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Capítulo 5

Levanto-me relutantemente, abro minha mala e tiro um short cinza de algodão e combino com uma camiseta branca larga que diz Fique, longe, só para que todos entendam que hoje não é um dia ruim.

Deixo meu cabelo preto liso solto e calço os chinelos quando meu celular toca do outro lado da sala. Toxic de Britney Spears se espalha entre as quatro paredes e eu amaldiçoo aquele idiota do Davide, também conhecido como Dade, também conhecido como meu melhor amigo, por definir esse maldito toque de celular.

- Bebê! — grito no meu celular e minha melhor amiga grita Nina! igualmente entusiasmado.

—Como está Sassatero? Você já viu seu amado? -

Ok, vamos parar por aqui.

Bebe, ou Beatrice, é minha melhor amiga desde o primeiro ano do ensino médio.

Ela é baixa, tem cabelos ondulados mais pretos que a noite como os meus e a cabeça sempre nas nuvens.

Muitas vezes ele se perde no mundo dela, até fazendo perguntas aleatórias e talvez seja justamente por isso que nos damos tão bem.

Ela tinha uma queda por vários garotos mais velhos e sempre esteve convencida de que cada um deles era seu verdadeiro amor e Dade e eu nunca tivemos coragem de destruir seus sonhos.

Bebe acredita muito no amor, e evidentemente tem consciência de toda a minha vida amorosa, que é praticamente inexistente e o último episódio notável data de algum tempo atrás, com um rapaz que ainda é meu amigo e que, para esclarecer, depois da nossa metade flertar, ele está felizmente noivo.

Bebe está convencido de que Dario está apaixonado por mim há séculos e que eu deveria parar de provocá-lo e beijá-lo apaixonadamente com as vacas Sassatero mugindo ao fundo.

Pobre, pequeno e enganado Bebe.

— Chega, estúpido. Como vão as coisas? -

Todo ano a Bebe sai de férias para um lugar diferente, ela já visitou praticamente meio mundo e eu a invejo muito por isso. O seu quarto está cheio de postais e fotografias que tira com a sua máquina fotográfica, que é praticamente metade da sua alma, aquilo que mais lhe importa no mundo.

— Bom, Barcelona é maravilhosa! -

Eu bufo, imaginando as costas e cidades espanholas que Bebe gosta, enquanto serei acordado todas as manhãs às seis pelos galos do fazendeiro Di Giorgio.

—Como você está com a vovó? — Bufo novamente, contando a Bebe todos os acontecimentos dos últimos dias e ela começa a me persuadir quando conto que Dario puxou meu braço para trás.

Reviro os olhos e encerro a ligação, descendo para tomar café da manhã.

Passo pelos quartos de hóspedes do segundo andar, ignorando-os deliberadamente: não tenho ideia de qual é o de Dario e não tenho intenção de descobrir.

Os Gori foram obviamente colocados nos quartos de hóspedes como tal, mas tenho a péssima impressão de que em breve estes quartos serão deles em todos os sentidos.

Na verdade, enquanto ando pelo corredor, me deparo com um espécime selvagem de Enéias, que passa por mim esfregando os olhos e murmurando um alô arrastado.

Bem, quem entende esses Gori?

Quando estou prestes a descer para a cozinha, me encontro na frente do freezer.

Vovó examina minha roupa com seus olhos frios.

-O que é isso? Pijamas? -

A velha pergunta, e eu levanto uma sobrancelha.

— Não, é uma roupa para ficar confortável em casa. -

— É melhor você se trocar para o almoço, os Savas e o Don Roberto já virão. -

Olho para minha avó, percebendo que é melhor você mudar, na verdade significa mudança ou farei você mudar.

—Dom Roberto ainda está vivo? —Pergunto por simples curiosidade, porque o velho padre de Sassatero tem noventa anos e está tão animado como se tivesse vinte.

A velha grita, erguendo os olhos e as mãos para o céu.

—O que fiz de errado para merecer uma neta assim? - Ela pergunta, virando-se para o céu, enquanto se afasta de mim, fazendo sua saia azul esvoaçar.

— Porém você é muito verão, vovó, parabéns! - grito, antes de correr em direção à cozinha.

Chego assobiando, mas meu tom fica cada vez mais monótono assim que chego à cozinha.

Agora, eu não sei você, mas na minha casa você não anda pela cozinha sem camisa. Acima de tudo, Alberto não o faz, porque sabe que lhe daria uma daquelas palmadas na barriga flácida que o deixaria marcado durante semanas.

A villa da minha avó, onde será minha cozinha por três meses, é Dario Gori. Sem camisa.

E caramba, que abdômen ele tem. Mas quando você os cultivou, hein?

Mas seu abdômen não apaga sua cara de merda e seu caráter de merda. Dario é melindroso e facilmente irritável, obviamente uma pessoa odiosa que precisa ser apagada da face da terra.

Ele está olhando para o telefone e ainda não me notou. Aproveito para observar um pouco mais, para estudar os movimentos do inimigo, enfim.

Seu cabelo levemente ondulado está desgrenhado, sinal de que ele também acabou de acordar. Ele está vestindo shorts de basquete vermelhos e segurando uma tigela de cereal na mão.

Ele ficou muito mais musculoso do que eu lembrava, claro, seu corpo ainda é tão pequeno, mas ele tem dois pares de bíceps que eu não lembrava e aqueles malditos abdominais... se eu não conhecesse esse cara tão bem eu odeio todos os lados do seu ser, tanto os bons quanto os ruins, talvez ele até pensasse um pouco sobre isso.

Pena que o conheço muito bem para admirar seu abdômen.

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