8
Anne
Vladmir Mazza. Se eles o conhecessem como o estou conhecendo agora, saberiam que ele não é essa pessoa ruim que costuma mostrar para os outros. Penso enquanto o observo falar e falar de um modo bem divertido e descontraído, me fazendo rir o tempo todo com as suas histórias de faculdade e até mesmo da sua infância. A maneira como esse homem me toca, os beijos que costuma dar quando estou absorta em meus pensamentos, os lugares para onde ele me leva, o jeito com ele me fascina e me faz admirá-lo. Vladmir Mazza é exatamente o que eu sonhei para mim. Contudo, não posso levá-lo para o meu convívio e isso me desanima um pouco. Eu queria tanto que tudo fosse bem diferente entre ele e os gêmeos.
Sorrio quando penso nessa possibilidade.
— Hu! — Desperto soltando um grito quando sou surpreendida por um corpo molhado, que me segura nos seus braços e rio sonoramente quando Vlad corre comigo pela areia da praia, entrando no mar em seguida. — Vladmir, não se atreva! — protesto, porém, ele ignora completamente os meus resmungos, me jogando na água fria em seguida. — Seu maluco! — ralho divertida, jogando alguns jatos de água nele. Contudo, ele fica sério e ávido, me puxa para os seus braços, beijando-me com intensidade e duro, roubando o meu fôlego. Não demoro para envolvê-lo com os meus braços e o que já estava colado, parece tornar-se um só.
— Por Deus, Anne você me deixa maluco! — Ele rosna em minha boca, completamente ofegante e a sua pélvis se mexe avidamente se esfregando em mim. — Preciso ter você, Anne! — A urgência das suas palavras me assalta e eu penso que finalmente ele me fará sua. — Seja minha esposa? — Ele pede com um resfolegar e imediatamente me afasto ele.
— Como assim? — Engulo com dificuldade.
— Eu quero me casar com você, Anne. — Rio um tanto debochada.
— Você está brincando comigo, não é? — Vlad continua sério e isso me dá a certeza de que não, ele não está brincando comigo.
— Eu não estou brincando.
— Vladmir, não tem nem um mês que estamos saindo e... — Tento protestar, porém, ele me puxa para os seus braços outra vez e faminto torna a me beijar, sem me dar qualquer chance.
— Por acaso existe um limite de tempo para amar uma mulher tão loucamente? — Ele volta a me beijar.
E céus, isso é loucura!
— Anne, eu não posso e não quero ficar longe de você por mais tempo. Você não faz ideia de como me sinto vazio quando volto para casa todas as noites e você não está lá comigo — confessa com sofreguidão, encostando a sua testa na minha e juro que não tenho forças para lutar contra isso.
A verdade, é que estou perdidamente apaixonada por esse homem, tão envolvida que qualquer loucura seria muito bem-vinda. Mas não podemos ser tão inconsequentes, certo? Como poderei me casar com o homem que se declara inimigo da minha família? Porque sim, Athos e Artêmis fazem parte da minha família agora.
— Desculpe, mas não podemos. — Me forço a dizer, afastando-me novamente. — Como serei feliz com você se... Vlad, você odeia as pessoas com quem convivo, as pessoas que eu amo. Eu... não posso...
— Eu faço o que você quiser. Qualquer coisa.
Meu coração dispara forte dentro do meu peito.
... O Vlad é perigoso, Anne! Você viu do que ele foi capaz de fazer.
... Acredite, ele não é assim, amiga.
... Kim, o Vlad passou por alguns momentos difíceis e isso é tudo. Precisa ver o quanto ele é atencioso e carinhoso comigo.
... Amiga, por favor abre os seus olhos!
... Que droga, Kim! Eu te apoiei com o Artêmis quando ele te machucava, se lembra? Fui eu quem te deu a maior força e no final o Artêmis mostrou que ele não era aquele monstro que pintava. Acredite em mim, o Vlad não é o que vocês pensam. Eu só preciso que você me apoie, Kim por favor! Estão todos contra mim.
... Ok, você quer o meu apoio?
... Eu quero muito isso.
... Marque um jantar na casa dos gêmeos, converse com o Vladmir e peça para ele ir se desculpar com os irmãos. Se ele aceitar essa condição acreditarei na sua mudança e vocês terão todo o meu apoio.
— Qualquer coisa? — inquiro ansiosa.
— Qualquer coisa. — Engulo em seco e olho bem dentro dos seus olhos.
— Até... ir para um jantar na casa dos gêmeos e pedir o perdão deles?
— Por que eu prediria perdão para eles?
— Porque eles não fizeram nada com você, Vlad — rebato irônica.
Vladmir sorri forçado.
— Roubar o meu nome não é o suficiente?
— Como eles roubariam o que já lhes pertencia?
— Aí é que está, não os pertence! — Ele rebate saindo irritado da água e cansada vou atrás dele.
— Que eu saiba eles foram registrados por seu pai também. Então eles têm o mesmo direito de carregar o sobrenome Mazza — rebato um tanto irritada. Contudo, ele não diz nada, apenas pega uma toalha e começa a se secar.
— É melhor irmos. — O seu tom seco me faz suspirar alto.
— É melhor mesmo! — retruco recolhendo as minhas coisas da areia e vamos em silêncio para o seu carro. Enquanto ele dirige perco as minhas esperanças. Talvez a Kim esteja certa. Vladmir está empenhado em machucar os seus irmãos e ele fará qualquer coisa para isso acontecer, inclusive sacrificar esse amor que ele diz sentir por mim. Entretanto, franzo a testa quando percebo que ele não está me lavando para casa.
— Para onde está me levando?
— Para o meu aparte hotel.
— Por quê?
