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Capítulo 7

Nesse momento, toda a sua vulnerabilidade foi exposta. Ouvindo aquela voz melodiosa que sempre lhe acalentou e trouxe-lhe força no momento em que diversas vezes pensava em desistir, estava ali agora sendo ressoado aos seus ouvidos de forma que as lágrimas escorrem feito Cachoeira.

As pernas trêmulas guiam o seu corpo a se virar. Ela está petrificada, mas como um mecanismo ligado a uma máquina, o seu corpo vira-se lentamente.

O coração está acelerado, as mãos suam e estão geladas. Sendo tomada por uma emoção capaz de apagar o que acabou de presenciar, ela sorri largamente.

Percebendo a emoção e alegria estampada no seu rosto, Danilo sente o seu coração aquecido e resolve se afastar para dar espaço para o tão esperado reencontro.

Quando fora presa, Júlia tinha apenas 7 anos e o seu aniversário de 8 anos em que a sua mãe estava no presídio, não pôde ser comemorado com a sua mãe como todo o ano sempre fez questão de fazer mesmo sendo uma médica bem requisitada e as vezes passar por plantões, ela fazia questão de deixar a semana que seria comemorado numa semana de férias, ela mesmo preparava o bolo da sua garotinha, organizava uma festa com muita alegria nesse dia.

Até mesmo com o seu pai que se dedica arduamente ao trabalho nas suas redes hoteleiras, tirava um tempo para a sua pequena, coisa nesse ano nem sequer lembrou do dia do seu aniversário graças a Rúbia que o arrastou para uma noite quente num resort que queria muito ir já que não pôde estar com ele na inauguração.

Nesse um ano que ela estava presa, muita coisa mudou. O seu pai não era mais o mesmo. Segurando a mão da sua babá, ela ainda está sem acreditar que a sua mãe está ali.

Helena se ajoelha com lágrimas rolando copiosamente pelo seu rosto e abre os braços. Soltando-se da sua babá, Júlia corre sorrindo e chorando até a sua mãe.

O abraço esperado por um ano estava a ser dado com todo o amor e carinho entre as duas. Não eram só as duas que estavam emocionadas pelo reencontro, mas Danilo e a babá também estavam com os olhos vermelhos.

- Minha princesa!

- Ma-mãe! – A sua voz sai entrecortada.

- Shiii, mamãe estará sempre com você a partir de hoje.

Afastando-se da sua mãe, as duas se entreolham a sorrir e banhadas em lágrimas. As suas pequenas mãozinhas vão a enxugar o rosto da sua mãe e a mesma faz o mesmo com a sua garotinha.

- Você vai morar de novo aqui com a gente?

Respirando fundo após dar uma fungada, Helena segura nas mãos da sua filha e a encara seriamente.

- Filha, a mam...

Sendo interrompida, os seus olhinhos seguem em direção a voz que ecoa atrás da sua mãe.

- Filha, a sua mãe pode ficar aqui se quiser, mas...

Ravi aperta os lábios ao ter os olhos de Helena o fuzilando ao virar o seu rosto e encontra-lo com um semblante derrotado.

Virando-se novamente para a sua filha, ela sorri forçado, mas Júlia não é burra, sabe haver algo errado já que algumas vezes ela pegou a sua tia com o seu pai de forma íntima.

- Filha, a mamãe está a ir para um lugar lindo. Eu e o papai não iremos mais ficar na mesma casa. Eu vim apenas lhe buscar. Mas sempre que quiser, pode vir ficar com ele. Tudo bem?

- Você promete mamãe que eu não irei dormir sem beijo de boa noite mais?

Aquilo doeu no seu coração, mas ela resolveu ignorar a dor e perguntar se era por estar presa ou outra coisa. Nesse momento, Ravi se aproxima das duas e se ajoelha a ficar da altura da sua menina.

- Você sentiu muita falta do beijo da mamãe de boa noite?

Ela balança a cabeça afirmando. Olhando para o seu pai que abaixa a cabeça, ela fala.

