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2

Sentada à mesa de madeira, eu observava com entusiasmo o tabuleiro diante de nós. As peças coloridas estavam dispostas em suas posições iniciais, prontas para o início do jogo. Ao meu lado, Joaquim, meu fiel amigo de longa data, sorria gentilmente, revelando seu espírito competitivo oculto.

Eu sabia que ele era um jogador habilidoso, experiente em estratégias e táticas. No entanto, algo me dizia que, dessa vez, ele estava disposto a deixar sua expertise de lado para me proporcionar momentos de alegria e diversão. Era uma espécie de pacto não verbal entre nós, onde Joaquim se tornava meu cúmplice na busca pela vitória.

Nossos olhares se cruzaram, e trocamos um breve aceno de entendimento antes de iniciar a partida. O clima descontraído que pairava no ar era quase palpável, preenchendo o ambiente com uma energia contagiante. As emoções começaram a fluir, misturando-se com a empolgação típica de um jogo entre amigos.

Enquanto movíamos as peças pelo tabuleiro, Joaquim revelava suas habilidades ao tomar decisões estratégicas, aparentemente dando seu melhor para tornar o jogo emocionante. No entanto, eu conseguia discernir, por meio de sutis nuances em seu rosto, que ele estava segurando seus verdadeiros movimentos, evitando estratégias óbvias ou jogadas poderosas.

A cada jogada que fazia, eu tentava interpretar suas intenções. Era como se estivéssemos dançando em um palco invisível, executando movimentos coordenados e sincronizados. Eu o observava meticulosamente, decifrando cada expressão facial, cada gesto suave. Era como se Joaquim estivesse me entregando as pistas para o próximo passo.

A medida que o jogo se desenrolava, as risadas eram inevitáveis. Mesmo sabendo que Joaquim estava deixando escapar oportunidades valiosas, eu me entregava à diversão e ao prazer de compartilhar aquele momento especial. O brilho em seus olhos, repleto de cumplicidade, me transmitia a mensagem de que a verdadeira vitória estava na conexão e no companheirismo que ali se fortalecia.

E assim, com movimentos cuidadosamente calculados, eu alcançava uma vantagem. A tensão aumentava à medida que nos aproximávamos do final. No entanto, eu podia sentir, com cada fibra do meu ser, que Joaquim estava apenas esperando o momento certo para se render à minha suposta superioridade.

Finalmente, o jogo chegou ao seu desfecho. Era hora de revelar o vencedor. Joaquim olhou para mim com um sorriso brilhante, reconhecendo minha vitória fictícia. Ele me cumprimentou calorosamente, elogiando minha performance, enquanto eu sabia que, na verdade, tinha sido ele quem conduzira o jogo com maestria e delicadeza.

Aquela partida de tabuleiro foi muito mais do que um simples jogo. Foi uma celebração da amizade, da capacidade de nos divertirmos juntos, mesmo que sob as regras fictícias de uma competição amigável. Olhando para Joaquim, senti um imenso carinho e gratidão por ele, por ser um amigo tão especial que estava disposto a abrir mão de sua própria vitória para me fazer feliz.

— Dora, que tal irmos dar uma caminhada? O dia está lindo e seria bom sairmos um pouco, esticar as pernas.

— Ah, Joaquim, eu realmente estou sem ânimo hoje. Acho que prefiro descansar e relaxar em casa.

— Entendo que esteja se sentindo desanimada, mas acredite em mim, uma caminhada pode fazer maravilhas para o nosso humor e bem-estar. Vamos lá, será revigorante!

— Eu sei que caminhar é saudável e tudo mais, mas realmente não estou no clima hoje. Talvez seja melhor eu ficar aqui mesmo.

— Teodora, sei que às vezes precisamos de um pequeno empurrãozinho para superar a falta de motivação. E eu estou aqui para te incentivar e tornar essa caminhada divertida. Vamos, será um momento agradável juntos.

— Tudo bem, Joaquim, você é bastante persuasivo. Vamos dar essa caminhada, mas aviso desde já que estou indo contra a minha vontade, ok?

— Ótimo! Tenho certeza de que você não vai se arrepender. Vamos aproveitar a paisagem, conversar sobre qualquer assunto e relaxar enquanto nos movimentamos. Tenho certeza de que isso vai te animar.

— Está bem, eu confio em você. Vamos lá, então. Mas só porque você insistiu tanto e prometeu tornar a caminhada divertida!

— Eu não vou te decepcionar, Teodora. Vamos nos divertir e aproveitar esse momento juntos. Agradeço por estar disposta a sair da sua zona de conforto. Tenho certeza de que será uma caminhada memorável!

Joaquim conseguiu me convencer a sair para uma caminhada, então deixamos o meu apartamento e seguimos pelas calçadas movimentadas da cidade. O sol brilhava no céu azul, e uma brisa suave acariciava meu rosto, trazendo um frescor reconfortante.

Enquanto caminhávamos lado a lado, Joaquim começou a compartilhar comigo sobre sua volta ao trabalho na mercearia, que estava se aproximando rapidamente, já que suas férias estavam chegando ao fim. Ele expressava sua empolgação em retornar à rotina, reencontrar os colegas e retomar suas atividades diárias.

Enquanto ouvia atentamente suas palavras, eu admirava a determinação em seus olhos e o entusiasmo em sua voz. Era evidente o quanto ele amava o que fazia e como estava ansioso para voltar à sua ocupação habitual. Senti-me inspirada pela sua paixão e pelo fato de que ele encontrava satisfação no trabalho que desempenhava.

Enquanto caminhávamos pelas calçadas movimentadas, observávamos as pessoas passando por nós, cada uma com sua própria história e jornada. Compartilhamos risadas e comentários descontraídos, desviando dos obstáculos que surgiam no nosso caminho.

A medida que nossa conversa fluía, sentia uma sensação de proximidade e cumplicidade se fortalecendo entre nós. Era como se aqueles momentos de caminhada fossem uma oportunidade para nos conectarmos ainda mais, compartilhando não apenas palavras, mas também nossas emoções e pensamentos mais profundos.

À medida que nos aproximávamos do fim da caminhada, pude perceber que Joaquim estava contente em ter me convencido a sair do apartamento e aproveitar o ar livre com ele. E eu, por minha vez, sentia-me grata por ter superado minha falta de ânimo inicial e ter me permitido desfrutar dessa experiência especial.

Ao retornarmos para o apartamento, pude sentir uma sensação de leveza e energia renovada. A caminhada e a conversa com Joaquim haviam realmente me animado e me fizeram perceber a importância de sair da minha zona de conforto e aproveitar os momentos simples da vida ao lado de um amigo querido.

Essa caminhada, embora aparentemente simples, tornou-se um capítulo marcante em nossa amizade, um momento compartilhado que fortaleceu ainda mais os laços que nos unem. Senti-me grata por sua insistência e por ter me lembrado da importância de se abrir para novas experiências, mesmo quando a vontade inicial não é tão forte.

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