— Porque precisamos conversar, Anne. — Ele diz rígido e sem me olhar. Portanto, não demora para ele entrar em uma garagem extremamente espaçosa e com o mesmo silêncio ele segura na minha mão e me leva para dentro de um elevador privativo. Mil perguntas preenchem a minha mente agora, porém, não sibilo nenhuma delas. — Vou preparar algo para comermos. Você pode ir tomar um banho enquanto isso.
— Tudo bem! — digo um tanto frustrada.
— Ótimo! — Vlad ralha ainda com secura, me levando para as escadas e depois para dentro de um corredor sofisticado. Ele abre a primeira porta e uma decoração masculina entra no meu campo de visão. — O banheiro fica ali. — Aponta-me uma direção. — E você pode vestir alguma roupa minha se quiser.
— Vlad? — O chamo quando ele me dá as costas para sair do quarto.
— Agora não, Anne. Tome o seu banho e quando estivermos almoçando poderemos conversar um pouco, tudo bem? — Apenas balanço a cabeça concordando com ele. Entretanto, antes de sair ele me beija rapidamente na boca. Suspiro baixinho me virando de frente para o cômodo e curiosa começo a passear por ele. Sorrio quando penso que ele tem um bom gosto. No entanto, assim que paro na lateral da sua cama seguro um porta-retratos que tem a imagem de um garoto no colo do seu pai. E embora a criança esteja sorrindo, no seu olhar tem um brilho bonito, mas sinto que só existe tristeza nele.
— Que coisa feia, Senhorita Summer, bisbilhotando a vida do seu namorado! — ralho comigo mesma e sorrio amplamente com essa última palavra.
... Eu quero me casar com você.
Que droga, Vlad você me leva ao extremo!
Resmungo mentalmente e me forço a ir para o banheiro, e enquanto me livro das minhas roupas olho ao meu redor com a minha curiosidade em evidência. Portanto, aproximo-me do balcão e seguro o frasco do seu perfume, aspirando o seu cheiro em seguida. Olho para a sua escova de dentes e me pergunto o que estou fazendo.
Anne, sua louca!
Retruco largando o vidro e vou direto para debaixo do chuveiro. Tomo um banho demorado para tentar desanuviar a minha mente e quem sabe retomar a nossa conversa sem brigas. Por fim, escolho uma camisa dentro do seu closet e sentindo-me um pouco audaciosa decido não pôr uma peça íntima. Juro que estremeci quando saí do quarto e por uma fração de segundos pensei em voltar para lá e colocar a maldita calcinha, mas fui impedida.
— Ah, você está aí? — Forço um sorriso amarelo para ele e olho rapidamente para a porta do quarto tentada a voltar para lá. Contudo, percebo que ele também está de banho tomando e usando apenas um short folgado. Confesso que essa sua visão é de roubar o fôlego.
— É que... a água estava tão boa! — Mordo o meu lábio inferior e esse pequeno gesto não passou despercebido aos seus olhos.
— Não o maltrate! — Ele pede com um sussurro, se aproximando para libertá-lo com o seu polegar e em seguida o beija calidamente.
Prendo a respiração.
— Eu fiz um ravioli ao molho de nozes, espero que goste. — Vlad sibila ao se afastar só um pouco e no ato, ele olha nos meus olhos.
— Eu vou adorar experimentar!
— Vamos.
E é isso?
Me pergunto quando ele simplesmente segura na minha mão e me leva para um amplo terraço onde temos uma vista incrível. Como sempre Vladimir puxa uma cadeira e eu me acomodo, porém, antes de ir para o seu lugar ele volta a me beijar.
— Vinho? — inquire erguendo uma garrafa.
— Por favor! — Enquanto ele serve a minha taça, noto que o seu humor melhorou e me pergunto se ele se convenceu de que essa sua pressa é uma grande loucura.
— Experimente. — Vlad pede com certa expectativa após servir uma porção da massa no meu prato e com um sorriso, levo um garfo a comida para levar uma pequena porção a minha boca. No ato, fecho os meus olhos para apreciar o seu sabor.
— Nossa, isso está... fabuloso! Uma delícia, Vlad! — Recebo um enorme sorriso seu.
— Que bom que gostou!
— Não tem como não gostar. É sério, isso está incrível! — No entanto, ele respira fundo.
— Eu falei sério quando disse que quero me casar com você, Anne. — Vladimir fala roubando um pouco da minha alegria.
— Vladmir...
— Marque o jantar. — Ele pede para a minha surpresa. — Eu pedirei o paredão que você tanto quer e viverei entre eles como deseja...
— Eu não quero que faça nada por mim, Vladmir. — O interrompo. — Se você tiver de fazer isso, terá que ser por você mesmo.
— Tecnicamente estou fazendo por mim, a final tem a ver com a minha felicidade, Senhorita Summer.
Respiro fundo.
— Você tem certeza disso?
— Entenda uma coisa, Anne Summer. Eu quero dormir com você e acordar com você todos os dias da minha vida. Eu quero poder ver o sorriso todas as manhãs e poder lhe beijar sempre que eu tiver vontade, e se para isso eu tiver que esquecer toda a minha raiva, e o meu instinto de vingança, eu farei. Se eu tiver que fazer um pacto com os meus irmãos, não pensarei duas vezes porque no final você sempre estará comigo.
Droga, não segurei um sorriso gigante e apaixonado!
— Eu te amo! — A frase escapa da minha boca pela primeira vez e em troca o meu namorado se levanta da sua cadeira e me segura nos seus braços.
— Repete o que acabou de falar! — Ele pede me beijando arduamente.
— Eu te amo, Vladmir Mazza! — Envolvo a sua nuca e torno a beijá-lo.