Capítulo 06
Capítulo 06
Paola Duarte
Depois da pior noite da minha vida, a segurança em volta de mim aumentou. Agora além de sair com Marco, sairei com outro carro com quatro seguranças. Marco conseguiu verificar as câmeras da rua e conseguiu a placa do carro, mas a placa é fria e o carro foi encontrado em chamas no dia seguinte. Provavelmente, quem estava no veículo não quis deixar pista nenhuma.
Nunca fui tão humilhada como naquela noite, foi uma sequência de acontecimentos ruins. A forma que Marco falou comigo, Você vai ter que fazer com seu marido, pois de mim, não terá nada, deixou-me queimando de tanto fogo que não apagou. Nunca fiquei tão frustrada em toda minha vida. A alegria que seu beijo me causou foi coberto pela tristeza que suas palavras me causaram. Voltamos para casa em silencio, segurei as lágrimas durante todo caminho, e quando Henrique abraçou-me, não chorei apenas por ter sido seguida, mas chorei pela atitude de Marco comigo. Abraçada ao meu marido chorei por outro homem...
No dia seguinte, após tomar café da manhã com Henrique, fui para o único lugar que me mantém satisfeita no momento. A ONG, Educar. Comecei a fazer parte da ONG um tempo depois que voltei da lua de mel, Henrique falou que seria bom eu trabalhar com algo sem fins lucrativos, no início não gostei da ideia, mas me apaixonei pelas crianças e hoje faço questão de ajudar em tudo que posso.
As crianças vão passar o turno oposto da escola na ONG, fazendo algum curso, estudando, lendo livros, assim como, dinâmicas, passeios em grupo e algumas brincadeiras. Lembro-me que quando entrei para a ONG, algumas crianças iam para a escola a pé, inadmissível! Providenciei ônibus e motoristas para leva-los e busca-los na escola. As pessoas que trabalham na ONG fazem questão de acompanhar o desempenho de cada criança nas escolas, e o turno que elas ficam na ONG ajuda as suas mães irem trabalhar tranquilas.
Quando chego a Educar, sou muito bem recebida pelas crianças que já me conhecem. Uma criança em especial me chama muito atenção, ela se chama Ana, e me chama de Elza, ela diz que sou tão linda quanto Elza do desenho Frozen. Logo que cheguei a ONG, Ana era a mais calada e tímida de todas as crianças e isso fez com que me aproximasse mais dela.
- Olá, meu bem. – Sussurro e a abraço. Seus olhinhos verdes fitam Marco, que está logo atrás de mim.
- Ele parece um príncipe. – Sussurra para que apenas eu escute.
- Ele é um, vá conhecê-lo. – Incentivei. Ana aproximou-se timidamente de Marco e apresentou-se.
- Eu sou Ana, e ela é a Elza a melhor irmã que eu poderia ter. Pedir aos meus pais para me darem um irmãozinho, mas minha mamãe disse que não tinha como me dá um, então papai do céu mandou ela para cuidar da gente. – Falou rapidamente, Marco olhou-me rapidamente e continuou ouvindo as histórias da Ana. Hoje em dia quando olho para ela, sinto orgulho do progresso que ela teve desde o dia que cheguei aqui, antes ela jamais se aproximaria de Marco para se apresentar ou conversar.
Passo o dia com as crianças, almoçamos juntas e ensino algumas a fazer a lição de casa, e depois vamos assistir Frozen uma aventura congelante, assistir tantas vezes esse filme que decorei as falas.
Sento-me no meio delas, e distraio-me, alisando Ana, o meu olhar cruza com o de Marco e por um momento penso ter visto admiração nos seus olhos, mas ele desvia o olhar e fita o nada. Horas mais tarde voltamos para mansão no mais completo silêncio. Pensei que ele comentaria algo sobre a ONG, e o quão surpreso ele deve ter ficado por eu ajudar outras pessoas, mas não comentou nada.
Expectativa é uma merda!
Finalmente chegou o aniversário de Lara. Os pais de Lara a deixaram à vontade para fazer a festa do jeito que ela deseja, a festa seria apenas para os mais íntimos, pois terá mulher e filhos de advogados, de juízes, senador, e algumas pessoas da faculdade de Lara. Não será permitido fazer gravação e nem tirar fotos, a única que poderá tirar fotos será Lara. O juiz Muniz que pediu para a filha, pois ele tem medo que alguma foto vaze, ainda mais que Lara escolheu fazer uma festa a fantasia.
Os pais de Lara sabem que a filha é lésbica, e dá apoio total a escolha sexual dela. Eles são muito liberais e inteligentes, os admiro muito. A parte da piscina e o salão de festas estão totalmente decorados, na piscina tem balões vermelhos e luzes fluorescentes iluminando todo o ambiente, alguns rapazes espalhados fazendo pirofagia, mesas e cadeiras posicionados em lugares estratégicos, DJ animando a festa, garçons servindo as pessoas.
Decidir me arrumar na casa de Lara, pois se Henrique visse a minha fantasia brigaríamos e ele não deixaria que eu saísse de casa. Vestir-me com uma fantasia vermelha de coelhinha, muito, muito sexy. Não sei dizer o motivo, mas estou a fim de abalar Bangu! Quero fazer Henrique me notar e perder paciência que ele sempre tem, dificilmente eu consigo abalá-lo, e ultimamente ele anda tão desatencioso que será impossível não me notar nesta fantasia, aliás, quero que certo segurança orgulhoso me note também.
