CAPÍTULO 6
Depois de suspirar profundamente, Eleonora começou a contar todo o acontecido e a causa de naquele momento está novamente precisando encontrar um novo trabalho.
Em uma mesa próxima, sem elas perceberem, uma senhora, ouviu os lamentos de Eleonora, e logo lembrou da amiga a sua frente que vivia se queixando sobre como estava difícil lidar com a mãe já idosa. Olhando de rabo de olho para a mesa onde, Eleonora e Iolanda estavam, a senhora viu ali a oportunidade que a amiga à sua frente desejava tanto.
As duas senhoras tomavam chá enquanto conversavam sobre suas vidas. Foi então que uma delas que havia ouvido quando Eleonora falou para a amiga Iolanda que precisava encontrar um novo meio de ganhar sua remuneração mensal, então logo a mulher querendo ajudar sua amiga, que só sabia se lamentar, falou baixinho.
— Eugênia, você me falou outro dia que queria muito encontrar uma pessoa para ser acompanhante da sua mãe, não foi? Então, você já encontrou?
— Não, ainda não tive tempo de ver isso. — disse a mulher levando sua xícara de chá até a boca.
— Eugênia acho que tenho uma solução! — falou a mulher curvando-se e falando baixinho para a amiga sentada elegantemente que logo depositou a xícara à mesa e passou a prestar atenção no que a amiga lhe dizia.
A amiga então começou a contar-lhe o que tinha acabado de ouvir das jovens sentadas na mesa próxima. Fazendo Eugênia olhar na direção e fitar Eleonora dos pés à cabeça. Logo voltou para a amiga e lhe disse:
— Irene, você não acha que essa moça é muito jovem para tal função? — disse Eugênia com desafeição.
— Não Eugênia, para ser acompanhante de sua mãe que é uma senhora distinta e ainda ágil, precisa ser uma moça bem apessoada, pois acompanhará nos eventos e casas de chás nas tardes na qual sua mãe queira ir, e isso te facilitará fazendo com que sobre tempo para você poder ser livres para se dedicar as nossas tardes de bingos e reuniões de bordados onde colocamos mais as conversas em dia do que realmente bordamos, você terá mais tempo e assim não precisará mais sair apressada para cuidar de sua mãe, pois terá uma jovem a disposição dela, e se você arrumar uma velha poderá não ter tanta disposição e talvez nem aguente seguir e apoiar sua mãe nesses eventos. — disse Irene deixando Eugênia a pensar.
Eleonora que estava sentada de lado, reparou que a senhora bem vestida, olhava-a com olhos de quem procurava algo em si, fazendo-a se questionar, se estava com a boca suja ou algo parecido. Com receio de está suja, perguntou para a amiga:
— Iolanda, tem algo fora do normal em meu rosto?
— Não amiga! Por que essa pergunta, o que está acontecendo? perguntou Iolanda.
Eleonora então falou em um tom mais baixo:
— Amiga tem uma senhora que não para de me olhar, será que ela está me reconhecendo de algum lugar? Sei lá, deve ser do tempo da minha mãe, mesmo eu não me lembrando de ter vindo nessa cafeteria antes com minha mãe, mas não sei, talvez de outro lugar, não sei.
Ao ouvir o que a amiga falou, Iolanda disfarçou e logo procurou com seu jeitinho nada discreto, olhar para a mesa ao lado, se deparando com as duas mulheres a qual ela logo reconheceu as duas. — revirou os olhos com desdém. Pois sabia que as mulheres faziam parte do círculo social que sua mãe frequentava em tarde de bingos e bordado, onde toda vez que a mãe voltava daquelas tardes, chegava em casa cheias de novidades sobre a vida de todos da cidade, não só das senhoras socialites, mas também das jovens que estavam a procuras de maridos e as que já estavam comprometidas com os escolhidos por seus pais. O que Iolanda odiava aquelas reuniões, pois sua mãe Infernizava sua cabeça sobre já ter que estar se comprometendo com algum rapaz também, no entanto, Iolanda pensava como Eleonora, que não iria casar-se por casamento arranjado, e sim por amor, o que seus pais achavam uma bobagem.
Já entendendo o que estava acontecendo ali, Iolanda, curvou-se na direção de Eleonora e falou:
— Amiga, eu conheço essas senhoras! Elas são da alta sociedade, a ruiva é bem futriqueira. — Falou Iolanda em cochicho.
— Ela adora falar da vida alheia, talvez por isso a senhora que está com ela não para de lhe olhar. — falou olhando de rabo de olhou mais uma vez para a mesa das senhoras e continuou.
— A mexeriqueira deve está falando de sua vida para a outra. — disse revirando os olhos e prosseguindo.
— Mas não dê importância. — falou bebendo de seu café.
— Sei que isso lhe incomoda, pois para todos nessa cidade uma moça que vive sozinha, não é bem vista, mas amiga, eu lhe invejo viu. — confessou
— Já que você está se saindo muito bem, perante ser sozinha ninguém tem nada de mal para falar de você, você está sempre se preocupando com sua reputação, procurando viver sempre do jeito certo, como seus pais sempre a criou. — falou levando mais uma vez à xícara a boca pois estava sentindo sua saliva grossa de falar sem parar.
— Parabéns amiga, eu sempre falo isso com minha mãe, que já chegou a dizer lá em casa, que você dará uma boa esposa, só é uma pena que não será capaz de arrumar um marido de alta linhagem por não ter o que somar, desculpe eu te falar isso, não é o que eu penso, e só o que todos nessa cidade falam, o que eu acho uma maldade com você que sempre foi bem criada e tinha até mais que muitos deles, e que não tem culpa do destino ter feito o que fez com você e sua família. — Falou baixando a cabeça com o coração doendo ao lembrar dos momentos sofridos que a amiga passou.
Ao ouvir tudo que a amiga falou, Eleonora ficou ainda tensa e não querendo parecer mal educada, não olhou mais na direção da mesa das senhoras, contudo, dentro de si, lutava com uma tristeza que lhe consumia, pois era como a amiga havia falado; seria impossível mudar sua história onde ela nunca iria poder casar-se com um homem de posses, mesmo que estivessem apaixonados, pois a família dele jamais permitiria.
Um tempo depois, antes das senhoras saírem, a senhora de cabelos pretos, se levantou e seguiu até a mesa que Eleonora e Iolanda estavam. Ao se aproximar, disse olhando para Eleonora.
— Boa tarde, senhoritas, estou aqui porque minha amiga não pode deixar de ouvir que a senhorita deseja encontrar um meio de ganhar uma remuneração mensalmente. — disse a mulher olhando para Eleonora.