Capítulo 4
Saiu da sala e cruzou novamente com o loiro no corredor, que não tentou impedi-la, apenas a olhou com uma cara triste. Todos sabiam o quanto Pietro a amava, mas nunca assumiria, e infelizmente ela sabia disso.
Saiu pela porta da frente, e sentiu um vento gelado, encolheu os ombros e começou a caminhar.
— Mas já vai, praga? — Catarina a provocou, encostada na Ferrari do namorado — Ele nunca vai te assumir, querida. Ele não gosta de putas.
— Catarina, quantas vezes ele chamou o meu nome no sexo?
— Está brincando com fogo, Costa.
—Boa noite, Fontana — Deu alarme na sua Mercedes cinza e entrou na mesma.
Acelerou cantando pneu, amanhã sua vida mudaria, radicalmente. Ela sabia disso, e mesmo que todos os seus instintos a implorasse para que ela saísse da cidade, ela não faria. Há muitos anos Aurora desistiu de fugir, não é mais uma mulher medrosa que corre para debaixo da saia da mãe quando as coisas não saem como o esperado. Sua mãe nem ao menos a procura, seus pais desistiram dois anos depois que ela foi embora. Aurora desde então só teve Pietro para chamar de lar, o problema é que o lar dele nunca foi e nunca seria ela. Ela não tem um lar, por enquanto...
O relógio apontava três horas da tarde. Lorenzo De Luca estava ocupando um escritório enorme no porcelanato, um sofá de couro legitimo preto estava encostado na parede direita, e na frente uma pequena mesa, que tinha inúmeros sacos de cocaína. Uma estava aberta ao lado de uma fileira.
Do outro lado era uma enorme adega, que estava sempre cheia dos melhores uísques importados. No fundo e no meio do escritório, ficava sua mesa de vidro comprida, sua cadeira giratória e confortável atrás, aonde ele se localizava.
Sempre bem vestido e atento. O seu perfume forte e amadeirado se misturava com o cheiro de canela dos charutos. Vagamente o cheiro de couro do sofá.
Olhava atento para o seu notebook, sua arma, cromada a ouro estava ao lado do mesmo. Sua gravata estava frouxa e seu semblante, como sempre, estressado. Seu cenho na maioria das vezes sempre estava franzido e as sobrancelhas arqueadas. Seus lábios já não sabiam mais o caminho para um sorriso.
Dentro de todos os homens vistos, sem dúvidas alguma, Lorenzo é um dos mais atraentes. Seu clássico nariz reto estava na direção da tela, e os lábios avermelhados em uma linha reta.
Apenas seus olhos se movem na direção da porta, quando ele ouve passos. Atento, sempre atento a qualquer tipo de movimento.
— Senhor — Um dos seus seguranças abriu milésimos depois.
Era loiro e alto, acompanhado pelos seus ilustres e tristes olhos claros.
— Se não for interessante, vai embora — Ordenou voltando a atenção no que estava fazendo.
— Achamos o Tyler King — Avisou.
O que aquele homem do nome Tyler teria feito, ninguém sabia. Mas quando o olhar do loiro se levantou para o outro homem, todos teriam certeza que coisa certa não fez. Lorenzo molhou os lábios e cerrou os olhos.
— Ótimo — Sussurrou. O canto do seu lábio subiu discretamente. Poderia dizer que era um sorriso, mas a verdade é que aquilo não passava de um riso extremamente nervoso coberto por triunfo. - Prepare o carro.