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Capítulo VI- Investigação arquivada

Três semanas depois...

— Tess por favor sai desse quarto filha! — Olhei para a minha mãe de pé na porta, depois da morte dele, ela não foi mais trabalhar, fica o dia inteiro em casa, enquanto eu, não tenho vontade alguma de sair daqui. Respirou fundo, vendo os olhos dos ombros subirem e descerem, continuo lhe olhando, ela está mostrando força em vão, sinto que está deteriorada por dentro, não há mais aquele brilhos nos olhos como antes, nada por aqui é como antes, não mataram apenas o meu pai, mataram as nossas almas.

— Eu preciso de você Tessália! — Ouço sua voz tentando me convencer, quase um mês se passou, e nada, nada aqui é o mesmo de antes. — Para quê? Acha que eu tenho condições de continuar como se nada tivesse acontecido, mãe? — Pergunto, lhe vendo prender o lábio inferior ressecado aos dentes.

— Acha justo com tanto esforço que ele fez filha? Pensa que vale a pena ficar aí presa dentro desse quarto, vai mudar alguma coisa Tessália? Ficar presa aí dentro o dia inteiro é que não vai mudar nada, minha filha, sei que está doendo, mas, você é jovem, precisa voltar a estudar, segui a sua vida, você está viva querida.

Olhei pela janela, algumas palavras que me diz tem sentido, ficar aqui dentro não ajudará em nada. — Tio Isaac tem vindo ainda? — Sorriu fraco, por fim afirmou. — Sim, ele sempre vem, não somente ele, mas todos do departamento sempre vêm quando podem. — Eles tem alguma notícia sobre o caso?

Olhou-me receosa, por fim negou. — Nada disso irá trazê-lo de volta, Tess, esses bandidos são perigosos, matam pessoas por diversão como se fosse ao banheiro, como se dessem bom dia, filha! — Ela deve conhecer bem, trabalha nisso dezoito ano. — E você não vai voltar a trabalhar?

Suspirou fundo, mas negou. — Não! A nossa vida não vale nada pra eles, filha, acha que uma pensão vai apagar a falta que o seu pai faz na cama? Vai ocupar o seu espaço na cadeira na hora das refeições… — Mal terminou de dizer, as lágrimas lhe dificulta terminar a fala, acabaram com a vida da minha mãe.

A campainha foi tocada, me fazendo franzi o cenho, lhe soltei no abraço consolador, atendi a porta querendo saber quem viria nos visitar sem ser avisado antes. — Oi Tess! — Olhei para meu tio Isaac de pé, assenti fraco, dei abertura na porta pra ele entrar, é amigo da minha mãe, como também era do meu pai, cresci com eles juntos seja no trabalho ou em casa, por isso não avisaram. — Como você está?

Senti um leve beijo na minha testa, o olhei em resposta, o que ele quer ouvir? — Ah Isaac, a Tess acabou de perguntar por você, acredita? — Minha mãe disse forçadamente ao chegar, deu meio sorriso, sentando-se. — Sério? — Ele pergunta diretamente me olhando curioso. — Sim, eu quero saber como anda a investigação sobre o caso, tem alguma suspeita? Já tem o resultado da balística não tem?

Apenas lamenta. — Querida foram eles, isso é coisa deles, temos o resultado da balística, arma policial desaparecida a anos, como sempre, do que adianta investigar, procurar saber, eles sempre estão a frente filha! — Suas palavras me deixaram atordoada, eu sempre tive uma visão bem diferente da polícia e da bandidagem, pra mim era como uma brincadeira de tom e jerry.

Meu pai era o melhor de todos, era só pegar o Jerry pelo rabo a hora que quisesse e levar à boca, mastigar e acabar com tudo. Desviei os olhos dele para a minha mãe como uma incapacitada sentada no sofá, afirmou. — Eu disse pra ela, Isaac, mas sabe como é a Tessália, o Hernan ficava enchendo sua cabeça com suas vitórias, sabe como é, não é?— Troquei um mero olhar com a minha mãe que se calou, ela não tem o direito de falar assim do meu pai.

