Capítulo 5
Sofro por Amor em Paris seria um clichê romântico se não fosse deploravelmente deprimente.
- Não, Mila, ainda não beijei ninguém em francês, deve ser porque cheguei aqui há menos de dois dias, o que você acha? - Olho para um vestido florido que deixei em cima da cama. - E, obviamente, vim aqui para estudar e não para paquerar.
- Vou fingir que você não disse isso para ainda poder ser seu amigo. - Diz Mila, minha amiga do Brasil. Estamos conversando pelo Skype e já resolvi contar para ela sobre o desastre de ontem com o Gustavo, ela só disse "é complicado" "hmm, tenso" "triste né amigo?" E não a julgo porque se fosse ao contrário eu teria feito o mesmo. Mas ela disse que foi rude da parte dela não ficar feliz por mim quando eu me emocionei e contei várias coisas para ela, era para eu pelo menos fingir, mas está tudo bem.
- Você está em Paris querido, se eu fosse você roubaria roupas e comida da escola e fugiria! - continue.
- Então fico feliz por não ser eu - fico assustado quando ouço uma batida. É Lia. Ele caiu da cama, xingando em francês e murmurando. Então ele se levanta e cambaleia até o banheiro, quase rindo. -Ei, Mila, que tal esse vestido? Vou em uma padaria, fica no centro, mas perto da Torre Eiffel!
- Suba e mostre seu brilho, garota!
acabo rindo.
Marquei meu dia para hoje.
Vou pegar um táxi (o que me trouxe aqui), vou numa padaria comprar croissants, vou dar uma volta em algumas perfumarias e volto antes do almoço, em à tarde vou conhecer as meninas: Ashley, Leah e Milena.
- ...como uma camarilha, sabe? Pequenos grupos padrão... - Estou tentando explicar para Mila como funciona essa escola a partir do pouco que sei, como ela me pediu. Contei tudo a ele desde que cheguei, mas não ousei contar a ele sobre Oliver.
Esses tipos de imprevistos e confusões raramente acontecem comigo, então foi uma experiência diferente e... não sei... não quero contar para ninguém. E foi constrangedor.
Leah sai do banheiro.
- Você está falando em português então não entendo porque está fofocando sobre nós, certo? - Fecha os olhos.
"Sinto muito, mas sim, sinto", murmuro.
Ela balança a cabeça, boceja e cai de costas na cama.
- Vai sair? - ele pergunta e eu aceno.
- A França é chata.
- Claro, você morou aqui a vida toda.
Ela sorri.
“Você vai gostar daqui”, é a última coisa que ele diz antes de ouvir seus roncos ecoando pela sala.
Mila escuta a ligação e olha para mim, tenho que reprimir uma risadinha que tenta escapar.
Desligo logo em seguida e me arrumo, um vestido floral verde limão, deixo o cabelo solto e só coloco uma faixa no cabelo, pego uma bolsa ao lado e saio do quarto. Lá fora, um corredor movimentado me espera. Meninas com malas indo de cômodo em cômodo rindo e conversando. Não me considero exatamente antissocial, mas sim tímido e gosto de estar em paz, de preferência em campo aberto ouvindo música agradável e água com açúcar.
Passo por garotas com bolsas chiques e cabelos incrivelmente brilhantes. Quero perguntar que creme eles usam, mas me contenho e sigo em frente.
Ao me virar em direção às escadas, vejo o corredor masculino quase vazio, exceto por... duas pessoas conversando.
Reconheço o moletom que usei ontem.
Ele não é seu colega de quarto como pensei a princípio. É Oliver e uma garota.
Começo a andar de novo, sem perceber que parei para cuidar dos dois, quando Oliver distraidamente balança a cabeça e seus olhos parecem mirar em mim. Aceno com a cabeça com os lábios apertados, viro-me em direção às escadas e desço rapidamente.
O ar fresco me cumprimenta do lado de fora da escola e um campo aberto de grama verde vibrante se estende à minha frente. Ligo para o cartão do taxista francês e ele me diz que está a caminho. Um vislumbre do cabelo loiro me faz olhar para o lado, reconhecendo a postura alta de Ashley antes que ela me veja.
E ela não está sozinha.
- Foda-se, garoto! - Ele grita para um garoto todo de preto que joga o sapato nas costas e sai correndo porta afora. E então ela me vê.
- Olá, Sharon.
- Hum, olá. O que foi isso? - minha curiosidade fala mais alto.
- Ele era um idiota, queria um relacionamento e acabamos de nos conhecer! Louco. Ele tem problemas sérios – diz. Eu me pergunto se Ashley passou a noite na escola já que ainda é cedo. - Para onde vais?
“Tome um café e caminhe”, eu digo. E não consigo esconder a excitação no meu tom. Nesse exato momento, um carro para em frente ao portão da escola e esse é o meu sinal.
Acenando para Ashley, corro até o táxi, entro e ele sai em direção ao centro da cidade. Sinto uma energia genuína passar por mim quando chegamos ao centro de Paris. E lá está ela. A pastelaria.
- Bonjour, mademoiselle – Cumprimenta a moça da padaria.
"Bonjuor", cantarolo para ele, que sorri.
A exposição de pães e doces variados e de aspecto excepcionalmente saboroso é longa e ampla. Peço um croissant com queijo e manteiga e um doce com geleia de frutas. Assim que chega, dou a primeira mordida no saboroso lanche, suspirando.
Talvez morar aqui por um ano não seja tão ruim, afinal.
Eu só tenho que seguir meu plano.
Assim que termino tiro algumas fotos para registrar esse momento porque ainda parece produto da minha imaginação.
Semana passada eu estava em minha casa discutindo com o Gustavo o que já havíamos discutido há meses e pedindo para ele me dar um velho livro de couro como presente de despedida.
