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4

Ellen

Vamos recobrar a consciência pelo amor de Deus. Eu preciso me livrar dessa loucura e eles precisam cair na real. A droga toda é que entreguei a minha virgindade para um homem casado. Pior ainda, ele é o meu cunhado e eles parecem não se importar com isso. Do lado de fora da casa, me sento em um banco de concreto e admiro as belas flores do nosso jardim. Um toque suave no meu ombro me faz sorri, pois o perfume suave de flores, invadem as minhas narinas anunciando-me a pessoas atrás de mim.

— Ana! — sibilo, recebendo o seu abraço.

— Não sei como consegue! — Ela comenta, alargando o seu sorriso e se senta do meu lado. — Sabe onde estive na noite passada? — Faço não com a cabeça, voltando o meu olhar para as flores. — Na casa do Daniel. — Imediatamente o meu sorriso desaparece e eu respiro fundo, me sentindo a pior pessoa desse mundo. — Ele perguntou de você.

— Perguntou? — Meu coração dispara. — E, me fala como foi a festa ontem? — Mudo de assunto e ela percebe isso.

O que eu posso dizer? Daniel Carter é o que eu chamo de primeiro amor. Eu o conheci bem aqui na mansão Axel, brincando nesses jardins, enquanto a sua mãe, a Senhora Carter trabalhava na cozinha da casa dos meus pais. É claro que o Senhor e a Senhora Axel nunca souberam dos meus sentimentos por ele, e se depender de mim eles nunca saberão. É isso ou ele será expulso daqui junto com sua mãe. A final, uma Axel jamais se casaria com um homem pobre e sem estudos como ele.

É, a minha vida é uma grande droga!

— Você sabe o que eu penso dessas festas, não é?

— Ah, eu sei sim! — ralho e rimos. Ana Davis é uma das poucas pessoas que me conhece tão bem e eu posso dizer que até melhor do que os meus próprios pais. A verdade, é que se não fosse pela Ana com certeza eu seria sozinha nesse mundo e se não for um grande exagero da minha parte, posso ariscar dizer que ela é como se fosse a minha irmã, já que nos damos tão bem. — Amiga, hoje tem cinema ao ar livre na praça. Você vai, não é?

Respiro fundo e penso na minha sentença, digo, missão noturna.

— Não sei se consigo ir, Ana.

— O Daniel vai estar lá. — Ela ralha empolgada. Contudo, não tenho animo para pensar nele agora. Não depois do que fiz na cama com o meu cunhado e principalmente, não depois do que precisarei fazer até finalmente dar o tal herdeiro para ambas as famílias. Penso que a minha vida não é minha por agora e que um amor não tem espaço no meu coração.

— Vou ver o que faço, mas não prometo nada.

— Tudo bem! Eu tenho que ir, mas antes, preciso te entregar isso aqui. — Ela me lança um olhar cheio de brilho e um sorriso igualmente brilhante, abrindo a palma da mão, revelando um pedaço de papel dobrado. Curiosa, o pego da sua mão, porém, só abro após a garota sair correndo de dentro da propriedade.

“Quero te ver essa noite.”

“Daniel.”

Um nó sufoca a minha garganta depois de ler o bilhete. Entretanto, o amasso, mantendo-o preso entre os meus dedos e decido me esconder por trás dos arbustos para chorar. Quem sabe as lágrimas consiga arrancar toda essa angústia de dentro de mim? Uma hora depois, estou firme e forte outra vez, e resolvo entrar em casa.

— Onde você esteva todo esse tempo? — Mamãe indaga irritada, fazendo-me parar abruptamente no meio do cômodo.

— Eu… estava no jardim, por quê?

— Me diga que não estava com filho do jardineiro, Ellen?! — Ela resmunga mal-humorada e eu bufo em pensamentos.

Penso que se brincar, Daniel deve ter dez vezes mais dignidade do que todos os membros dessa família agora.

— Não se preocupe, eu não estava — respondo com um lamento.

— Entenda, filha, esse rapaz não é para você…

— Eu já sei disso, mãe, não precisa repetir! — ralho um tanto malcriada. — Posso ir para o meu quarto agora?

— O que você está escondendo aí? — Seus olhos hábeis fitam a minha mão fechada.

— Nada! — respondo agitada e levo a mão para atrás do meu corpo. Entretanto, Dona Grace Axel não mede distância em se aproximar de mim e confiscar o bilhete a força. Ela o lê por alguns míseros segundos e me encara duramente, rasgando o papel no mesmo instante.

— Sinto informar, Ellen, mas você não vai a nenhum lugar essa noite, a não para a cama do Senhor Collin Hill. Você se lembra que tem uma tarefa, não é?

