Capítulo 6
- Ah, ok, então eu vou. – levanta-se colocando o material em ordem.
Decido entrar furtivamente em meu covil já que os olhares de Haruto me incomodam, mas Yuri me impede.
- Pst, posso falar com você um momento? - ele sussurra ao se aproximar.
Concordo com a cabeça sem entender por que ele fala em voz baixa.
- Hoje à noite, depois do jantar, descobri que o sushi bar daqui está oferecendo uma noite de karaokê e fiquei pensando se talvez... - ele começa, torturando as mãos.
- Você gostaria que fôssemos juntos? - sorrio com a timidez dele.
- Bem... sim, só se você quiser. - Ele levanta as mãos, desviando meu olhar.
A ideia de estar entre tantas pessoas que cantam e dançam entre si não é atraente.
Mas é claro que já saí com Yuri e um pouco de diversão só pode aliviar a semana difícil.
- Ok, então eu diria que... - - e você poderia, eu teria gostado de responder.
- Mas é uma ótima ideia Yuri! - Haruto começa, se aproximando de nós.
Franzo a testa quando ele coloca um braço sobre meu ombro e o outro sobre o de Yuri.
- Iremos todos juntos aprender mais! -
Nesse tempo.
Deixando de lado a intrusão indesejada e seu olhar de soslaio.
Mas acima de tudo lamento a ótima primeira impressão.
E só se passaram algumas horas.
Yuri e Toshiba ficam com expressões confusas enquanto eu uso meus dedos como pinças e agarro o tecido de sua camisa, removendo-a.
- Eu não acho que seja esse o caso- -
- Aah, mas vamos lá! - ele me interrompe novamente.
- Você não gostaria de deixar o pequeno Yuri sozinho com nós dois filhos? Somos uma equipe agora, certo? - ele quase finge que está arrependido.
Cara de tapa.
Vejo Yuri balançar a cabeça animadamente, como se me implorasse para não permitir tal coisa.
- Toshiba e eu também queríamos ir hoje à noite, então o que há de errado em sair em grupo? -
Não desista, hein.
Toshiba se vira em estado de choque e olha para ele como se ele tivesse acabado de dizer uma heresia.
Aposto que ele também não sabia de nada.
Na verdade, eles provavelmente nem se conhecem.
- Nesse tempo? - ele sorri ao perceber meu silêncio e, certamente, minha irritação aumentando.
Maldito sorriso e maldito rosto bonito.
Gostaria de recusar o convite, mas não tenho vontade de deixar Yuri sozinho.
Além do mais, ela certamente se sentirá culpada por ter proposto isso sozinha.
- Vinte e uma horas em frente ao clube. - Limito-me a responder olhando exclusivamente para a pessoa que começou a me fazer virá-la, recebendo como resposta uma piscadela com gosto de provocação.
- O que devo vestir para ir ao karaokê? - me desespero, me abraçando no roupão.
Estou ali e não tenho a menor ideia de onde vou parar.
- Estúpido Haruto. - bufo, pegando as primeiras roupas que aparecem.
Calça jeans skinny clara, blusa bordô e salto branco.
Olhando no espelho, fico com vergonha de como essas calças mostram minhas pernas e bumbum.
É por isso que as vezes que os uso são raras.
Vou cobrir tudo com uma jaqueta comprida, então é melhor passar para o cabelo.
Eu os prendo de todas as maneiras que posso, mas esta noite eles estão realmente incontroláveis, então deixo as longas ondas caírem soltas nas minhas costas.
Uma borrifada de rímel, um batom nude, o perfume de sempre e logo estarei chorando.
Mas como pensei sobre isso?
Será que eu não gostava tanto de um bom livro, de uma taça de vinho e de um descanso sacrossanto?
Assim que saio do metrô, noto uma figura familiar saindo de um carro um pouco mais longe.
- Ah, merda... - sussurro, aumentando o ritmo e fingindo não tê-lo visto.
Viajar dez minutos pela estrada na companhia de Haruto, simplesmente não.
Já dá muito para passar a tarde inteira lá.
Caminhando pelas inúmeras vielas iluminadas e imerso em meus pensamentos, olho ao meu redor.
- Excelente! - Levanto os braços para o céu.
Tenho certeza de que nunca vi essa loja de quadrinhos e isso só pode significar uma coisa: peguei o caminho errado.
Coloco a mão na testa e me viro, esperando que essa outra entrada seja a certa.
