Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 3

Maya

Com tudo pronto partimos assim que o dia clareou, eu estava depositando toda minha confiança no Rogério e esperava que ele me ajudasse assim como disse.

Rogério cumpriu com uma de suas palavras, nos ajudou a cruzar a fronteira e ali estávamos nós três.Peguei a mochila e segurei na mão de Mel e então começando a andar em direção a uma combi que segundo Rogério era ali dentro que estava o amigo dele que também me ajudaria a conseguir falsas identidades, mas não foi isso que meus olhos viram quando o homem virou-se. Assustada e com a adrenalina a mil eu disse a Rogério que precisava fazer xixi o mais depressa possível, havia alguns banheiros químicos perto da fronteira, tudo muito sujo e nojento, mas eu não tive outra escolha a não ser fazer isso. Segurei a mão de Mel e a puxei comigo.

— Maya, aquele homem matou o nosso pai! O que vamos fazer agora?

Rogério havia traído a minha confiança e eu não sabia mais o que fazer, talvez se eu tivesse saído sozinha com a Mel estaria em um lugar seguro agora.

— Vamos fugir meu amor! Não importa o que aconteça você espera do outro lado do mar, está me ouvindo? — Eu estava desesperada segurando seu rosto e com medo. Medo de nunca mais vê-la e de que alguma coisa desse errado.

— Eu prometo, Maya. Mas você também tem que me prometer que jamais vai desistir da luta pela sua vida. Eu vou fazer exatamente o que você me pedir.

— Eu prometo que te acharei aonde você estiver, agora precisamos ir o mais depressa possível. — Nos abraçamos e choramos, até que eu escutei passos vindo em nossa direção. — Corre Mel, corra o mais que você puder.

Atrás de nós duas estavam correndo três homens e um deles era o Ulisses. Mais a frente tinha um precipício que dava direito para o mar. As mãos de Ulisses logo me avançaram, por sorte eu consegui me soltar e fiquei na beirada do precipício.

— Por que dificultar tanto as coisas, Maya? Seu pai já está morta, não dou duas horas para que aconteça o mesmo com a sua pobre irmã, mas se me entregar este mapa eu juro que te deixo livre. — Suas palavras ridículas jamais iriam me mudar de ideia, eu jamais deixaria Mel correr esse perigo, jamais confio em alguém que não seja eu mesma.

— Você jamais colocará suas mãos podres nesse mapa, seu rosto de esgoto. — Numa velocidade descomunal o homem veio em minha direção e eu não tive outra escolha a não ser pular no mar.

Após conseguir submergir e quase morrer sem fôlego eu voltei a superfície, inalei todo o ar que meus pulmões estavam precisando e procurei forças de onde não tinha mais. Após algumas horas andando pela beira da praia eu cheguei ao local que havia combinado com Mel, mas procurei por todos os lugares e não a vi, então supus que ela pudesse ter ido para outro lugar mais seguro.

Sem muito opção eu fui até o endereço que meu pai me deu. Não estava escuro ainda, mas as luzes já estavam começando a acender e eu estava morta de cansaço e de preocupação com Mel. Caminhei o mais depressa possível e ao adentrar um beco pude ouvir gritos de uma mulher, ao meu lado direito tinha um carro velho e todo enferrujado, dentro havia muito ferro. Peguei uma barra de ferro e fui andando vagarosamente até que pude ver uma mulher que pelo que me parece ser uma prostituem sendo intimidada por um vagabundo desarmado. Sem pensar duas vezes me aproximei, corri e bati com ferro contra sua cabeça, deixou o homem alto e forte caído no chão.

— Muito obrigada, querida. Você salvou a minha vida. Muito obrigada. — A mulher que estava aparentemente muito assustada começou a chorar como se eu fosse sua salvadora.

— Não tem do que agradecer, somos mulheres e por sermos mais fracas facilita para que eles achem que somos bobas ou indefesas.

— Esses homens daqui parecem que são piores, fazem tudo para conseguir dinheiro e se drogar por aí. — Ignorei cada palavra que a mulher estava dizendo e continuei seguindo meu caminho até o endereço que estava no papel.

Com o número 147 o local era em um beco escuro e sem saída, com dois homens na porta e era impossível entrar ali.

— Boa tarde, eu queria falar com o Mr. Jones. Avisa pra ele que… — Antes mesmo que eu terminasse de falar, os dois conversam a rir.

— Quem você pensa que é garota?