- Fica triste não papai. O senhor estava sempre ocupado no trabalho ou com a tia Rúbia. Eu sei que não podia cumprir a sua promessa.

Ravi sorri fraco. Helena o olha de soslaio com os olhos injetados em fúria. Ela não acreditava que a sua menina estava a presenciar certas coisas que ela não queria.

- Filha, vai com a Josefa para o seu quarto pegar as suas coisas. Eu preciso falar com o seu pai.

Josefa se aproxima a pegar na mão da sua filha e segue com ela até o quarto para arrumar as suas malas.

Levantando-se, ela caminha até a sala. Ele segue logo atrás. Já a sua irmã, quer dizer, aquela que pensava ser a sua irmã, ficou distante sendo barrada por Danilo para que os dois conversassem a sós. Ela bufa e revira os olhos por ser contrariada.

- Helena, eu posso expli...

Ela interrompe-o.

- Cala a porra da boca. Até a sua voz enoja-me. Não há explicação para o que você fez com a nossa filha. Ela só precisava de carinho e atenção e o que você fez, hã?

- Eu sei que não há perdão, mas por favor, não vai. Fica aqui. Me perdoa pelo meu deslize.

- Deslize?! Um deslize de 10 meses e se eu não fosse solta e conseguisse as provas da minha inocência depois de 1 ano, uma merda de ano presa naquele inferno e você ainda estaria aqui na nossa casa, na nossa cama transando com aquela seja lá o que é minha. Tudo o que aconteceu entre a gente, morreu no momento em que descobri a sua traição.

Ravi começa a chorar. Mas o seu choro não é só do arrependimento. É o choro por pensar que se casou com a filha legítíma da família Hernandes e odiando-se por amar a filha do seu inimigo e agora, descobrir que ela é adotada, que algumas coisas que ele conseguira fazer com ela no início do casamento e a mesma ter sofrido no início por um casamento que ela pensava ser por amor e era uma mera vingança.

Com o tempo, ele acabou a mudar o seu jeito. Queria matar todo o amor que sentia por ela e quando Helena fora presa, era a chave ideal para fechar essa porta do seu coração, já que o mesmo tentou seguir em frente com ela colocando de lado a vingança. Usar Rúbia, era somente para atingir o seu propósito. Ele queria saber onde os pais delas estavam na Argentina, nem que para isso precisasse se submeter ao que fez.

Helena ao vê-lo daquele jeito não sentiu nada. Nenhum resquício de pena e nem o menor sentimento por ele. Ela segue até o hall acompanhada por Danilo que aguardam ansiosos pelo retorno de Júlia.

Logo, ela aparece com Josefa e correndo em direção ao pai, ela abraça-o e se despede do mesmo.

Uma última olhada ao redor daquilo tudo que um dia fora dela, ela dá. Estende a sua mão para a sua filha e seguem em direção ao carro, deixando aqueles dois traidores naquela mansão que um dia foi o seu amado lar.

Mesmo Helena não sabendo para aonde ir, ela falou rapidamente com Danilo que entendeu que a mesma queria ir para a residência dos pais dela que não estão no Canadá.

Ficando bastante surpresa, ele se mostrava o tempo todo atencioso. Um instinto aguçado assim que saíram e viraram numa rua pouco movimentada, de relance, ela percebeu que estavam a ser seguidos por um furgão preto.

- Estamos a ser seguidos. – Falando sem ao menos olhar para ele.

Pelo retrovisor, ele percebe. Suspira e ao olhar de relance para Helena, engata uma nova marcha e com um sorriso de canto de boca, ele dispara.

- Se segurem.

Arregalando os olhos, ela sabia o que ele iria fazer e de repente, era o que ela estava a pensar. Ele acelerou o carro e a mesma segurou no painel e apertou as suas mãos para se segurar. Josefa que acompanhava com Júlia, estava a envolver aquela menina nos seus braços e ambas de olhos fechados.

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