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Capítulo 4

CAPÍTULO 4

BRUNA AMARAL

LAS VEGAS - DIA SEGUINTE

MEU DEUS DO CÉU. EU ESTOU MAL... MUITO MAL MESMO.

Mal para caramba do tipo que poderia até mesmo desmaiar debaixo dos jatos de água fria que saem do chuveiro e caem sobre minha cabeça nesse instante, para tentar dissipar um pouco a ressaca desgraçada que está martelando meu cérebro como um prego no inferno.

Como se não bastasse o calor quase insuportável que essa cidade do outro lado do globo terrestre está fazendo hoje, minha boca também está da mesma forma, seca e pegajosa ao mesmo tempo em que minhas pálpebras tremem de leve, assim como os dedos das minhas mãos, talvez por causa do estresse e nervosismo que está me consumindo da ponta dos pés até o alto da cabeça, diante da realidade que acaba de se revelar a minha mente, ainda levemente entorpecida pelo álcool excessivo que eu havia ingerido na noite de ontem: EU ESTOU CASADA.

MAS QUE GRANDE MERDA EU FUI ARRANJAR NA MINHA VIDA?

Por que agi de forma irresponsável ao ponto de nem mesmo saber o grande e irreparável erro que estava cometendo? Por que raios eu tive que ser tão louca assim de uma hora para a outra? Por que? É o que eu me pergunto enfurecida enquanto esfrego a esponja com sabonete sobre meu corpo, cheia de raiva e descontentamento. Esse está sendo o pior dia da minha vida? Claro ou com certeza?

-Arg! Que ódio, Bruna Amaral! Por que você tem que agir primeiro antes de pensar, hein garota? Por que, sua maluca? E agora o que você vai fazer? O que? Por que de todas as pessoas no planeta terra você teve que se "amarrar" ao cara mais atrevido, engraçadinho e irritante que já conheceu? Você tem problemas psicológicos por acaso, sua louca? Aaaaah! Que bosta!

-Está tudo bem aí dentro cunhadinha?

Ouço o tom de zombaria na voz de Melissa fazendo a pergunta do lado de fora do banheiro, sendo acompanhada pela risada escandalosa de Gabriela Paixão que não faz a mínima questão de esconder o quanto está se divertindo as minhas custas diante da desgraça que acaba de explodir sobre minha cabeça. Como essas duas, minha irmã e minha amiga e temporariamente cunhada, podem achar graça disso tudo? Será que elas não percebem como a coisa aqui agora é séria, pelo amor de Deus?

-Vocês duas estão querendo me enlouquecer ainda mais, é isso? Esse é propósito de vocês antes que eu encontre aquele pilantra que fez essa... essa armação... essa pegadinha de muito mal gosto para cima de mim?

Eu rosno ao abrir a porta do banheiro com brusquidão, logo após terminar o banho mais raivoso que já tomei até a presente data, e dou de cara com as duas magricelas rolando de rir sobre a cama enquanto olham para o pedaço de papel odioso que está infernizando meu juízo e paciência desde que o encontramos essa manhã, e tudo havia virado de cabeça para baixo. Meu Deus, eu certamente sou a pessoa mais azarada do planeta, não é possível! É o que eu penso comigo mesma ao mesmo tempo em que passo o vestido florido pela cabeça e visto o restante das peças de roupas de baixo.

-Ah, fala sério irmãzinha. Nem é tão ruim quanto parece. Veja pelo lado bom...

-Lado bom, Gabi? Que lado bom pode haver nisso tudo, sua maluca?

Eu digo irritada ao jogar um travesseiro sobre sua cara, mas a cara de pau sequer se importa, além de continuar me provocando com a próxima piadinha irritante que me lança.

-Pelo menos a Melzinha será uma ótima cunhada pois já é sua amiga de há bastante tempo, e tem mais! Não seja hipócrita e diga a verdade...

-Que verdade, Gabi? Não sei de que besteira você está falando agora, sua doida.

-O David é o maior gatinho, vai... pode dizer, a gente não vai contar para ninguém, tá bem? Será o nosso segredinho de amigas, irmãs e cunhada.

Gabi atiça e Melissa falta pouco perder o ar de tanto que ri feito uma hiena descontrolada ao lado de minha irmã. Eu me abaixo para calçar os sapatos, e durante alguns segundos eu pondero se termino de calçá-los ou se os jogo na cabeça de cada uma dessa idiotas que estão adorando me ver surtar por causa de uma loucura de uma noite. São duas bestas mesmo, essas minhas amigas... da onça!

-Verdade, eu prometo também não revelar nada para o meu irmão, cunhadinha querida!

-Vão se ferrar vocês duas, suas traiçoeiras! Vocês deveriam estar do meu lado neste instante. Mas, como vejo eu estou sozinha nessa e terei que resolver por mim mesma essa merda se não quiser assassinar três pessoas em solo estrangeiro. Aquele babaca e duas idiotas que estão tirando onda com minha cara.

