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Novo Dia

Ao acordar pela manhã, a jovem estava sozinha e levantando-se, foi ao banheiro. Olhou tudo com curiosidade, foi até a pia e depois de várias tentativas, conseguiu abrir a torneira. Lavou as mãos e usou-as para beber a água, estava sôfrega de sede.

Olhou sua imagem no espelho e se assustou. Passou a mão pelo rosto, pelos cabelos, abriu a boca e olhou língua e dentes. 

— Então, essa sou eu! — Se reconheceu, mas não gostou do que viu.

Sentia-se suja e magra, apesar do Alfa a ter banhado quando chegou. Bem diferente das pessoas que via todo dia naquela clínica dos horrores. Olhou em volta e reconheceu o chuveiro, mas tinha uma parede de vidro no caminho. Então identificou aquela imensa bacia com torneiras na lateral

Abriram do mesmo jeito da torneira da pia e a água jorrou. Procurou algo que se assemelhasse ao sabão que usava na clínica, mas não achou. Só tinham frascos. A curiosidade a ajudou, pois pegou um dos potes e despejou o líquido com cuidado na mão.

Parecia grudento, mas cheirava bem. Entrou na banheira e passou aquele liquido cheiroso, em todo seu corpo e cabeça. Esfregou bem e a espuma se fez, em abundância e foi crescendo conforme a água enchia a banheira e ela se desesperou, mas não lembrou de fechar a torneira e a água transbordou, levando a espuma junto.

Ela ficou aliviada, pois pode se livrar da gosma em seu corpo e cabelos. Ficou limpa finalmente e só então lembrou de fechar a torneira, mas já era tarde, inundara banheiro e quarto, molhando o carpete recém colocado pelo Alfa.

— Mas…o que aconteceu aqui? 

Gael entrou pela porta do banheiro furioso e se deparou com sia companheira dentro da banheira cheia d'água ainda com um pouco de espuma.

Ela olhou para ele assustada e continuou muda. Ele foi até ela, chafurdando os pés na água e pegou o frasco de shampoo quase vazio, que ela usara. O banheiro estava alagado, ainda escoando água para o quarto e molhando tudo no caminho. 

Ele fez um gesto de negação com a cabeça e saiu. Foi até a cozinha e falou com sua governanta, pedindo que ela cuidasse da fêmea que estava em seu banheiro. Não explicou que era sua companheira e que ele mesmo tinha trazido ela na noite anterior.

Saiu de casa, com passos duros, entrou no carro e foi para a cidade trabalhar. Tinha muitas coisas para resolver, incluindo o sumiço do filho doido daquela loba histérica. Também teria que pôr alguém para seguir o maldito CEO, que era suspeito das atrocidades genéticas que surgiram nos últimos tempos.

Assim que saiu deixou a Alcateia, também deixou de lado o assunto Luna e procurou mantê-la bem escondida em um canto de sua mente.

Enquanto isso, a governanta de nome Délia, foi até o quarto do Alfa e ficou horrorizada com o estado do quarto e vendo a fêmea, que já tinha saído do banho, pegou-a pelo braço e a arrastou escada abaixo, atirando-a pela porta da frente, fazendo-a cair pelas escadas.

Algumas pessoas que passavam, viram a cena e pararam para assistir a intrépida Délia, expulsando a intrusa.

— Vá embora, sua mendiga invasora, aqui não é albergue, é a casa do Alfa. Vá e nunca mais volte! — Gritou a governanta, batendo uma mão na outra.

A jovem olhou espantada para a mulher e começou a se levantar, ouvindo a risada das pessoas, não pensou, apenas deixou sua loba sair, espantando a todos por ser uma Alfa, embora muito magra, mas uma Alfa,  que saiu correndo para a floresta, sumindo de vista.

Nádia, escondida atrás da parede da casa, sorria feliz com o acontecido. Sabia que Délia sofreria a fúria do Alfa, mas até lá, aquela forasteira estaria longe e ela conseguiria a atenção do seu Alfa novamente.

Ela viu quando Gael saiu pisando duro, furioso. Alguma coisa ruim, aquela garota devia ter aprontado, então devia ser merecido o castigo de Délia. Ainda bem que Timóteo não estava ali, ou teria interferido, protegendo a garota, pois sempre gostou de proteger os desvalidos.

No meio da floresta, a loba se sentiu em casa e fez a farra, embora fosse dia e a maioria dos animais estivesse entocada, ela conseguiu caçar e satisfazer sua fome descomunal. Bebeu água no rio e tomou banho na cachoeira. Descansou um pouco e depois se pois a correr, até deixar de sentir o cheiro do Alfa, então já era noite.

O Alfa finalmente terminou seu dia de trabalho. Achou o filho da mulher, morto de overdose e nú. Com certeza, sua fêmea o encontrou e roubou suas roupas para se vestir. Quanto ao CEO, resolveu pôr um de seus batedores atrás dele, era mais seguro não envolver humanos no caso.

Se despediu e foi para casa, querendo saber como foi o dia de sua companheira. Logo que desceu do carro, Nádia veio correndo e se jogou nos braços dele, o que ele detestou e a empurrou, jogando-a longe. Nem olhou para ver se estava bem, se virou e andou rápido para sua casa.

Mas Nádia não desistiu, correu atrás dele e perguntou:

— Você rejeitou aquela mau cheirosa, porquê me trata assim, então? —  A pergunta dela, fê-lo parar.

— Eu não a rejeitei, de onde você tirou isso? — Ele se virou devagar para ela, perguntando.

Nádia não seria burra de contar o que viu e não fez nada, pois se foi Délia quem fez por conta própria, sobraria para si também, a fúria do Alfa. Então deu uma desculpa qualquer e se retirou rapidinho.

Gael ficou cismado com aquela atitude e correu para dentro, procurando sua companheira. Ainda não sentia tesão por ela, mas não rejeitaria o que o criador lhe deu. Subiu correndo as escadas e viu que o quarto tinha sido limpo, mas ela não estava ali.

Desceu correndo e foi até a cozinha para falar com Délia. Quando entrou, feito um furacão, os que estavam ali, se espantaram com sua fúria, principalmente Timóteo, que acabara de chegar e não sabia do ocorrido.

— Onde está ela, Délia? — Perguntou Gael, ignorando os que estavam a sua volta.

— Pode ficar tranquilo, Alfa. Aquela lá não volta nunca mais. — Informou Délia, com um sorriso largo no rosto.

Timóteo entendeu logo o que aconteceu e se alarmou. Se colocou entre o Alfa e Délia e disse:

— Vamos procurá-la, sem perda de tempo. Depois você resolve isso com Délia. 

Gael ouviu o amigo e concordou. Pediu a Timóteo que reunissem os seus melhores caçadores e virando-se para Délia, ameaçou:

— Se acontecer algo com minha Luna, você já sabe… 

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