— Adoraria me esquecer, mas vocês não deixam!

— Filha, é pela sua família!

— Bufo audivelmente.

— E tem mais, se ficar se engraçando com esse garoto sem futuro, pedirei para o seu pai demitir a família inteira, entendeu? Onde já se viu uma Axel se envolvendo com essa gentinha? — Apenas engulo cada desaforo seu com amargor e a encaro firme.

— Ok, mãe, eu já entendi. Será que posso ir agora?

— Ainda não.

Reviro os olhos com impaciência.

— A sua irmã pediu para avisar que as roupas para essa noite já estão separadas dentro de uma sacola e em cima da sua cama. Ela vai chegar mais tarde essa noite. — Uno as sobrancelhas.

— Mais tarde? Para onde ela foi?

— Ellen, isso não importa! Ela teve que ir resolver umas coisas e não vai chegar a tempo de lhe ajudar, e isso é tudo. — Apenas pressiono os lábios e assinto.

— Vou para o meu quarto — aviso e tento me afastar. Contudo ela segura no meu braço e me faz olhá-la.

—Escute, filha, isso é muito…

— Importante, eu já sei!

— Isso! A Ruby comentou que o Hill ficou bem animado. Se você caprichar só mais um pouco…

— Mais?!

— Só o seduza ao ponto de ele não ter a menor chance de fugir disso, Ellen. Se fizer isso essa noite, estará livre do seu compromisso, filha.

Fecho as minhas mãos em punho e me livro do seu agarre, subindo as escadas imediatamente.

Definitivamente eles não se importam comigo. Ninguém me pergunta o que eu quero, ou o que eu sinto. Parece que a Ruby é a única que não pode ser atingida e que não pode sofrer as consequências. Irritada com os meus pensamentos, bato a porta do meu quarto e me jogo em minha cama,

***

Um batom vermelho, os cabelos longos, lisos e soltos, os saltos extremamente altos e um espartilho negro, e rendado, formando um belo e sensual contraste uma calcinha da mesma cor, tão minúscula que chego a ficar constrangida diante do espelho de corpo inteiro. Uma típica mulher fatal. Penso colocando um sobretudo por cima da minha fantasia e após respirar fundo, me preparo para sair de casa e entrar no carro luxuoso que me aguarda do lado de fora.

Dentro do quarto principal da mansão Hill olho para os ponteiros do relógio marcando nove e meia da noite e sinto até um calafrio na boca do meu estômago que penso que logo ele passará por aquela porta e me tomará nos seus braços, e na sua cama como das últimas vezes.

… Só o seduza ao ponto de ele não ter a menor chance de fugir disso, Ellen.

Me pergunto que espécie de casamento é esse?

Sério, enquanto o Hill passa o dia inteiro enfiado na sua empresa, a minha irmã passa o dia todo fora de casa fazendo sabe o que, e com quem. Mas o fato é que o seu carro e seu chofer ficam o tempo todo lá parado no estacionamento da casa dos meus pais, e só regressa à noite perto da hora do seu marido voltar para casa. E durante as longas viagens do Senhor Hill, Ruby simplesmente desaparece.

Será um tipo de relacionamento aberto?

— Eu que não quero descobrir isso!

— Descobrir o que? — A voz grossa e firme do meu cunhado me faz sobressaltar. Contudo, balbucio sem saber o que dizer.

Creio que não, mas pretendo descobrir isso o quanto antes.

— Ah, você chegou! — Forço um sorriso para ele, esquecendo-me da minha postura.

— Como sempre, qual é a surpresa?

… Só o seduza ao ponto de ele não ter a menor chance de fugir disso, Ellen.

— Nenhuma. — Me aproximo antes que ele se livre do seu terno e faço esse trabalho por ele, tocando-o propositalmente algumas vezes. E quando paro bem na sua frente para tirar-lhe a gravata, Collin não hesita em lavar as suas mãos para os meus quadris, apertando as minhas carnes nas pontas dos seus dedos.

Sinto que o meu coração quer sair pela boca a qualquer momento. Contudo, evito olhar nos seus olhos, mas sei que os seus estão o tempo todo em cima de mim.

— Não sabe a vontade que estou de morder esses lábios vermelhos — Ele sussurra áspero e o meu coração para violentamente. Entretanto, ao erguer os meus olhos encontro os seus extremamente intensos e arrebatadores. Collin não mede distância e faz exatamente o que pensou, me fazendo fechar os olhos para apreciar o seu ato, e em meio a um beijo quente, gemo na sua boca.

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