Capitulo 3
Samantha
Depois daquele incidente que tinha ocorrido a pouco, graças a Deus consegui chegar ao meu destino. Ao estacionar o carro, vi com orgulho minha escola de dança. Vocês devem se perguntar: Como uma moça de 20 anos já conseguiu comprar uma escola? Aí eu respondo: Ganhei na mega sena, que piada! Se bem que quem não iria querer ganhar. Boba, eu não sou mais não.
Eu recebi uma herança dos meus avós paternos, que foi dividida entre eu e os meus irmãos, não falei que tinha irmãos, pois é, eu tenho, minha irmã Milena tem 15 anos e o meu irmão mais velho se chama Alessandro, ele tem 30 anos e está solteiro.
Voltando ao assunto, meus pais se chamam Lorenzo e Alessandra. São pais que toda garota quer ter, eles são do ramo de advocacia criminal, é claro que eles sempre me apoiaram na minha dança, mesmo sabendo que eles queriam que eu fosse do mesmo ramo que eles, mas meu irmão deu orgulho a eles, se formou na área e ele trabalha sempre no fórum.
Então, o dinheiro foi dividido entre nós três. Além disso, meus pais sempre depositaram uma quantia em minha conta desde pequena, o que me ajudou a abrir a minha escola de dança. Quando vi o espaço à venda, o terreno tinha uma casa com garagem e jardim, eu tive certeza de que ali seria a minha escola. Então, ao passar em frente e pegar as informações contidas no cartaz, pedi à imobiliária para conhecer o espaço e me encantei. Logo, acertei os detalhes da venda do imóvel e minha escola de dança se chama Samantha, que, aliás, é o meu nome.
Deixo as divagações de lado e entro na escola, que já está lotada. Então, vejo saindo de uma sala a minha melhor amiga, Ana Beatriz. Éramos como irmãs.
— Onde você estava, Samantha? Estava preocupada com sua demora. — Não disse, o rosto dela mostrava isso. E respondi a tranquilizando:
— Me desculpe a demora, aconteceu uma coisa hoje comigo... — Mal acabo de falar e ela me interrompe.
— Pode falar já, Samantha, o que aconteceu com você.
— Aninha, podemos falar depois que der a aula, por favor, hoje já atrasei e não posso ficar segurando tanto as pessoas
— Dessa vez passa, mas eu vou querer saber de tudo o que aconteceu — ela fala.
— Pode deixar, Ana, eu te falo, a gente se encontra na hora do almoço naquela lanchonete de sempre, o que você acha? — sugiro.
— Sim, a gente se encontra lá, às 13h em ponto — ela responde, a gente se despede e entro na minha sala. A sala estava cheia de gente, entro e já me anuncio
— Olá, gente, bom dia e me desculpem a demora, vamos começar a aula de hoje, o estilo da dança vai ser tango. — Vou até minha coletânea de música e escolho La cumparsita, um tango envolvente, e falo pra eles: — Vamos lá, formem duplas — Enquanto vejo eles se posicionarem, aviso que eu vou chamar um professor.
— Henrique, você está ocupado? — eu pergunto, já na sala dos professores.
— Não estou, não, minha diva — responde com aquela voz afeminada. É, meninas, ele é gay, uma pena, porque ele é um gato, minhas alunas ficam suspirando, além de ser alto, deve ter 1,80 m de altura, moreno e com olhos verdes.
— Vamos, Henrique, preciso de você — falo pra ele, e, com uma expressão de safadeza no rosto, ele me responde:
— Pra onde a gente vai, amor, pra minha casa ou pra sua?
— Eu não acredito, Henrique, que você está me fazendo essa proposta, para com isso, preciso de você pra fazer a parte do tango.
— Nossaaaa, dona Samantha está toda nervosaaaa— ele responde com ar de riso e me acompanha pra sala.
— Estão todos prontos? — eu pergunto. Vejo todos afirmarem. — Primeiro observem eu e o Henrique e depois vou falando os passos e vocês continuam.
Eu começo dançando, o Henrique me pega e começamos; o ritmo entre nós começa, eu esqueço de todos e de tudo pela dança, parece que aquele momento só existe nós e a dança. Henrique me vira de costas pra ele e põe a mão nas minhas pernas, como se a gente estivesse fazendo amor, só ouço os aplausos de todos. Quando dei por mim, a música já tinha acabado. Agradeci a todos e a Henrique, que saiu da sala, e todas as meninas suspiraram por ele.
