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4

Vlad

— Loving and fighting, accusing, denying. I can't imagine a world with you gone. The joy and the chaos. The demons we're made of. I'd be so lost if you left me alone.

Canto baixinho próximo do seu ouvido enquanto dançamos lentamente no meio do amplo salão. Eu consigo ouvir o som da sua respiração. Ela está pesada, acelerada e algumas vezes sinto o aperto sutil dos seus dedos nos meus ombros.

Isso, querida, se deixe levar.

Definitivamente penetrei no seu frágil coração. Então, por que sinto que estou sufocando? Por que parece que sou seu prisioneiro e não ela a minha presa?

— Por algum motivo desde que nos esbarramos naquele Café você me faz sentir, Anne Summer — declaro, me aproximando da sua boca para beijar-lhe. Anne sente a minha aproximação e fecha os seus olhos aguardando o meu ato. No entanto, estou enfeitiçado por sua beleza e isso faz o meu coração disparar violentamente dentro do meu peito.

Não!

O meu lado negro luta pela sua sobrevivência e imediatamente trinco o meu maxilar rigidamente.

Lembre-se de que ela é apenas um meio para a sua vingança, Vladmir. Ela não é um presente, não é a sua luz e nunca será a sua salvação.

E com esses pensamentos tomo a sua boca com paixão, embora calmo e preciso, apenas para causar o meu impacto dentro dela e finalmente encerrar essa noite.

— Eu vou te levar para casa! — falo parando tudo repentinamente e me afasto da garota como o diabo foge da cruz. Anne está completamente ofegante. O seu olhar está pesado e quase desfocado.

Rio por dentro. O meu objetivo finalmente foi alcançado. Penso orgulhoso de mim mesmo. Agora é só uma questão de tempo.

— É melhor não. — Ela diz relutante e devo dizer que estou surpreso. — Eu chamo um táxi. — Ela sibila pegando a sua bolsa para ajeitá-la no seu ombro. Contudo, antes que ela se afaste para longe de mim, seguro no seu braço fazendo-a olhar nos meus olhos.

— Eu disse que vou te levar para casa.

— Vlad...

— Tudo bem! Eu não vou entrar e posso te deixar próximo do portão. Melhor assim? — Ela respira fundo, parece ponderar as minhas palavras. — Anne, eu só quero ficar perto de você por mais alguns minutos. — A observo morder o lábio inferior e a minha vontade é de libertá-los dessa sua opressão com os meus dentes.

— Tudo bem! — Sorrio quando ela cede mais uma vez para mim. Portanto, seguro na sua mão e cruzo os nossos dedos, sentindo o impacto da sua pele na minha. É como se o seu calor queimasse a minha pele, mas sem arder. Um calor que parece percorrer todo o meu corpo e eu luto para não a largar no meio do caminho até a garagem. Dentro do carro nenhuma palavra é dita durante todo o trajeto. Anne parece absorta em seus pensamentos e isso me diz claramente que essa noite ficará fixa nos seus pensamentos. — Chegamos — aviso e ela parece despertar.

— Obrigada! Eu... realmente adorei essa noite! — Sorrio para ela.

— Espero que tenhamos outros encontros como esse. — Ela apenas respira fundo e quando pensa em sair do carro, a puxo para mais um beijo. Esse mais demorado e impulsivo. — Boa noite, Anne Summer! — sussurro quando me afasto um pouco e ela se vai sem olhar parar trás. Ligo o motor do carro quando o portão largo se fecha e telefono imediatamente para o Lucas.

— Como foi?

— Não podia ser mais perfeito. Ela já está na minha.

— Veja lá o que vai fazer, Vlad.

— Não se preocupe, eu não vou devorar a sua alma, apenas trincá-la um pouco.

— Ela esteve aqui e perguntou por você. — Reviro os olhos.

— O que disse para ela?

— Que você viajou a negócios.

— Ótimo, assim ganho mais tempo. — Encerro a ligação e vou direto para a cobertura que mantenho em um dos hotéis da família. Livro-me da gravata e abro os botões dos punhos da minha camisa, arregaçando-as logo em seguida. E enquanto caminho na direção do bar de canto abro os primeiros botões da camisa, puxando uma respiração profunda. Começo a servir uma dose de uísque quando vejo os seus olhos castanhos flutuarem na minha bebida. No ato, fecho os meus olhos para não os ver, porém, começo a sentir o calor dos seus lábios juntos dos meus. — Não vá por esse caminho, Vlad, ela não é uma garota pra você. — Entorno a bebida e decido ir trabalhar um pouco no escritório do apartamento.

... Vlad, querido o que você faz aqui?

... Estava com saudades, mamãe.

... Já está tarde, filho. Você devia estar na cama.

... Você me põe para dormir? Por favor, mamãe!

... Você sabe que eu não posso, Vladmir. Clara, leve-o o para cama e só saia de lá quando ele estiver dormindo!

Respiro fundo para afastar essas lembranças da minha cabeça. Qual a probabilidade de uma criança ser rejeitada pelos seus pais? Às vezes me pergunto se eu errei em algo, ou se fiz algo para magoá-los, mas como se eu era apenas uma criança? Eles nunca me quiseram por perto, estavam sempre procurando um jeito de me manter longe deles. Mas não o Vidal, esse sempre fez questão de me mostrar os seus preferidos.

... Acho que está indo rápido demais.

O som da sua voz preenche os meus pensamentos.

— Você não faz ideia do tamanho da minha pressa, Senhorita Summer.

***

Com os meus olhos fixados nos seus, deslizo dois dedos pelas mechas sedosas dos seus cabelos e as ajeito atrás da sua orelha, aproximando-me para tomar a sua boca macia e gostosa na minha. O seu resfolegar aquece a minha pele me fazendo ferver por dentro e logo a aperto nos meus braços colando os nossos corpos.

