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Capítulo 04.

"Cada um é alvo incessante das suas influências, sabes?

E entre as influências há as boas e más, negativas e positivas"

Como eu poderia saber que as minhas ações não pesariam só em mim mais também nas pessoas que mais se importam comigo nessa vida? Eu era só um idiota de 16 anos que precisava ser compreendido, não julgado; precisava de alguém que me escutasse, não que apontasse meu erros; precisava de um amigo, não de manipulador. Mas a vida em assim nem sempre temos o que precisamos na hora que mais necessitamos.

O recreio do período da tarde acabava de tocar, fui até a dona da cantina Clementina, uma senhora com a qual simpatizo.

Clementina: esposo o que irás querer hoje_diz com seu sorriso contagiante de sempre, apesar da comida não ser, cem por sento nutritiva acalma os dragões do nosso estômago.

Eu: o de sempre e_ me aproximo dela falando num tom que só ela ouvisse_a minha sobremesa

Clementina: você não deixa esse vício homem_diz rindo

Eu: você chama de vício eu chamo de amigo "leal"_sorriu com as minhas próprias palavras já que isso não é totalmente uma verdade_mais preciso pensar e aquilo vai ajudar.

Alguns vícios de pois de consumidos, morrem connosco e são impossíveis de largar. Ou melhor, o nosso inconsciente se nega aos deixar. E é isso que aconteceu comigo, mesmo depois de ter aprendido o significado da vida, o fumo é algo que não consigo largar.

Clementina: problemas?

Eu: antes fosse só isso_balanço a cabeça_tem um pirralho que está tirando meu sonho

Clementina: hum… sabe professor Whitney eu não entendo uma coisa_fez uma pausa buscando as palavras certas_ eu não entendo, porque você lida com cada aluno como se os conhecesse a longa data? É sério. São poucos os professores que ficam falando de seus alunos de forma a querer entende-lós, muito só falam para elogiar ou criticar mais você não você é o mais estranho dos professores, você quer entender como seus alunos pensam. Porquê age assim?

Eu: Porque um dia não durante um dia, mais sim durante um período da minha vida eu também já fui como eles, só faço o que faço para talvez evitar que eles cometam os mesmos erros que eu.

Clementina: hum hum…. Bem que minha filha disse que você não bate bem da cabeça_disse pondo a mão na massa

Eu: e falando nela como ela está?

Clementina: segundo ano de faculdade_o sino toca

Eu: força aí_ ela me entrega_uma coca para completar

Clementina: marido você come_diz entre risos_a sobre mesa está no plástico, creio que não terá como saborear dela já que tem de dar aulas

Eu: não se preocupe quanto a isso, tempo é o que não falta. Para tudo que é importante inventa-se tempo._ me despedi dela e foi ver o horário da minha próxima turma_hum último ano_ fui até lá e eles estavam agitados fazendo barulho_espero que esse entusiasmo seja por terem feito o dever de casa

Alunos: boa tarde senhor professor_dizem se organizando em uníssono

Eu: boa tarde_faço sinal para eles se sentarem e me sento em cima da carteira_ Beonce como foi seu dia?

Aluna: bem professor bem

Eu: essa sua cara diz que não tomaste café quando saíste

Aluna: problemas professor problemas_diz num tom calmo mas melancólico, Beonce é minha aluna desde o terceiro ano, a maioria dos que estão nessa sala são, o problema é o mesmo não consigo guardar os nomes de todos eles. Ela olha para janela depois para suas unhas, e quando seu olhar volta para me ela percebe que estou a encarando e acena com a cabeça aquilo quer dizer falamos mais tarde.

Aluno: professor é para ficarmos a te olhar a comer?

Eu: Justin Bieber eu não lanchei!! Eu também só como vocês sinto fome_digo entre risos_ okay vamos a correção do T. P. C _ enquanto eles se levantam para fazer as correções de forma oral, eu escrevo o tema no quadro e algumas frases.

Depois das aulas tive uma conversa com Beonce que se encontrava muito distraída na sala de aulas. Ela falou que está a tendo problemas em casa. Seus pais, um péssimo exemplo de casal havia descoberto o seu relacionamento de longa data com um jovem do mesmo bairro que ela.

Beonce falou que noite passada brigou muito com seus pais, tentando esconder seu namoro, só não sabe se foi totalmente convicente. Ela só espera que o miúdo não tenha problemas.

Este é o problema dos adultos, acham-se os donos da razão, os portadores da sabedoria suprema. Acham que por terem vivido alguns anos, conhecem da vida melhor que ninguém.

Para maior parte dos adultos, adolescentes não amam, simplismente se deixam levar pelos hormônios. Adolescentes não sentem, são rebeldes. Este é o grande problema dos adultos, não perguntar, não compreender, se julgar.

Adolescentes incríveis de tornam adultos cheios de desprezo, por falta de compreensão no seio familiar.

Beonce é uma miúda que todos os dias luta contra sua depressão, por vir numa família cheia de intrigas. Eu me recordo que no ano que comecei a dar-lhe aulas, ela já tinha tentado cometer Suicídio umas cinco vezes.

Graças ao bom Deus, suas tentativas de estancar sua vida, foram falhas.

Eu como professor já tentei ter uma conversa com seus pais, eles concluíram uma coisa mas no final fazem outra.

Pensar em suicídio, tentativas de suicídio, são gritos de socorro que um sujeito dá. Cometer o próprio suicídio, é aceitar a derrota. Quando o sujeito acredita que não pode mais lutar contra seus próprios pensamentos.

No final das aulas, pois me a caminhar para minha casa, como não levei o carro hoje. E como não consegui degustar da minha sobremesa na escola, acendi-a durante o trajeto e comecei a fumar. Enquanto uma linha de pensamentos desconexos me possuíam. E um sentimento de harmonia me invadia.

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