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8- Está Feito

Como combinado, após o expediente me encontro com Mia e vamos juntas até o Grupo Firstplace. Me mantenho em silêncio durante todo o trajeto, sentindo como se uma faca atravessasse o meu peito ao ser obrigada a isso, mas pensar no motivo que me levou a isso e na recuperação da minha mãe, de certa forma me confortava, afinal, ao menos consegui resolver parte do problema que tanto me assombrava.

— Te ver assim me deixa péssima, Ava — Mia diz ao entrarmos no elevador — Como eu queria poder te ajudar.

— Tudo bem, Mia, eu vi o quanto você se empenhou para tentar me ajudar — Sorrio sem graça e ele acaricia o meu ombro — Agora só resta me conformar, tenho certeza que irei sobreviver a esses dois anos.

O "bip" do elevador interrompe a minha melancolia ao chegarmos na cobertura, e damos alguns passos até a recepção onde uma deslumbrante moça loira de olhos azuis, que mais parece ter saído de alguma agência de modelos, nos cumprimenta de forma totalmente robótica e um certo ar esnobe antes de nos levar até a sala de reuniões, onde Noah e Taylor já nos aguarda.

— Com licença, Sr Ewing — A moça fala num tom amigável e manhoso, completamente diferente de alguns minutos atrás — A Srta Hampton e a Srta Moore chegaram.

— Muito obrigado, Srta Herrera, está dispensada — Noah responde e se levanta para nos cumprimentar, enquanto a Srta modelo de revista acena com a cabeça e se retira — Srta Hampton, Srta Moore, queiram se sentar, por favor.

— Srta Hampton, Srta Moore, alguma dúvida sobre o contrato?

— Nenhum, Sr Spencer, você fez um ótimo trabalho — Mia diz e Taylor sorri orgulhosamente ao colocar a cópia original do contrato em cima da mesa.

— Srta Hampton, se desejar pode analisar novamente antes de assinar.

— Vamos realmente fazer isso, Sr Ewing?

— De forma alguma, Srta Hampton, apenas te chamei aqui para ter o prazer de vê-la novamente — Noah diz num tom irônico — Por Deus, Ava, já perdi as contas de quantas vezes você me perguntou! Apenas assine e não me faça perder mais tempo.

Finjo ler novamente o contrato, tentando tomar um pouco de coragem para seguir em frente com isso, mas somente ao ouvir o suspiro impaciente de Noah faz com que eu sinta vontade de correr. Após alguns breves minutos devolvo o contrato para o Taylor, que assina logo após o Noah, e Mia assina antes de me entregar.

Solto um longo suspiro enquanto assino, e assim que a última letra do meu nome é escrita, o contrato é selado com uma lágrima que cai involuntariamente em cima das folhas.

— Está feito, Srta Hampton — Noah diz sem se importar com o meu choro contido — Ou melhor, Sra Ewing. Como descrito no contrato, a partir de hoje você tem uma semana para se mudar para a minha casa.

— Não preciso que me lembre dessa parte desagradável, Sr Ewing. Mia, podemos ir? Eu realmente preciso de algumas doses de whisky antes de ir para a minha casa.

— Claro, Ava. Sr Spencer, Sr Ewing, com licença — Mia diz após se levantar e cumprimentar Noah e Taylor.

— Ava, lembre-se que agora você é uma mulher casada, portanto, espero que não saia por aí roubando relógios alheios.

Respiro fundo e ignoro o comentário de Noah, cumprimentando formalmente o Taylor e saindo da sala com Mia

"Por Noah"

Mesmo vendo as lágrimas de tristeza de Ava, ciente de que praticamente estou a obrigando a assinar o contrato, não posso me dar ao luxo de desistir dessa decisão. Não sou do tipo que sai prejudicado na história e do mesmo jeito que eu a ajudei de alguma forma, ela irá me ajudar de um jeito ou de outro.

— Não acha que está indo longe demais com isso? — Taylor questiona quando Ava sai da sala de reuniões, após assinarmos o contrato — Eu fiquei comovido com a forma como ela estava.

— Primeiro você me questiona porque não a obriguei a encontrar uma forma de devolver o meu relógio, agora você está com pena dela porque resolvi puni-la por isso? — Solto uma risada ao me levantar para sair e ele me acompanha.

— Você sabe que ela tentou recuperar o relógio, Noah, e ela teria conseguido se você não o comprasse de volta.