Estou fervendo por ela, ardendo na verdade.

O toque do meu celular me faz abrir os olhos e atordoado me sento no colchão, percebendo que estava sonhando com Anne Summer.

Que droga, Vlad você não pode se perder no meio desse caminho! Rosno mentalmente irritado comigo mesmo e saio da cama para atender a ligação.

— Pai?

— Onde você está, Vladmir? — O homem ruge forte feito um leão e mediatamente olho para as horas, me amaldiçoando no mesmo instante.

Que porra!

— Eu já estou a caminho. — Vou imediatamente para dentro do closet em busca de uma roupa.

— Você é mesmo um inconsequente! — Ele brada e eu encerro a ligação.

— Que merda, Vladimir está tentando ferrar com tudo? Você não pode se deixar levar, não pode haver sentimentos, ou porá tudo a perder.

Visto rapidamente uma roupa e saio apressado direto para a audiência. Com certeza acabei de manchar o meu currículo com o meu pai agora e de verdade? Eu nem sei por que me importo com isso ainda, a final, não importa quantas vezes eu acerte, Vidal Mazza sempre apontará o meu fracasso. Não demora e eu estaciono o veículo em frente a um prédio rústico. Outra vez eu apresso os meus passos e vou direto para a porta vinte e seis. Como era previsto a audiência já havia começado e me sento do lado do meu pai, recebendo o seu olhar repreensível. Após ouvir toda a lauda de acusação, é a minha vez de apresentar a minha tese de defesa. As palavras qualificadas para cada imagem, os gestos premeditados e os pensamentos firmados, um conjunto de poderes representado durante um debate afrontoso entre defesa e acusação.

E bingo!

— Obrigada, Senhor Vladmir! — Minha cliente fala comovida, abraçando-me firme. — O Senhor conseguiu provar a inocência do meu marido.

— Eu só fiz o meu trabalho, Senhora Vivaz.

— Você fez mais que isso, querido. Eu nunca serei grata o bastante. — Apenas sorrio meio sem graça e deixo dois tapinhas no seu ombro, afastando-me dela logo em seguida.

— Como viu, ganhamos mais uma causa — digo um tanto orgulhoso assim que me aproximo do meu pai, porém, ele me lança um olhar rígido.

— Por pouco você pôs tudo a perder! — Ele ruge me contrariando.

— Papai...

— Eu o espero no escritório, Vladimir. — Vidal simplesmente me dá as costas e eu bufo irritado, entrando no meu carro em seguida.

Dentro do meu escritório me sinto igual uma fera raivosa, ansiosa para me livrar das malditas grades de ferro e finalmente devorar alguma presa fácil. Como ele pode ser tão indiferente comigo? Como pode não reconhecer o meu valor? Como ele não consegue perceber que me machuca com esse seu descaso? Paro de andar de um lado para o outro e respiro profundamente, porém, estou em chamas e não consigo me acalmar.

— Senhor Vladmir?

— O que você quer, Sônia?! — rosno entre dentes para a minha assistente que abre um olhar assustado para mim.

— O seu pai... ele pediu que fosse até o seu escritório. — Apenas meneio a cabeça e tento me acalmar antes de sair da sala.

— Mandou me chamar? — pergunto após adentrar a sala da presidência do grupo Mazza, porém, o meu pai lança uma página de um jornal sobre a sua mesa. Curioso, seguro o papel e vejo o nome de Artêmis Mazza destacado lá.

— Você precisa aprender mais com ele. — Apenas engulo as suas palavras como se engolisse um punhado de minúsculas pedras. — É jovem e bem-sucedido, e não vive na minha sombra. — Fecho as minhas mãos em punho amassando o jornal.

— Era só isso?

— Não se atrase outra vez, Vladmir. São atrasos como o de hoje que derrubam a mais alta muralha.

— Isso não vai se repetir, meu pai. Se era só isso eu...

— A sua mãe ligou. – Ele fala assim que lhe dou as costas. — Disse que estava indo para a Itália.

— Ela perguntou por mim? — inquiro sem me virar para olhá-lo.

— Você sabe como ela é. — Meneio a cabeça em concordância, fechando os meus olhos e sinto a raiva corroer as minhas entranhas.

— É, eu sei exatamente como ela é — ralho e saio da sala. Vou direto para o meu escritório e engulo cada palavra dita em uma breve conversa de pai e filho, mas a minha vontade é de quebrar tudo que vejo na minha frente. No entanto, sorrio e pego o meu celular.

— Alô? — Escuto o som da sua voz do outro lado da linha e esse som faz a tempestade dentro de mim transformar-se em um feroz furacão.

— Ah, que decepção! — cantarolo com um tom levemente decepcionado. — Você não salvou o meu número?

— Vladmir o que está fazendo? — Anne reclama, mas o seu tom é doce.

— Senti saudade de ouvir a sua voz — sussurro e ela suspira.

Ah, esse suspiro, ele alimenta a minha alma castigada.

— Está quase no horário do almoço e eu gostaria de te levar para um lugar especial.

— Não combinamos que seria apenas um jantar?

— Combinamos e é por isso que estou te chamando para almoçar — brinco.

— Vladmir! — Anne me repreende.

— Me desculpe, eu só... não consigo ficar longe de você. — Ela fica em silêncio e isso me faz pensar que a deixei sem palavras. O meu peito infla com esse pensamento. — Essa noite eu sonhei com você — declaro e nem sei o porquê. A final, ela não precisa saber do que acontece aqui dentro de mim. — Anne, você está aí?

— Eu estou. — Outra vez ela respira fundo. — Me pegue em meia hora. — Sorrio amplamente.

— Ótimo! Prometo que você não vai se arrepender.

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