Capitulo V- Três semanas
Nada mudou na favela, embora imagino que o morro esteja visado por gente grande, pela facção rival, foram cinco policiais mortos na invasão, um dos grandes também se foi nesse bagulho aí, fiquei sem informação do DP todos os dois que me informava dos bagulhos se foi, um deles fui eu que matei, o outro que me avisou a tempo, não teria porque morrer estava fazendo o combinado.
Os dias foram de silêncio na favela, todo mundo pisando miudinho, todos na maciota, mostrar que eles não conseguem ter tão fácil acesso a mim assim, é bom, mas só aumenta a sede deles por mim, o que não terão nunca. Tivemos que comprar outro policial, mas o cara é chato pra cacete, oferecido demais, liga demais, me incomoda muito, tenho que mandar dá uma prensa nele fila-da-puta.
— Fala Romano! — Atendi a ligação no meio dos parceiros, os moleques fazendo a pesagem, embalando a mercadoria, dividindo pra levar pra casa, cada um cuidar do seu, é um trampo como outro qualquer, cada um com o seu comércio, vende a seu modo como pode, a concorrência é grande, o que importa é o rango não faltar na mesa.
— Algum serviço extra aí, chefe? — Franzi o cenho, esse fila-da-puta veio se oferecendo depois de tudo, mostrando entender dos movimentos, mas não me desce, só tô aceitando porque preciso saber dos bagulhos, sempre surge se oferecendo querendo algo pra fazer. — Não, sabe que se precisar ligo, tá ligado como é o bagulho né?
Digo sério, ele não me desce, e por mais que ligue, fale, ainda não consigo confiar muito, mas como os outros, já sabe, precisa de grana, corre pra nós. — Tô precisando fazer uma grana aí chefia. — Assenti, olhei em volta.
— Alguma novidade por aí? Quando vou ter o meu encontro com a doutora? — Pergunto observando o lugar por total, acompanhando os números marcando na balança o peso da mercadoria. — A doutora está sendo afastada, chefe, deu bom pra ela não!
Ouço a sua risada, suspiro fundo. — Ok, sem delegado, então? — Pergunto vendo o ir e vir de homens pegando suas gramas pra dividir entre si. — É, teremos paz por um tempo chefia! — Noto que ele realmente está babando por uma moeda, logo dispenso.
Os dias seguem normal, mas a insistência em me ligar, não atendo todas as suas ligações por simplesmente não querer ter contato, muito contato me faz duvidar das suas ações. — Quero outro policial pra me dá notícias da delegacia. — Aviso fazendo o meu gerente e subgerente me olhar. — Outro chefe a gente acabou de contratar esse aí. — Suspiro me sentido entediado.
— Eu sei, é por isso mesmo, em um só não dá pra confiar pô, e que um não saiba do outro, tá ligado? — Eles se olharam notando que as minhas ideias batem certo, Leleo balançou a cabeça confirmando ao que eu disse. — é ideia chefia. — Nem ainda me olhou receoso, mas fez o mesmo com a cabeça um tempo depois.
Os inimigos ficaram a espreita depois da invasão da polícia, tive certeza, eles pensaram que a gente ia enfraquecer com os homens de bota na quebrada, mas nem pra lá foi, nem estremeci, a manchete só passou no jornal três vezes, uma vez no jornal da manhã, outra ao meio-dia, outra a noite, uma semana depois não se falava no acontecido.
Acabou a palhaçada na TV, suspeitei que haveria investigação, mas nenhum policial se atreveu a vir na favela, queria saber o porquê, ainda assim me preparo pra qualquer coisa grande que possa surgir, voltei a boate no sábado, mulher pra mim, é sexo e dinheiro em seguida, depois tchau, vaza, cheguei a portaria sendo bem recebido, eles sabem que eu gasto bem, invisto pesado no bagulho, chegou perto uma tropa de mulheres bonitas, gostosas.
Meus parças precisam se divertir, com mulher de qualidade, é claro, dai alegria pra o povo, é melhor que comida, eles sempre se lembrarão disso, só quem lembra de quem o alimenta é cachorro, o povo não, bebida, mulher tudo por conta do chefe.
