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Capítulo 5 - Ligação Ragnarok.

Capítulo 5

Tempos Atuais.

Point Of View. - Ishtar.

Não pedi ajuda para encontrar Silena ao voltar para a floresta, ao caminhar pela trilha que liga todo esse lugar, me questionei há quanto tempo não vinha aqui, com certeza a mais de duzentos anos, agora há casas para Elfos, avistei fadas trabalhando na coleta de alimentos e até construções aleatórias onde os seres mágicos apenas sentam e conversam como pessoas normais, Thayna está realmente fazendo um bom trabalho neste lugar, dando a esses seres uma oportunidade de viver a vida sem medo de serem mortos por serem eles mesmos, aqui dentro podem fazer e ser quem quiser, algo que nunca pude fazer.

Procurei por Silena em vários locais, por um momento achei que não a encontraria, mas a trilha me levou a um local belo que não havia visto da última vez que estive aqui, há um lago cristalino, consigo ver cristais da água submersos, acima, nas árvores, há pontes que levam as construções camufladas, quase não as percebi se não fosse pelas luzes acesas em seu interior, soltei um suspiro nasal ao observar o local por completo, isso até meus olhos encontraram Silena abaixo de uma arvore com flores brancas, meus olhos se arregalaram levemente ao observar a bela cena, ela toca as flores de forma suave, seus olhos azuis claros estão um pouco apreensivos, vagos, suas roupas mudarão, seus cabelos estão voando contra a leve brisa que bate em seu corpo, juntamente com seu vestido, dando uma graça a mais a cena.

Ela continuou admirando as flores de forma graciosa por alguns segundos, enquanto eu continuei a observando, minha mente gritou que o sentimento que estou sentindo deve ser absorvido, e eu quis retirar meus olhos de Silena, mas é impossível evitar o sentimento que se possuiu meu coração, uma calmaria, a mesma que eu amava sentir após uma batalha intensa, já não consigo sentir mais as dores nos braços, apenas a sensação gostosa de aquecimento que Silena me traz, não consigo descrevê-la em palavras, apenas me sinto como nunca me senti antes, mas sempre busquei sentir, ao ver Silena tão bela, eu me sinto finalmente em casa.

De repente ela virou a cabeça em minha direção, vi seus olhos cintilarem por puro alivio e alegria, alegria essa que me contagiou, abri um sorriso sem nem perceber, meu coração palpitou, ela sentiria minha falta caso eu não voltasse, não como eu sentiria a dela, Silena se tornou meu propósito de vida a muito tempo atrás, sem ela, não há razão para minha existência, é impressionante como dou mais valor a mim, apenas quando estou com ela. Silena não tardou a correr em minha direção, abri meus braços doloridos, lhe dando liberdade para se jogar em meus braços, seu corpo colidiu com o meu me trazendo um alivio enorme e não demorei a agarrá-la.

- Eu fui valente ao dizer aquelas coisas, mas...- Silena começou a falar com uma voz um tanto quanto chora contra meu pescoço, acariciei seus cabelos de forma carinhosa apertei suas costas lhe dando conforto. - Eu fiquei com tanto medo, receio de que não voltasse. - Ela terminou e senti suas mãos me apertarem tão forte que poderiam me machucar, meu coração se apertou e eu encostei meu corto contra seus cabelos e suspirei, sentindo seu cheiro de lavanda leve, soltei uma leve risada e ela me acompanhou. - Nunca te perdoaria se tivesse me deixado.

- Por que eu deixaria pessoa por quem lutei e zelei durante mil anos? - Perguntei de forma neutra e senti Silena se desgrudar de meu corpo, me afastei levemente dela para poder encarar seu rosto, seus olhos estão cristalinos e um pouco molhados, suas bochechas estão avermelhadas, indicando vergonha, eu até poderia sentir tal sentimento, mas não posso, não quando falei a mais pura verdade, e ela já deveria saber disso, por um momento fiquei preocupada com sua reação, mas então um grande sorriso se abriu em seu rosto, como o sol trazendo a esperança de um novo dia, me fazendo perceber que apesar de todas as dores e perdas, mesmo que eu tenha que continuar algo no qual nunca quis fazer parte...

Ela continua sorrindo, continua carregando a esperança que salvará o mundo, então eu sei que...

Tudo valeu à pena.

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Point Of View - Silena.

Sonho On.