Eu resmungo contrariada batendo o pé nervosamente contra o piso, antes de lhes virar as costas e deixar o quarto em que estamos hospedadas batendo a porta com força. Meus passos são tão pesados e irritadiços pelos corredores do hotel que acho que seria possível escutá-los até do outro lado da cidade, tamanha a ira que estou colocando na ação, em busca do imbecil que nos colocou nesse problema. Não demoro mais do que alguns minutos para chegar ao quarto dos garotos e começar a esmurrar a porta até que o dito cujo a abra.

-O que...

-Guilherme e Mark estão aí dentro?

Essa é a primeira coisa que digo a David que está com a cara toda amassada de quem acabou de acordar, quando o mesmo abre a porta e me encara sem entender muito bem o que estou fazendo aqui nesse exato instante. Bom, não é como se essa fosse a minha primeira opção de passeio pela manhã, bonitão. Então vamos logo ao ponto do problema!

-Não. Acho que eles foram tomar o café da manhã lá no...

-Ótimo! É melhor que assim eu posso gritar com você como quiser.

-Gritar comigo? E por que você iria gritar com...

-Porque você é um tremendo de um idiota que acabou com a minha vida!

-Eu o que...

-Eu quero anular essa palhaçada, David! O mais rápido possível! Agora mesmo na verdade!

-Anular o que, sua maluca? Do que é que você está falando? Eu não entendo o que...

-A isso aqui é que estou me referindo, seu idiota!

Eu digo e bato contra seu peitoral, que neste momento está descoberto por ele estar sem camisa, a certidão de "óbito" que diz que estamos oficialmente casados, e que eu havia arrancado das mãos de Gabi antes de deixar o nosso quarto.

Olhos para cima, Bruna Amaral! Ignore a tentação de ficar cobiçando alguns músculos abdominais masculinos expostos. Você tem algo mais importante a tratar agora do que apenas hormônios desenfreados, sua louca! É um caso de vida ou morte, então concentre-se mulher!

-Hum....

-Hum? Isso é tudo o que você tem a dizer depois de ver o que está escrito aí, David? Qual é o seu problema, cara? Parece que ainda nem acordou direito, pelos céus!

-O que mais você quer que eu diga? Para mim parece ser um documento bem autêntico, por mais que eu não me lembre tê-lo assinado em algum momento da minha vida.

-Pois então, seu imbecil! E você não acha que tem nada demais nisso?

-Não.

-Não? Deus... por favor, não me deixe ser presa por assassinato!

Eu bufo exasperada, louca de vontade de esbofetear, até cair minha mão, a cara do tapado que parece não estar dando a devida importância para a crise séria que estamos enfrentando aqui. David por acaso ainda está sob efeito de álcool? Por que essa é a única explicação razoável para a apatia e descaso a qual ele está demonstrando diante de mim agora.

-E daí, Bruna? E se as coisas forem como estão escritas nessa certidão? O que você pretende fazer? Ainda é muito cedo e eu só quero voltar a dormir, está bem?

-Você... você só quer dormir? Está louco, David?

Eu não me contenho ao gritar a pergunta, totalmente indignada, e dou um soco em seu estômago. Minha vontade era acertar uma região mais abaixo do seu corpo e deixá-lo sem ar, porém, evito o risco pousar meus olhos por muito tempo sobre a calça moletom que está pendendo perigosamente abaixo da linha de seus quadris, e foco no que preciso fazer nesse instante, que é acabar acabar com a raça dele.

Foco, Bruna!

-Ai, sua louca... Para de ser exagerada, pelo amor de Deus! Estamos casados, é só isso. Pronto e acabou.

-E você não vê nenhum problema nisso?

-Não.

Babaca. Como eu odeio essa pode de arrogância e descuido! Uma pena uma pessoa tão bonita como ele ser tão idiota também.

-Eu quero anular isso agora mesmo!

-Isso é problema seu. Mas eu vou voltar a dormir agora, se você não se importa, é claro...

Ele rola os olhos azuis como o céu, de forma displicente, e eu simplesmente perco o restinho de paciência que tenho. Então parto para cima dele com tudo. Eu o ataco irada!

-Eu vou te matar, David Revoredo! Eu juro que vou!

-Não, você não vai. Você não pode matar o seu próprio marido, docinho.

Ele me agarra pelos braços e inverte nossas posições, conseguindo me conter, ao pressionar minhas costas contra a porta do quarto no lado de dentro, e segura meus pulsos no alto da superfície.

-Então é melhor ir se acostumando com isso, ok?

Ele sussurra com o timbre de voz grosso em meu ouvido e todo o meu corpo se arrepia no mesmo segundo. Filho da mãe! Miserável...

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