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Capítulo 5

Dias depois...

Como prometido, Danilo em tempo recorde conseguiu a liberação de Helena, comprovando através das provas que ele conseguiu que ela não foi quem matou a mulher que supostamente tinha um caso com o seu marido Ravi.

Andando de um lado a outro na cela, Helena estava ansiosa. Sabia que hoje seria o dia em que Danilo

lhe traria novidades, mas não tinha  esperanças de que seriam boas notícias.

O que ela não sabe, é que ele conseguiu as provas de forma escusa e se não fosse por isso, ela ficaria

ainda no presídio, cumprindo uma pena por um crime que não cometeu.

Atordoada por ver Helena de um lado para o outro, Nicole bufa, mas dá risada por lembrar da sua irmã

roendo as cutículas como fazia quando criança. Apesar que ela só tinha 2 anos, mas era algo que não era normal para a sua idade.

- Desse jeito, vai abrir uma broca o chão e não vai precisar sair pela porta da frente.

Ao falar, Nicole gargalha fazendo com que Helena pare e de lado lance um olhar estranho que a faz se

calar.

- Engraçadinha você né!

- Calma Helena, só queria ajudar. Você está muito nervosa, relaxa.

Ela revira os olhos e senta-se na sua cama balançando as pernas e batendo o pé no chão.

- Sabe, se eu não soubesse que foi garota de programa, diria que está me cantando.

Agora era a vez de Helena rir, enquanto Nicole faz uma careta e fecha a cara. Antes que as duas travassem

uma discussão, já que nenhuma das duas são adeptas de brincadeiras, a carcereira aparece.

- Helena Mitchel, me acompanhe até a sala do diretor.

Num súbito, Helena se põe de pé e com um sorriso de lado, ela olha para a sua irmã que lhe faz um joia

com o seu polegar incentivando-a que tudo dará certo.

Ela suspira esperançosa e segue até o andar de cima para a sala do diretor. Rebeca vem logo atrás.

Ao chegarem frente a porta, o coração dela parecia querer sair pela boca de tão acelerado que

estava. Por trás daquela porta, estava a sua vida decidida e que faria com que ela descobrisse coisas que jamais imaginaria saber.

Após a batida na porta por Rebeca conforme o protocolo, ela abre e dá passagem para helena entrar,

dando de cara com Danilo e o diretor que estavam em uma conversa descontraída.

- O senhor mandou me chamar? – Empurrando a cutículas das suas unhas, Helena fala com extremo

nervosismo.

- Sente-se Helena. – O diretor acena para que ela ocupe a cadeira ao lado do seu advogado e assim ela

o faz.

- Eu mandei te chamar Helena para te comunicar a sua liberdade. Mas é uma liberdade prévia.

Franzindo o cenho, ela não entende o que significa isso e o indaga.

- E o que seria essa tal “liberdade prévia”?

Antes que o diretor a responda, o seu advogado toma a frente respondendo por ele.

- Isso significa que mesmo tendo as provas da sua inocência, você está livre, mas precisará de uma

nova audiência com o juiz dentro de alguns meses e nesse período precisamos colocar o culpado na cadeia, senão...

- Senão? – Ela o encara.

- Senão você poderá ser presa novamente até que se prove mesmo a sua inocência.

Engolindo em seco, Helena não acredita que esse pesadelo só está começando. Mas uma coisa ela estava

determinada e certa, ela não voltaria para esse inferno e faria de tudo ao seu alcance para colocar o culpado na cadeia.

Sentindo-se desanimada, ela assente.

- Tudo bem, pelo menos posso voltar para a minha casa.

- Sim Helena, você poderá voltar. Agora, preciso que vá para a sua cela e pegue na mão da Rebeca a roupa

que usava antes de ser presa. Depois, ela te levará para os outros procedimentos. Preciso somente que assine agora esse documento. – O diretor lhe explica tudo e desliza o papel que oficializa a sua soltura naquele momento.

Com o coração transbordando de felicidade, ela pega aquele papel com as mãos trêmulas e olhando para o seu lado afim de saber se era isso mesmo do seu advogado, ele sorri e acena confirmando o que ela pensava ser um sonho.

Ela se volta para o documento lendo palavra por palavra antes de assinar. Vendo que estava tudo

certo, ela nunca sentiu tanto orgulho em assinar o seu nome em um papel como ela fez ali.

Uma das vias assinadas, é entregue ao seu advogado. Preparando-se para voltar pela última vez a sua cela,

o diretor lhe fala algo, deixando-a ainda mais emocionada.

- Helena, você foi uma das detentas que mais senti por ter aqui no meu presídio. Eu desejo que

encontre o culpado e se for uma mulher, que eu tenha o prazer de recebe-la aqui. Sempre soube que alguém estava errado nessa história e fico feliz em saber que foi a própria justiça que a julgou erroneamente. Te desejo sucesso.

Estendendo-lhe a mão, Helena a segura em cumprimento. Ela o agradece e Danilo lhe avisa que a espera

do lado de fora para leva-la. Assentindo, ela segue Rebeca de volta para a cela. A mesma, já estava com a sacola em que a roupa que vestia no dia da sua prisão, seria a mesma que ela voltaria para casa.

Olhando fixamente para Nicole, Helena corre até a mesma lhe dando um abraço com um imenso sorriso.

- Finalmente eu estou livre.

Apertando-a no seu abraço, Nicole fica imensamente feliz pela sua irmã. Pelo menos uma delas agora

está livre.

- Que bom minha pequena lebre.

Desfazendo-se do abraço, Helena enxuga as suas lágrimas e sorri.

