Capítulo 5
Eu nunca seguiria os passos de outra pessoa.
Pego o laptop e coloco-o em cima das minhas coxas.
Abrindo meu e-mail, percebo que fui contatado por alguns editores à tarde.
Eles estão interessados em colaborar comigo em futuras publicações semanais em revistas.
Teria sido uma boa oportunidade, mas prefiro pensar nisso porque ainda tenho muitos romances para terminar e certamente teria tomado um tempo precioso.
- Mas... - Mordisco a tampa de uma caneta pensando que um novo depósito em minha conta corrente não seria desagradável.
Oito anos de poupanças a trabalhar num restaurante e também com a herança dos meus avós maternos, a quem fui confiado desde os onze anos, permitiram-me ter muito dinheiro na conta e por isso concentrar-me-ia apenas nas minhas romances.
Mas sendo uma pessoa detalhista e que gosta de se envolver, decido colaborar.
Desligo o computador e vou para o meu quarto vestir o pijama.
Uma regata e shorts cor de areia.
Tudo em cetim.
Adoro esse tecido, usaria como uma segunda pele.
Estou prestes a ir para a cama quando o barulho de um e-mail me faz explodir.
~Senhorita Laurent,
Estamos muito satisfeitos por você ter concordado em colaborar com nossa revista InLove.
Ouvimos dizer que você se mudou recentemente e percebemos que precisaria de funcionários qualificados.
Se você não se importa, nós mesmos poderíamos fazer algumas entrevistas, garantindo o envio do melhor pessoal.
Esperamos sua resposta,
Atenciosamente.~
E não é ruim.
Ouvi falar desta revista e ela é muito conhecida em Tóquio, então porque não aceitar a sua ajuda?
Por outro lado, eles não estão errados.
Duvido que Yuri e eu possamos fazer isso sozinhos.
Esta manhã a temperatura será de pelo menos vinte e seis graus.
Por isso decidi arriscar na esperança de não adoecer. Sim, minhas defesas imunológicas são uma merda.
Estou vestindo uma camiseta preta simples com alças finas e uma saia jeans que chega logo acima dos joelhos.
Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo não muito arrumado e fui embora.
Assim que chego, sorrio ao ver Yuri na frente da porta.
Ela parece uma colegial em seu primeiro dia de aula.
- Bom dia, você está muito bem hoje! Você tem que conhecer alguém? - ele pergunta com um sorriso estranho, que acha desagradável.
Esse rostinho é muito doce para expressões como essa.
- Bom dia para você e não, na verdade não. Só terei que esperar alguns funcionários chegarem... eu acho – sussurro incerta.
- Você já fez outras entrevistas? -
- Não, a agência InLove trabalhará connosco em algumas publicações, pelo que nos enviarão pessoal qualificado -
Yuri muda sua expressão.
- Apaixonado? Eu compro essa revista semanalmente. Eles são muito bons, acredite, vão nos mandar alguém sério! - ele afirma quase abanando o rabo.
Esperançosamente .
Gosto de manter tudo sob controle e nunca dependi de ninguém, por isso não gosto que alguém tome decisões por mim.
Comprei recentemente uma máquina de café, já que bebo quantidades industriais, e Yuri está me ajudando a colocá-la em cima de um armário na sala principal.
- Bom trabalho! Queres um ? Sou interrompido pela campainha.
Nós dois olhamos nos olhos um do outro e o que vejo nele é pura emoção.
Abençoe ela.
Estou tenso como uma corda de violino e também bastante cético.
Caminhamos em direção à entrada e deixo a honra de abrir a porta para você.
Fico à margem, com os braços cruzados.
E aqui estão eles.
O yin e o yang.
- Bom Dia. Por favor, siga-me até meu escritório.
Durante uma hora inteira simplesmente ouvi em silêncio quais eram os desejos dessas duas crianças.
O primeiro é Toshiba Ituo, ele tem vinte e cinco anos e é mais ou menos da minha altura.
Um metro sessenta e oito.
Ele é magro e usa óculos retangulares que realçam seus olhos escuros, da mesma cor do cabelo que é muito preciso e penteado ao meu gosto.
Percebo uma certa semelhança com o Nobita, do Doraemon.
Ele é engraçado e, à primeira vista, parece o clássico nerd pálido e desajeitado.
Mas depois de ouvir seu monólogo, tive que mudar de ideia.
Quando ele se expõe mostra tanta confiança e preparação que faz você se sentir tão ignorante quanto uma cabra.
