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AARON BITENCOURT

APÓS A PERGUNTA FEITA DE FORMA INDIGNADA, a mulher que até então estava com sua atenção na direção da menina a sua frente, se levantou num pulo. Seus olhos estavam arregalados, sua respiração pesada, dava para sentir o cheiro do medo que vinha do seu corpo frágil, já que ela tremia feito vara verde. O silêncio pairou a nossa volta e com a voz trêmula, devido o pânico que a envolveu, disse.

— Nã... Não achei que o senhor iria chegar agora.

Dou alguns passos adiante e sem desviar os meus olhos dos seus, vocifero.

— Sua incompetente, você não é paga para pensar e sua prioridade era mantê-la bem longe do meu campo de visão.

— Senhor, ela estava chorando e inquieta dentro do quarto, então pense...

— Mesmo que estivesse se esgoelando de tanto chorar, que desse um jeito de ela calar a boca.

Lágrimas surgiram inundando a sua face e para aumentar a minha fúria, o barulho que ecoou no ambiente, me fez desviar a atenção até a miniatura que estava no chão.

— Dá... Dá...

Em seguida a fedelha ficou com seu olhar voltado em minha direção. Consequentemente as lembranças surgiram como flashes a minha frente, senti uma onda de calor em volta do meu corpo e um desconforto terrível pairou sobre mim. Fechei uma de minhas mãos em punho e movido por uma fúria incontrolável, um grito estrangulado saiu rasgando a minha garganta.

— Suma da minha frente, agoraaaaa...

A mulher rapidamente a pegou e saiu praticamente aos tropeços, indo pelo corredor que dava acesso ao quarto, que se dependesse de mim, aquela criança jamais sairia dele. Infelizmente quase todos que estão a minha volta são incompetentes. Batalhei pelo que possuo hoje, me tornando cada dia um homem mais frio e implacável no mundo dos negócios, porém, respeitado. Embora sempre ajudasse várias instituições, ainda tem alguns malditos que tentam passar a perna em mim, achando que todo meu império vive de caridade. Deixo os pensamentos de lado e com passos longos, começo a subir os degraus da escada, a cada passo que eu dava, a imagem do rosto daquela fedelha não sai da minha mente.

Desde aquele maldito dia que jamais a tinha visto e embora houvesse se passado tanto tempo, os seus olhos, os cabelos e o suas feições estão ainda mais parecidas com os de Marina e se não fosse pela sua existência, eu ainda teria ao meu lado o grande amor da minha vida.

Horas depois...

ALICIA SCOTT

Meus olhos estão grudados no homem que mantem as duas mãos no volante e os olhos na estrada. Não consegui segurar o sorriso largo que surgiu no meu rosto e com ele as lembranças ardentes dos momentos que passei naquele quarto, invadem minha mente. É engraçado como a nossa vida pode mudar em um piscar de olhos. Eu jamais pensei que pudesse ser tomada por um prazer tão avassalador, capaz de fazer meu coração bater tão forte como se não coubesse mais dentro do meu peito. Minha respiração ficou ofegante e minha pele estava tão quente, como se tivesse pegando fogo. Quando chegamos naquele lugar e a porta do quarto foi aberta, fiquei encantada com tudo a minha volta, a cama estava coberta por pétalas de rosas e não demorou muito para que uma música suave ecoasse no ambiente.

Quando meus olhos ficaram cravados no rosto de Pablo, a luxúria estava visível através do seu olhar penetrante, o que fez minha pele arder e o desejo apoderou-se de mim. Suas enormes mãos alcançam a minha cintura e ele buscou minha boca num beijo carregado de paixão e desejo, introduzindo sua língua dentro da minha boca, invadindo-a profundamente a medida que o beijo crescia. Senti um calor subir pelo meu corpo e todos os meus sentidos ficaram sobrecarregados pelo cheiro dele, pelo seu toque e o calor do seu corpo, que aquecia ainda mais o meu. Como num piscar de olhos, ele começou a me despir, tirando a minha blusa e em seguida o restante das minhas roupas, deixando-me totalmente exposta aos seus olhos famintos. Nos momentos seguintes, ele me pegou em seus braços e caminhou comigo até a cama e assim que colocou o meu corpo sobre a colcha macia, se afastou e começou a se livrar das suas próprias roupas. Eu não consegui desviar os meus olhos da imagem a minha frente. Seu corpo era perfeitamente esculpido, com músculos firmes, porém, ao abaixar os meus olhos, engoli em seco ao ver seu membro duro e grosso. Pablo se moveu em minha direção e quando ele acabou com a distância, senti o colchão afundar e o seu corpo sobre o meu, ele começou a me beijar, contudo, meu corpo todo estremeceu, o medo tomou conta de mim e meus pulmões começaram a funcionar aos espasmos quando ele colocou a grossa cabeça do seu membro na entrada da minha intimidade. Vendo que o medo tinha me envolvido, o som da sua voz ressoou a minha volta.

— Podemos parar se você quiser — senti que embora tivesse dito aquilo, pelas suas feições, ele parecia estar chateado. No entanto, eu sabia que só tinha dois caminhos a seguir. Sair dali ou me entregar totalmente a ele, porém, eu já não tinha mais o controle sobre o meu próprio corpo e mesmo temerosa, a única certeza que eu tinha, era que eu queria estar nos seus braços.

— Eu quero ser sua, me faça sua mulher.

Um sorriso apareceu em sua face, e nos momentos seguintes me entreguei , perdendo a minha inocencia mais imensamente feliz por estar com o homem que amo com todas as minhas forças.

Ficamos alguns minutos deitados, meu coração estava dando pulos de tanta felicidade e minutos depois quando seguimos para o banheiro, mesmo dolorida e sentindo um forte desconforto, me entreguei novamente a ele. Quando terminamos, com a respiração ofegante, as palavras escaparam da minha boca.

— Eu amo você.

Depois que deixamos o lugar onde vivi o dia mais inesquecível da minha vida, todo o trajeto foi feito em silêncio e eu me entreguei às lembranças daqueles momentos maravilhosos.

— Alicia!

Meus pensamentos são interrompidos quando escuto a sua voz. Estava tão distraída que não havia me dado conta de que já estava em frente a minha casa. O barulho da porta sendo destravada ressoou no ar e imediatamente virei-me em sua direção.

— Você vai me buscar amanhã?

— Tenho algumas reuniões ao longo do dia.

Embora seu tom de voz estivesse normal, por alguns segundos, eu senti uma frieza em seu olhar e uma sensação ruim pairou sobre mim.