O Silêncio submergiu na sala, meu tio estava pensativo, distante. — Quer um café? Um suco? — Minha mãe ofereceu demonstrando alguns dotes domésticos que nunca existiram, a vida deles sempre foi a segurança, exceto a mim, e a eles mesmos não havia nada mais que merecesse sua atenção, olhei para as placas, medalhas e troféus na estante a dez metros de distância, tudo aquilo significa muito pra mim, foi parte da vida do meu pai. — Um suco Taci, aceito um suco está calor né? Claro se não for…

Minha mãe mal ouviu levantou indo pra cozinha. — Nada Isaac você é de casa! — Ela quer ocupar a mente, por que não vai para o trabalho? Ficou com medo? Perguntei-me. — Tess a sua mãe fala em voltar para a corporação? — Senti a mão tocar a minha coxa, me despertando, o olhei. — Hãm? — Talvez o meu mundo fosse criado em cima de contos, histórias contadas, onde a polícia, são os heróis, os bandidos, sempre os vilões, o que não faz sentido é que o bem sempre vence, meu pai era do bem, por que não venceu essa guerra?

— A sua mãe falou algo sobre voltar à corporação? — Neguei, apenas lamentou me olhando. — Não temos conversado esses dias, tio. — Assentiu sério. — É eu sei, ela está acabada, faz bem ficar em casa, quanto a você? — Virei a sua frente desta vez, o olhei nos olhos castanhos. — O que tenho? — Suspirou fundo me olhando. — Soube que nem mesmo a Cam tem visto, não pode ser fechar querida.

Sorri fraco, posso dizer a ele, que a sua filha estava transando com o meu namorado na minha festa de dezoito anos? Observei os seus olhos atentos a mim. — Não tenho vontade alguma de viver como se nada tivesse acontecido, meu pai não está mais aqui... — Sua mão tocou o meu joelho numa carícia. — Mas eu estou, certo que não sou seu pai, nunca serei como ele, nem seu tio de sangue, mas eu te vi crescer Tess, o sonho do Hernan era te ver formar, ser uma advogada, você não tem noção do tanto que o seu pai se esforçou pra que vocês chegassem ao padrão de vida que chegaram.

Abaixei a cabeça com as suas palavras, mas assenti, imagino que muito, o meu aniversário foi de alto padrão, elite mesmo. — Eu sei, meu tio, mas agora... — Levantou, sentou ao meu lado. — Agora você tem que continuar, Tess, ergui a cabeça... — Suspirou fundo. — ... Ser forte, por você, por sua mãe, por todos nós, o seu pai faz falta e não é só aqui, é em todos os lugares. — Me levou ao seu ombro num abraço.

Ele sempre esteve aqui conosco, enquanto conversava com o papai, a minha mãe com a Tia Iris, eu sempre agarrada a Camila, embora ela tenha me magoado muito, espero que os laços entre nossas famílias não quebrem. — Não me conformo tio, não me conformo. — Sussurrei num choro reprimido há dias, a sua mão acariciou o meu rosto. — Eu sei, seu sei, por isso estou aqui, Tess jamais deixarei vocês sozinhas.

Senti-me grata por suas palavras. — Agradeço tio, mas os criminosos continuarão soltos? — Me afastei do seu ombro, colocando as mechas de cabelo por trás da orelha, o ouvi respira fundo, como se estivesse muito cansado. — Estamos investigando como podemos, Tess, sigilosamente, desculpe não quis dizer na frente da Taci, porque é muito difícil pra ela, peço que não diga nada, mas a morte do meu irmão nunca ficará impune.

Abri os meus olhos, isso me fez reagir em dias. — Jura? — Assentiu me olhando. — Sim, analisando os lugares onde frequentam, observando o morro, identificando os desgraçados, cada um deles, um a um, não se preocupe, em breve colocaremos todos atrás das grades. — O abraço forte, me sentindo uma criança que a um tempo não sou, agora devia me sentir uma mulher, mas só ter relações com um estranho não me causou nenhum efeito bom.

Esses dias nem pensei sobre isso, não me recordo bem rosto do homem, estava bêbada, chorando, desequilibrada, se não fosse pelo carro, poderia pensar ser até mesmo um mendigo, o que meu pai sentiria se estivesse aqui? Vergonha de mim? Talvez. — Oh, minha menina, sinto muito por tudo isto! — Senti a sua mão acaricia a minha cabeça num breve consoloele não tem noção do quanto era bom saber que a morte do meu pai não será deixada em vão.