Olhei em volta, observei todas, até que me lembrei da última vez que cheguei aqui, aquela maluca quem era? Lhe procurei no meio das outras, a mulher chorosa, drogada, desejei ver o seu rosto bem feito desta vez, mas por mais que olhasse, não encontrei nenhuma que fosse parecida.
Bonita, apertada, mas ruim de movimento, bagulho louco, todas presentes são muito brancas, muito loiras, bastante maquiadas, olhando agora em seus mini trajes, aquele vestido preto era comportado, até. Bebi algumas vezes, uma ruiva sentada um pouco mais distante no bar me olhava, bebendo algo com azeitona.
Os homens foram saindo de um a um em busca dos seus momentos de diversão, olhei para a pista, notando que as coisas por aqui não mudaram desde a última vez que vim, a cor não difere tampouco a decoração. — Chefia! — Escutei a voz de alguém chegar.
Franzi o cenho, ninguém me chama disso aqui, não diretamente, analisei o homem alto, branco, cabelos claros pintados, algumas rugas. — Romano, prazer conhecê-lo pessoalmente. — Diminui os meus olhos, ele está me investigando? Ou simplesmente frequenta o lugar?
O olhei sério por alguns instantes, o que esse homem quer de mim, a mão continuou estendida na minha direção. — Quer dizer que tem dinheiro pra frequentar um lugar como esse? — Sorriu olhando em volta.
— A filha de um amigo comemorou o aniversário aqui, uma pena, uma boa menina...— Revirei os olhos, o olhei diretamente, não perguntei isso, estava simplesmente lhe lembrando quem é. — Tô a fim de saber de historinha não, quero saber o que tu quer comigo, pô? Qual foi?
Fui direto, olhou-me com medo desta vez, sua voz não me cheirava bem, ele pessoalmente também não. — Trabalho chefe, só preciso de trabalho! — Zombei ao lhe ouvir. — Tá precisando de quanto porra? Parece que tá morrendo de fome nesse caralho! — Reclamei lhe vendo engolir em seco, os seus olhos brilharam no bar escuro. — Tá incomodando aí, chefe? — Não olhei, Leleo colou de pé ao meu lado, bicudo lhe olhando.
— Qual foi chefe, eu sou um de você, só quero trampo, sabe como é? Filhos, faculdade, o plano mal cobre... — Assenti lhe olhando, girando o copo de uísque entre os dedos. — No que eles estão trabalhando ultimamente? — Aproximou mais com a minha pergunta.
— Tudo murcho, ficaram com medo depois do que aconteceu, sabe não é? Perdemos muitos homens. .— Continuei lhe avaliando de baixo a cima, desconfiado sem lhe dá muita atenção, se ele esta realmente precisando de dinheiro irá fazer qualquer coisa que eu mandar será? Preciso pensar em algo pra colocar sua lealdade a prova, permaneci calado, seu tempo já era.
— Tá rala pô, nos tá aqui por outros interesses, não tô a fim de ver tua cara por aqui não! — Continuei sentado movendo o meu copo enquanto Leleo lhe colocou pra correr, o administrador não demorou a vir, sentou do meu lado. — Como está o atendimento Mia? — Virei o copo de bebida na boca. — Todas as garotas daqui aqui só são essas que vieram?— Não escondi a minha insatisfação com o que chegou, nenhuma delas me agradou.
Mordeu o lábio ao me ouvir. — Tem umas que estão fora, sabe como é, elas ficam aqui, mas quando conseguem cliente saem, quer alguma em especial? — Não respondi, continuei a minha bebida em silêncio. — Perdeu alguém na operação? — Assenti com o balançar curto de cabeça, suspirei. — Trouxe a mercadoria, ta aí, mando trazer?
O vi sorri, como sempre ganancioso. — Sério? Já? Fiquei tão feliz que a bebida por conta da casa, cara, tá me dando uma força que nem imagina. — Não dei atenção, apenas dei ordem pra trazer o material, o vi receber cheirando por cima da embalagem, segui para o seu escritório para receber o pagamento, esperei retirar a grana do cofre, contar a minha frente, me apoiei no aparador de fotos e placas.
