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Capitulo IV- O Meu mundo caiu

Eu quero sumir, desaparecer do mundo, de tudo agora, cheguei em casa sem querer ver ninguém, o que fiz da minha vida? Me perguntei decepcionada com tudo, comigo mesma, joguei um momento lindo fora, com um desconhecido, tudo dentro de mim, arde, dói agora, parece que fui rasgada ao meio.

Tomei um longo banho, sentindo-me usada, tudo ardendo por dentro, aquele homem era um completo animal, fiquei bastante tempo no chuveiro, a água caindo se misturando as lágrimas, que deixei rolar, todos os momentos maravilhosos que tivemos, cada promessa, cada palavra, conversa, planos Messias trocou tudo por uma transa? Ainda mais com Camilla, e eu tola, me atirei na merda como uma vadia.

A dor em meu peito só aumentou doendo profundamente, respirei fundo, enrolando o cabelo molhado na toalha, deito-me em seguida, chorei até dormir. Senti o meu corpo balançar, ser empurrado, abrir os olhos, na minha frente estava a última pessoa que eu queria ver no momento. — Tess, Tess é sério, eu... — Camila começou a falar chorando, a maquiagem toda borrada.

— Cala a boca, sai daqui, eu não quero te ver! Como você tem coragem? — Vociferei com todas as forças da minha alma, lhe impedindo de falar o resto, fosse o que tivesse a dizer.

— Tudo bem, você está no seu direito, tudo bem, grita, xinga, bate, eu aceito o que for Tessália. — Sentei-me na cama, sentindo dor de cabeça, e a fúria vir com tudo desta vez, eu não vou correr como fiz antes., não mais, já era, eu não sou a mesma.

Dei meia-risada de raiva, eu me vinguei de certa forma, ela ainda vem até mim, depois de tudo? O que ela quer me mostrar que mais uma vez tem razão, que sexo é tudo, que sexo é vida? Não, não é, eu fui incomodo, senti dor com aquele estranho, isso só aumenta a sensação de ser suja por dentro.

Mas ela não recuou, seus braços me envolveram, como se fosse o ato mais natural transar com o meu namorado ou me fizesse um favor. — Amiga, eu sei que tá com raiva... — Lhe empurrei, saindo em seguida de perto, tendo nojo pela primeira vez dela, de mim, de tudo.

— Me solta, você é uma traidora, é como uma doença pra mim! Olha o que fez, olha o que me fez fazer, eu te odeio Camilla Romano, simplesmente odeio ter te conhecido.

As lágrimas já desciam outra vez, a dor não passa, ela afirmou com a cabeça. — Sim, eu sei, eu sei que sou uma vadia obcecada por sexo, mas... — Não quis ouvir nem meio, mas, tampouco um inteiro.

— Sai da minha casa, sai da minha vida agora sua desgraçada! — A empurrei porta fora do meu quarto, ancorada na dor e fúria que apenas cresce dentro de mim, eu não queria ver ninguém, desaparecer era tudo no momento.

— Tess, Tess por favor. — Ri quando Messias veio na minha direção, eles vieram juntos? Nossa, vão transar aqui também? — Nem vem, se eu não quero ver ela, imagina você? — Empurrei a porta, mas alguém impediu no momento, as lágrimas caindo, esta doendo demais, eu fiz tantos planos com ele, com ela sendo a minha madrinha, meu Deus, quão podre, ela conhecendo todos os meus planos, sonhos.

— Tessália, eu não estou aqui para te pedi perdão, nem para dizer que foi um erro, e os blá blá que você já sabe, e como eu também sei que a gente perdoa tudo, menos traição... — Camilla disse chorando apoiada no sofá.

Passei a mão apertando meu nariz, tirando a secreção que me impedia de respirar, assenti. — Que bom que sabe disso, então sai da minha casa, os dois, somem da minha vida ou eu irei... — Apoiado-a na porta semiaberta, disse tentando ameaçá-los.

— Tess o tio Hernandes, é sobre o tio, você saiu da boate, deixou celular, bolsa, a tia ligou...— Lhe vi engoli em seco, isso era o de menos, peço ao meu pai pra pegar, ou o pessoal me entrega depois, parece que ela sabe cuidar bem das minhas coisas, inclusive do meu namorado.

