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Capítulo 6

Se recompondo do choque, mesmo com o coração sangrando, Helena estava determinada a acabar com aquela palhaçada. Agora ela entendia porque o seu marido nunca fora lhe visitar na cadeia e nunca atendera ou falou com ela em nenhuma ligação.

Olhando para o aparador pensando em sair daquela casa, ela teve uma ideia. Viu aquele vaso horroroso que ela ganhou de presente de casamento dos seus sogros e o seu marido sempre o estimou muito por ser uma herança de família, sorrindo maleficamente pelo que irá fazer.

Enquanto os gemidos ecoavam, ela planejou tudo minuciosamente. Ao perceber que chegavam próximo ao ápice, nada melhor do que ser a tal empata foda da vez.

“Pah”

O barulho alto ecoou por toda a casa e ela escondeu-se atrás de uma coluna naquele corredor próximo ao aparador.

Os gemidos cessam. Rúbia pragueja por não ter conseguido se satisfazer e nem satisfazer o homem que é o seu cunhado.

- Que merda Ravi, nem podemos gozar em paz. O que aconteceu?

- Não sei, eu irei ver o que houve. Deve ser a Júlia que voltou com a babá e eu te falei pra fechar a porra da porta. – A sua voz soa com raiva e exasperação.

Ela bufa e revira os olhos ajeitando o lençol sobre o seu corpo, enquanto Ravi está com uma calça de moletom e seu peito definido desnudo. Ele caminha na frente e logo atrás vem a irmã que Helena sempre pensou que torcia por sua felicidade.

- Que merda! – Ele pragueja se abixando ao ver o vaso todo quebrado no chão.

- Ah, só foi um vaso Ravi. Nada demais.

Exasperado, ele se levanta segurando os braços de Rúbia que se assusta com a sua explosão de fúria gratuita.

- Um simples vaso?! Isso era da minha família e estava há anos. Foi dado pela...

Uma voz ressoa atrás deles, fazendo Ravi engolir em seco e sentir o seu corpo enrijecer.

- Pela sua mãe como presente de casamento. Falei certo, querido marido, ou devo dizer, ex-marido?

Com os braços cruzados e um tom sarcástico e sorriso zombeteiro nos lábios, ela os encara com fúria nos olhos. Mas não há só fúria, há decepção, tristeza, nojo.

Como em câmera lenta, eles viram os seus rostos e estão frente àquela que nenhum dos dois esperava ver tão cedo. Ele por acreditar que a sua esposa não sairia de lá tão cedo por ser convencido pela amante que ela era a culpada e a irmã, pois fez de tudo para que ela continuasse presa.

- He-le-na. – A voz de Ravi soletra o nome da esposa como se não acreditasse na sua presença.

Pensava fielmente se tratar de uma miragem. Mas não, ela estava bem ali frente aos dois. As pessoas que ela sempre confiou, mas que não passavam de meros traidores.

- Sim, sou eu. Estou de volta!

Suas palavras ecoam secamente. Ela está fria e tem um ar de desprezo na sua voz.

- Co-como é possível? – Rúbia estava assustada. Ela tinha certeza de que tudo o que conseguiu estava ganho.

- Ora minha querida irmã, achou mesmo que não voltaria, achou mesmo que eu era culpada e por isso foi consolar o meu marido?

Cada palavra proferida, ela se aproximava deles. Cada passo, um recuo de ambos. Mas, ela para no meio do quarto em que todos agora se encontram. O olhar que ela direciona ao marido o quebra por inteiro. Ele está se sentindo um canalha por acreditar no advogado e agora tem certeza de que Rúbia fez algo para que a sua esposa não saísse da cadeia.

Mas algo lhe dizia que poderia não ser verdade, pois, como a sua esposa saiu da prisão. Talvez fosse o advogado que estava tratando do caso que tenha conseguido algo.

Ele estava atordoado alternando os seus olhares entre a sua esposa e a sua cunhada, quer dizer, a sua amante. O espaço ficou pequeno entre eles. Os dois que recuaram sentiram o baque das costas na parede fria daquele quarto.

Vendo-os acuados, Helena parou a uma mínima distância entre eles. Soltando os seus braços cruzados, ela os olhos fixamente e Ravi vê o seu desprezo reluzindo no seu olhar. Rúbia está cabisbaixa, não consegue encarar a sua irmã. Está encarnando um personagem para que o seu amado não perceba o quanto ela é ardilosa. Apertando o braço do seu amado, ela sente-se amedrontada, ou pelo menos é o que quer mostrar.

- Há quanto tempo estão me traindo? – Sua voz fria ecoa.

- Querida, vamos conversar po...

- HÁ QUANTO TEMPO? – Helena vocifera interrompendo o que fosse ser dito por seu marido.

O que Rúbia não estava sentindo, apenas fingindo, ela deu um pulo e arregalou os seus olhos e erguendo o seu rosto, ela sentiu como se a sua alma fosse se desprender do corpo por tamanho medo que ela sentiu ao ver a expressão da sua irmã.

Até Ravi estava surpreso com aquele jeito que ela se mostrou para eles. Ele sentiu um misto de emoções e numa delas, era uma excitação e todo aquele amor que sempre sentiu por ela, veio com mais força.

- Helena, não é bem assim, é que...

Ele tentava acalmar os ânimos, mas não tinha o que acalmar. Helena estava se perguntando em como pôde ser tão ingênua e burra por estar casada há 10 anos com um homem que olhando bem, era um completo desconhecido.

O homem que lhe prometeu bem na sua frente com a sua irmã.

