Capítulo 2
—Você vai viajar? -
Dou de ombros. - Não porque ? _
Você pode relaxar um pouco na França. -
—Só participarão os alunos do último ano, então ou estou com Violet ou estou sozinho. -
— Você nunca se importou de ficar sozinho... — ele me lembra. — Sempre que saíamos de férias você preferia ver museus ou ler um livro a ficar com Daniela. Você se lembra da Daniela? -
Claro. Ela era minha melhor amiga no ensino fundamental, perdemos contato depois do ensino médio.
— Mesmo que você adorasse, para você férias significavam cuidar dos seus próprios assuntos; Você pode fazer o mesmo em uma viagem. Você nunca esteve na França, mas é algo que deveria ver uma vez na vida. -
As palavras de Stella quase sempre me convencem. - Está bem. —De qualquer forma, são apenas dez dias.
Ouvimos a porta abrir e fechar e então vemos papai entrar na sala.
Obviamente ele ainda está usando uniforme. “Iris”, ele diz assim que entra. Seu tom me deixa tensa.
- O que está acontecendo? -
Me levanto. Papai tira o celular do bolso, mas não preciso ver as fotos para entender.
— Você me disse que não o viu mais... — ele coloca as mãos na cintura. —Um não foi suficiente para você? Ei? -
Incapaz de responder devido à súbita exaustão física, Stella se junta a mim. —John, você não precisa começar a discutir de novo. -
— Isso é entre minha filha Stella e eu — papai responde, com os olhos escurecendo.
— Não — Stella diz — isso é entre Iris e ela. Você já entendeu que é melhor ficar longe deles, sério, a última coisa que você precisa agora é gritar com eles. -
Permaneço imóvel ao lado de Stella. Eu nem quero abrir a boca.
—Minha filha é fotografada beijando dois meninos-—
Stella o interrompe. —E você se importa mais que alguém a siga por toda parte ou que ela tenha beijado dois meninos? Quantas garotas você beijou, John? Não a critique por fazer algo que você, antes de mais nada, fez na idade dela. -
Se você tivesse energia, estaria sorrindo agora. Papai muda. —Quem tira suas fotos? - Pergunte-me.
Dou de ombros. - Há quanto tempo isso vem acontecendo? - continue.
"Duas semanas", respondo. As primeiras fotos saíram antes do Halloween, mas é melhor não ver.
-Porque não me disse? -
Responda Stella para mim - como eu deveria ter feito isso? E se você enlouquecer por um beijo? -
— Entendo, Stella, exagerei, mas ele ainda mentiu. -
—Isso é porque você não a fez se sentir segura o suficiente para contar a verdade. -
Vejo Stella olhar para papai, com toda a frieza do mundo. Estou feliz que ele esteja me protegendo, mas não quero brigar com meu pai por minha causa.
Papai suspira. —Vá para o seu quarto, Íris. -
- Estou detido? - Perguntado.
"Não", ele balança a cabeça. Percebendo que ele não tem mais nada a acrescentar, subo até o quarto e fecho a porta.
Ao soar a última campainha da terça-feira, depois de entregar o boletim e a autorização que Stella me fez encontrar na mesa de cabeceira esta manhã, vou até Diana na biblioteca silenciosa.
Encontro-a em uma mesa com três livros abertos em volta do laptop. - Ei. – salta com a minha voz.
— Oh, — sorri, — ei. -EU
Eu sento à mesa. - Não quero lhe incomodar. -
Diana fecha um livro. — Um descanso me fará bem. O exame de química está se aproximando. -
Eu sorrio com lábios apertados. —Escute, você quer vir me ver hoje à noite...? então passar uma tarde assistindo a um filme. -
— Claro, o que eu preciso é de um bom terror depois do horror da química — brinca. — Irei às seis? -
Eu sorrio. - Está bem. -
***
Diana está na minha casa há uma hora.
Ela se senta na minha cama enquanto eu fico na frente da TV e abro o aplicativo Netflix.
Assim que eu abro aparece a mensagem — não há conexão com a internet, tente novamente em... —
— Você pensou... — murmuro. Olho para Diana que tem um grande saco de pipoca nos braços. — Há muito tempo que venho dizendo ao papai para mudar de provedor de Wi-Fi. -Diana
sorriso. — Não se preocupe, podemos usar meu computador. — Ele se levanta e pega a mochila do chão.
Diana entra na Netflix e eu apago as luzes, sentando ao lado dela. Começamos o filme e eu começo a pegar a pipoca.
Decidimos assistir The Conjuring, embora eu já tenha visto há algum tempo.
— Você realmente acha que é uma história verdadeira? —ele murmura, enquanto mastiga.
“Gosto de acreditar nessas coisas”, respondo, “isso me preocupa mais”. -
Vemos a primeira meia hora do filme e Diana faz uma pausa para uma cena de silêncio, que é conhecida por indicar um susto que está por vir. — Muito red bull — ele diz —, corro para o banheiro e volto. -
Concordo com a cabeça e espero que ele volte. Assim que Diana desaparece do meu quarto, chega uma mensagem em seu computador.
Há um ditado da região onde nasci que diz: - quem faz isso é o seu país cient'ann. — Bem, não acho que ele viverá tanto tempo.
Aperto mensagem e abro outra foto, que estranhamente não é minha.
Tenho que me aproximar para focar no que meus olhos veem. Não reconheço o local onde foi tirada, mas as duas figuras que aparecem começam a parecer familiares.
São duas crianças, com as tigelas uma em cima da outra. Um deles é mais alto e tem cabelos escuros, o outro mais baixo tem cabelos castanhos, um castanho tão familiar porque a mesma cor estava ao meu lado até um segundo atrás.
Tomas e Ethan? Como diabos pode acontecer uma união como essa?
Um barulho faz meu pulso acelerar enquanto corro para fechar o contato desconhecido, mas antes que eu possa perceber uma segunda mensagem.
Vejo você na pista de skate à meia-noite -V.
V?
Diana volta para a sala assim que abro a tela do cinema novamente. - O que está acontecendo? Você viu um fantasma? - Volte para o seu lugar.
- Que? -
—Você é um cadáver branco. -
— Ah, — solto uma risada nervosa, — será o filme. Vamos continuar? -
Ela balança a cabeça e o filme começa, embora a única coisa que passa pela minha cabeça seja aquela foto e a conversa entre Martin e Ethan na noite do carnaval, aquela em que Martin foi preso.
Não me importa o que Xavier diz, ouvi o que ele disse ao telefone. O que ele poderia ter feito para ser preso? E logo depois de conversar com um gangster conhecido como Ethan.
Violet me disse que algo estava acontecendo e, mesmo que não fosse o caso, eu teria descoberto sozinho. As caras sérias, Thomas matando aula, Ethan ameaçando Martin, sua prisão, Xavier entrando furtivamente na casa de Dawson para falar com Violet. O que Violet importa para ele agora? Ou você quer saber o que está acontecendo entre sua família e Thomas?
Eu poderia perguntar a Diana, mas tenho que admitir que estive bisbilhotando suas mensagens.
E aquele V? Poderia ser Violeta?