— Eu te procurei, na verdade, naquele momento que eu estava a sua... quem era aquele cara Tessália? — Messias diz e pergunta de repente, apenas umedeço o lábio, sorri fraco, lhe vi me encarar sério.

— Não você, não ficou com aquele cara, ficou? — Ergui as sobrancelhas, sorrindo. — Qual é a preocupação Messias?  Fiquei, sim, transamos como dois animais em seu carro. — Ele somente negou, riu nervoso. — Deixa de ser idiota, Messias, a Tess não se entregou a você, esse cara deve ser só...

Camila disse mostrando me conhecer tão bem, dei pouca risada, sou tão idiota que eles me conhecem tão bem desse jeito, os surpreendi, me surpreendi desta vez. — Tem razão o proposito aqui é outro, Tess vamos conversar. — Messias diz me olhando, enquanto nego.

— Para quê? Para me dizer que me traiu com a minha amiga porque eu me recusei a fazer sexo com você? — Escancarei a porta encarando os dois de pé. Camila estava aos prantos, vê-la chorando por mais que me traiu, me partiu ainda mais por dentro, só não voltei na decisão, de me afastar porque era o certo, ela sofrer. Já era tarde, muita coisa havia acontecido em pouco tempo.

— O tio, Tess, o Tio Ernan... — Suas palavras eram silábicas, meio que perdidas. — Não se preocupe. Camila, o máximo que ele pode fazer com você é não querer mais ver a sua cara, nem permitir a sua entrada aqui.— Respondi afastando Messias que tentou me abraçar, o empurrei tendo repelida, nojo dele.

— Ele não vai amiga, infelizmente ele não vai, eu juro que adoraria agora que ele me expulsasse daqui... — Olhou em volta, eu neguei tendo certeza de que estava louca. — Ele vai, sim, nem olha, você trocou a nossa amizade pelo quê Camila? Você ser doente por sexo, tudo bem, eu entendo, mas foder com o meu namorado?

Olhei para Messias agora apoiado no aparador, até que ela retirou a bolsa do pescoço, o celular tocava, atendeu como se o meu celular fosse dela. — Não, tia, estamos aqui com ela. — Me olhou, não demorei a tomar o celular de vez, coloquei na orelha. — Não Tes...

Ouvi pedidos, as mãos tentaram me impedir, imaginei que não quer que meus pais saibam? — Não fala com ela, acredita que eles me trai... — Mal terminei de dizer, minha mãe falando coisas comigo em simultâneo, nossas vozes foram se misturando. — Fala com ela direitinho, Camilla, ele está...

Olhei de Camila pra Messias sem entender. — Mãe do que tá falando? — Meus batimentos aceleraram, ela estava apoiando eles? — Tess? Filha? — Sua voz de choro só piorou a situação, ouço uma comunicação soar. — Por favor, médico na ala C, quarto 212.

Ela estava em silêncio, até que o celular foi retirado da minha mão. Camila ficou a minha frente em choro intenso. — O que aconteceu? Me dá esse celular, ela está no hospital? — Ela olha para Messias que abaixa a cabeça. — Tess o tio Hernan, ele estava numa operação essa madruga...

Só entrei no quarto em disparada. — Foi ferido? Não se preocupe, eu vou para lá. — Um policial ser ferido é o que mais acontece, operações, eles sempre o chama, segui pegando as primeiras roupas que vi, calça jeans e blusa branca de bolinhas azuis, lacinho na frente.

— Senta vai! — Neguei, a ela, Messias de pé na porta nos olhando, ele de repente se tornou um homem tão estranho pra mim, que não me importei mais, meu pai, minha mãe sim são meus alicerces, minha vida. — Não posso, se expliquem depois, agora eu vou...

Ouço o longo suspirar, em seguida Messias diz impaciente. — Ele morreu. Tessália, seu pai foi baleado na cabeça, antes de chegar ao morro, não sei, ao certo...

— MESSIAS! — Ouço o grito de Camila, não acredito no que ele diz, sei que meu pai é um homem forte, é o meu herói, o melhor de todos no mundo, dou meia risada. — Idiota! Acha que eu vou acreditar nisso? — Fechei a calça que vesti por baixo do roupão, calcei o chinelo vendo e ouvindo os dois discutirem baixo como sempre, por que eu não percebi isso antes? Essas brigas eram paixão escondida.