Olhando em vez disso para o garoto sentado ao lado dele...
Santo Cristo.
Haruto Tanaka parece ter cometido um erro ao preencher seu currículo.
Ele tem vinte e oito anos e mais de um metro e oitenta de altura.
O cabelo é claro e um pouco mais curto nas laterais, mas os olhos...
Muito particular.
Quanto mais olho para eles, mais me lembram milho.
Dourado.
Ele se apresentou como editor, embora eu o aconselhasse a estrear como modelo fotográfico porque, caramba, ele pagaria para ter um rosto assim.
Devo dizer que correu muito bem, a agência manteve a palavra e sem mais delongas entreguei-lhes o contrato.
Passei o resto da manhã explicando à nova equipe quais eram suas tarefas e planos futuros.
- Você tem uma hora e meia de descanso, quero você no estúdio para mim, inclusive você Yuri - aponto para ela - Hoje não poderemos almoçar juntos. -
Vejo-a acenar com a cabeça um pouco decepcionada e sei muito bem que ela esperava repetir o passeio, talvez tornando isso um hábito.
E eu teria feito isso com prazer, mas hoje realmente não tenho tempo para uma pausa.
Quanto mais os minutos passam, mais aumentam os papéis na minha mesa.
Cartões sob encomenda, alterações nos planos de trabalho e muito mais para assinar.
Havia alguns requisitos para abrir uma editora e fiquei trancado no meu escritório por mais de uma hora com toda essa papelada.
- Entããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããããs uuuuu eca! ”
- A inscrição... feita - coloco outra em cima.
- A gravação... gor-ah!! - exclamei ao ouvir a campainha tocar.
Mas é o baque que se segue que me faz apertar os olhos.
Eu me viro e olho para meus pés.
- Oh vamos! - murmurou, referindo-se aos diversos blocos espalhados pelo chão.
Olho para o relógio e franzo a testa quando percebo que ainda temos trinta minutos até o final do intervalo.
Um pouco irritado com a interrupção, abro a porta em quatro passadas.
- Ah... - sussurro assim que vejo duas manchas douradas olhando para mim.
- Haruto, você já comeu? Você ainda tem meia hora de descanso. Dou um passo para trás para deixá-lo entrar.
- Não se preocupe, eu não tinha mais o que fazer então resolvi vir aqui e começar a trabalhar imediatamente - ele tira a jaqueta bege, revelando uma camisa branca
muito apertado. - Se não se importa – conclui ele, erguendo as sobrancelhas.
- Não, imagine! - Faço um gesto apressado com a mão.
- Pensei que hoje vocês três iriam trabalhar no design das últimas três capas e quem sabe organizar as pastas -
Ele balança a cabeça, mas não parece prestar muita atenção ao que estou dizendo a ele.
Ele tem uma expressão estranha enquanto olha para cada parte do meu rosto, como se estivesse me estudando.
E como me sinto desconfortável, decido voltar ao meu escritório.
Mas assim que movo o pé, sinto a mão dele pousar no meu ombro.
- Nada mais? - ele pergunta, abaixando o tom algumas notas e apertando com mais força.
Fico tensa sem entender a que ele se referia e acima de tudo... que diabos você está tocando?
Dou de ombros e dou alguns passos para trás.
- Nada mais, Haruto – afirmo.
-E quando os outros chegarem, explique-lhes o que você terá que fazer. - Concluo deixando-o ali, na companhia de seu sorriso nada bem-vindo.
No meio da tarde, saio daquelas quatro paredes e sorrio ao ver o trio trabalhando, cada um em seu posto de trabalho.
Yuri e Haruto ficam encarregados das capas enquanto Toshiba se encarrega da pontuação.
Estou chegando ao último - como você está? -
- Faltam duas páginas mas se você quiser elas estarão prontas em dez- -
- Você está indo muito bem Toshiba, não precisa se apressar. - Deixo ele olhando já em pânico.
Em muitos aspectos ele é semelhante a Yuri.
Ah, por falar nisso.
- Yuri, mesmo que seja sozinho, hoje você pode ir para casa mais cedo, assim você vai recuperar as duas horas de ontem -
- Hum? Não, está tudo bem... pretendi terminar na hora certa e não quero- -
- Sério Yuri, não se preocupe. É preciso esperar até terça para começar a publicá-los e hoje é sexta, dá tempo. - Sorri para ela já que ela também estava em pânico.
E agora quase posso confirmar.
Esses dois são duas gotas de água.