Meus olhos estão fechados, tudo está tão escuro, como se nada mais existisse, pensei que estivesse perdida em algum lugar, ou presa, mas de repente senti uma brisa bater em meu corpo que está por alguma razão fraco, tão fraco que quase foi levado pela leve brisa, meus olhos finalmente se abriram, mas logo se incomodaram com a luz forte e fumaça do local, engoli em seco, sentindo minha garganta queimar, abaixei a cabeça e encarei meus pés, descalços por alguma razão, a terra está molhada, criando uma lama avermelhada. Voltei a erguer meus olhos e os abri totalmente ao ver várias bandeiras penduradas em lanças, ao redor há vários corpos jogados no chão.

- O que está acontecendo... - Sussurrei para mim mesma de maneira confusa, é incrivelmente real, não acredito que seja realmente um sonho. Engoli em seco novamente, desta vez fazendo uma careta ao sentir minha garganta queimar, caminhei pela lama manchada de sangue, a procura de estar, onde ela está? Havia dito que não me deixaria, mas por que estou aqui sem ela? - Oi! - Chamei ao ver uma silhueta feminina ao longe, ao me aproximar me senti um pouco entristecida ao ver a cabeleira ruiva, vestindo uma armadura de bronze. - Olá? - A mulher se virou pra mim e arregalei os olhos, senti uma corrente elétrica passar por meu corpo quando seus olhos se conectaram com os meus. - Sabe como vim parar aqui? Sou Silena.

- Sou Freya, eu não sei onde estamos...- Ela falou olhando em volta de uma forma tão confusa quanto eu olhei, fiz uma careta e voltei a olhar ao redor, não reconheço o lugar e mesmo se conhecesse, eu não o reconheceria com tantos mortos no lugar, sem contar que há focos de incêndio por todo lado, criando uma nuvem enorme de fumaça, o lugar cheira a morte, está coberto de cinzas, poderia dizer que é o purgatório, pois realmente aparenta ser o inferno. - Magnus, onde ele está? - Ela perguntou parecendo entrar levemente em pânico, e então percebi o que está acontecendo, nossas mentes se interligaram.

Estar havia me informado que ao atingir certa idade, a mente dos Ragnarok iriam se interligar aos poucos, isso poderia resultar em sonhos com cenários do qual um de nós já havia estado ou passado, mas não acredito que um de nós já tenha participado de uma batalha tão grande, há milhares de corpos jogados ao chão, batalhas assim aconteciam há anos atrás, e nenhum de nós tem idade o suficiente pra isso, há algo errado, mas sei que se eu entrar em pânico pode afetar minha ligação com Freya, que acabou de ser formada. Segurei a mão dela de forma gentil, seu olhar voou para meus olhos e eu sorri levemente.

- Somos Ragnarok, fomos as primeiras a despertar a ligação Freya. - A expliquei o que está acontecendo, não expressei nenhum sentimento, não faço idéia se isso é algo bom ou ruim de acordo com a situação. Ela pareceu pensar por um instante, e de repente riu e olhou em volta sem o medo que havia em seu olhar antes. - É um prazer finalmente te conhecer, onde você se encontra? - Perguntei soando mais animada, sempre tive a vontade de encontrar com algum deles antes, estar sempre disse que tenho uma ótima força mental, mas nunca acreditei.

- Estou no Sul, tem muitos inimigos nessa região...- Ela respondeu após parar de analisar o local, e então me lembrei que o ataque a floresta foi de um grupo vindo do Sul, estar provavelmente vai negar meu pedido de ir pra lá por conta disso, mas será que aceitará ao saber da situação de Freya e Magnus, ele deve ser um amigo dela. - Silena...- Freya chamou meu nome de forma receosa, sai de meus pensamentos e a encarei, mas seu olhar está em algo além de mim, me virei, curiosa para saber o que a fez ficar tão temerosa, mas de repente me peguei me sentindo da mesma forma.

Há um homem forte e alto, bem acima de uma montanha de corpos, seus olhos são roxos e carrega um olhar divertido, em seus dedos há fogo queimando, indicando que ele é o responsável por tudo isso, ele sorri um tanto quanto irônico em nossa direção, seus cabelos são brancos como a neve, parecidos com o de Estar, mas a sensação que ele me faz sentir é totalmente contraria, consigo sentir meus interior se contorcer, implorando para que eu me afaste do homem, minha boca secou e meu coração acelerou, indicando perigo, ele não se apresentou e tenho certeza de que não tem a intenção, mas não precisou se apresentar para que eu e Freya descobríssemos de quem se trata.

É River.

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