Perguntei-me nervosa, peguei a bolsa preta habitual, maior, ao chegar na porta lhe vendo fechada, os dois brigando, ela mais que ele, por ter me dito essas palavras, suspiro fundo.

— Dá para abrir a porta ou irão me prender aqui? — Olho de um a outro, ansiosa para ir ver o meu pai, seja o que for, me esforçarei para ser a melhor enfermeira, cuidarei dele com muito amor, e isso ainda seria ao mínimo a se fazer depois de tudo que ele me proporcionou. — O que você queria? Não adianta ficar com essa melação toda, tá morto e acabou vai fazer o quê?

— Idiota, como eu pude me enganar tanto com você, Messias! — Ouço Camila dizer revoltada, o meu corpo paralisa, minha mente entra em colapso num turbilhão, tudo acelera, não vejo mais nada aos meus olhos de repente, meu mundo sem meu pai, não seria um mundo, tudo se perde, nada tem sentido na vida se ele não estiver do meu lado, sem a sua risada vangloriando-se de cada conquista, seus apertos de narizes inesperados, suas caras turronas por não aceitar os meus gostos.

O meu mundo acaba sem o meu pai, acordei no hospital com a minha mãe do meu lado em lágrimas, ela chorava sem parar sentada na cadeira, cabeça baixa. — Mãe? — Lhe chamo ainda desorientada, a mesma ergue a cabeça ao me ouvir. — Não é verdade? É? — Observo os seus olhos vermelhos pretos em mim, o rosto inchado me olhando.

As lágrimas descendo com ela em silêncio, me recuso a acreditar, seja o que for que ela tem a dizer, se não for o que eu quero ouvir. — DIZ LOGO! — Grito em desespero, vendo dois homens de branco entrar em seguida. — Senhorita se acalme! — Tento descer da cama, mas sou contida por eles, a olho. — O que aconteceu, mãe? Por que tudo isso? Onde está o meu pai?

— Tess por favor filha! — Ouço um pedido em choro, sinto a picada em meu braço, olho para o homem me segurando ao tentar me soltar, a minha cabeça é firmemente segura numa chave imobilizadora, nada faz efeito.

— Cadê meu pai? — Indago furiosa desta vez. — Este morto, minha vida! Seu pai nos deixou, o mataram ele filha! — Isso dói, me fazendo preferi que abrisse um buraco na minha alma do que sentir esta dor.

— Mentirosa! — Vocifero em desespero, meu pai prometeu que sempre estaria aqui, ele jamais quebraria uma promessa, logo agora que eu preciso dele, tenho certeza que não. — Segurem ela por favor... — A sua respiração toca o meu rosto ao dizer, apago outra vez desta querendo não acordar nunca mais, para quê viver? Não teria sentido algum.

Meu pai é o meu orgulho, minha vontade de ir além, por que acordar agora se ele não está aqui? Pra quê continuar todos os dias indo à faculdade, me esforçando para ser boa aluna, se não terá quem confira as notas, pergunte como foi a aula?

Acordei sozinha no quarto, mais uma vez, estava dia, mal olhei o teto, a porta foi aberta, uma enfermeira entrou, me olhou no rosto. — Bom dia querida! — O sorriso em seu rosto era largo, o batom nude. — Minha mãe onde está? — Pergunto sentindo-me vazia.

A mesma me olha diretamente no que lhe concerne. — Não sei, esteve aqui a noite. Sinto muito pelo ocorrido querida! — Vejo sua expressão de lamentar, ao sentir as minhas pernas, me sento na cama, ela mede a minha pressão séria, seu sentir não irá trazer o meu pai de volta. — O que é justamente o ocorrido? — Olho as flores no quarto, isso não me parece ser um bom dia.

Seus olhos castanhos me analisam, olha o medidor. — Tess? — Camilla adentra o quarto de repente. — Onde está a minha mãe? — Entra me abraçando, juntando-se a mim em prantos, vejo o departamento que ele trabalha passando na televisão. — Aumente a TV por favor. — Peço a enfermeira, sem dar atenção a Camila, que agora não parece nada para mim.

— ... O confronto entre policial e bandidos e criminosos, de uma fortaleza para os criminosos, acabou culminando na morte de três policiais militares, dois civis, dentre estes não podemos deixar de citar perca do cabo Hernandes Dourado, um homem de prestigiada carreira na corporação militar com algumas homenagens e co-decorações por sua bravura e coragem.

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