— Obrigada, vamos lá. — Toco de novo a mesma música e vou falando os passos pra eles.
Olho no relógio pendurado na parede e encerro a aula, agradeço aos alunos e me despeço deles. Espero a próxima turma, que não demora a chegar. Para eles, ensino outro ritmo, porque não tenho mais a ajuda do Henrique, ele também está em aula.
Ao final das aulas, me encaminho para o escritório e aproveito e tomo bastante água, regra crucial para quem pratica alguma atividade física, principalmente dança. Acabo de beber a minha água e vejo a Ana entrando na sala.
— Vamos, Samantha?
— Vamos, deixe-me pegar minha bolsa — respondo pra ela. — No seu carro ou no meu?
— Vamos no meu, porque eu reparei que o seu está um pouco amassado.
— Como você sabe que meu carro está um pouco amassado? — pergunto.
— Simples, eu esqueci um cd no meu carro e fui lá buscar e, como seu fica perto do meu, reparei que ele estava amassado, você vai ou não me contar o que aconteceu?
— Eu vou, a caminho, eu te falo.
Saímos da sala e senti um ventinho fresco passando por mim, então, comecei a imaginar as mãos daquele deus grego passando por todo o meu corpo. Quando dei por mim, Ana me chamou a atenção.
— Samantha, você está no mundo da lua hoje, é? Estou te chamando já faz cinco minutos.
— Me desculpe, Ana — falei.
— Eu vou querer saber de tudo, viu, mocinha?
Entramos no carro e seguimos direto para a lanchonete, chegando lá, entramos e fomos direto pra nossa mesa favorita. Veio a atendente e fizemos o pedido; enquanto esperávamos, Ana voltou com o assunto:
— Vamos, dona Samantha, me conte por que você chegou atrasada hoje, e não enrola.
Vendo que não tinha jeito, comecei a contar desde que acordei até a hora da batida, e a expressão no rosto da Ana foi de engraçada até ficar com rosto corado.
— Foi isso que aconteceu, agora eu tenho que ligar pro cartão dele para saber quanto ficou o orçamento para o meu seguro pagar.
— Tá brincando, menina, esse cara é de verdade mesmo? Como se chama?
— Se chama Damion Filip.
— Nome forte, esse homem tem. Ele é bonito?
— Bonito é pouco. — Ela me olha confusa. — Aquele homem é lindo, gostoso e tem umas mãos que só de imaginar me arrepio todinha.
— Sua danada, só você consegue encontrar esse belo espécime. — Dá risada.
Chegou o nosso lanche, comemos, pagamos a conta e fomos embora, no caminho, a gente ficava brincando sobre esse assunto.
— Ana, esse homem, eu queria na minha cama, pena que ele não deve gostar de mulheres gordinhas — falo com pesar.
— Samantha, pare com isso, qualquer homem iria se interessar por você, é linda, carismática, simpática, ele não iria te dispensar — ela comentou. Eu fiquei feliz e emocionada com o que ela fez.
— Eu amo você tanto, minha amiga — falo quase chorando.
— Eu também, Samantha.
Voltamos para a escola e continuamos com as nossas aulas. As horas se passaram e já estava fechando a escola, me despedi dos alunos, seguindo para o carro. Recolhi as minhas coisas, me despedi também de Ana e seguimos para as nossas casas.
Em casa, coloco as minhas coisas na sala e vou à cozinha para descobrir o que há no freezer para jantar. Pego uma lasanha à bolonhesa e a coloco no micro-ondas. Enquanto a comida esquenta, vou ao quarto e começo a me preparar para o banho. Debaixo do chuveiro, começo a imaginar aquele homem, o que ele poderia fazer com as mãos e com a boca, então, começo a me masturbar com tanta intensidade que, quando dou por mim, chego ao orgasmo gritando o nome dele.
Termino o meu banho, me visto e vou à cozinha a fim de jantar, ligo a TV e percebo que já está na hora do meu seriado preferido. Ao terminar o episódio, lavo a louça e verifico se a casa está toda fechada, indo ao meu quarto logo em seguida. Lá, ligo o rádio, ativo despertador. E, no embalo De Janeiro a Janeiro, de Roberta Campos, durmo pensando no meu deus grego.