Quanto mais a atravesso mais escuro fica, mas ao longe reconheço a rua principal e suspiro de alívio porque ali fica o sushi bar.
Ouço alguns barulhos vindos de alguns contêineres, pego minha jaqueta.
Não tenho medo porque normalmente não tenho a capacidade de sentir o perigo.
E sei bem que não é algo positivo, mas aos dezoito anos fiz um curso de Krav Maga e deveria ter adquirido um mínimo de defesa pessoal.
Eu creio.
Outro barulho me faz apertar os olhos, aliás, um pouco mais à frente, vislumbro duas silhuetas com garrafas nas mãos cambaleando em minha direção.
Começo a acelerar o passo, na esperança de passar despercebido enquanto as risadas daqueles dois se aproximam cada vez mais.
Falta muito pouco para terminar a árdua missão de se tornar invisível, mas nada.
Um fracasso total.
Assim que seus olhos encontram os meus, eu olho para baixo, olhando para a porra dos meus saltos batendo.
Muito obrigado, hein.
- Eeehi bela... onde a gente vai com tanta pressa, né? -
Eles desmaiam e é maravilhoso.
Não respondo e simplesmente aumento o passo, mas quando um dos dois salta para frente, sou perseguido.
Eu coloquei uma expressão não intimidada.
Na verdade, estou começando a ficar com muita raiva.
- Ah, bem. Agora diga-nos onde você queria chegar tão rapidamente. - diz alguém que parece não ter abandonado o uso da palavra.
"Oh," eu finjo vergonha, colocando uma mecha de cabelo atrás das orelhas "Bem, eu ia-"
Não tenho tempo de terminar a frase antes que ele se encontre dobrado, com as duas mãos cobrindo o nariz.
Ah, sim, isso é legal, não acho que seja estúpido.
Começo a sacudir o pulso, sentindo o impacto doer, mas não tenho tempo de me virar antes que um braço passe em volta do meu pescoço.
Eu me agarro a este último, tentando me livrar dele.
- Maldita puta! Como você ousa bater no meu irmão? - ele grita em meu ouvido e mal consigo conter uma mordaça por causa do fedor que sai de sua boca.
Cadela...?
Oh querido senhor bêbado, saude suas feições.
Assim que sua mão livre desliza para dentro da minha camisa, começo a me contorcer com mais força e acidentalmente enfio o calcanhar na mão do homem agachado no chão.
Juro que não fiz isso de propósito, cruzo meu coração, mas me alegro mentalmente ao ouvir seus gritos.
Aproveito a situação, levanto a perna e a ponta do sapato bate no queixo dele.
Ele cai para trás como um peixe seco e pelo menos um é nocauteado.
Achei que não conseguiria, principalmente porque ainda tinha muita elasticidade.
Mas essa ação só enfurece o irmão que, após grunhir, aperta meu pescoço com mais força, me fazendo soltar um gemido abafado.
Ele começa a apalpar meus seios por cima da blusa, conseguindo desabotoá-la ainda mais - Mm, vamos ver o que você está escondendo aqui embaixo. - ele ri com muita emoção.
Isso é nojento.
Estremeço de nojo e quando estou prestes a morder seu braço, um barulho metálico alto ecoa em meus ouvidos, fazendo-os zumbir.
Quando sinto que ele fica mole, encosto-me na parede e coloco a mão na garganta.
Assim que os sons voltam ao normal, olho para baixo e vejo os dois bêbados caídos no chão.
- O que... - Pisco várias vezes quando noto um par de Nikes pretos próximo aos meus calcanhares.
Ando ao redor da figura e quando percebo a quem pertencem aqueles sapatos, meus olhos se arregalam.
Ele está a centímetros de mim, segurando a tampa de uma lata de lixo na mão.
- Está bem? - ele me pergunta, jogando aquele pedaço enferrujado no chão.
"Sim", eu sussurro, encolhendo os ombros.
Ele olha para mim por um tempo indefinido, enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans escura.
Encosto a cabeça na parede e fecho os olhos, tentando fazer com que meu batimento cardíaco volte a um ritmo mais regular.
É a primeira vez que passo por uma situação como esta e embora não tenha entrado em pânico, sinto-me na obrigação de agradecer à pessoa que está a poucos centímetros de mim.
Embora que situação, oh.
Eu realmente tive que passar por esses lugares?