Capítulo 7
- Boa noite, professor! - exclamou ela, com a voz quase aguda demais, fazendo com que ele se assustasse quando, depois de guardar o celular no bolso do paletó, ela se virou para a porta. Encostada nele, com os braços cruzados sobre o peito e um sorriso no rosto, estava Ember, a última pessoa que Ronaldo esperava ver, dada a tendência dos últimos dias.
- Ember, o que você está fazendo aqui? -
- Coincidência", disse ela, encolhendo os ombros.
Ronaldo cerrou os lábios, não acreditando nem um pouco naquelas palavras. - Você veio me pedir para resumir novamente a lição que perdeu hoje de manhã? - perguntou ele, olhando para ela com diversão e lembrando a ambos do acontecimento que os levara a ir para a cama juntos.
- Eu nunca uso a mesma desculpa duas vezes com a mesma pessoa", ela apontou, deixando-o imediatamente sério novamente.
- É bom saber", ele comentou, forçando-a a se afastar para deixá-lo passar pela porta.
Damien estava conhecendo-a agora, pouco a pouco, e entendeu que ela era uma daquelas pessoas que não aceitavam um não como resposta. Que faria qualquer coisa para ter sucesso. E, de fato, esse comportamento indiferente da parte dele fez com que a garota começasse a segui-lo pelo corredor.
Ela se aproximou e olhou para ele furtivamente. - Você está indo para casa? perguntou ela, curiosa.
- Sim, o jantar não se faz sozinho", respondeu ela, tomando cuidado para não olhar nos olhos dele e mantendo o tom impassível.
- Sim, eu sempre esqueço", ela comentou. - Minha colega de quarto saiu com um cara hoje à noite e - Ronaldo a interrompeu, sem dar a ela a chance de terminar a frase.
- Você também deveria fazer isso", disse ele, parando de repente e olhando para ela. Estabelecer limites e se afastar dela era a melhor coisa que ele poderia fazer, disso ele não tinha dúvida. Mas ela tinha uma dúvida muito pequena sobre ser capaz de fazer isso.
Ember olhou para o rosto do homem, seus traços definidos, às vezes angulosos, mas em perfeita harmonia uns com os outros. A barba bem feita circundava seus lábios finos, expandindo-se também para parte das bochechas, enquanto os cabelos ligeiramente longos caíam suavemente sobre o pescoço. De vez em quando, quando ela o olhava assim, ele parecia uma espécie de príncipe. Elegante, gentil e atraente. Um homem que parecia ter saído de um daqueles romances clássicos que ela havia lido quando adolescente.
Um homem escrito pela pena de uma mulher, porque era impossível não se sentir atraído por ele.
- Se isso é um encontro, uma pessoa galante como você deveria saber o que perguntar antes de dormir com uma garota", brincou ela, colocando-se na frente dele e aproximando-se ainda mais do seu corpo.
- Refiro-me a um cara da sua idade", Ronaldo rebateu. Acompanhá-la era, na verdade, mais complicado do que ele pensava, pois ela sempre tinha uma resposta pronta para tudo e seu olhar astuto deixava muito pouco para a imaginação. Mas ele não queria ceder. Ele não queria revelar isso, não daquela vez.
- Ah... mas eu não gosto de garotos da minha idade tanto quanto ela", confessou ele, colocando a mão no peito e passando-a sobre o paletó. Ronaldo engoliu com força, reunindo todo o seu autocontrole para manter a calma e evitar cometer atos imprudentes, como aquele que os levara a fazer sexo pela primeira vez. Aquela frase, porém, não o deixara indiferente, pois um leve calor já começava a aquecer seu baixo ventre.
- Ember, por favor... - disse ele, inclinando-se ligeiramente para trás e segurando com mais força a alça da pasta com a mão esquerda. Ele não queria ceder, mas ela tornava as coisas muito difíceis para ele.
- Qual é o problema? - perguntou a garota, batendo os cílios e assumindo uma expressão ingênua, enquanto se aproximava dele novamente. E foram exatamente essas expressões, o olhar dela para ele com aquele brilho nos olhos, a maneira como ela mordia o lábio inferior, fingindo ser uma criança inocente, que o deixaram completamente louco.
