7- Aceitará A Minha Proposta?
Florence sai e eu bufo frustrada enquanto afundo em minha cadeira, pensando em como contar a ele que não consegui recuperar o relógio, e muito menos aceitar a proposta dele. Não demora para que Noah e Taylor apareçam na minha sala, fazendo com que o medo percorra pelo meu corpo ao notar o olhar nada agradável de Noah para mim.
— Bom dia, Sr Ewing, Sr Spencer — Os cumprimento com um aperto de mãos e aponto para as cadeiras à minha frente — Queiram se sentar, por favor.
— Bom dia, Srta Hampton.
— Olhe para ela, Taylor, nem parece que sai por aí roubando relógios — Noah diz ao se sentar — Srta Hampton, não tenho todo o tempo do mundo, já basta ter sido obrigado a desmarcar alguns compromissos para vir até aqui.
— Sr Ewing, eu não pedi para que viesse, poderia ter esperado até…
— Com licença, Srta Hampton — Mia me interrompe ao entrar na minha sala e nos cumprimenta formalmente antes de parar em pé ao meu lado — A Florence me disse que a senhorita precisa da minha ajuda.
— Sim, Srta Moore. Esses são Noah Ewing e Taylor Spencer, eles vieram aqui para tratar sobre um assunto meio complicado e eu vou precisar da sua opinião sobre isso — Ela meneia a cabeça em concordância e eu encaro o Noah ao vê-lo com um olhar confuso — Sr Ewing, essa é a Srta Mia Moore, minha advogada. Espero que não se importe se ela participar da nossa reunião.
— De maneira alguma, Srta Hampton, na verdade, acho muito prudente de sua parte querer se resguardar, afinal, poderá sair daqui presa.
— Há algo que eu deva saber antes de começarmos, Ava? — Mia se aproxima do meu ouvido e cochicha.
— Srta Hampton, eu não tenho o dia inteiro. Eu tenho os meus compromissos, ao contrário da senhorita está brincando de ser a CEO enquanto o seu pai está fora, então vamos para a parte importante disso tudo, onde está o meu relógio?
— Eu estive na loja de penhores para tentar recuperá-lo, Sr Ewing, mas ele já havia sido vendido.
— Exatamente como eu falei que aconteceria, não é mesmo? — Noah se inclina para de debruçar na mesa, e entrelaça os dedos ao me dar um olhar tão frio quanto a antártica — E como resolveremos agora? Aceitará a minha proposta?
— Eu tenho o valor que recebi pelo relógio, posso transferir para o senhor e…
— Quanto? 100 mil? — Ele solta uma risada debochada e encara Taylor — Ela quer me dar 100 mil pelo relógio, Taylor, dá para acreditar nisso? A senhorita realmente não tem noção do quanto custou aquele relógio, não é mesmo?
— Não, eu não faço ideia de quanto custa aquele relógio, Sr Ewing, mas se não for o suficiente, posso pagá-lo de forma parcelada, se for possível.
— Aquele relógio vale bem mais que isso e não digo somente pelo lado material, então não me interessa que pague por ele, pois ainda assim não seria o suficiente.
— Então a proposta absurda que me fez continuará valendo?
— Se não me devolver o relógio, receio que sim, mas também te dei outra opção, se lembra dela?
— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Mia pergunta com as mãos na cintura e um olhar confuso.
— A Srta Moore sabe do seu hobby, Ava?
— Eu já disse que…
— Vejo que não — Noah me interrompe e se ajeita na cadeira — Srta Moore, no último final de semana estive na presença da Srta Hampton. Passamos uma noite juntos e pela manhã, provavelmente como de costume, ela roubou o meu relógio e o vendeu. Mas ela não contava que eu a encontraria e que faria questão de tê-lo de volta, e quando soube que ela o vendeu, propus um contrato a ela. Como a senhorita ouviu, ela não conseguiu recuperá-lo e já que ela também não tem a intenção de aceitar a minha proposta, receio que terei que formalizar uma queixa contra ela, não acha?
— Bem, Sr Ewing, apropriação indébita de um bem alheio é caracterizado crime — Mia apoia as mãos em cima da mesa e encara Noah — Mas posso saber que proposta tão absurda é essa que o senhor fez para a minha cliente?
