Capítulo 5 - Proposta
Eu fiquei encarando a expressão dele, intrigada com os seus pensamentos. Ele me devolveu o celular, me deixando ainda mais confusa.
— Coincidentemente, a minha família também é da Inglaterra. – Ele comentou, voltando a se sentar, e eu também me sentei.
— Ah, legal... – respondi, sem saber o que dizer.
— Eu estou devendo uma visita à eles faz um tempo, e se você concordar em me acompanhar nessa visita, eu também lhe acompanharia nesse casamento. – Ele disse, me pegando de surpresa.
O meu chefe me acompanhar no casamento da minha irmã? De onde ele tirou essa ideia?
— E então? – ele voltou a chamar a minha atenção, e eu nem tinha percebido que fiquei em silêncio.
— Não sei o que dizer, na verdade... – balbuciei.
— Entendo, mas pense que não será nada demais, pense apenas que seremos dois amigos acompanhando um ao outro em dois eventos diferentes – ele sorriu.
— Tem certeza que não será uma coisa estranha? – eu ri. — Você é o meu chefe, pra mim isso é estranho e nada ético...
— Não estamos indo cometer um crime, senhorita Clarke – ele riu junto comigo. — O que me diz?
Eu olhei bem para ele, assim como ele fez comigo. Observei seu jeito polido, postura firme, suas linhas de expressão, e respirei fundo. Ele era um homem elegante, rico, e era o meu chefe. O que eu faria com alguém como ele ao meu lado?
Vendo pelo o ponto de vista da minha família, ninguém me olharia com pena, isso seria certeiro. Travis provavelmente iria ficar curioso, e eu mal me importaria com sua amante grávida. E de brinde, eu não magoaria a Abi.
Eu olhei para ele de novo, e assim que ele sorriu novamente para mim, eu me convenci de que era isso o que eu queria.
— Tudo bem, essa é a minha melhor alternativa até agora – eu comentei, e ele concordou.
— Então esse será o acordo, eu ficarei ao seu lado nesses três dias de casamento, e você virá comigo na casa dos meus pais. – Ele estendeu a sua mão, e eu sorri, estendendo a minha.
Após um aperto de mãos, nós sorrimos um para o outro.
— Isso está me cheirando a encrenca – eu disse, e ele gargalhou.
— Vai dar tudo certo, senhorita Clarke – ele se levantou, e serviu um segundo corpo, mas este ele trouxe para mim, e eu aceitei de bom grado. — E então, estamos de acordo?
— Sim, senhor Walker – eu sorri, e brindamos.
— Ótimo, estava mesmo precisando de umas férias.
— Eu não chamaria um casamento de férias, mas tudo bem – eu ri.
— Onde será o casamento?
— Em Birmingham – respondi.
— Meus pais moram em Cambridge.
— Que pena, fica um pouco longe do casamento...
— Não muito, só umas duas horas de carro, nada demais – ele deu de ombros. — E então, iremos essa noite?
— São treze horas de viagem de Nova Iorque para a Inglaterra, então acho que sim – suspirei.
— Tudo bem, só vou precisar ir ao meu apartamento para fazer as malas, posso te buscar na sua casa para irmos juntos ao aeroporto.
— Se estiver tudo bem pra você... – eu sorri, me sentindo sem jeito.
— Me devolva o seu celular, vou te passar o meu número – ele pediu, estendendo a sua mão. Eu fiz o que pediu, e ele anotou rapidamente, me entregando o aparelho de volta. — Me mande uma mensagem de texto com o endereço.
— Obrigada – ele assentiu. — Bom, vou terminar o meu trabalho...
Eu me levantei da cadeira, e ele acenou positivo.
— Nos vemos à noite, senhorita Clarke – ele disse, e eu sorri, ainda sem jeito.
— Até mais – e então me apressei para sair da sua sala.
Eu passei pela a mesa de sua secretária como um foguete, com receio de ser examinada pelo os seus olhos de águia. Não queria que ninguém visse o sorriso idiota que estava estampado no meu rosto, e por isso decidi voltar correndo para a minha mesa, e me esconder por lá até o fim do meu expediente.
Eu fui pra casa ainda em choque pela proposta do meu chefe, não conseguia pensar em outra coisa. Eu abri a minha mala, e comecei a guardar nela os vestidos que comprei e as roupas que usarei lá durante esses três dias. Me sentia ansiosa para ver a minha família, qual será a reação dos meus pais quando me verem acompanhada? E o que eu direi sobre isso? Não posso dizer que ele é o meu chefe, pode soar estranho. Também não me vejo chamando ele de meu namorado. Realmente era confuso. Posso dizer que somos bons amigos, o que espero que venha a se torna realidade.
Eu tomei um banho e vesti uma roupa confortável para uma longa viajem de avião, e assim que fiquei pronta, mandei uma mensagem para ele com o meu endereço, como ele pediu. Notei que ele escreveu o seu nome no contato, "James Walker". Ele logo respondeu, sinalizando que já estava a caminho.
Eu pulei do sofá e decidi esperá-lo na recepção, não queria fazê-lo esperar. E não demorou muito para ele chegar, estava de uber e o motorista me ajudou com a mala.
— Boa noite – ele disse, dando espaço para mim no banco de trás.
— Boa noite, senhor Walker – eu respondi, sentando ao seu lado.
Ele sorriu para mim de um jeito harmonioso.
— Sua família achará estranho que nos tratemos como senhor e senhorita. Acho melhor que me chame de James, e eu lhe chamarei de Elisee, combinado? – eu sorri, confirmando com uma aceno.
Eu respirei fundo, observando o motorista manobrar o carro e seguir o caminho até o aeroporto. Eu me permitir observar o James de relance, ele estava tão lindo e perfumado. Os cabelos molhados e penteados para trás, roupas alinhadas e bem passadas. Ele era um homem jovem, eu não lhe daria mais do que trinta anos. Eu me sentia um patinho feio ao seu lado, mas talvez fosse o nervosismo falando mais alto.
Mas apesar da insegurança e das borboletas agitadas em meu interior, eu sentia que será divertido, James parece ser um cara muito legal, além de estar sendo um verdadeiro cavalheiro comigo.