Isso não aconteceu.
E agora estou aqui.
Em uma padaria em Paris, me sentindo como a Emily da Emily em Paris naquele momento.
A rua não é tão movimentada e fico impressionada com as pessoas que passam por mim, me sinto deprimente com esse vestidinho enquanto as pessoas andam com casacos de couro, lenços peludos, suéteres, cardigans chiques e boinas parisienses.
Vi onde queria ir, uma perfumaria, uma loja com uma estrutura pequena e bonita. É rosa, até a luz das luminárias e luminárias que o decoram. As amostras são gratuitas, o que é um alívio, já que não pretendo comprar nenhum perfume, pelo menos não agora. O gerente me permite cheirar todas as amostras disponíveis, mas paro antes de terminar porque começo a me sentir um intruso descontrolado. Mas os vários aromas são viciantes e quando finalmente saio da loja sinto o cheiro de uma mistura de dezenas de perfumes, o que faz com que as pessoas me olhem com estranheza enquanto caminho pelas ruas.
Corando de vergonha, chamo o táxi para voltar à escola, passei mais tempo aqui do que deveria, não vi nem visitei quase nada e me vejo ansioso pelo próximo fim de semana, onde espero que não. estar sozinho.
Enquanto espero o táxi chegar, de repente me sinto sozinho, Paris é a cidade mais romântica do mundo e ver casais andando de mãos dadas, passando sob lindas árvores floridas, me deixa desconfortável e... com um pouco de inveja.
Parece que os casais escolheram justamente hoje e agora andar pelas ruas ostentando seu lindo e lindo amor.
Ah, como é lindo o amor...
O táxi chega e volto para a escola tão rápido que quase não percebo.
Enquanto subo as escadas, meus olhos me traem e vagam em direção ao corredor dos meninos, onde é tão solitário quanto o corredor das meninas.
Será que todo mundo realmente vai sair no fim de semana?
E se eu for o único hospedado aqui?
Não, a diretora disse que os alunos que vierem do processo seletivo ficam aqui.
Assim que abro a porta do meu quarto, três pares de olhos me encaram.
- Ah, você está aqui! - Ashley cantarola.
- O almoço será servido, vamos - diz Leah e elas se levantam, só tenho tempo de deixar minha bolsa no quarto e as sigo.
- Mais da metade dos alunos sai no final de semana, certo? - Perguntado.
- Sim, muitos vão passar com o namorado, família, amigos – responde Milena.
- E você? Você fica aqui?
- Bem, eu estudo. Ashley sempre sai e Leah às vezes.
Olho para Ashley.
- Por que você não foi neste fim de semana?
- Não sei, preferi ficar aqui com as meninas, vamos nos divertir aqui, vamos te mostrar os melhores lugares da escola e os caras com quem você pode paquerar – diz ele com um sorriso.
- Ah, por favor, não - praticamente gemo. Ela me olha com desconfiança.
- Bom, bom, temos aqui uma garota com traumas românticos?
- Não, não tem. Acabei de terminar com meu namorado antes de vir para cá; Tento pensar em algo para desviar o assunto de mim. Porém, nada vem.
- Só isso? Ela ficou acordada até tarde ouvindo Olivia Rodrigo, não está se sentindo bem – diz Leah. Eu olho para ela como se ela tivesse me traído seriamente.
- Eu não estava chorando – minha voz sai fraca.
- Eu ouvi você soluçar e suspirar. Foi deprimente – continua Leah. Faço beicinho tristemente e entramos no refeitório. Que, aliás, está praticamente vazio, exceto por duas meninas no canto.
- Essa é a Ayira? - ouço Ashley sussurrar baixinho.
- É ela – diz Milena.
A garota está de costas, mas seu cabelo parece familiar e suas roupas também. Depois de almoçarmos e irmos para a nossa mesa, continuo olhando para as costas da garota.
- Por que você fica olhando para Aiyra? - perguntar a.
- Parece-me familiar, mas não sei onde.
- Você deve ter visto ela nos corredores ou com Ollie – Ashley diz, o que me chama a atenção.
- Com Ollie?
- Sim, há rumores de que eles estão namorando, outros de que estão apenas se conhecendo, outros de que estão apenas se beijando e nada sério. Mas queer é quente - Ashley responde, olho para Aiyra no momento em que ela se vira, para poder ver seu rosto. Ela é realmente linda e tem características diferentes.
- De onde é ela? - Perguntado.
- Índia. Mas ela cresceu aqui e não chegou à seleção nacional.
Aiyra acena para nós, com os lábios franzidos, e sai do refeitório depois de colocar a bandeja no balcão com a garota a seguindo.
- Ollie não é mulherengo como a maioria dos caras daqui, ele é muito bom, mas posso te dizer que Ashley ficou com quase todos os caras daqui – Leah diz, bocejando.
- Não me envolvi com quase todos os meninos daqui! - Ashley protesta.
- Nem todos, mas quase.
- Apenas alguns, você pode contá-los nos dedos.
- Pés e mãos.
-Lia! - Ashley diz em um sussurro alto e repreensivo.
Milena e eu reprimimos uma risada.
- A maior parte das vezes a gente vem aqui para as aulas de educação física ou vai para o campo dentro da escola. Mas aqui é melhor para fazer exercícios – diz Milena enquanto caminhamos pela parte externa da escola. Tem muitas flores e tudo é coberto por uma grama surpreendentemente macia.
Tudo é tão verde, árvores e flores, meu Deus, são tantas flores diferentes e o ar é tão... puro e limpo.
Eu caio para trás de repente.
- Meu Deus, a menina morreu! - Ashley corre em minha direção com os dois.