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Capítulo 1

Malik voltou para seus aposentos e logo foi tomar banho. Ele estava indo para o

banheiro quando seu telefone o interrompeu.

- Alexander, estou feliz em ouvi-lo, disse ele.

Alexander suspirou do outro lado.

“Sempre tão amigável,” ele grunhiu.

Malik não percebeu seu comentário, os dois sempre tendiam a iniciar suas

conversas nesse tom.

- Minhas cunhadas me avisaram que haviam chegado em suas terras.

Malik deveria saber disso. Alexander definitivamente não ligou para ele para

perguntar se ele estava bem.

- Fui informado da chegada deles mas de acordo com o protocolo do país, eles

só são convidados ao palácio no dia seguinte à sua chegada e pelos meus

cálculos isso será feito amanhã.

- Jaddar e suas infinitas regras, me pergunto quantas leis você adotou.

Malik foi até a varanda e encostou-se na grade. O sol começava a pôr-se

gradualmente e a tonalidade alaranjada que o ambiente adquiria era magnífica e

calmante.

- Alexandre, essas leis foram desenvolvidas desde a criação do reino e vivemos

com elas, respondeu Malik.

Malik passou a mão pelo cabelo. Ele certamente não iria falar sobre a lei de seu

país com um estranho, mesmo com um amigo, e de qualquer forma não iria

entender nada.

- Você é o rei e pode mudá-los.

Malik suspirou de aborrecimento.

- Alexander, não quero ser desagradável com você, acho que essa discussão

deveria terminar aí.

Malik desligou sem lhe dar tempo de dizer mais nada. Ele assistiu ao pôr do sol

antes de decidir ir tomar banho.

Ele saiu alguns minutos depois com uma toalha na cintura e tirou uma calça do

armário. Uma batida na porta o fez perceber que tinha uma visita.

Definitivamente era Asad.

- Posso entrar em sua majestade? Asad perguntou.

Malik suspirou, Alexander estava certo. Jaddar era governado por tantas regras

que às vezes Malik não via o sentido de algumas delas.

- Você sabe muito bem que não precisa da minha permissão Asad, ele ficou

irritado.

Asad permaneceu na porta sem se mover. Malik suspirou muito antes de ordenar

que ele entrasse.

- Você sabe que segundo o protocolo, não estou autorizado a entrar sem ter a

autorização de Sua Majestade.

Malik revirou os olhos. Ele claramente precisava revisar certos parâmetros do

protocolo, como essa ideia absurda que dizia que uma pessoa corria o risco de

ser punida com a morte se entrasse no quarto do rei sem que ele lhe desse a

ordem.

- De qualquer forma, acho que meus ancestrais eram um pouco excessivos em

relação a certas leis, disse Malik, massageando a têmpora.

Asad se aproximou e sentou-se em seu sofá habitual.

- Você sabe que tem o poder de mudá-los, majestade, Asad disse a ele.

- Essas leis estão aí antes de mim Asad, o povo é muito conservador nesse tipo

de coisa e você sabe muito bem que só vivo para satisfazê-las.

Asad ficou em silêncio por um momento. Malik sabia que quando fazia isso era

para fazê-la entender que ele não concordava com o argumento dela.

- Ser um rei gentil e compreensivo também não significa que você deva sempre

se submeter a todas as decisões do povo. Ele teme você e sabe de antemão que

todas as suas decisões são tomadas para o bem dele.

Malik sabia que estava certo. Ele já tinha começado a rever a Constituição, mas

queria fazê-lo com total discrição.

- É por isso que estou revendo certas coisas Asad. Você sabe muito bem que a

lei de Jaddar contém várias cláusulas que impedem modificações em

determinados artigos, mas veremos.

Asad assentiu. Malik sentou-se por sua vez. Ele sabia que a presença de seu

conselheiro não era acidental.

- Tenho certeza que a sua presença aqui não é porque eu tenha que mudar a

Constituição, não é?

- Você está certo, sua majestade. Estou aqui pela causa do nosso encontro esta

manhã. Você sabe como eu que não temos tempo suficiente, um mês pode

parecer muito tempo, mas os dias voam como um raio.

Malik não gostou desse assunto, mas não teve escolha. Um rei sem descendentes

era considerado um homem comum em Jaddar. Todos os monarcas que

sucederam ao trono tiveram que escolher uma rainha. Malik sabia que teria que

passar por isso também.

- Tem certeza de que Wendy Richards, filha do Rei da Inglaterra, é a mais

indicada?

- Você conhece minhas motivações Asad e sabe muito bem que esse casamento

é apenas uma formalidade. Procuro uma rainha para o meu país e o rei da

Inglaterra precisa de uma parceria segura para o seu país, acredito que todos são

vencedores, não é?

Asad considerou-o por um momento. Malik conhecia a opinião do seu

conselheiro sobre o assunto. Wendy Richards já estava a caminho de Jaddar e

ele não iria voltar atrás só para agradar Asad.

- Espero que você saiba o que está fazendo, disse Asad.

Malik encolheu os ombros.

- Estou num ponto da minha vida em que não tenho mais nada a perder. Eu só

quero o que é melhor para o meu país e acho que você me entende, Asad.

Asad assentiu.

- Muito bem, Majestade.

Ele se levantou e fez uma reverência como sempre. Malik se esqueceu de

apontar isso para ele, de qualquer maneira, Asad não iria ouvi-lo.

-Asad?

Ele se virou.

- Sim, sua majestade.

- Você sabe que amanhã de manhã tem que buscar os estrangeiros bem cedo,

certo?

Asad sorriu e assentiu.

- Sim, sua majestade.

Ele fez uma reverência final e saiu. Malik suspirou antes de se concentrar em

seus arquivos atuais.

Joanna saiu do banheiro. A irmã ainda estava mal-humorada, ela conhecia

Marcella bem o suficiente para saber que não demoraria a culpá-la por aquela

viagem pelo resto da vida se alguma vez desse errado. Joanna era conhecida por

ser uma verdadeira tagarela, ao contrário de sua irmã, que preferia se esconder

em seu cantinho.

-Você não está tomando banho? perguntou Joana.

Marcella ergueu os olhos do telefone por um momento antes de desviar a

atenção da irmã.

- Olá educação, suspirou Joanna.

Marcella nem disse uma palavra para ele. Joanna decidiu jogar a toalha. Ela

desfez a mala e escolheu algo confortável para vestir.

Ela sentou-se em frente ao computador mas alguém bateu na porta, ela foi abri-

la e deu de cara com um carrinho cheio de todo tipo de louça. Ela não se

lembrava de ter pedido nada.

- Foi o próprio Sua Majestade quem nos pediu para trazer o seu jantar porque

vocês são convidados dele.

Os olhos de Joanna passaram do garçom para o carrinho e do carrinho para o

garçom.

- Você fala italiano? ela perguntou.

O garçom sorriu gentilmente para ele.

- Nosso hotel é internacional, aprendemos vários idiomas antes de começarmos

a trabalhar aqui.

- Ah, Joanna disse simplesmente.

Ela deixou o garçom entrar com o carrinho. Ele se curvou antes de sair.

- Nossa, eu adoraria conhecer esse rei para agradecê-lo por tanta generosidade,

Joanna respirou.

- Espero que ele tenha a gentileza de nos explicar por que nos deixa dormir no

hotel quando deveríamos ser seus ilustres hóspedes, disse Marcella.

Joanna não o ouviu e preferiu se jogar no prato que parecia tão apetitoso. Ela se

preocuparia com a irmã e com seu humor mais tarde, quando estivesse

totalmente satisfeita.
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