— Claro, propus que ela fingisse ser a minha esposa e então desistiria de registrar a queixa.
— Eu acho que não entendi muito bem — Mia diz num tom surpreso e me encara antes de voltar a falar — O senhor quer se aproveitar de um erro da minha cliente, erro esse que ela está disposta a reparar, para forçá-la a um casamento?
— Forçá-la? De maneira alguma, Srta Moore, tanto que dei outra opção a ela, na verdade, essa opção faria um bem a sociedade, eu deveria fazer isso e evitar que outros homens indefesos não continuem a levar golpes da Srta Hampton — Noah dá um leve tapa na perna de Taylor, como se o chamasse para se levantar — É, essa é a melhor opção, Sr Spencer, já perdemos tempo demais aqui. Srta Hampton, espero que as notícias na mídia não atrapalhem a viagem do seu pai.
— Calma, Sr Ewing, — Falo quando o vejo levantar e cochicho para Mia — Mia, ele também está errado, não está? Chantagem não é crime?
— Sim, Ava, mas roubo é um crime ainda pior, não acha?
— Deveriam pedir um café para deixar a conversa mais interessante — Noah limpa a garganta e revira os olhos — As senhoritas continuarão a fofocar e a me fazer perder tempo?
— Como funcionaria esse casamento, Sr Ewing?
— Srta Hampton — Taylor responde a minha pergunta — O casamento seria feito de forma contratual, com cláusulas pré estabelecidas, e teria a duração de dois anos.
— Esperem aí, dois anos? Você quer que eu permaneça presa a você por dois anos? — Solto um longo suspiro e permaneço em silêncio por alguns breves minutos antes de voltar a falar — Por que quer que seja eu? Certamente há muitas mulheres dispostas a se casar com o senhor.
— Também há muitas mulheres como você, Ava, querendo apenas se aproveitar do que tenho e do que posso proporcionar a elas — Noah diz num tom impaciente — Realmente estou errado, além de burra, também tem uma certa dificuldade em entender o básico. Não é possível que eu tenha que repetir novamente que não tenho todo o tempo do mundo. Responda de uma vez!
— Por que eu, Sr Ewing? — Ignoro seu comentário e o questiono novamente. Noah apenas revira os olhos e se levanta.
— Srta Hampton, eu não preciso te contar as minhas motivações. Enfim, me cansei de tentar te ajudar, a senhorita terá notícias quanto ao nosso assunto em breve. Taylor, vamos?
— Srta Moore, foi um prazer conhecê-la — Taylor diz após dar um beijo na mão de Mia — Srta Hampton, entrarei em contato em breve.
— Ava, o que você vai fazer? — Mia cochicha assim que Noah vai em direção a porta.
— Tudo bem, Sr Ewing — A minha voz sai num fio, completamente contrária a minha vontade — Eu aceito a sua proposta.
— Perfeito — Noah responde ao abrir a porta — O Sr Spencer irá redigir o contrato e enviará uma cópia para cada uma de vocês o mais rápido possível.
Se tivesse outra opção, eu jamais aceitaria a ideia absurda de me casar com o Noah, mesmo que tudo não passe de negócios. Mas, ao mesmo tempo, penso que se o meu pai teve a coragem de me encostar a mão pelas coisas que disse a Amy, imagino como ele reagiria se vazasse à imprensa que a herdeira da família Hampton roubou um relógio, na certa seria não só o fim da minha carreira como o fim da minha vida.
Dois dias após ter aceitado a proposta, Taylor me enviou uma cópia do contrato que iremos assinar em breve, e eu o li atentamente por duas vezes. Cláusulas muito bem estruturadas e explicativas, certos deveres que terei que cumprir, além de um termo de confidencialidade que me proíbe contar para qualquer pessoa o real motivo do nosso relacionamento.
Por mais que a Mia tentasse encontrar algum mínimo erro no contrato para que eu ganhasse mais tempo, e recuperasse o relógio, o trabalho excelente que o Taylor fez ao redigi-lo nos impediu disso, me tirando o pequeno resquício de esperança que ainda havia dentro de mim.
Durante os dias seguintes tentei distrair os meus pensamentos focando no trabalho e na faculdade, mas sequer conseguia me atentar às coisas básicas do dia a dia, e então o dia de assinarmos o contrato chegou.