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Prólogo

— Você sabe que eu te amo, não sabe? — Paulo me olhou com um sorriso doce nos lábios, o mesmo sorriso que tinha me ganhado quando nos conhecemos.

— Eu também te amo. — abracei seu corpo, aconchegando a cabeça no seu peito.

— Quero te fazer um pedido, sobre a gravidez. — esperei que ele continuasse a falar. — O que acha de adiarmos por alguns anos essa ideia e agora vamos focar em nós?

Me sentei apressada, querendo entender o que ele tinha dito de verdade, porque ele não podia estar falando sério.

— O que você está falando? Não tem como adiar a “ideia” quando eu já estou grávida de dois meses!

— Você pode fazer um aborto querida. Sabe quantos planos eu tinha para nós? Temos tanto que viajar, tanta coisa pra fazer, essa não é a hora de ter um bebê.

— Não é a hora? Não é a hora? Devia ter pensado nisso antes de transarmos sem camisinha quando eu estava tomando aqueles antibióticos e te avisei que o anticoncepcional não funcionaria! Eu avisei e você falou o que Paulo? Você disse que não teria problema, um filho seria uma benção!

O homem que eu não reconhecia mais como marido, se ergueu do sofá se afastando de mim.

— Um homem fala aquilo na hora do tesão, não quer dizer que falei sério, nunca achei que ia engravidar de verdade! — Paulo andou de um lado para o outro e esfregou os cabelos. — Porra, um filho é a ultima coisa que eu quero agora!

Meus olhos se encheram de lágrimas, não podia acreditar que aquele homem na minha frente era o homem com quem me casei.

— Eu não vou fazer um aborto! — gritei com o idiota e me ergui do sofá o enfrentando.

Paulo deu passos apressados até estar cara a cara comigo e me segurou pelos ombros me sacudindo enquanto falava.

— Você não está entendendo, se não fizer isso vai ser o fim de nós dois! Eu não vou ficar aqui para criar um filho que eu não quero!

Ergui a mão e acertei um tapa em seu rosto, tão forte que minha mão ardeu. Paulo me olhou assustado por um minuto antes de se recuperar e me largar.

— Enquanto você estiver com essa criança eu não vou ficar com você, pode pegar suas coisas e sair daqui.

— O que? — sussurrei a pergunta chocada com suas palavras. Ele não podia fazer isso, não podia me colocar pra fora de casa.

— O apartamento é meu Alicia e se não vamos ser mais marido e mulher eu quero que você saia!

— Você não pode...

— Você é que não podia querer continuar uma gravidez que vai acabar com nosso casamento!

— Eu não tenho pra onde ir! Esqueceu que me fez vender minha casa?

— Você pode ficar mais uns dias, até conseguir encontrar um lugar ou desistir dessa ideia estúpida.

— A única coisa estúpida que eu fiz foi me casar com você! Desgraçado, como eu fui tão burra e tão cega nesses dois anos?

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