Minha mãe trouxe o suco, colocou no centro de mesa dois copos, observei as olheiras inchadas formando bolsas embaixo dos olhos. Ela tem razão, eu devo reagir, não vou jogar os esforços do meu pai irem pra o lixo, assim de repente. — Bebe Tess, é de acerola querida, você gosta. — Assenti, bebi do suco, conversamos um pouco, decidir retornar a faculdade na manhã seguinte, com a cara e a coragem, sem querer saber como será o retorno, esperar e ele não chegar.

Passou-se mais uma semana, estava na aula quando a mensagem chegou. — Tess preciso te ver, podemos conversar? — Olhei para a mensagem do meu tio, sorri fraco. — Sim, sempre meu tio, onde? — Marcamos o lugar, quando cheguei ele já estava lá, mas após alguns segundos sentada com ele fiquei perplexa. — Esses são os envolvidos na morte do Hernan. — Olhei as fotos que colocou sobre a mesa, de uma a uma lhe olhei. — Esses? — Assentiu.

— Sim, sabe a boate que você comemorou o aniversário? — Assenti com a cabeça, como poderia esquecer? — O que tem? — Avaliei o seu olhar, enquanto suspirou. — Eles frequentam lá. — Abri os olhos, engoli em seco, é uma boate de alto padrão, pensei que apenas executivos, empresários frequentassem. — Tem mulheres que fazem programa, tem drogas, álcool, coisas que gostam, estamos tentando fazer com que algumas delas trabalhe conosco, mas sabe como é, sempre preferem o lado que dá mais dinheiro, esse povo é movido a dinheiro querida.

Lamentei lhe olhando. — Acha que elas podem descobrir algo sobre eles? — Assentiu. — Se sabem onde estão porque não vão e prendem? — Olhou pela janela. — Sem provas Tess? — Mordi meu lábio inferior, isso é verdade. — Precisamos de uma garota bonita, determinada que possa ir de um a um, até chegar no chefe. — Continuei lhe olhando atenta.

Abaixei a cabeça em busca de quem fosse este. — E quem é? — Olhei de um a outro, dois negros, um pardo, alguns parecendo adolescentes. — Não esta aí, esse é o problema querida, não temos a cara do chefe, precisamos que esta mulher descubra quem é ele, entre estes, ou qualquer outro que seja.

Voltei a olhar as fotos, poderia ser o negão com cara de mal? Tive certeza, mas só isso não basta, achismos, todos eles tem que pagar pela morte do meu pai, inclusive este chefe. — O problema é que conseguor uma garota que trabalhe conosco e não com eles, este é o problema, Tess, uma infiltrada naquela boate, apenas vendo, ouvindo, sabe?

Assenti, sem conseguir pensar em ninguém que possa fazer isto. — Sua mãe não tem como,sabe como ela é... — Assenti, a minha mãe nem pensar, eu levantei ela caiu na cama, parece que sua intenção era só me fazer levantar. — Tá, eu vou procurar alguém, alguma amiga da m...

Segurou o meu braço me olhando. — Não, não fale sobre isso com ninguém, tem que ser alguém determinado Tess, o Hernan era como um irmão pra mim, sua morte não pode continuar a ser uma piada, soube que na última vez que eles foram lá, fizeram uma festa, beberam, comemoraram pela morte dele. — Estalou a lingua, enquanto os meus orgão inflaram a ferver dentro de mim. — O que?

Assentiu lamentando. — Sim, a morte do Hernan virou um motivo de chacota, eu te pediria pra fazer isso, mas acho o trabalho muito arriscado, eu olho pra você vejo uma menina, além disso tem o casamento não é? — Abaixei as minhas armas, toda a minha ira, por fim neguei. — Não tio, eu e o Messias, não estamos mais noivos.

— O Que? Como não? Quem aquele moleque pensa que é pra te deixar num momento destes? — Levantou bruscamente revoltado. — Eu vou atr... — Segurei o seu braço, neguei. — Não, não foi ele que me deixou, fui eu que o deixei. — Olhou-me encolhendo as sobrancelhas. — O que? Mas porque? Tessália eu não acredito que você fez isso?

Prendo meu lábio inferior, mas afirmo. — É, uma decisão minha, tá! — Lamentou ao me ouvir. — Desculpe, eu só sinto no dever de cuidar de você, é como uma filha pra mim. — Me abraçou com carinho, me apoiando. — Tudo bem, decisão sua, eu respeito, mas ele deveria ter vindo até mim.

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