Mesmo trêmula, tomada por uma coragem que pensava não ter por ver a sua irmã de um jeito que ela nunca imaginou ver, respira fundo e interrompe Ravi que a olha tomado por uma raiva.

- Estamos juntos há 10 meses.

Sua altivez e nariz empinado, parece até estar certa do que estavam fazendo pelas suas costas. Um riso nasalado ecos pelo quarto que estava em silêncio.

Os dois traidores se entreolham. Não entendem porque Helena está numa crise de risos, levando até a sua mão a barriga. De repente, além dos risos, palmas. O choro por rir freneticamente, misturado a dor que ela está sentindo, escorre por seu belo rosto descontroladamente.

- Por isso o meu advogado abandonou o caso, porque você estava com a sua amante e não precisava de mim! – Percebia-se um certo amargor nas palavras.

Assustada, Rúbia olha para o seu amante engolindo em seco, o mesmo a fuzila com um olhar mortal. Tinha dúvidas de tudo o que ela fez e falou e agora sabia porque a mesma queria tanto o número do advogado, não era para ajudar e sim para cair feito um idiota na sua rede de mentiras. Ela abaixa a cabeça mordendo o lábio.

- Eu não fiz nada disso meu amor. Por favor me perdoa. – Ele fala se aproximando dela e segurando nos seus braços.

Helena consegue se esquivar do seu toque e, “Splat”. Um belo tapa no rosto, desferiu sobre o rosto branco e esculpido, ficando logo vermelho.

- Nunca mais toque em mim, seu imundo! A única coisa que eu quero é a minha filha. onde está a Júlia? – O ódio é exalado na sua voz.

- A minha filha você não leva, ainda mais sendo uma ex presidiária. Afinal, como conseguiu sair de lá, hãn? – Ravi massageia a sua bochecha pelo tapa levado a olhando com descrença. Não esperava que ela fosse capaz de fazer aquilo.

- Ela é minha filha e não te interessa como eu saí da cadeia.

Sentando-se na beira da cama com o lençol enrolado no seu corpo, Rúbia com os punhos cerrados por estar com ódio da sua irmã e vendo o quanto o seu adorado cunhado, ainda a ama, mesmo tendo levado um belo tapa no rosto.

Nesse momento, passos ecoam adentrando no quarto. O olhar de desprezo e enojado com o que presencia ali, Danilo lança aos dois. Ele se aproxima de Helena preocupado.

- Você está bem?

Ela apenas balança a cabeça confirmando. Estreitando os olhos com mais raiva, Ravi encara aquele homem à sua frente e o indaga furioso.

- E você quem é?

Virando-se para Ravi, ele retira o cartão do seu bolso do paletó e estende a ele que pega olhando sem entender.

- Danilo Ritchele, advogado da Helena.

- Para você é senhora Mitchel. – Ele responde entre os dentes.

- Não por muito tempo. (sorrindo sarcasticamente, pausa e virando-se para a sua irmã) – E você...

Ficando ereta na cama e com os olhos arregalados por ver a sua irmã se aproximando, ela sente medo dela tão perto.

Helena se inclina para olha-la fixamente.

- A partir de hoje, não somos mais irmãs.

Ao virar-se para se preparar para sair, ela ouve a voz irritante da sua irmã.

- Você não é a minha irmã, nunca foi.

O seu coração acelerou ao ouvir aquilo. Pensando ser somente raiva de Rúbia, ela continua falando o que faz Helena congelar no lugar.

- Isso mesmo que você ouviu, não somos irmãs. Você é adotada queridinha.

Sentindo o peso das palavras, ela fecha os olhos para não fraquejar naquele momento. Respirando fundo, ela fala sem olhar para trás.

- Melhor ainda, que não preciso ter vergonha de uma infeliz como você termos o mesmo sangue.

Não só ela estava atordoada com a notícia, mas Ravi também. Ele, sempre desconfiou que Rúbia quem fosse adotada e não a mulher da sua vida. Tudo mudava do que ele sempre buscou fazer ao se casar com ela. Ele a acompanhava com o olhar, enquanto as lágrimas rolavam pelo rosto de Rúbia que pensou que atingiria ela com aquela informação, mas a reação fora oposta. Quem se doeu com as palavras proferidas foi ela. Só que Helena, com esse 1 ano presa, ficou mais forte e expert em esconder os reais sentimentos. Aquela revelação foi como uma faca, cravada no seu coração.

Lançando lhe um olhar de indiferença, ela fala sem emoção.

- Estarei lá embaixo esperando a minha filha. aqui ela não fica mais.

Rindo sem emoção, ele meneia a cabeça.

- Não mesmo. Ela não sai daqui com você. Somos casados e você é uma ex presidiária esqueceu?!

Seu tom é tão desdenhoso, que Helena abriu a boca para falar algo mas Danilo interferiu.

- Ela não é ex presidiária já que as provas apontam a sua inocência. Por isso, está aqui. Quanto a filha de vocês, eu tenho uma autorização do juiz que ela pode ir com a senhora Mitchel para onde ela quiser ir. Está aqui uma cópia da liminar.

Tirando do seu paletó, o mesmo estende uma cópia da liminar em que o juiz autorizava a saída da filha deles e Ravi estava chocado e irritado. Enquanto ele caminha apressado para o seu celular, precisava falar com o seu advogado, Danilo e Helena seguem em silêncio para o andar debaixo.

Assim que eles chegam próximo ao hall, uma doce voz grita atrás deles.

- Mamãe!

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