Capítulo 5
CAPÍTULO 5
DAVID REVOREDO
-Escute bem, docinho. Eu tenho um sábio conselho para você, quer escutar?
Eu digo lentamente, aproximando-me cada vez para mais perto dela, grudando meu corpo ao seu de modo que ela esteja cem por cento contra a porta do quarto, a qual eu acabo de fechar as costas dela, para que as pessoas que estão passando pelo corredor do hotel não fiquem bisbilhotando a conversa pessoal que estamos tendo nesse exato momento.
É verdade que eu também adoro estar na privacidade deu um lugar quieto e sossegado com a minha docinho, isso eu não posso negar, é claro. Contudo, há mais um motivo, um muito importante que me faz querer estar a sós com Bruna nesse instante: eu não quero que sua atenção seja roubada por nada além de mim, das palavras as quais eu irei lhe dizer e das coisas que pretendo fazer.
Eu quero sua atenção totalmente voltada somente para mim e mais ninguém. Dessa forma, eu não dou espaço ou brechas para que sua mente se distancie, e ela foque o seu olhar apenas nos meus olhos. Após o choque inicial devido ao seu aparecimento repentino esta manhã na porta do meu quarto gritando feito uma louca um monte de coisas sem sentido, e estando muito brava comigo sem que eu entendesse o porquê em um primeiro momento, agora, eu estou bastante acordado e ciente do que está do que acontecendo, mesmo que ainda pareça um surreal de acreditar. Entretanto, as coisas são como são. Se isso aconteceu é porque tinha que acontecer e eu não irei perder a cabeça tão facilmente por algo que no fim das contas pode não ser tão ruim assim, certo?
Essa pode ser uma experiência até agradável e divertida de se viver ao lado da senhorita conhecida como "vinte e quatro horas de puro estresse", e que agora é oficialmente meu docinho perante a lei, de acordo com o pedaço retangular de papel que está entre minha mão que a detém e o pulso feminino que tenta inutilmente se soltar do meu agarre, mas que não obtém nenhum sucesso, afinal de contas sou um homem bem mais alto e bem mais forte do que ela.
-Eu não quero escutar nenhuma bobagem que você provavelmente irá vomitar, seu mané. Então é melhor tirar suas patinhas de cima de mim e se afastar para bem longe, senão eu irei...
-Você vai o que, docinho?
Eu a questiono com certa diversão ao me inclinar um pouco mais em sua direção, para falar bem pertinho de seu ouvido e contenho uma risada ao vê-la se encolher um pouco para trás, como se quisesse recuar para um lugar que não existe, pois não há mais para onde ir ou escapar. Ah, doce Bruna! O que você está querendo negar? É normal querer se enganar e fingir que não está nenhum um pouco afetada com a minha presença e proximidade? Pois bem, então vamos ver até onde você consegue manter essa pose de indiferença se eu tentar levá-la ao limite.
-Eu... eu...
Bruna gagueja com nervosismo, enquanto seus grandes olhos castanhos se arregalam do tamanho de pratos e piscam como uma espécie de tique nervoso, ao me encarar praticamente com os nossos narizes colados um no outro.
- O que foi? Tem medo de não conseguir resistir, docinho? Hum...?
-Resistir a que, seu... seu idiota ?
-A mim por exemplo?
-A você? Não seja ridículo, David! Nunca ouvi tamanho absurdo em toda a minha vida.
Ela rechaça a possibilidade desviando o olhar para o lado oposto, contudo, eu não permito que sua atenção se perca. Então, desse modo eu me viro até ficar frente a frente com o seu rosto novamente, fazendo-a não ter outra opção a não ser me fitar diretamente nos olhos.
-Para mim você parece estar com bastante medo, docinho. Pois caso contrário, você não teria aparecido tão desesperada na porta do meu quarto a essa hora da manhã exigindo uma anulação imediata de algo que sequer se concretizou de fato, você também não acha isso?
Eu a provoco com uma nova alfinetada, e isso parece deixá-la ainda mais brava, e por essa razão, Bruna solta um rosnado furioso antes de erguer a perna e mirá-la em um local completamente proibido, na intenção de me nocautear de uma vez por todas. Todavia, como manjo de artes marciais e prevejo seu movimento antecipadamente, eu ajo rápido para me defender e escapar de seu golpe fatal.
