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Teimosia

Nádia, saiu correndo da casa e assim que passou pela porta, deixou sua loba sair e correr para a floresta, fugindo da mágoa por ter sido tão destratada. Era culpa dela mesma, sempre se fez de forte para ficar com ele, mas sempre soube que se ele encontrasse a companheira, isso aconteceria.

Parou na beira do rio e bebeu água, voltou a forma humana, toda ensanguentada e se lavou, sentindo menos ardência,  pois já estava se curando. Se espantou com um barulho e procurou por entre a vegetação, até que avistou os olhos amarelos do Beta Timóteo.

— Saia daqui  me deixe só. — Mandou ela.

Ele era um lobo grande e forte  quase como o Alfa, sua cor era mesclada, preta e marrom e quando voltou a forma humana, revelou o mulato alto e forte que era. Seus olhos cor de âmbar, destacavam-se na tez escura e seus cabelos eram uma profusão de estreitos cachos compridos e perfeitos. Um perfeito espécime de sua raça.

— Aceita, vai. Ele encontrou a companheira, até quando você vai rejeitar nossa ligação? — Falou mansamente, o Beta da Alcateia.

— Me deixe, Timóteo. Ele me feriu e preciso me curar.  — Ela pediu, mas provocou o ciúmes do macho.

— Ele feriu você? Como ousou? — Já estava se virando para tirar satisfação com o Alfa, quando ela completou:

— A culpa foi minha, eu o provoquei.

Apesar de não aceitar o laço entre eles, não queria que ele enfrentasse o Alfa, pois sairia ferido, com certeza.

— Não gosto de vê-lo fazer mal a você desse jeito. Isso tem que acabar, Nádia, decida-se ou terei que ir embora.

— Chantagem agora, Tim? — Reclammou ela, desdenhando.

— Não. Se eu ficar, matarei ou serei morto e você não vale a pena.

Timóteo tinha seu orgulho e não cederia mais aquela fêmea rebelde. Se virou e saiu, a deixando sozinha com seus pensamentos. Ela ficou olhando ele se transformar e sair, admirou a boa forma do homem e do animal, mas era tinhosa e não gostava de ceder.

Ficou ali mais um pouco, até sentir que estava bem. Só então foi para sua cabana, próxima a casa do Alfa e consequentemente, a casa do Beta Timóteo, que morava com o Alfa.

**

Timóteo terminou sua ronda e foi para casa, encontrando o Alfa inquieto, andando de um lado para o outro na sala.

— Se aquiete, homem. Você encontrou sua companheira, o que pode estar errado? — Perguntou Timóteo, após vestir uma calça que sempre ficava ali para essa situação.

— Ela é quebrada, meu amigo. Tudo indica que ficou presa por muito tempo, foi agredida, abusada e torturada. Está desnutrida e nem sei se sabe falar. — Falou o Alfa, irritado.

— Já entendi tudo, você vai querer ir atrás de quem fez isso. — Deduziu o Beta.

— Com certeza. Se for quem eu estou pensando, existem mais, aprisionados.

— Teremos que investigar mais e segui-lo, provavelmente ele visita o local de vez em quando, assim encontramos. — Sugeriu Timóteo.

— Sim. Ela tem marcas de mordidas pelo corpo todo. O sádico mordia para marcar, como os lobos, mas é humano. Deve ter inveja da gente, o imbecil. — Rosnou.

— É melhor irmos descansar, daqui a pouco amanhece e teremos muito a fazer. — Disse o Beta.

— Você está certo, boa noite.

Gael subiu as escadas e chegando a porta de seu quarto, teve dúvidas, mas foi em frente e abriu a porta, entrando no quarto. Foi até a cama e deitou-se ao lado da fêmea, puxou o lençol sobre eles e abraçou o corpo adormecido da fêmea, prendendo suas costas ao próprio peito e rodeando-a com os braços. Cheirou bem o seu pescoço e dormiu, sentindo uma paz, como a muito não sentia.

Um pouco antes do amanhecer, Gael sentiu a fêmea tentar sair de seus braços. Já acordado, abriu os olhos e viu que ela estava incomodada por estar presa em seus braços. Abriu-os, soltando-a.

— Pronto, está solta. Você está bem? 

Ela foi se afastando de costas até cair da cama e sem emitir nenhum som, engatinhou rápido até o canto da parede onde fica a janela e se escondeu atrás da cortina. Ele achou tudo muito estranho, mas apenas perguntou:

— Você está com fome, precisa de algo? Essa porta próxima a você, é o banheiro, pode usar se quiser. — Calou-se, esperando para ver qual seria a reação dela.

Ela foi se arrastando pela parede, até a porta do banheiro e a abrindo, entrou e fechou-a novamente. Ele sentiu-se aliviado, pois percebeu que ela o entendia. Esperou mais uma vez, ela sair do banheiro e não demorou. Agora estava de pé.

— Pode vir dormir aqui, não vou lhe fazer mal, sou seu companheiro, não sentiu meu cheiro, ou não lhe agradou? — Esperou, mas ela não respondeu.

— Você não fala? — Perguntou, dessa vez, irritado.

Ela se aproximou um pouco mais e lhe mostrou a língua. Ele ficou horrorizado com o que fizeram com ela. Haviam vários piercings em sua lingua, todos pontiagudos, se ela falasse, arranharia toda a boca. Ele se aproximou da borda da cama e a chamou.

— Você gostaria que eu tirasse? — Ele perguntou e ela acenou que sim com a cabeça.

— Deixe-me ver como são e se vou precisar de alguma ferramenta especial. — Ele levantou as duas mãos, mostrando a ela que não faria nada de mais.

Ela confiou e se aproximou, mostrando a língua novamente. Ele olhou e pediu que ela levantasse a língua, para que ele pudesse ver por baixo. Ela fez e ele viu que eram de pressão, só teria que puxar.

— Dá para tirar, mas será incomodo, mas nada que você não suporte. Vou pegar um spray para aliviar, tá bom?

Ele se levantou e foi até o banheiro, voltando com a caixa de primeiros socorros. Pegou o spray de lidocaína e borrifou na língua que ela estendeu novamente. Ele colocou as luvas e mostrou as mãos para ela, que assentiu. Só então ele tocou nela, ou em seus piercings.

Pegou o primeiro, com uma mão em cima e outra embaixo e puxou as pontas e o primeiro saiu. Assim foi fazendo com todos os outros e no final, ela estava tão exausta, que desmaiou nos braços do Alfa. Ele a deitou na cama novamente e a abraçou, dormindo juntinho dela fe novo.

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