- Não esqueci da minha promessa. Danilo vai te defender.

- Eu sei. Obrigada! (pausa) – Agora vá, quero te ver fora da minha área logo.

- Humrum.

Elas sorriem em meio as lágrimas que inundaram os olhos de ambas que estavam com a voz embargada pela

despedida que agora era inevitável, mas por uma boa causa, somente se olham por alguns segundos antes de Helena ir ao pequeno banheiro que há na cela.

Segundos depois, ela retorna vestida no seu vestido floral ombro a ombro de saia godê na altura dos joelhos. Sapatilha preta e cabelos presos num rabo de cavalo.

Nicole se aproxima dela com um envelope amarelado pelo tempo estendendo na direção da sua irmã.

Alternando entre o envelope e olhar atento de Nicole, Helena a questiona curiosa.

- O que é isso?

- É para você. Quando abrir, irá entender tudo o que precisa.

Sorrindo, ela pega o envelope, antes que ela abra, Nicole coloca a mão sobre a mesma não deixando que ela faça aquilo agora.

- Faça isso depois que sair.

- Está bem.

- Helena, está pronta?

As duas são interrompidas pela chegada de Rebeca. Olhando-a de relance, ela assente.

- Sim, vamos?

Rebeca destranca a cela e abre passagem para ela sair daquele inferno. Dando um último abraço em Nicole, as duas se despedem e ambas ficam o coração em frangalhos pela separação.

Algumas detentas que sabiam que ela estava indo embora, algumas das suas portas se despedem desejando sucesso e felicidade e outras que não gostavam muito dela por implicância gratuita, olhavam com a cara fechada de inveja.

                                                                       ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Depois de passar por todos os procedimentos e pegar todos os objetos que estavam com ela no dia da sua prisão, ela se despede de Rebeca com um abraço e segue até o grande portão com a cabeça erguida. Finalmente ela estava livre.

Caminhando em passos lentos, os seus olhos encontram o de um belo homem que a esperava pacientemente

encostado no seu carro sport. Ele se ajeita na sua posição e sorri largo para ela. A mesma lhe retribui o sorriso por estar finalmente livre.

- Obrigada pelo que tem feito por mim.

- Não se preocupe com os agradecimentos, eu fiz o que era o certo. Agora, vamos?

Um pouco relutante, Helena acaba cedendo e aceitando a sua ajuda mais uma vez. Abrindo espaço, ele abre a porta do carona e entrando, se ajeita no banco colocando o cinto, enquanto a sua porta é fechada. Rapidamente, o lado do motorista já está ocupado e seguem rumo a casa em que ela dividiu por 9 anos antes da sua prisão com o seu até então marido Ravi.

Por um tempo, o silêncio se instalou entre eles, até que Danilo rompendo aquele silêncio lhe indaga.

- O que você pretende fazer agora?

Apoiando o seu cotovelo na janela que está aberta, ela olha de relance para ele com um sorriso.

- Eu agora vou aproveitar a minha família. Depois eu vejo o que faço a seguir.

- Isso se você ainda quiser a sua família. – Falando como um sussurro, mas que foi audível e perceptível para Helena.

- O que você disse?

- Nada. Chegamos.

Ao parar o carro na frente de uma bela mansão, Helena fica paralisada e olhando cada detalhe como se fosse perder algo pelo seu olhar. Ela sorri em meio a emoção com os seus olhos marejados.

- Nossa, nem imaginava que seria tão rápido chegar e algumas coisas estão diferentes.

A casa que era branca com as portas e janelas venezianas verdes, agora estavam em um tom pastel com as janelas e portas azuis. O jardim continua o mesmo com flores e arvoredos ao redor do jeito que ela deixou.

Fechando os olhos, ela inala o cheiro que as flores sempre exalaram e ao abri-los, ela se dá conta de que o carro do seu marido está na garagem entreaberta e o carro de Rúbia logo atrás. Surpresa, ela abre a porta do carro se perguntando o que poderia estar acontecendo.

- Meu marido e a minha irmã estão aqui, estranho. Eles sabiam que eu estaria solta hoje?

A expectativa e o desejo de que seja mesmo isso que ela pensou, infelizmente ela teve uma certa decepção.

- Não. Eles não sabem de nada. Mas eu ficarei aqui para caso precise de algo.

Sem graça, ela sorri colocando os seus cabelos pretos atrás da orelha.

- Não creio que vá precisar. Você já fez muito por mim. Agora eu preciso ir. Quem sabe eles não descobriram e aí estão fazendo uma surpresa.

Danilo dá de ombros e tenta passar-lhe segurança.

- É, quem sabe.

Acenando para ele, Helena segue para a sua casa com o coração cheio de esperança. Como ela estava com a sua bolsa no dia da sua prisão, ela pega a sua chave e levando a fechadura respira fundo várias vezes e por sorte, ainda era a mesma.

Sorrindo, ela segue presenciando o imenso silêncio mas que a cada passo que ela dava, ouvia uns gemidos altos vindo de um dos quartos de cima.

- Ah Ravi, mais forte...

Franzindo o cenho, Helena engole em seco, o seu coração dispara e munida de toda a coragem, ela segue o

barulho dos gemidos que se tronam cada vez mais altos, chegando ao lugar onde estava quase como um aparelho de som ligado, parando frente a porta principal do seu quarto que estava entreaberta.

Os seus olhos não creem no que vê. As mãos tremem pela decepção do que ela estava presenciando. Escorando o seu frágil corpo na parede ao lado do aparador com um vaso muito valioso, ela abafa o seu choro com as suas mãos.

Ela viu o seu marido ali, transando com a sua irmã.

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