Capítulo 4 - POV. Helena Mitchel
Quando consegui falar com o meu advogado e saber que terei a minha liberdade, me deu um ânimo fora do normal.
Mas ao ver Nicole daquele jeito quando cheguei a nossa cela, me deu um aperto no peito que não sei explicar. Como sempre acreditei em vidas passadas, atribuo esses sentimentos e confusão no meu peito com isso. Devemos ter uma ligação em outras vidas, pois sempre fui filha de Mateus e Pérola que coitados dos meus pais, não aguentaram ver a filha deles sendo condenada injustamente.
Por esses sentimentos confusos, agora mais do que uma troca de favores como ela diz, irei ajudar essa mulher que pelo pouco que pude conhecer, me mostrou ser uma mulher casca grossa daquele jeito, por um passado e as pancadas que a vida lhe deram até estar onde nós duas estamos.
Meu nome é Helena Mitchel e tenho 28 anos, sou médica, pelo menos antes de ser condenada eu era. Sou irmã da Rúbia. Ela tem 25 anos e não sabe fazer nada senão gastar o dinheiro da família como o nosso pai diz, mas eu acho que ela só é assim por não ter encontrado a sua vocação.
Sou casada com um brilhante CEO das redes de hotelaria de maior prestígio do Canadá. Ravi é o sonho de toda a mulher apaixonada. Nos conhecemos num café. Ele havia chegado para uma reunião com uns amigos e por coincidência eu havia ido também, já que tínhamos um amigo em comum, o Sérgio.
Depois desse dia, começamos a sair e confesso que foi amor a primeira vista. Estava no meu primeiro ano de residência e como nunca havia namorado, ele foi o meu primeiro em tudo e espero que seja o último.
Nos casamos meses depois do nosso início de namoro e dois anos depois estava dando a luz a nossa pequena estrela, Júlia. Ela é uma menina doce e cheia de alegria, tem 8 anos. Mesmo estando presa há um ano por ser injustamente condenada a ter matado uma mulher que diziam ser amante do meu marido e que por isso cometi tal ato criminoso, estamos casados há 10 anos.
Mesmo estando aqui, não vejo a hora desse pesadelo acabar e eu voltar para os meus amores e depois de um tempo, irmos até onde os meus pais estão e passar um tempo por lá na Argentina. Eu sei que eles estão lá por minha informante mirim quando consigo ligar para o celular da babá e falar com ela.
Eu sei que não devia ter sentido nada por aquele advogado, mas o homem é lindo e estar aqui só vendo mulheres por todos os lados e nem sombra do meu marido me visitar, eu sei que acabaria olhando e cobiçando alguém que nunca e nem em meus melhores sonhos, será meu ainda mais agora, sendo uma mulher marcada por ter uma passagem pela polícia.
- Helena.
Ouço o meu nome sendo sussurrado e ao olhar para o meu lado direito, vejo a Nicole debruçada no meu colchão.
Me ajeito na minha cama e a fito em curiosidade. O que será que ela quer?
- Fala Nicole.
Ela coça a cabeça e parece pensar em algo, até que ela dispara.
- Se você soubesse que os seus pais não são os seus pais de verdade e que a sua família é outra, o que você faria?
Que merda de papo brabo é esse? Respiro fundo e após alguns segundos refletindo nessa pergunta, a respondo.
- Não sei, provavelmente iria querer saber de tudo sobre mim, por que?
Ela sorri e se afasta murmurando.
- Nada não. Volta a dormir.
Dou de ombros, mas eu hein, confesso que achei bem esquisita essa pergunta dela. Desde que ela me chamou de pequena lebre, me senti estranha. Senti como se algo dentro de mim faltasse se juntar.
Mas, devo estar ficando doida mesmo. Quer saber, vou dormir para as horas passarem mais depressa e enfim, eu sair logo daqui, pelo menos é o que eu espero e peço muito que Danilo Ritchele, não me decepcione.
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Sentado na sua espreguiçadeira após um dia árduo de trabalho em que conseguiu as provas que faltavam para tirar a princesa da máfia Helena, a sua amada.
Desde que fora atendido por Helena no hospital em que ela trabalhava quando sofreu um pequeno atentado, Danilo não tirou mais dos seus pensamentos a imagem daquela bela mulher.
O que ele não esperava ser uma adorável coincidência, ela era a sua prometida em casamento por Leonardo e quando soube quem era ela, quis estar sempre próximo mesmo que a observasse de longe, vendo o quanto ela era feliz e correspondida por seu marido.
Danilo estava numa viagem de negócios da família quando Helena foi presa e condenada. Na época, o advogado tão bom quanto ele quem a defendeu, o que ele achou estranho o mesmo ter perdido o caso, mas diante da falta de provas, realmente até ele perderia.
Como ele tem a ajuda do seu padrinho e Alonso Ritchele seu pai, conseguiram através de hackers e algumas testemunhas que não foram encontradas na época, as provas que faltavam para inocentá-la. Ele não deixaria a sua amada nem mais um minuto naquele lugar. Ela não iria mais passar anos até chegar a sua pena de 20 anos ser cumprida.
- Filho, o que tanto pensa? – Alonso se aproxima do filho com a sua voz rouca e grave.
Tirado dos seus devaneios, ele olha atentamente para o pai que lhe retribui com um sorriso.
- Conseguimos as últimas provas que faltava.
Sentando-se na beira da espreguiçadeira em que o seu filho está sentado, ele olha em direção a piscina e suspira.
- Pelo visto Douglas não nos desaponta. Realmente ele é fera. – Rindo, o seu olhar se prende as águas calmas da piscina.
- De fato, ele é. Ah, ele mandou um recado.
Olhando-o de soslaio, Alonso arqueia uma sobrancelha.
- O que aquele moleque mandou me falar?
Rindo, Danilo inclina o seu corpo em direção ao seu pai e com a mão no seu ombro, sussurra no seu ouvido.
- Ele disse que quer um aumento e férias.
Os dois gargalham. Alonso ri e meneia a sua cabeça, por mais que fosse absurdo, era justo o que o seu fiel funcionário pedia, mas antes, iria massacrá-lo um pouquinho por sua ousadia.