A proposta
Dias antes...
Marcello Caravaggio Kosta
Fazia alguns dias que eu tinha chegado do Marrocos, anos desde que eu estive no Marrocos, algumas coisas deveriam ser resolvidas naquelas terras.
Lembro da primeira vez em que eu estive naquele lugar, eu ainda me lembrava do qual perigoso aquele lugar poderia ser.
Eu carregava uma cicatriz por uma imprudência quando fiquei a frente da Stidda e fui sozinho resolver pendências por lá, quase morri em uma emboscada e se não fosse por Kalil eu não estava mais vivo.
E agora saber que poucos dias que eu deixei aquele país ele estava morto e todo o seu território sendo assumido por outro Clã, me deixava enfuriado.
Eu lamentava a sua morte, eu tinha ideia de quem poderia ter feito isto, Yussef nunca o suportou e sempre quis o comando do Clã El Ballouti.
— Você tem certeza de que não encontrou nada? — Encarei Domenico de maneira impaciente
— Nada. Nem mesmo as suas filhas foram encontradas. O que se sabe e que uma fugiu no Navio deveria desembarcar aqui e a mais velha parece ter se jogado do princípio.
Algo não estava se encaixando nesta história, tanto risco de eliminar um chefe apenas para destitui-lo sabendo o quanto risco este ato pode acarretar.
— Tudo bem, fique de olho. Qualquer informação, eu quero ser avisado imediatamente.
— Patti te ligou enquanto você estava fora, ela chegou do seu desfile e queria te ver.
— Não hoje, eu não a atendi de proposito temos dias para isto. Agora me traga toda a papelada que tenho que analisar.
Ele obedeceu, imediatamente me trazendo tudo o que eu precisava. E eu me concentrei no que precisava recuperar todo o domínio da Sicília.
Dias atuais...
Zafira
Mas aquele homem a minha frente não poderia ser o Kosta, lembro de Jamal chamá-lo de Marcello.
— Eu preciso falar com Kosta...
Ele riu e se aproximou, seu olhar passando pelo meu corpo como se estivesse medindo cada centímetro.
— Picare signorina, sono Marcello Caravaggio Kosta.
“Prazer senhorita, sou Marcello Caravaggio Kosta.”
Eu sabia que meu pai tinha salvado o tal Kosta da morte eminente quando ele esteve no Marrocos a alguns anos atrás então eu não deixaria passar isto quando fossemos conversar. Eu o encarei sem medo desta vez, afinal eu já tinha perdido tanto, inclusive Samira.
— Preciso falar com você, sou filha...
— A filha de Kalil tem nome? — Ele tinha um sorriso provocador nos lábios
— Zafira.
Ele passou por mim em direção a porta giratória eu fiquei parada até ouvir sua voz.
— Venha, vai ficar parada aí?
Ele não era um homem fácil, além de perigoso era um maldito provocador. Eu o segui ele caminhou como se o mundo todo pertencesse a ele, cabeça levantada, postura imponente.
Ele entrou no elevador e eu o segui, ele parecia ainda mais alto do que eu me lembrava.
Mas eu não estava usando salto por causa da dor no meu tornozelo, afinal Viviana tinha insistido para que eu usasse uma das suas sandálias vertiginosas.
Eu mantive meu olhar na porta enquanto o elevador subia, o perfume dele me fazia lembrar daquele dia no bar, do seu olhar perigoso e seu corpo definido.
Quando as portas se abriram ele fez sinal para que eu saísse eu caminhei por um corredor com uma grande porta no final.
Eu podia sentir o seu olhar sobre mim e dar as costas para um mafioso não parecia uma ideia muito boa, olhei para ele por cima do meu ombro e ele caminhava tranquilamente com suas mãos no bolso e seu olhar impenetrável.
— Olhe para onde está indo ou pode cair, garota.
Olhei para frente parando na porta, senti o calor do seu corpo se aproximando, ele segurou na maçaneta e a girou abrindo a porta para mim.
— Entre.
Eu entrei no que parecia ser o seu escritório com uma parede completamente de vidro dando uma vista de toda a cidade abaixo dele.
Ele calmamente sentou-se e me encarou.
— O que você quer? — Ele não me convidou a sentar então permaneci em pé.
Era agora, eu tinha que ir direto ao ponto, eu tinha pensado a noite inteira sobre isto. E depois de ver como são tratados os refugiados e sem documentos eu precisava me garantir.
— Meu pai salvou sua vida faz alguns anos e agora chegou a vez de você pagar. — Ele estreitou o olhar mais nada disse, então continuei segura de mim.: — case-se comigo!
Ele deu uma risada se curvando e segurando sua barriga.
Eu estava irritada por ele não parar de rir, ele fez isto por muito tempo. Mas quando ele parou ele me encarou irritado.
— Você está louca? Eu não farei algo do tipo, nunca!
O seu olhar era de desdém e por um momento me senti inadequada, ele parecia estar rindo de mim e isto me ofendeu.
— Eu não estou louca! Preciso de proteção para mim e a minha irmã...
Ele se levantou e eu automaticamente dei alguns passos para trás enquanto ele avançava com seu olhar perigoso.
— Escute aqui, garota. Eu não sou homem de casamento. E sua proposta é algo extremamente ofensivo a minha honra, vir cobrar um casamento em troca do que seu pai fez para mim. Isto é um absurdo, eu estava te procurando para dar proteção e farei isto e nada mais. Não espere que eu aceite sua ideia maluca. Eu sou um homem de palavra, prometi ao seu pai que se um dia ele precisasse eu ajudaria, ele se foi e vocês ficaram e vou fazer o que prometi.
Seu rosto estava próximo ao meu e eu sentia o seu hálito quente. Eu alcancei o meu trunfo da bolsa e mostrei a ele o mapa.
Seus olhos me olharam com cuidado e eu comecei a dizer o que eu realmente queria.
— Preciso de um casamento, podemos fazer um contrato de três anos, colocamos algumas cláusulas e no fim dividimos o valor que encontramos.
Ele sorriu se afastou, mas não disse nada, estava analisando a veracidade do que estava escrito naquele couro.
— E se eu simplesmente tomasse isto de você agora?
— Você disse que é um homem de palavra, prometeu ao meu pai ajuda eu sou sua extensão. Por tanto acredito na sua palavra.
Ele alargou o sorriso e me devolveu o mapa, alcançando o telefone à sua frente. Ele disse:
— Sente-se vamos falar de negócios. A cláusula que eu quero acrescentar será de que eu continuo livre para a minha vida pessoal, seremos casados apenas no papel.
— Tudo bem. E eu quero que acrescente que não serei obrigada a fazer sexo com você.
Ele ergueu uma sobrancelha e alargou o sorriso enquanto discava um número.
— Acredite, nunca precisei forçar uma mulher a ir para a cama comigo. E se você for será porque desejara me sentir por completo.
Ele terminou de falar e começou a explicar o que queria a pessoa do outro lado da linha. Me deixando sem chance de respostas e cheia de confusão na cabeça por suas palavras.
— Você pode ficar aqui, daqui a pouco iremos para o cartório. Tenho algumas ligações e e-mails para responder. Desde que fique quieta e não me incomode, pode ficar aí.
Eu fiquei calada após dar de ombros e ele fez o que tinha falado, ligações e trabalho no notebook a sua frente, enquanto eu evitava olhar para ele e apenas esperava.