Percorri os olhos em volta do lugar luxuoso, escuro, com ar de pouco se ver, pouco se sabe, sexo, nudez, drogas, tudo neste lugar só me faz pensar nisto, loucura, por fim, lembro da garota. — Morena, cabelos lisos pretos, alta, em torno dos sessenta quilos, bunduda, cintura fina, tem alguma garota que faz programa aqui assim?
Perguntei, me sentindo um pouco curioso, colocou o dinheiro na mesa, me olhou, parecia pensar por fim, respirou fazendo um bico. — Preciso renovar o cardápio não é? Não, eu não tenho, se a viu aqui deve ter sido alguma cliente, mas Mia, você tem real interesse em morenas ou...
O encarei sério, desviou o olhar pra o dinheiro de repente, pelo menos uma gorjeta tenho que lhe dá pelo que houve. — Tem quinze dias que a encontrei a saída, usando um vestido preto, chorando... — Parei ao perceber que ele continuava a negar, não deveria esta perguntando, ele lamentou ao me ouvir, mas abriu a boca em seguida. — Ah temos, uma novata, é ruiva, se quiser é presente, depois dessa mercadoria maravilhosa que trouxe. — Assenti sem prolongar o assunto, peguei o dinheiro antes de sair… — Me arrume uma boa aí das suas, está bom!
Sai da sala, cheguei ao bar sozinho envelope na mão, até que uma mulher ruiva, num vestido vermelho de brilho, surgiu, mostrando parte dos seios fartos, vestido mais mostrando que cobrindo, caminhou em minha direção no bar. — Oi, me enviaram de presente pra você! — Assenti ao lhe olhar de baixo a cima, mulher de primeira, como os engravatados gostam. — Bora pra o cafofo!
Segui na frente, percebi que não estava drogada pela cara, me deparar com outra não ia dar certo, assim que chegou no carro veio com a mão em minha bermuda, apalpei sua bunda assim que se curvou no banco pondo o meu mastro duro na boca, deslizei minha mão em sua nádega, enquanto a boca quente receptiva engolindo o meu membro começou a molhá-lo, lambuzá-lo num movimento contínuo de subir e descer, a mão pequena grossa, quente começou a masturbá-lo, como se desse carinho.
Percebi quão profissional é, dirigi enquanto ela me chupando continuou, não demorei a derramar em sua boca antes do terço de viagem. — O que achou gostoso? — Suspirei fundo ao lhe ouvir, a olhei limpando a boca após sugar tudo que saiu de mim. — Prefiro que fique calada, se eu não gostar, você vai saber!— Fui direto, sem estender o assunto.
Sexo é apenas uma necessidade, não preciso saber e nem ela, nada sobre outro, sem ele podemos surtar às vezes, com ele, aliviar, descarregar um pouco o estresse, não sei até que ponto eu me tornei frio assim, talvez tenha sido a vida.
A mulher entrou meio encolhida e temerosa na casa, por ser na favela, mas ao chegar na casa olhar em volta, apenas observou. Aproximei tirando a minha blusa, em seguida afastando as alças do vestido, abocanhei um seio de mamilo rosado, farto.
Chupei deixando liberar o meu desejo no momento. — Ah! — Ofegou fingindo prazer no começo, mal havia começado, continuei sentindo a minha ereção aumentar, abaixei o vestido até a altura das coxas, retirei a sua calcinha, acariciei seu sexo devagar, toquei-lhe com dois dedos, até senti-la molhada, agora sim de fato, lhe vendo excitada ao se arrepiar por inteira, abrindo as pernas mais e mais. — Sofá! — Meias-palavras.
Após a minha satisfação, ficou deitada me olhando na cama completamente nua, levantei indo em direção a carteira. — Quanto? — Encolheu-se nos lençóis escuros de cetim me olhando. — Não precisa pagar! — Ri frouxo, mais uma que vai pagar de apaixonadinha? Jurá? Logo esse papel.
— Dois mil paga? — Abriu os olhos castanhos ao me ouvir, contei as notas. — Assim que se vestir, desce, alguém te leva de volta. — Lhe deixei na cama, fui para o banheiro, tomei uma longa ducha, as coisas continuaram iguais por aqui, e se depender de mim, sempre continuarão tudo na mesma, ninguém mexe no intocável, o meu valioso morro!