Eu desvio de seu joelho cruel e giro nossos corpos algumas vezes no meio do quarto, para fugir dos próximos ataques, a certidão de casamento se perde no chão em certo momento no meio da movimentação na qual estamos envolvidos, e durante a confusão de braços e pernas embaralhadas em um luta sem um vencedor final, nós dois acabamos caindo sobre a cama numa queda abrupta e inesperada, que pega a nós dois de surpresa, pois sequer percebemos como e quando fomos parar ali de uma hora para a outra durante a discussão.
-Sai de cima de mim, seu... brutamontes!
Bruna guincha em som baixo e ofegante, como se tivesse corrido uma maratona até aqui, porém eu não deixo a oportunidade escapar entre meus dedos, e a contenho segurando seus pulsos contra a superfície macia do colchão abaixo dela.
-Por que?
-Por que eu estou mandando!
-E se eu não quiser?
Eu rebato com um pequeno sorriso maroto no canto dos lábios e solto um pouquinho do peso do meu tronco desnudo sobre o seu corpo, apenas para que minha pele a toque de qualquer forma que seja.
-Então eu...
-Você...
Eu sussurro gravemente contra a região de seu pescoço, e encosto meus lábios bem abaixo do lóbulo de sua orelha. Imediatamente os fios de seu corpo se arrepiam e eu rio brevemente, fazendo com que uma lufada de ar quente atinja aquela área. Ouço um suspiro quase inaudível escapar por entre seus lábios e então tomo esse sinal como uma resposta positiva para prosseguir adiante. Avance, David! Essa é a hora de conquistar a docinho de uma vez por todas.
-Você vai pedir por mais, docinho?
Eu comento suave e começo a salpicar uma série de pequenos beijinhos languidamente desde a junção de seu ombro até altura de sua orelha, onde paro para observar a reação em seu rosto, para saber se posso continuar ou não. Como ela está de olhos fechados, apertando-os firmemente, como se estivesse tentando se conter, eu decido provocá-la mais um pouco para levá-la ao limite de sua resistência.
-O conselho que eu disse que lhe daria há algum tempo atrás é esse... se eu fosse você docinho, parava de ser teimosa e deixaria as coisas fluírem naturalmente como o curso do rio, entende?
Eu digo afrouxando um pouco aperto de minhas mãos e passando a segurar as duas delas com apenas a direita, enquanto com a esquerda eu desço alguns centímetros para baixo e seguro o seu belo e gracioso rosto em formato de coração com as pontas dos dedos.
-Mas o que? Você só pode ter perdido a merda da cabeça, David! Deixar as coisas como estão? Nem morta!
Bruna se revolta e sacode a cabeça de repente, como se tivesse acabado de sair do estado de transe e me enfrenta novamente.
-Eu sugiro que você repense o caso, docinho...
-Repensar uma ova, seu paspalho!
E sem que eu possa prever o próximo passo, Bruna faz uma manobra tão rápida e eficaz, que eu só percebo quando nossas posições estão invertidas na cama e agora ela está no comando por cima de mim.
-Pois saiba que eu não estou disposto a anular nada, docinho.
-Nem brinque com isso, David Revoredo!
Ela se exaspera com o rosto em chamas, vermelho feito um tomate maduro, mas eu não recuo, nem retrocedo. Na verdade, eu acho ainda mais engraçado e adorável o fato de vê-la tão fora de si, quase a ponto de surtar de raiva. É bonitinho e divertido, e isso faz com que eu queira irritá-la ainda mais do que já tenho feito, por mais arriscado que seja.
-Mas eu não estou brincando, senhora Bruna Revoredo. Estou falando muito sério com você. Eu não irei anular a cerimônia e nem te dar o divórcio tão facilmente quanto pensa. Você vai ter que ser bem persuasiva e tentar me convencer a isso. Senão... vamos ficar juntinhos até que a morte nos separe.
Eu brinco e nessa hora chego a pensar que ela irá explodir de fúria bem acima de mim.
-David!
-Bruna!
Nós dizemos ao mesmo tempo, quase em sincronia, mas em alturas e intensidades de vozes diferentes. Raiva contra deboche. Uma luta invisível, mas muito real.
-Então eu vou me tornar uma jovem viúva hoje mesmo, porque com certeza eu vou te matar com as minhas próprias mãos agora, seu idiota de uma figa!
Docinho grita partindo para o ataque brutal, e pela primeira vez eu começo a temer realmente por minha vida. Será mesmo que ela terá coragem de me matar a sangue frio sobre os lençóis dessa cama?