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Vlad
... Saia daqui!
... É claro. Só mais uma coisa, Artêmis, vocês tocaram na minha família, agora é a minha vez de atingir as pessoas que vocês mais amam nesse mundo.
Uma promessa. Foi isso que restou da nossa última conversa. Sim, eu só precisava descobrir quem seria a menina dos seus olhos e investir o máximo de mim nela. Com certeza não seria a Kimberly já que eles não estão mais juntos, mas eu sei que não vai demorar até que outra mulher penetre no seu coração.
— Oh, droga! — Uma voz feminina resmunga após bater forte contra o meu corpo assim que ponho os meus pés para fora do Café. Contudo, antes que ela vá ao chão a seguro firme pela cintura e a atraio para perto de mim. Imediatamente o seu perfume me invade e eu me pego fechando os meus olhos para apreciar o aroma adocicado que vem dos seus cabelos. — Mas o que você está fazendo?! — A garota resmunga se afastando bruscamente de mim. Entretanto, não consigo evitar de responder-lhe com brutalidade.
— Por que não olha por onde anda, sua idiota?
— Ora, seu grosso! Seu ogro, mal-educado! — Ela empina o nariz na minha direção e enquanto me xinga usa a sua bolsa para me bater.
A sua petulância faz algo estralar dentro de mim. Entretanto, lanço lhe um olhar rígido e vou outra vez para perto dela, mas ela volta a me empurrar e entra pisando duro no Café. De onde estou a observo andar apressada dentro do salão cheio de mesas, porém, poucas pessoas aa estão ocupando. No entanto, franzo a testa intrigado quando ela se senta de frente para o cadeirante e ele sorri satisfeito para ela.
Deus, a maneira como eles se olham, como sorriem um para o outro. Os seus cuidados que ela tem com ele. Engulo, tendo a certeza de que finalmente encontrei a pessoa que pagará pelos seus pecados.
Rio de lado e penso em sair dali, porém, encontro algo no chão e curioso me agacho para segurar o lenço de um tom azul claro. No ato, levo o tecido para o meu nariz e descubro que o seu cheiro está nesse pequeno objeto. Respiro fundo o guardando dentro do meu bolso e ao erguer o meu corpo os vejo se abraçando. Esse gesto me faz fechar as mãos em punho.
Em breve a sua queridinha terá noites nebulosas, Artêmis Mazza, eu prometo! Ralho mentalmente e irritado vou direto para o meu carro.
— Senhor Vladmir, os papéis que me pediu já estão em cima da sua mesa. — Minha assistente avisa assim que ponho os meus pés dentro do grupo Mazza. Contudo, não lhe respondo apenas me dirijo para dentro da minha sala.
— O Lucas já chegou? — inquiro sem olhar para trás porque eu sei que ela está em pé bem atrás de mim.
— Sim, Senhor.
— Ótimo! Peça-o para vir até a minha sala.
— Claro, Senhor!
Imediatamente vou para a atrás da minha mesa e fito os documentos que aguardam pela minha análise, porém, levo uma mão para o meu bolso e resgato o lenço de dentro dele. O analiso lentamente encontrando as iniciais A.S em um canto do tecido.
Quem será você? Me pergunto lembrando dos olhos irritadiços me encarando e me pego sorrindo.
— Mandou me chamar, Vlad? — Lucas pergunta invadindo a minha sala e rapidamente guardo o objeto dentro do bolso outra vez.
— Mandei. Sente-se!
Lucas Brasão é quase um irmão para mim. Sim, nos conhecemos desde criança, portanto, ele mais do que ninguém conhece a minha história e sabe dos meus motivos. Ele também é a pessoa para quem conto quase tudo... digamos que ele é a pessoa que tem as chaves que abre algumas passagens para mim. Foi através dele que encontrei os gêmeos, a Law e Order e ainda pude penetrar as suas dependências sem ser visto.