- Você tem certeza que usará essa fantasia amiga? – Lara perguntou preocupada.
- Com certeza. – Murmurei sorrindo diabolicamente. Lara adiantou-se para receber os convidados, ela se vestiu de pirata sexy e ficou linda. Ao terminar de me arrumar, abrir a porta e vi Marco do lado de fora. Ele olhou-me dos pés-a-cabeça, subindo seu olhar sobre mim, devagarinho.
Dei uma voltinha provocando-o. – Gostou? Sussurrei ao passar por ele. Ele pegou-me pelo braço, fazendo com que encarasse seus olhos fumegantes de raiva, e muito desejo. Seria impossível não notar o tesão entre a gente quando nos encaramos desta forma.
- Você não pode se vestir dessa forma. – Falou rangendo os dentes. Xeque-mate! Conseguir chamar atenção do primeiro.
- Eu posso e eu quero, e você não tem nada a ver com isso. – Murmurei puxando o meu braço. Durante o dia tive que suporta a descarada da Nathalie se jogando para ele, fiquei feliz ao ver a atitude profissional de Marco, ele manteve distância durante todo tempo.
- Ora, ora, ora... Se não é a mulher do deputado vestida como uma p... – Peguei Nathalie pelo braço impendido que ela terminasse a frase.
- Cale-se, maldita. – Falei para que apenas ela ouvisse. A desgraçada está seminua com uma fantasia de enfermeira e ainda se atreve a falar da minha roupa.
- Calma princesinha, não se esqueça de manter a fachada de mulher do Deputado, Henrique Duarte, afinal, você se casou por amor não foi. – Falou desdenhando. A maldita se afastou. Respirei fundo tentando manter a calma
Fui em direção ao minibar e me servi de uma bebida forte. Não costumo beber, mas hoje quero chutar o pau da barraca. Estou cansada de ser a mulher que não pode fazer isso, não pode fazer aquilo... Hoje quero esquecer-me de tudo.
Marco aproximou-se e falou que meu marido está tentando falar comigo pelo meu IPhone. Fui até o quarto de Lara e liguei para Henrique.
- Deixe-me adivinhar, você não virá para o aniversário de Lara. – Falei irritada, prevendo sobre o que seria a sua ligação.
- Surgiu uma reunião de última hora e também não tenho mais idade para esse tipo de festa. Quero que vá para casa com Marco. – Falou.
- Nem pensar, eu não deixarei de curtir a festa da minha amiga por sua causa. – Falei furiosa.
- Paola, eu estou ordenando que você vá para casa. – Falou calmamente.
- Sente-se e espere! – Falei alterada e desliguei o IPhone, jogando-o na cama.
Depois de beber seis copos de Shot B52 Tiro Flamejante que é um dos meus Shots preferidos. Tomei coragem necessária para ir para a pista de dança. Dancei até me acabar... Claro que dancei com Lara e consciente que estava rodeada de mulheres, para não deixar que nenhum homem se aproximasse de mim, quero me divertir, mas não quero nenhum escândalo envolvendo o meu nome.
- Amiga, sua louca. Notei a forma como o seu segurança te olha, que caralho de homem quente é esse. – Lara falou alto. Gargalhei.
- Estou enlouquecendo sem fazer um bom sexo. – Falei.
- Se fosse você se jogava com esse gostoso e deixava Henrique de lado, ele já te deixou mesmo. – Falou dominada pela cachaça.
De longe, olhei para Marco. Seu olhar de falcão sempre em mim, observando cada movimento do meu corpo. Movimentei sensualmente o meu corpo com o olhar na sua direção, cada movimento que faço quero fazer colada ao seu corpo. Fecho os olhos e me perco na música e nos meus pensamentos... Suas mãos, sua pele e seus lábios.
Abro os olhos assustada ao ser puxada bruscamente para fora da pista de dança. Henrique pegou-me pelo braço e arrastou-me para fora da casa de Lara, em poucos segundos estou dentro do carro, indo em direção à mansão.
- Você não tinha o direito de fazer isso. – Murmuro irritada.
- O que você pensa que está fazendo, que merda de roupa é essa. Você não é o caralho de uma menina de dezoito anos e não é uma mulher solteira, você é a mulher de um deputado. – Falou irritado.
- Você não se importa se me sinto sozinha, não se importa se estou infeliz, a única coisa que te interessa é que eu mantenha a imagem de esposa perfeita! – Cuspo irritada. Sinto como se estivesse no limite!
- Essa não é a mulher que me casei! – Falou balançando a cabeça negativamente.
- Você também não se parece em nada com o homem que me casei. – Murmurei. A viagem foi feita em silêncio pelo resto do caminho.
Assim que o carro parou, desci do mesmo sem olhar para os lados. Não quero ter que olhar para Marco nesse momento. Vou direto para o quarto, entro no banheiro e removo a minha fantasia. Deixo que a água lave meu corpo e a minha cachaça.
Depois de enxugar-me, saio do banheiro completamente nua, os olhos de Henrique fixam-se em mim.
- Um dos motivos que coloquei aquela fantasia foi para fazer você me notar como sua mulher, despertar a paixão que você sentia por mim, mas se não consigo despertar o meu marido estando nua, não despertarei vestida. – Murmuro e deito-me na cama. Sinto o seu lado afundar e ele tenta passar a mão pelo meu braço, mas afasto antes.
- Não me toque! – Falo curta e grossa. Agora mais do que nunca, tenho certeza que Henrique está escondendo algo. Fecho os olhos e tento esquecer a minha vida durante o sono.