— Maya, filha do Marcus! — As risadas pararam e então os dois me pediram desculpas.

— Mr. Jones está ocupado agora, mas pode esperar ali do outro lado que quando ele puder te atender nós te chamamos.

Enquanto ninguém me chamava eu continuei andando em busca da Mel, até que encontrei com a mulher de mais cedo parava em uma esquina.

— Está perdida? Vejo que anda sem rumo há horas. Pode confiar em mim, eu não vou te fazer mal.

Disse por alto o que aconteceu e ela se pôs a procurar Mel comigo.

— Me chamo Jayne, e você?

— Maya! — Respondi de forma rápida e sem pensar muito.

— Está perdida por aqui, Maya? Vejo que anda há horas sem rumo e em busca de algo. Está tão desesperada que está visível em seu olhar.

— Ok, Jayne. Eu estava fugindo de um cara quando pulei de um precipício e vais dentro do mar. Depois que consegui sair fui até o local combinado com a minha irmã e não a encontrei lá. Meu estado está deplorável, mas eu preciso encontrar uma pessoa que meu pai pediu antes que o matassem. Eu não tenho mais nada, não tenho para onde ir, não tenho o que comer nem mesmo onde dormir.

— Eu entendo o seu sofrimento. Mas precisa de um banho e se alimentar. Se não, como vai conseguir ter forças para procurar sua irmã? Save que saco vazio não fica de pé! Eu moro sozinha e vou te ajudar, você salvou a minha vida hoje, só Deus sabe o que poderia ter acontecido comigo naquele momento se você não chegasse. Ajudar você é o mínimo que eu posso fazer, Maya.

— Olha eu vou aceitar sua ajuda sim, mas porque estou muito cansada e nem sei quanto tempo vou aguentar ficar de pé. Muito obrigada pelo que estava fazendo por mim, espero que não me traia como as outras pessoas fazem.

— Eu não sou nenhuma traidora, Maya. Sou prostituta, mas trabalho honestamente, nunca fiz mal algum a ninguém, não sou capaz de tal ato. Além de tudo sou mulher assim como você, também tenho um filho para manter e essa é a forma que eu consigo o dinheiro suficiente para não lhe deixar faltar nada.

— Eu não quis te ofender, longe de mim. Mas ultimamente eu não tive em quem confiar a não ser meu pai, mas vejo em seus olhos que não é deste tipo.

Jayne é uma mulher bonita, gentil e muito simpática. Pouco me importa o que a pessoa faz ou deixa de fazer, se ela me tratar bem terá o mesmo retorno de minha parte. Aceite sua ajuda de boa vontade e coração aberto.

— Vai lá esperar o Jones, se demorar muito por aqui vai acabar dando a sua viagem perdida. Eu vou continuar procurando a sua irmã e quando você sair pode me ligar que eu venho te buscar.

— Muito obrigada, Jayne. Você é um anjo que Deus colocou em meu caminho. — Abracei Jayne e agradeci mais uma vez.

Lá estava eu indo em direção aquele beco escuro e sem saída. Meu coração estava com os batimentos super acelerados e era como se a qualquer momento meu corpo fosse desfalecer, mas eu precisava falar com aquele homem, saber como ele pode me ajudar e porque não pai me pediu para lhe procurar. Não via a hora de tudo isso acabar e eu poder tomar um banho e me jogar na cama, sei que não conseguirei dormir por não ter encontrado a Mel, mas pelo menos irei descansar o meu corpo e amanhã poderei procurar por ela novamente, dependendo do que eu vou ouvir hoje.

(...)

Lá estava eu na frente daqueles dois homens enormes me encarando. Já estava ficando sem paciência quando saiu de dentro vários homens conversando entre si e rindo, rindo muito por sinal.

— Quem me dera ser uma mosca e saber o motivo da felicidade. — Discorreu um dos seguranças. Tentei esconder meu riso, mas foi algo instantâneo.

— Desculpem, eu lembrei de algo muito engraçado que me aconteceu. Desculpe. — Pedi e os dois continuaram fingindo que eu não estava lá. Até que um dos seguranças me olhou firme e entrou, quando saiu pediu para que eu lhe seguisse e assim eu fiz.

Não poderia ser, então ele é o Mr. Jones? O homem que matou o oficial lá no bar do seu Omar? Desacreditada eu fiquei também sem reação diante aquele homem. Minhas pernas estavam trêmulas e minha voz deu uma sumida.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.