— Taylor, você me conhece há anos, sabe que a última pessoa que se atreveu a mexer comigo se arrependeu profundamente — Respondo enquanto entramos no elevador — Ainda que eu tenha recuperado o meu relógio, não poderia deixá-la sair ilesa disso, ainda mais por um motivo tão grande quanto esse. Além disso, já está feito, Ava já se tornou minha esposa. Por falar nisso, precisamos sair para comemorar, não acha?

— Você é realmente mal, Noah Ewing — Taylor diz com um olhar de reprovação, mas logo abre um sorriso — Mas se você insiste em querer se convencer que tudo isso é por conta do relógio, quem sou eu para questionar você.

— Se não for pelo relógio, será pelo quê? Está querendo dizer que é pela Ava? Não fode, Taylor, Ava foi somente mais uma com quem dormi, mas felizmente ela tomou uma decisão errada e terá que me ajudar com o meu problema com o meu pai — Digo quando chegamos no estacionamento.

— E você já pensou como será quando ela descobrir que o relógio está com você?

— Ela não vai saber, Taylor — Abro a porta do meu carro e dou um sorriso sarcástico — Ele está muito bem guardado no cofre da minha casa, e dessa vez terei o cuidado de não ter as jóias da família roubadas, ao deixar a Ava mexer onde não deve. Enfim, preciso beber e curtir a noite. Que tal uma despedida de solteiro atrasada? Preciso realmente me distrair antes de começar com essa nova vida de homem casado. Nos encontramos no Pub S'échapper.

.

Após a assinatura do contrato, o prazo que dei para que a Ava se mudasse para a minha casa parece ter passado num piscar de olhos, e o fato de ter uma mulher quase desconhecida dividindo a casa comigo, de certa forma me deixou apreensivo.

— Sra Hill — Falo com a minha governanta após o café da manhã.

— Pois não, Sr Ewing.

— O Sr Bennett foi buscar as malas da minha nova convidada, peça para alguém arrumar as roupas dela no closet e conferir se está tudo pronto para recebê-la. Provavelmente eu não estarei aqui quando ela chegar, portanto, tentem deixá-la o mais confortável possível.

— Eu mesma irei recebê-la, Sr Ewing, posso saber qual o nome dela?

— Ava, mas pode chamá-la de Sra. Ewing, já que ela será a senhora da casa. Até mais tarde, Sra Hill.

Respondo e noto o seu olhar surpreso, mas a Sra Hill não questiona o porquê dela ter o meu sobrenome.

"Por Ava"

Por mais que eu torcesse para que o tempo se arrastasse, os meus dias de paz longe do Noah parecem ter passado num piscar de olhos, e então hoje chega ao fim o prazo para me mudar para a casa dele.

Em meio a sensação de despedida, caminho por todos os cômodos do meu apartamento, enquanto observo cada detalhe minimamente planejado. Morar sozinha sempre foi um sonho para mim e pude torná-lo em realidade ao completar a maioridade, e hoje me despeço dele pelos próximos dois anos. Sorrio em meio às lágrimas ao pegar a última mala parada no meio da sala, tranco a porta e saio para ir até a minha nova casa, onde chego após alguns minutos.

— Boa tarde, Sra Ewing — Uma moça baixa, de olhos esverdeados, os cabelos presos num coque, aparentando ter aproximadamente 40 anos, sorri calorosamente ao abrir a porta para mim — Seja bem vinda, me chamo Sra Hill, sou a governanta da casa.

— Prazer em conhecê-la, Sra Hill, mas prefiro que me chame de Ava, por favor.

— Como queira, Ava — Ela sorri ao pegar a mala da minha mão e colocar no pé da escada — Irei mostrar a casa para a senhora antes de levá-la até o seu quarto. Por aqui.

Sra Hill caminha na frente e eu a sigo, enquanto fazemos um verdadeiro tour pela casa. Após alguns minutos andando pelos cômodos, ela me apresenta a alguns empregados e me leva até o meu quarto.

Ainda que tudo esteja impecavelmente arrumado, a sensação de estar num lugar totalmente desconhecido me deixa desconfortável. Me jogo na cama, me enrolando nos lençóis brancos que até poucos segundos estavam perfeitamente esticados, e assim como tem sido nesses últimos dias, deixo as minhas lágrimas molhar a fronha do travesseiro até pegar no sono.

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