— Eu preciso de um favor.
— Qualquer coisa, Vlad.
— Tem uma garota. O nome dela é Anne e ela trabalha no mesmo prédio da Law e Order.
— Anne de que? — Arqueio as sobrancelhas.
— Eu não faço ideia, mas você vai descobrir isso para mim.
— Por quê?
— Basta saber que ela é uma peça importante para a minha vingança, Lucas. — O meu amigo revira os olhos.
— Isso de novo, Vlad? Pensei que já havia alcançado o seu objetivo.
— Digamos que estou chegando no final dos meus planos, mas relaxe, não é o que você está pensando.
— Eu realmente espero que não. Não quero ter problemas com você sabe quem por causa dessas suas aventuras.
— Deixe-a comigo, Lucas. Eu sei como controlá-la muito bem. Me dê notícias o mais rápido possível.
— Farei o meu melhor, meu amigo. — O observo se levantar da cadeira e se dirigir para a saída.
— Lucas? — Ele se vira para me olhar. — O meu pai também não precisa saber sobre esse meu pedido... especial.
— Você está me deixando curioso, Mazza. — Apenas sorrio para o seu resmungo e começo a trabalhar.
***
Dias depois...
— Está ocupado? — Lucas pergunta enfiando a sua cabeça na brecha que acabara de abrir na porta. Faço um gesto para ele entrar e aviso para a minha assistente que não quero ser interrompido.
— O que trouxe para mim? — O rapaz arrasta um envelope um tanto pesado na minha direção e eu pergunto se ele pesquisou até sobre as gerações da moça. No entanto, o abro e de cara encontro algumas imagens da garota.
Respiro fundo e encaro o meu amigo que está atento do outro lado da minha mesa.
— Pode me deixar sozinho?
— Tudo bem, se precisar de mim é só me chamar. — O observo sair da sala e só após ele fechar a porta começo a mexer no arquivo.
— Anne Sammer. Esse é o seu nome. — Sorrio. — Ele combina com você — sibilo olhando para cada fotografia. Em algumas ela está sorrindo e em outras parece absorta em seus próprios pensamentos.
Olhos claros quase da cor do mel, cabelos longos e ondulados da mesma cor dos seus olhos, e a sua pele é clara. Me pego suspirando e os meus olhos curiosos vão para os papéis no mesmo instante.
— Então o seu pai era um militar? Interessante! Ela gosta de dançar, gosta de flores e parece que ama sorrir. Uma pena, Anne Summer porque logo irei arrancar esse seu lindo sorriso do seu rosto. — Penso alto demais. — Atualmente ela vive com a mãe Victória Summer e ambas estão morando na casa dos gêmeos. Desde que perdeu o seu pai a garota não fez grandes amizades a não ser com a Olívia e a Kimberly Martin.
Por quê?
O resto da leitura me revelou detalhes de uma moça divertida, sonhadora e até o seu gosto preferido. Como sempre, Lucas nunca falha. Penso olhando para o seu trabalho com satisfação. Entretanto, algo me chama a atenção. Anne Summer tem um namorado.
Droga, isso não estava nos meus planos! Resmungo e pego o telefone em cima da minha mesa.
— Fala, Vlad!
— Preciso de um favor!
***
No mesmo dia...
Olho para o relógio no meu pulso pela terceira vez.
Ela está atrasada.
Penso contrariado e quando estou prestes a desistir, e deixar para a próxima vez finalmente a vejo sair do prédio. Como dizia no arquivo, Anne Summer costuma almoçar sempre no mesmo lugar. Augustin Samoa, o melhor restaurante de frutos do mar e é também o mais próximo do seu trabalho. A espero se acomodar em uma cadeira e após ela fazer o seu pedido, resolvo me aproximar.
— Oi! — falo assim que me aproximo. A garota ergue um par de olhos curiosos na minha direção e devo dizer que imediatamente me sinto preso as suas retinas claras como um favo de mel.
