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Capítulo 03.

E aquela foi uma das piores decisões da minha vida, iniciar uma guerra com os meus pais porque no final de contas já se sabe que sempre vence e quem se banca de vencedor enquanto no final de contas só foi um idiota.

Além de não participar de todas as aulas, comecei a andar com os piores alunos da escola ou melhor ou deliquentes como muitos preferem chamar. Mas a questão é que eu via neles, aquilo que eu não via em muitos dos meus colegas e irmãos.

Eu gostava de andar com eles, porque eles pensavam grande, como muitos dizem. Ele tinham uma visão de tudo fora dos padrões, fora dos dogmas. E eu gostava daquilo, daquela sensação de não ser o único louco com orgia de pensamentos antiéticos, segundo a sociedade atual. E era isso que nos completava.

Eu confesso que eles não eram o melhor exemplo para se seguir. Mas na real, quem é? Só que o caso deles extrapolava os limites.  Eram jovens sem esperança de vida, com pensamentos suicidas e por vezes homicidas. Bebedeira, fumo, brigas e por vezes sexo sem compromisso, era o cardápio de seu conte-diano.

E não existe nenhum tipo de orgulho que um pai pode ter, por ver seu filho andando numa linha fina e frágil.

Mas eu precisava errar e me ferrar feio para ganhar maturidade, mais com a imaturidade vem as péssimas decisões, comecei e ingerir álcool me lembro que o primeiro maço de cigarro que os meus lábios tocaram foi palmar azul. E esse foi o meu pior ato.

O que era um hábito, tornou-se um vício. E esse é o problema com o vício, ele nos afasta de todos, até de nós mesmos.

O limite entre um hábito e o vício está nas consequências que eles causam na nossa vida . O vício nos afasta de nossa verdadeira essência e faz com que foque-mos  mais na obtenção do prazer através da dependência do que na vida que antes levava-mos, nem que isso signifique se afastar de nossos amigos e familiares, mentir, se prejudicar no trabalho e mudar completamente o curso de nossas ações, objetivos e sonhos. 

E eu já estava a porta dos vícios. Graças aos seus eu não roubava. Desviava o dinheiro dos testes para me drogar. Mas para o meu pai, não. Para meu pai, eu estava engrenando no mesmo mundo dos garotos que andavam comigo.

Pois, meu pai sabia muito bem que os viciados não trabalham. Arranjam dinheiro em furtos, batendo carteiras e pegando “otários” no conto do vigário, e outros “contos”. Eles entram em apartamentos fechados, roubam os móveis e vendem.

Roubam bolsas de senhoras. Roubam roupas dos varais, leite das portas, de madrugada; enfim, qualquer coisa disponível para obter dinheiro suficiente para alimentar o vício.

(...)

Mas que merda de dor de cabeça. Não devia ter bebido daquele jeito.

Vejo o relógio que marca meio dia.

Dormi para caramba, me levantei foi tomar um banho, preparei qualquer coisa para comer já que meu estômago estava roncando, depois saí para varanda precisava de um pouco de ar fresco e talvez mais tarde fazer uma faxina, peguei o regador e uma tesoura para cuidar do meu mini jardim isso me ajudava a relaxar e a desfrutar da tarde de maneira calma, depois de uma hora no jardim entrei na casa abri todas as janelas e mãos a obra.

Domingo chegou com tudo precisa corrigir aqueles testes, para entregar as turmas, nada de distração ou álcool preciso fazer meu trabalho, enquanto corrigia as provas do terceiro ano um nome pela terceira vez me chamou atenção.

Qual era o problema desse garoto? Suas notas eram péssimas e isso erra a terceira vez, até o primeiro teste que foi moleza toda turma tirou positiva e ele não. O que se passa naquela cabeça? John Walker nem? Vou me lembrar desse nome.

Só terminei de corrigir todas as provas pelas 9h PM, aproveitei para sair de noite adoro sair por essa hora, principalmente nesse verão, a brisa da noite e o luar me fazem relaxar.

Eu não me sinto sozinho, nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar.

Essa liberdade que sinto por viver assim me deixa em paz, gosto de minha vida assim e espero sinceramente que nada estrague essa calmaria e mude o ritmo da minha vida de jazz para rock, isso sim eu não quero.

Mesmo que a vida seja feita de altos e baixos, e que devemos viver o presente atentos para o futuro e que um pouco de tragédias ou ruínas nós fortalecem. Eu detesto ser arrancando da minha zona de conforto. Ser tirado do meu domínio. Gosto de ter controle sobre minha vida e acções. Mas quando tudo isso é tirado de mim, novamente me sinto uma criança.

" O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem."

Guimarães Rosa

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