mais cedo, dentro do carro.
Por que foi dizer que só confia a sua irmã a mim? Desde quando me interesso por garotinhas de 19 anos? Não, melhor: desde quando estou interessado em mulheres de qualquer idade, no momento? Mas, de todo modo, eu jamais teria algum interesse por uma mulher tão jovem. Só considero pegável a partir dos 22 anos. Não é por nada, apenas acho que meninas muito jovens só dão trabalho e são imaturas.
Enfim... Sempre tive sonhos eróticos, mas esse foi perturbador. E não, não vou me masturbar. Preciso respirar.
Pense em velhas banguelas. Pense em velhas banguelas.
Depois de alguns minutos de meditação, o meu pênis está controlado outra vez.
Já são sete e meia da noite. Tem uma ligação perdida do Elias em meu celular e algumas mensagens dele. Entre elas está a localização da sua casa.
Que caramba! Com que cara eu vou olhar para a irmã do cara depois desse sonho de merda?
Aff! Eu sou um doente do caralho.
Tudo bem, eu não tenho culpa de ter sonhado. O que importa é que, na vida real, isso jamais aconteceria.
Ao contrário do sonho, visto-me despojadamente, e de branco. Pronto, assim está melhor. Meus pais e minha avó já estão em casa, mas consigo sair sem precisar dar muitos detalhes. Espero que dê tudo certo na casa do Elias.
Aff! Por que algo não daria certo?
Preciso focar na realidade e não misturar as coisas. Sonhos são sonhos, e realidade é realidade.
Vou guiando o carro pelas ruas do Rio de Janeiro, em direção ao bairro das Laranjeiras. Sempre com cautela e prudência. Quando chego em frente ao endereço e estaciono, percebo que estou nervoso, travado.
Ótimo. Esse sou eu. Que saco!
É uma residência cercada por plantas e árvores. A casa é no estilo cabana, construída metade de tijolos e metade de madeira. Uma aparência aconchegante.
Pego o celular e envio uma mensagem ao Elias, avisando-lhe que já cheguei. Não demora nem dois minutos, e eu o avisto se aproximando para abrir o portão. Desço do carro e ativo o alarme.
— Está com fome? — ele pergunta assim que o cumprimento.
— Estou.
— Relaxe, eles são gente boa.
— Estou relaxado.
Ele dá uma risadinha irônica. Sabe que estou nervoso. Já me falou várias vezes para passar em uma terapeuta. Se não fosse o meu orgulho, eu faria isso.
Engulo em seco e o sigo para dentro.