Em busca de ajuda
Assim que estávamos para embarcar escutei pneus de carro freando e homens descendo correndo na direção do porto e um deles era ninguém mais do que Yussef.
Como ele soube que estaríamos ali estava bem claro, tínhamos sido traídas por Omar isto se confirmou quando ele apressou seus passos para nós.
Virei rapidamente para Samira ao menos ela embarcaria naquele navio de qualquer jeito.
— Escute não temos tempo, embarque e quando chegar na Sicília me espere no porto, se eu demorar vai ao hotel San Domenico, lá pergunte pelo senhor Kosta e conte de quem você é filha.
— Zafira... você prometeu...
— Eu vou te encontrar vai...— empurrei ela para a rampa que estava sendo recolhida.
Vi quando um dos funcionários do navio a puxou para dentro e o meu coração doeu. Ali não seria o meu fim, eu teria que ser forte.
Omar me alcançou segurando forte em meu braço enquanto Yussef se aproximava.
— Traidor! Você vai arder no inferno!
Tentei soltar meu braço e ele apertou ainda mais.
— Entregue o mapa e ficara tudo bem, sabemos que você sabe onde está.
Reunindo toda a minha forca chutei sua perna e sai correndo para o penhasco ao lado do La Kasbah. As minhas pernas ardiam e me faltava ar, mas eu tinha que tentar algo, eu não morreria sem tentar.
Mas para o meu azar aquela fuga não seria tão fácil, na minha frente tinha uma saída para o mar abaixo de mim, um penhasco onde poucos sobreviviam quando saltavam.
Eu não tinha alternativas, se pulasse e sobrevivesse poderia me esconder em algum lugar até outro navio atracar ao Porto.
E eu teria paz pois pensariam na minha morte e basta. E nisto eu daria tempo de Samira chegar ao Senhor Kosta para ser protegida.
Papai tinha se sacrificado, agora era o meu momento. Respirei fundo tentando criar coragem quando escutei os gritos de Yussef.
— Dê-me o mapa, Zafira. E serei piedoso com você. Prometo que terei paciência com nossa primeira noite.
— Você não haverá nem o mapa e nem a mim, nunca!
Eu não pensei em nada mais eu me virei e corri os últimos metros pegando impulso para o meu salto senti a queda livre e o imenso mar se aproximar puxei todo o ar que podia para o pulmão e cai na água afundando e nadando o mais rápido que eu podia para o lado oposto.
Quando não aguentei mais depois de um tempo subi e como eu tinha pensado eu estava protegida atras de uma grande rocha onde eles não poderiam ver que eu tinha submergido pois tinha uma pequena caverna ali embaixo. Eles poderiam tentar me buscar, mas não conseguiriam chegar com barcos naquele momento pois a maré estava baixa demais.
Eu sentia muita dor no meu pé eu tinha acertado algum coral ou rocha, eu sentia que eu estava sangrando. Mas eu precisava ficar ali o máximo que podia de preferência antes do dia clarear eu tinha que encontrar um modo de embarcar no próximo navio.
Enquanto estávamos esperando para embarcar eu tinha escutado o funcionário do navio dizer que as cinco da manhã outro navio que partiria para a Itália atracaria por trinta minutos. Era minha única chance antes de ser pega por Yussef. Ele ia me procurar e enquanto não existisse um corpo morto ele não desistiria, restaria sempre uma desconfiança.
Agradeci por não ter perdido a bolsa a tira colo que eu usava e mantive estreita em meu corpo, como o mapa era de couro estava tudo bem, eu ainda tinha minha segurança para negociar com Kosta, caso ele se recusasse a me ajudar.
Eu estava exausta me segurando como podia nas rochas suportando as correntes, eu estava tremendo quando consegui subir em algumas rochas e chegar até a parte baixo do porto.
O meu pé estava bem inchado, rasguei um pedaço da pashmina e amarrei no meu tornozelo para impedir que sangrasse mais.
Peguei o resto de Dirham que eu tinha na bolsa, estavam molhados, mas ainda era dinheiro. Me aproximei de um dos homens que ajudavam a carregar e descarregar dos navios e entreguei a grossa quantia para ele em troca dele me ajudar a embarcar.
Ele concordou e mandou que eu me escondesse atrás de alguns paletes de tecido. E ali eu fiquei até ele me dar o sinal para embarcar.
Assim que entrei no navio outro homem que fazia a travessia, me ajudou. Me deu um pouco de água e alguns biscoitos. Eu me sentei em um ângulo e esperei na fé de que minha irmã tivesse conseguido pegar um taxi e ir direto para aquele hotel do Senhor Kosta. Ela não sabia italiano, mas sabia inglês poderia se virar.
Depois das longas horas de mar, finalmente eu consegui desembarcar na Sicília. Mas para o meu desespero Samira não estava em lugar algum e nenhum dos marroquinos que por ali estavam sabiam da minha irmã.
Tentei ser positiva, eu tinha dito a ela se eu demorasse de ir para o hotel. Talvez ela tivesse cansado de me esperar e seguiu para o nosso destino.
Fui para um ponto de taxi, eu tinha menos euros que Samira, eu não sabia se seria o bastante para chegar até o hotel do Senhor Kosta.
Assim que me aproximei do taxista ele me olhou indeciso se eu tinha dinheiro, obviamente a minha aparecia não era das melhores após aquela travessia.
— Eu tenho dinheiro, Senhor. Não sei se será o suficiente, mas o dono do Hotel poderá me ajudar assim que eu chegar lá.
— Quanto você tem e para onde quer ir?
— Preciso ir para o hotel San Domenico. Quanto custa?
— Sessenta euro. — Ele me olhou com desprezo.
Claro deveria custar menos, mas na minha condição ele provavelmente ia tirar proveito.
— Tenho cinquenta euros e nada mais até onde pode me levar.
— Vou te levar no centro de lá você vai ter que caminhar por meia hora.
Eu não tinha escolha e aceitei. Eu estava desconfiada e muito atenta nas placas enquanto ele dirigia. Mas fui ficando mais calma vendo que ele estava realmente me levando para o centro da cidade.