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Capítulo 8 - A Proposta

Liam

Ficava cada vez mais aborrecido com a teimosa recusa de Cecília em falar comigo. Ela estava se comportando como uma grande tola, desperdiçando meu precioso tempo. Entretanto, não tinha muita escolha a não ser aguardar.

Eu tinha pedido a Marta para me levar na casa da família de Cecília, para buscar informações sobre onde poderia encontrá-la, mas a pessoa que nos atendeu foi o padrasto dela e depois de destratar a minha secretária e eu, acabamos indo embora sem ao menos uma pista sobre o lugar para onde Cecília.

Meu pai estipulou um prazo rígido para que eu encontrasse uma noiva, e o tempo estava se esgotando rapidamente. Não havia um plano B. Eu sabia um pouco de sua história e seu passado, tanto porque ela já havia trabalhado em minha empresa quanto porque minha secretária a conhecia. Cecília era a única garota que eu conhecia e que estava em uma situação difícil o suficiente para considerar a proposta que eu estava prestes a fazer.

Quando pedi meu terceiro drinque, aproveitei a oportunidade para questionar quanto tempo faltava para o encerramento do expediente. Cecília, com um gesto discreto, indicou que seriam mais trinta minutos, um tempo que parecia se arrastar.

Eu a observava atentamente durante toda a noite, e no momento que Cecília se aproximou de uma outra mesa, percebi algo inaceitável. Um cliente, ousado e desrespeitoso, tentou avançar de forma inapropriada sobre Cecília. Aquilo me deixou possesso, pois ela tinha mantido uma postura profissional em seu trabalho o tempo todo. Não havia, em sua atitude, qualquer sinal de que ela permitiria esse tipo de comportamento.

Percebi que Cecília estava claramente tentando conter os avanços indesejados do cliente embriagado, um homem na casa dos trinta anos, vestindo um terno de qualidade duvidosa. A insistência do homem era óbvia, e finalmente, não podendo mais tolerar aquela situação, me aproximei deles.

— A garota já deixou claro que não deseja a sua companhia. — abordei o homem, mantendo um tom firme e autoritário. — Peço que respeite isso.

O homem me encarou de início com um olhar desafiador, mas ao perceber que eu não pretendia baixar a guarda, ele pareceu repensar a situação.

— Eh… Já estou de saída — Ele diz, ergue as mãos como se em sua defesa — Eu só queria um pouco de diversão, nada mais!

Eu estava prestes a reforçar as minhas palavras, quando uma mulher muito bonita e com uma expressão de grande seriedade se aproximou de nós.

— O que está acontecendo aqui? — questionou ela, com uma voz autoritária.

— Estou apenas tentando proteger a funcionária deste indivíduo desrespeitoso — Expliquei o que ao meu ver estava bastante óbvio.

— Eu posso resolver isso e o senhor pode voltar à sua mesa — Ela me dispensou com um sorriso simpático, mas completamente falso.

Eu não me afastei, no entanto. Após se apresentar como a gerente do clube, ela gentilmente se desculpou com o cliente abusado, que logo se afastou. Não pude acreditar que ela tinha mesmo agido daquela maneira. Cecília era a única que merecia um pedido de desculpas diante da situação!

— Cecília, venha comigo. Precisamos conversar.

A gerente, no entanto, chamou Cecília para um canto mais afastado, e eu me vi seguindo as duas, percebendo que Cecília estava prestes a ser repreendida pela mulher. A gerente parecia acreditar que Cecília tinha alguma culpa naquela situação, quando, na verdade, ela havia sido vítima de assédio. Enquanto a gerente encarava Cecília com uma expressão séria, eu estava determinado a intervir.

— Você está despedida, Cecília. Só trouxe problemas para nossa casa noturna — Ouvi quando a gerente disse.

Cecília pareceu ficar em choque diante das palavras da mulher, mas antes que ela pudesse demonstrar qualquer reação, a gerente simplesmente virou as costas e saiu caminhando a passos duros.

— Veja só o que você fez, senhor Ricci! — Cecília disse com indignação — Não contente em me demitir de sua empresa, agora você provocou minha demissão deste clube!

Indignado com a acusação de Cecília, respondi em tom firme:

— Você não sabe o que está dizendo, Cecília. Só tentei defendê-la daquele cliente abusivo.

A palavra "mal-agradecida" escapou dos meus lábios antes que eu pudesse pensar melhor. Mesmo assim, segurei levemente em seu braço e a chamei para acompanhá-me, tentando acalmar o clima:

— Venha comigo. Tenho algo importante para falar com você, e agora não há motivo para adiar mais.

Cecília pareceu contrariada com a minha insistência, mas, ao fim, acabou aceitando.

— Não posso sair vestida assim — Cecília apontou para o uniforme que estava usando. — Preciso trocar de roupa e avisar minha amiga que estarei esperando por ela.

Conforme ela mencionava, percebi que realmente não tinha prestado atenção na vestimenta de Cecília. Torci para que aquele não fosse o seu estilo de se vestir, especialmente considerando a situação que se desenhava entre nós. Caso ela aceitasse a proposta, seríamos um casal, mesmo que apenas de fachada, e não me sentiria à vontade acompanhado de uma jovem de vinte anos seminua nos ambientes que eu frequentava.

Concordei com sua decisão, compreendendo que ela precisava fazer algumas providências antes de seguirmos com nossa conversa. Pouco tempo depois, eu estava aguardando-a junto à saída do clube.

Poucos minutos depois vejo-a se aproximar com uma expressão decidida.

— Diga logo o que deseja, senhor Ricci. Minha amiga logo encerra o expediente e vamos embora juntas. Não posso demorar.

Sua impaciência era palpável, e eu entendia o motivo. No entanto, minha resposta não foi a mais direta.

— Posso lhe oferecer uma carona, Cecília. Esta não será uma conversa tão rápida quanto você imagina.

Cecília revirou os olhos com exasperação e disparou com franqueza:

— Por que não vai direto ao ponto? Eu não acredito que nada de bom possa vir do senhor, então, por favor, seja direto.

Ela não se importou em ser grosseira, sua desconfiança em relação a mim era evidente.

Cecília me surpreendeu com sua grosseria, e me peguei olhando-a com um misto de incredulidade e frustração.

— Não imaginava que você fosse tão grosseira, Cecília. Afinal, você fingiu muito bem pelo tempo em que foi minha funcionária.

Ela manteve sua postura firme, não se abalando diante das minhas palavras.

— Bem, agora não sou mais sua funcionária, e não preciso ser gentil com alguém de quem eu não gosto nem um pouco.

A tensão entre nós era palpável, e eu fiquei impaciente com sua atitude. Respirei fundo, decidi seguir o que ela desejava, pelo menos naquele momento.

— Tudo bem, vou direto ao ponto. Quero que se case comigo — falei, não escondendo minha impaciência.

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