- Não deve haver ninguém aqui agora", ela apontou, lembrando-o de que horas eram e que o prédio estava fechado ao público no momento.
- Essa é outra proposta? - perguntou ele, com os lábios se alargando em um sorriso seráfico. Mas antes que ele pudesse responder, admoestando-a novamente, um barulho chamou sua atenção.
Alguém tinha acabado de entrar pela porta da frente e a luz de uma tocha estava piscando na direção deles, iluminando levemente o corredor em que se encontravam, que, de outra forma, estava em uma escuridão quase completa. E quando a luz tocou parte do rosto de Damien, a garota pôde ver que sua expressão era decididamente preocupada.
Ele sabia que estava seguro em ficar ali, apesar do clima, porque era professor. Mas ela também sabia muito bem que ela, como aluna, não poderia estar naquele lugar. E, acima de tudo, qualquer pessoa que os tivesse visto juntos naquela situação teria facilmente interpretado tudo de forma errônea.
E essas eram coisas que Ember também sabia muito bem. Então, ela decidiu agarrar o pulso dele, começando a andar na direção oposta àquela luz e arrastando-o atrás de si.
- O que você está fazendo? perguntou ela, mantendo a voz baixa e olhando para trás.
- Siga-me e fique quieto, ou seremos pegos", advertiu ele, tentando esconder a diversão em sua voz. Ela não sabia explicar por que, mas essas situações proibidas, aquelas em que ela corria o risco de se meter em problemas, a excitavam tanto. Elas bombearam suas veias com a dose de adrenalina que ela precisava para se sentir realmente viva.
Eles caminharam rapidamente por aqueles corredores, em um silêncio religioso. Ember se movia rapidamente, mostrando que conhecia cada canto da universidade por dentro e por fora. Ao contrário de Ronaldo, que parecia já ter perdido o senso de direção por todas as vezes que viraram à esquerda ou à direita. A essa altura, a luz da lanterna parecia estar longe e a confirmação também veio do fato de que o único ruído presente era o dos passos deles no piso de ladrilhos brilhantes.
De repente, a garota abriu uma porta, começou a descer um lance de escadas e Ronaldo não pôde deixar de segui-la. Não havia nada que ele pudesse fazer a não ser confiar nela. Confiar em uma estranha virtual com quem ele havia feito sexo e que poderia tê-lo colocado em sérios problemas.
No topo daquela escada, os dois se encontraram em um segundo prédio, dentro do qual caminharam mais alguns metros, antes de entrarem em uma pequena antecâmara e se encontrarem diante de outra porta, diferente de todas as outras.
Ember não perdeu tempo, abrindo-a e revelando aos olhos do professor o que era a piscina da universidade. Uma enorme piscina retangular, dividida em várias raias, para que mais pessoas pudessem nadar sem atrapalhar as outras. Ela tinha toda a aparência de uma piscina olímpica, e o ambiente ao redor confirmava essa impressão. Azulejos quadrados azuis cobriam as paredes, enquanto o piso era de uma superfície de azulejos foscos.
Era uma parte da universidade que ele já tinha visto - graças ao tour de Carter - mesmo que apenas pela pequena janela na porta, mas ele levou alguns segundos para perceber onde estava. - O que estamos fazendo aqui? perguntou ele, um pouco confuso. Ele pensou que o estava levando para uma saída secundária, para evitar ser detectado, e não que o estava levando para um lugar que poderia colocá-los em situações ainda mais duvidosas.
- Foi o primeiro lugar que me passou pela cabeça", ele se justificou. Mas isso não era verdade. Cada movimento de Ember era sempre estudado em detalhes, para que ele pudesse chegar aonde realmente queria. E naquela noite ele queria chegar ao fundo da questão.
Desde o momento em que Ronaldo começou a responder ao comportamento indiferente dela com a mesma moeda, continuando mesmo quando ela decidiu parar, o desejo de tê-lo de volta surgiu dentro dela. E tudo o que ela havia pensado, tudo o que ela havia prometido a si mesma não fazer, havia virado fumaça em nome de seu desejo de vitória.