O que pensa que está fazendo comigo, Senhorita Summer? Não é você quem dita as regras do meu jogo! Rosno mentalmente e desperto quando um som suave sai da sua boca.
— Ah, oi! — Engulo em seco e procuro manter o controle dessa situação no meu punho fechado.
— Eu posso me sentar? — pergunto puxando uma cadeira, mas ela faz um gesto de mão que me faz parar.
— Me desculpe, mas estou esperando alguém.
É claro, o namorado, mas advinha? Ele não vem. Penso me sentindo um pouco maquiavélico.
— É alguém especial?
— É um amigo. Na verdade, estamos nos conhecendo um pouco. — Ela informa, porém, arqueio as sobrancelhas e puxo a cadeira mesmo assim, me sento e encaro a imensidão de um castanho claro que me fita aturdida. — Vladmir, não é? — Aceno um sim sutil, porém, com um gesto desdenhoso.
— Antes que me mande ir embora eu preciso te devolver algo. — A garota força um sorriso e eu devo dizer que mesmo forçado, é um lindo sorriso.
— Não consigo imaginar o que você tem que me pertença. — Sem tirar os meus olhos dos seus, tiro o seu lenço do meu bolso e o ergo na sua frente. A compreensão lhe cai no mesmo instante. — Mas, é o lenço do meu pai! — A comoção em suas palavras me faz engolir em seco outra vez.
Summer parece ser uma pessoa sensível e isso a torna uma presa ainda mais fácil para mim.
— Onde o encontrou?
— Você deixou cair quando esbarrou em mim na frente daquele Café.
— Ah, no dia que você foi um babaca comigo. — Sorrio para essa sua arrogância.
— Me desculpe por aquilo, eu estava chateado e acabei descontando em você. — Ela olha para o relógio no seu pulso e depois para a porta da frente.
Esqueça, Summer ele não virá! Ralho internamente.
— Parece que a sua companhia não vem — comento como quem não quer nada. — Está no horário do almoço, se quiser posso te fazer companhia. — Seu olhar corre imediatamente para mim e por algum motivo me sinto preso as suas retinas avaliadoras.
— É melhor eu ir... — Ela fala ficando de pé, mas seguro no seu braço.
— Relaxa, Summer é só um almoço. — A garota me olha em silêncio por um tempo e mesmo contra a sua vontade ela faz o que eu peço.
E é agora que começa o meu jogo.
O pedido certo, as palavras certas e algumas risadas a deixam mais relaxada. Devo dizer que é lindo vê-la sorrir espontaneamente e penso que será um tanto chato ter que tirar isso dela em breve.
— Espero que tenha gostado — comento quando saímos do restaurante.
— Foi divertido. — Ela confessa e é inevitável eu sorrir outra vez.
— Que bom!
— Mas isso não pode se repetir, Senhor Mazza. — Fico sério e fito o horizonte.
— Se você está dizendo.
— É melhor assim, Vladimir. — Meneio a cabeça em concordância.
— Ok, mas é melhor para quem? — Ela pensa em se afastar. Contudo, os meus braços a cercam e ela é forçada a se encostar em uma parede. O meu rosto chega bem perto do seu e eu a olho dentro dos olhos. Percebo quando Summer prende a respiração e o meu coração acelera violentamente com isso. — Tenha uma ótima tarde, Summer! — sussurro perto demais da sua boca, vendo os seus lábios tremularem com essa ínfima aproximação. Daqui é possível sentir o quanto ela está apreensiva e eu tenho vontade de rir.
Eu preciso saber mais sobre você, preciso encontrar o seu ponto fraco e penetrar essas suas barreiras estremecidas. Entretanto, me afasto para lhe dar passagem e Summer sai de perto de mim com uma apressa calculável. Rio desdenhoso e destravo o meu carro que está estacionado próxima da calçada, a poucos metros do restaurante.