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Capítulo III

Eu deitei querendo dormir como pedra aquela noite, mas não pude negar que meus pensamentos ficaram vagando para o vizinho safado dela. Jack era lindo, mas não era isso que chamava minha atenção, ele tinha uma áurea de mistério, algo muito bem escondido. Aquelas tatuagens que se perdiam onde começava sua jaqueta, mas que de certa forma eu sabia que havia uma infinidade delas debaixo de suas roupas.

Meu corpo se esquentava apenas em pensar em como deveria ser o corpo dele pelado e repleto de desenhos, padrões e cores. Mas me repreendi por isso, não devia ficar fantasiando com homens a essa altura da vida, foi por causa disso que acabei onde estou hoje, grávida, desempregada e sozinha.

A única coisa que eu não me arrependia era de ter meu filho, sempre sonhei em ser mãe e nenhum macho babaca me tiraria o prazer disso.

Continuei com os pensamentos incessantes, parecia que a madrugada era o melhor horário para se pensar sobre a vida e os problemas, porque eu simplesmente não conseguia desligar minha mente.

Não sei a que horas consegui pegar no sono, mas fui acordada de supetão quando o ronco do motor soou, eu pulei em pé na cama encarando todos os olhos, meu coração pulava a milhão e eu tinha certeza que iria matar alguém. Meus olhos ainda estavam pesados de sono e eu só queria dormir, não me importava que horas eram.

Por isso me ergui da cama com rapidez e abri a janela com fúria.

— Desliga essa merda! — gritei chamando sua atenção, não sei como ele tinha conseguido ouvir minha voz com aquele barulho tão perto, mas ele ergueu o olhar no mesmo instante e ficou me olhando sem fazer nada. — Vai desligar ou o que? Tem gente querendo dormir aqui! — Jack mordeu os lábios e sacudiu a cabeça em uma negativa, erguendo suas mãos atrás da sua cabeça, como se dissesse que não faria nada. — Vai querer mesmo que eu desça ai?

Quando falei isso ele virou a chave, desligando a moto no mesmo segundo.

— Não, nem pense em descer aqui assim, quero manter esse show só para mim. — sua voz grossa me atingiu e seus olhos desceram por meu corpo.

Foi ai que me dei conta que não estava usando nada, eu gostava de dormir nua, só tinha esquecido desse pequeno detalhe quando pulei da cama. Levei meus braços tampando meus seios apertados, mas aquilo só pareceu chamar ainda mais sua atenção. Eu sei, eu tinha seios fartos, enormes de verdade e isso atraia muito a atenção de alguns homens.

Jack desceu os olhos analisando meus seios agora apertados, eu conseguia tampar meus mamilos e boa parte deles, mas isso não os impedia de aparecer um pouco por cima.

— Melhor você entrar de uma vez, antes que eu suba até ai para te dar bom dia de perto. — eu engoli em seco com aquela ameaça que mais parecia uma promessa de prazer.

Parte de mim queria se manter ali e ver se ele faria isso mesmo, queria saber o que o vizinho tatuado teria coragem de fazer, o quão safado ele realmente era. Mas a parte sensata em mim, me fez se afastar lentamente da janela até que alcançasse a cama.

Eu me sentei com a respiração descompassada e o corpo parecendo em combustão. Que merda era aquela? Eu podia culpar os hormônios, mas nem mesmo sei se era puramente verdade.

Meus seios agora estavam pesados, querendo atenção e havia um incomodo entre minhas pernas, me obrigando a apertar uma coxa contra a outra em busca de alivio.

Esse homem era mesmo um perigo para a sanidade de qualquer mulher!

Não resisti em dar mais uma espiadinha, torcendo para conseguir vê-lo mais uma vez, mas não tinha nem sombra dele quando olhei pela janela, a moto continuava estacionada na frente da sua casa era o único sinal de que ele ainda não havia saído.

— Volte a terra Alicia! — sacudi a cabeça e fui para o chuveiro, precisava de um banho para começar o dia, já que ele tinha estragado qualquer ideia de voltar a dormir.

Depois de tomar banho e comer eu não tinha muito o que fazer ali, Julia tinha saído cedo para seu trabalho na fazenda e só voltaria no fim da tarde, eu não tinha um trabalho e não conhecia ninguém por ali.

Minhas opções eram colocar um biquíni e tomar sol no quintal, ou passear pela cidade e conhecer um pouco das coisas. Levando em conta minha exibição essa manhã, o melhor era mesmo dar uma volta na cidade.

Coloquei um vestido florido confortável e sandálias baixas, não tinha um carro, mas por sorte a cidade era pequena e tudo parecia bem perto. Não demorei mais do que vinte minutos para chegar ao centro, onde tinha muitas lojas, lanchonetes, comercio era todo concentrado ali percebi.

Entrei em uma loja de artigos de bebê e me perdi, não deveria gastar, mas foi inevitável não comprar algumas coisas. Meu filho ainda não tinha nenhuma roupinha, por isso não me controlei e comprei um body, um macacão e uma manta, mesmo não sabendo o sexo eu peguei cores neutras que dariam para os dois, sabia que era pouco, porém tinha que começar de algum lugar, estava usando o restante do meu dinheiro na poupança para isso, mas ele merecia.

Não demorou para que toda a caminhada me deixasse faminta e apesar de vários lugares para comer ali, eu ia direto para casa, não podia gastar mais nenhum tostão, precisava fazer aquele dinheiro render, afinal não sabia quando conseguiria um emprego.

— Não sei se você está me perseguindo ou se é o destino que fica te colocando no meu caminho. — aquela voz irritante e sexy soou atrás de mim enquanto eu passava em frente a uma loja de roupas femininas, já em direção a casa.

— Haha, poderia dizer que você é quem está me seguindo, mas a cidade é um ovo. — dei de ombros e me recusando a olhar para ele.

— Comprando coisas de bebê? — eu apenas concordei fingindo analisar a vitrine — Julia me disse que você está grávida, já sabe o sexo?

— Não, ainda não, está muito cedo. — murmurei não querendo tocar no assunto, porque geralmente essa pergunta era seguida de: e o pai?

— Vai continuar evitando me olhar? Porque você sabe que somos vizinhos, não é? — eu me mantive firme, não queria olhar naqueles olhos ou ver aquele corpo e me perder novamente em pensamentos errados. — Eu já vi peitos antes, Alicia. — meu rosto se esquentou com suas palavras e eu arfei quando senti ele se aproximar ainda mais. — Não tão lindos quanto os seus, é verdade, mas não precisa ter vergonha.

— Você é mesmo muito sem noção! — resmunguei e me virei dando de cara com ele, estávamos tão perto que meus seios roçaram seu braço quando me virei. — Eu estou indo pra casa, tenha um ótimo dia.

Dei um passo para o lado me afastando e querendo colocar uma distância entre nós, antes que meus pensamentos se perdessem. Mas Jack foi mais rápido e segurou meu braço me mantendo no lugar.

— Já almoçou? — ele perguntou bem próximo e eu apenas ergui meu olhar para ele e sacudi a cabeça. — Vem, vamos almoçar.

— Não, eu...

— Vem, pode confiar que eu não mordo, Julia me fez prometer que eu não tentaria nada com você. — seus olhos desviaram dos meus e desceram até minha boca e foram mais além. — Mesmo que seja difícil resistir a você, sou um homem que cumpre suas promessas.

Ele me estendeu a mão tatuada, a palma calejada e ainda suja em alguns pontos de graxa, enfeitada com dois anéis prata, me chamando, me convidando a tocá-lo, como um maldito desafio.

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